segunda-feira, 27 de abril de 2009

E já que o blog é diarinho, onde foi que eu parei mesmo?

Depois que o viado me destratou, fiquei puta. Marquei com minha personal tarot lady, desfiei a história pra todos os meus amigos, com riqueza de detalhes. E aí me acalmei. Entrei no jogo. Fiquei comportadinha durante duas semanas, como as cartas me mandaram. Quase surtei. Eu estou acostumada a ter alguma expressão nas equipes em que eu trabalho. A ser respeitada. Eu não entendo muito bem como esse povo de sp funciona, mas eu sei quando eu não tenho o espaço que eu quero ou mereço.

O problema é que é fácil se destacar naquilo que a gente conhece bem. Era assim no Rio, porque eu era a pessoa da empresa a ser consultada em casos específicos, eu tinha a expertise. Na outra empresa, eu já fazia o que faço na nova, mas o nome do meu cargo era outro, e a minha função era meio informal. Eu me metia a aprender as coisas lendo, testando, tentativa e erro. Daí, muda tudo. São Paulo tem todo um mercado formal pro que eu vinha fazendo de enxerida no Rio. Eu nem sabia que podia me candidatar a essas vagas, achava que era muito complexo. Surgiu a entrevista, e eu fui bem sincera. O que vocês fazem com essa ferramenta que eu sequer sabia existir, eu fazia com papeizinhos, e funcionava. O raciocínio eu tenho, falta a ferramenta.

E o gerente de covinhas apostou em mim. E eu cheguei num mundo colorido onde ferramentas deixam quase perfeito tudo aquilo que eu fazia com papéis e briefings detalhados. Só que eu cheguei nessa equipe que é cheia de gente foda. Tem a menina de cabelo vermelho, e ela é tipo um geniozinho. Tem esse gay, que mesmo tendo me destratado, me ensinou horrores. Tem outros, e outros, cada um com seu super poder especial. E, no meio de tanta gente boa, minha segurança ficou abalada. Eu estou acostumada a estar entre os geniozinhos, e aqui ainda há um longo caminho a percorrer. Não pra ser um geniozinho, mas pra ser reconhecida como um. E tem a questão de ser uma vaga temporária, que eu quero transformar em vaga eterna, porque não consigo ver um ponto em que eu deixaria de descobrir coisinhas.

Eu fiquei quietinha duas semanas, e quase surtei. Comecei a achar que eu era invisível, e eu, naquela posição de secretária para assuntos gerais do gay, efetivamente era. E aí eu resolvi conversar. Peguei todos os meus tópicos anotados para a conversa "what the fuck" que eu queria ter com o gerente, juntei com a adorabilidade que eu tenho, e rumamos para a salinha de reunião.

E aí, pasme. Fui elogiada. Parece que o feedback até agora tem sido muito mais legal do que eu podia imaginar, e ele inclusive mencionou o meu super poder na equipe, algo que eu sabia mais do que os outros. Me inseriu num outro projeto. Que pode ser a oportunidade que eu queria, pra tentar ficar quando o contrato acabar. Nem preciso dizer que terminei a semana bem felizinha, cheia de perspectivas.

Daí o gerente de covinhas me apareceu com um livro técnico. Ele perguntou. O que você está lendo? Eu disse o nome do livro, que é tipo a bíblia sobre o assunto. Ele falou. Desprioriza. Lê esse. E me emprestou o livro. 400 páginas, em inglês. Eu leio em inglês. Nick Hornby, néam? Livro técnico traz consigo uma carga extra de dificuldade, mas vamos lá.

Meus amigos dizem que isso é um claro sinal de que ele vai me manter na equipe, quando o fatídico 2 de julho chegar. Que se ele me emprestou o livro, ele está me preparando, e apostando em mim, e talecoisa. Eu quero acreditar nisso. Mas eu sou realista, do tipo que só acredita vendo, mesmo. Se isso acontecer, se eu conseguir me manter na firma colorida depois do final do prazo, eu sento na calçada e choro. Juro. E aí eu vou ter que recomeçar a pensar o que eu quero para a minha vida profissional. Porque eu terei atingido o objetivo maior que eu tinha, desde muito tempo, quando eu decidi o que queria fazer da vida.

sábado, 25 de abril de 2009

sobre requisitos e covinhas

Eu tenho esses requisitos, né? Pra encaixar um cara em boyfriend material. Sigo sempre e, por mais que pareçam besteira, são coisas muito sérias.

