segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Dia um

Janeiro. Tenho 7 dias úteis de oficina colorida. Vou ultrapassar um por vez.

Passei os ultimos 10 dias me treinando pra não reagir às provocações. Caí na bobagem de abrir meu webmail do trabalho enquanto estava de folga. E tinha um email dela, da nossa querida evil manager, absolutamente puta porque eu não tinha cumprido - de propósito - um prazo que ela estabeleceu. Explico. Qualquer cronograma que a gente tenha, a freak faz questão de diminuir. Pra mostrar serviço, quão rápida e funcional ela é. E isso bota geniazinhas coloridas pra trabalhar de um jeito desumano, com produção em escala industrial.


Well. Se eu quisesse trabalhar produzindo em escala industrial, eu tinha era nem feito faculdade, e estaria, quem sabe, numa fábrica apertando parafusos. Eu gosto de ter tempo pra pensar entre as coisas. E, agora que eu não tenho mais essa pressão toda de oh, ela vai me demitir se eu não obedecer, a ideia é funcionar, sim, mas do meu jeito. Que sempre funcionou.


E aí ela resolveu dizer que eu não tenho foco.


Hello. E.u. n.ã.o. t.e.n.h.o. f.o.c.o. Next. Move on.


E ela acha que me agride com isso. Me parece falta de foco, ela diz. E eu penso em responder. Quer mais foco do que eu estar, dentro de uns poucos dias, voltando a trabalhar na firma colorida? Se isso não for foco, meu bem, não sei o que é. A palavra é obediência. É falta de obediência, mesmo. Sou mocinha desobediente, escreve aí no relatório.


E vida que segue. E eu tenho cá esses sete dias úteis, de segunda a sexta dessa semana, mais segunda e terça da outra semana. Seven days. Samara se orgulharia. Um por vez. Eu não quero entrar na dela, não quero mesmo. Mas eu fico travando essas brigas imaginárias, e posso dizer que cada uma das minhas respostas a todas, repito, todas as críticas que ela possa vir a querer fazer, estão ensaiadas.


E eu chamo as meninas pro almoço, e quando me dou conta estão todas de pé, pra me acompanhar. E dona gerenta almoça como, me diz? Suzinha. Que é como convém. Vai almoçar sozinha todos os sete dias úteis que eu estiver na oficina. Vai receber meu e-mail de despedida em cópia, pra saber o quanto aquelas pessoas são especiais e o quanto que ficou, pra mim, insuportável conviver com ela.

E a chefona chega amanhã. Chefona tem todo um histórico de gritos, pessoa passional, coisa terrível. Grita com quem diz que vai sair da oficina. Quando a menina de cabelos vermelhos pediu demissão, cefona trancou ela na sala e gritou. E chorou. E, reza a lenda, a menina de cabelos vermelhos foi a única pessoa que fez chefona chorar. E a gerenta, a essa altura do campeonato, já deve ter contado aquela história pra ela. Sobre como eu sou terrível e vou deixar todo mundo na mão por cumprir as regras.

Então, já sabem. Tudo indica que ouvirei gritos. Ando respirando azul, soltando lilás. Um dia por vez. Dependendo de como estiver meu humor no dia que ela escolher para a nossa conversa a portas fechadas, tentarei não gritar de volta. Falarei cada vez mais baixo, e a chamarei de destemperada. Talvez eu faça live streaming da briga via twitter. Ainda não sei.





2 comentários:

Senior disse...

Acho válido um livestreaming por twitter. válido.

Luiz com Z disse...

Prefiro videotape. Ou audiotape. Vai com roupa de bolso que caiba o aifone. Grava tudo. Assédio moral. Depois do que aconteceu com meu irmão, perdi o medo de reagir e ganhei pavor de não reagir. Não deixo ninguém berrar comigo. Enfio o dedo na cara se for necessário.

Ou fico em silêncio, gravando tudinho...