1) Idade. Sim. Pode falar que é bobagem, mas eu implico se o cara for mais novo que eu. Tem que ser mais velho, um dia, uma hora que seja. Eu não posso ser mais velha, porque o assunto é troço sério na minha existência. Minha entrada na escola foi atrasada por aquela história de fazer aniversário no fim do ano, então eu sempre fui um tiquinho mais velha que a maioria dos meus amigos. Fiz 15 anos antes. Fiz todos os aniversários antes. E ainda fui cometer a bobagem de ficar reprovada no primeiro ano do 2º grau. Ou seja. Caí numa turma de gente mais nova ainda, pelo menos um ano. Todos muito legais, etc e tal, mas mais novos. Nunca gostei muito disso, mas foi quando eu fiz 25 anos que eu percebi que estava tomando maiores proporções. Eu não gostei de fazer 25 anos. A última idade que eu gostei de ter foi 23. Enchia a boca pra dizer que tinha vinte e três anos. Hoje, meu irmão mais novo tem 23. E eu tenho 29. Que é a idade que a minha chefe tinha quando, aos 21, eu fiz meu primeiro estágio. Eu achava ela tão velha. 28 anos. Um absurdo. E eu fiz 28 anos, e nem me acho tão velha, mas ainda assim, ela é a referência. E, tem mais. Faço 30 esse ano. 30 fucking years old. Traz uma certa responsabilidade, um certo senso de saber onde se está indo. Well, eu não tenho idéia. Sei onde quero ir, mas ainda to dependendo de umas paradas aí, como se diz no Rio. Então, pra minimizar todo o drama, o cara precisa ser mais velho. Só pra que eu possa ser a mais nova.

2) Nome. Não pode ser um nome feio, não pode ser um nome difícil. Não pode ser um nome que me dê vontade de rir quando eu vou falar. Nome pra mim é trauma de infância. Porque meu nome não é fácil, e eu fui muito zoada na escola. Todo um trauma a respeito. Meu nome sempre foi esquisito, mas é um esquisito chique, digamos assim. Foi só crescer um pouquinho pra aprender a carrega-lo. Meu nome não vai em qualquer um não. Na boa. Todo um conjunto se faz necessário. Na mesma categoria de nome, com importância relativamente reduzida, incluo sobrenome. Nada contra sobrenomes comuns. Mas tem que combinar com o meu. Porque o meu nome já é difícil, e o meu sobrenome “orna com ele”. E eu sou maluca ao ponto de linkar sobrenomes de caras interessantes ao meu, só pra saber como seria se fôssemos casados. Dizer isso em voz alta parece freak, escrever parece mais ainda. Mas eu tenho certeza de que não sou a única que faz isso.

3) Altura. 1m74, my dear. Eu sou mais alta que a média da brasileira, que tem 1m65. O cara precisa ser alto, pelo menos o mesmo tanto que eu. Um pouco mais, pra garantir. Não costumo usar salto, nem consigo me equilibrar direito e gosto de dar a desculpa de que sou adepta a um estilo mais Audrey Hepburn de ser, com flats. Recalque. Meu pé não serve pra salto, não foi feito pra isso. E eu sou naturalmente desengonçada, salto seria mais uma coisa a administrar. Então, é bom que o cara seja alto, pra equilibrar as forças do universo.


De posse desses meus requisitos, vou catalogando pessoas. E aí algo acontece. Eu me deparo com covinhas. E covinhas têm o dom de me fazer esquecer nomes esquisitos, ou nomes esquisitos com centímetros a menos. Minha teoria com covinhas se comprova a cada dia. É algo que vem de graça, um aplicativo instalado, carisma imediato. E eu costumo cair. Frouxa.

Lá na firma, não são só as paredes que são coloridas. Tem as pessoas. Primeiro foi o gerente de covinhas, e eu ficava sem chão perto dele, rezando pelo dia em que ele se tornaria mortal e eu conseguiria falar uma ou duas palavras encadeadas sem parecer uma garota de 13 anos. O dia chegou. Hoje conseguimos conversar sério, e eu consigo argumentar de forma inteligente, e prove my points. Consigo ser espirituosa e engraçadinha, aquelas coisas que eu sei que eu sou e que são qualidades. Os meus aplicativos. Mas eu preciso desviar das covinhas. Porque ele sorri e eu morro, desfaço em partículas. E aí tem o japonês. Que é tão querido, e tão legal. E eu consigo conversar horas com ele, e me pego meio que dando mole, em horário comercial. Por causa de que? Covinhas. Ele sorri e coraçõezinhos saem da minha cabeça. E aí tem o elevador. Com pessoas coloridas se movimentando entre os andares. Todas com covinhas. Desfaleço.

Num mundo de covinhas, eu preciso fazer um esforço extra pra manter o foco. Porque os meus requisitos todos ficam embaçados.

sábado, 18 de abril de 2009

Post diarinho

Eu ainda não decidi que tipo de blog é esse. Chega uma hora em que a gente precisa se posicionar, né? O blog antigo era de discussões, eu e a outra garota argumentando sobre qualquer tipo de coisa, discordando, alfinetando. Era essa a dinâmica. Daí eu fiz esse aqui. Que foi basicamente quando eu me mudei pra São Paulo. Pra escrever sobre a experiência, etc e tal. Não é sobre a experiência de conhecer São Paulo. Eu nunca fui ao Ibirapuera. Eu nunca fui ao MASP. Eu tentei ir ao Mercadão e dei com a cara na porta. Eu não conheço nem mesmo a Praça do pôr do sol, e ela fica perto da minha casa, do tipo que dá pra ir andando e tudo.

Eu penso assim. Eu queria viver em São Paulo. E, a menos que algo incrível aconteça e me tire do país, eu não saio daqui tão cedo. E tem que ser do país, porque eu também não tenho planos de viver em nenhum outro lugar do Brasil. Isso sou eu, tá? Nada contra quem gosta de cidade pequena, e que chama isso de qualidade de vida*. Na minha cabeça, você vai do pequeno em direção ao grande. Sempre. Eu saí da cidade siderúrgica e fui pro Rio. O Rio encolheu, e eu quis São Paulo. E era isso, mesmo. O que eu queria. Como eu pretendo viver aqui muito tempo, eu não tenho pressa de ir conhecendo os lugares. Eu vou aos poucos.

Tem blogs que eu leio sem tema específico. É a vida da pessoa. Eu vou entendendo os contextos, acompanhando as histórias. Sempre que eu passava de carro pela Gávea, ali pertinho do Baixo Gávea, eu lembrava da Marina W. Porque aquela é a área dela, e eu consigo visualizar direitinho ela andando pela rua, indo cortar o cabelo, pagar as contas no shopping. Eu tenho isso com vários blogs, o dela é só um exemplo. E aí eu me dei conta que o meu blog é mais ou menos isso, mesmo. Eu vou falar MUITO de trabalho, porque é isso o que eu faço. Eu vou falar de um filme ou outro, eu vou falar das pessoas, muito muito, porque não tem nada que eu goste mais de fazer. Observar as pessoas, e tirar conclusões. É isso o que eu faço.

* Com relação às qualidade de vida. Meu conceito é outro. Eu não era feliz no Rio. Eu trabalhava num lugar que não gostava, usava carro pra tudo. Ficava mais tempo em casa do que seria considerado normal ou saudável, até mesmo para os meus padrões. Decidir largar tudo, pedir demissão, deixar os amigos, empacotar as minhas coisas e ir pra uma cidade desconhecida foi uma decisão bem sofrida, tomada às custas de muita terapia. Eu tive de largar as aulas de francês, a própria terapia. Foram concessões que eu fiz.

Aqui em São Paulo, eu tenho o trabalho que eu amo, no lugar que eu queria. Eu saio de casa todos os dias e passo por ruas, velhinhos, cachorros e mendigos. Andando. O carro passa semanas na garagem, nem preciso dele. Eu saio do trabalho e desvio a minha rota para ir a um restaurante, onde estão todos os meus amigos. Sim, amigos. Todos feitos aqui, todos já absolutamente necessários e insubstituíveis. Tomamos vinho e falamos besteira. Eu não paro em casa, mas nem queria. Eu trabalho 10 horas por dia, mas não fico desmotivada um segundo que seja. Durmo menos do que eu preciso, mas quem é que precisa dormir? Todo dia, andando na rua, eu comparo a minha vida de um ano atrás com a que eu tenho hoje. E nada se compara. Eu sou mais feliz aqui. Eu sou feliz. Ponto. Se isso não for qualidade de vida, eu não sei o que é.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Talk nerdy to me


Ao passo que me entrosar com as pessoas coloridas do meu departamento se revela tarefa difícil e custosa, sofrida, por que não dizer, é com medo e assombro que me dou conta de uma coisa. Eu super me entrosei com tudo que se assemelhe a um geek dentro da firma.

Sério. Eu sempre fui meio nerd, e sou declaradamente o tipo de pessoa que possivelmente verá mais graça e brilho em um menino magrelo com camiseta engraçadinha de super-herói ou código HTML, do que num desses que use cabeça raspada e músculos. Tem nome pra isso? Maria-mac? Maria-app? Maria-html?


Sei lá. Eu nunca acompanhei efetivamente os conhecimentos dessas pessoas, mas gosto de ser incluída num grupinho que começa a discutir IFs e DIVs. Eu pertenço. Mas eu pertenço naquela categoria rasa, a última das castas, quase uma intocável. Eu consigo entender uma piada engraçadinha de programador, eu adoro o thinkgeek, eu vejo The Big Bang Theory. Mas eu sou só uma menina que ama seriados e gosta de roupas coloridinhas, no final das contas.

Ganho carinho pelos japoneses a cada dia que passa. Passo horas discutindo downloads de Lost via MSN. Vejo os nerds super queridos com seus pen drives, se oferecendo pra copiar as séries pra mim, pra que eu não precise baixar nada. Sou a única garota nessa equipe, especificamente. Tirando um cara que é viado, aquele que me tratou mal mas até que agora já estamos amiguinhos. ¬¬


Então, eles se apressam pra me dar pen drives com seriados. Que eu, auto-suficiente que sou, recuso com uma risadinha. Não preciso. Vou pegar sozinha. E aí a internet não ta muito rápida e eu fico sem a série. Corro pro MSN, e eles estão lá, solícitos e presentes. E já se apressam em carregar tudo pra um servidor – porque nerd que é nerd tem servidor e faz app – pra que eu, bonitinha, baixe tudo com uma velocidade digna. No meio do processo de subir Lost pro servidor eu sinto sono. Porque já é tarde, e coisa e tal. E digo que desisti, e digo boa noite, e vou dormir. Lost fica pra depois. E os malucos lotam os respectivos twitters, falando que eu fui dormir e nem peguei a série. Hehe. Me sinto a Penny, no meio de sheldons, leonards, rajs e wollowitzes. Pior é que eu gosto.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

As pessoas da firma

Eu tenho vontade de fazer posts sobre cada uma das pessoas com as quais eu convivo. Fico numa de que é melhor nem falar, porque trabalhando com internet a gente cria paranoia (sem acento, maldita reforma). Eu sou capaz de achar muito coisa, apenas digitando palavrinhas espertas no Google. E, cá entre nós, se eu achei os blogs das pessoas, é possível que achem o meu, né? Qual o nível de psicopatia necessário pra stalkear pessoas, assim como eu faço? Gente normal faz isso também? Gente normal trabalha com internet?

Eu sei, ali, exatamente quem pode ser meu amigo. Consigo mapear direitinho, munida das impressões do dia a dia, das características que eu vou descobrindo nas pessoas, mais os registros online, blogs, orkuts e afins. E eu ainda tenho tido muito trabalho pra me sentir em casa. Eu sou uma pessoa sociável. Sou inclusive mais reservada que os outros em ambiente profissional, porque é algo que eu realmente preciso prestar atenção. Eu faço amigos com relativa facilidade. Pelo menos os amigos que me interessam. Boa parte dos meus amigos, dos meus melhores amigos, são pessoas que eu conheci em ambiente corporativo. E aí eu fico nesse impasse.

Lá na firma colorida, são várias questões. A primeira é que, a princípio, eu saio de lá em 3 meses. E talvez nem seja muito inteligente me apegar, porque a despedida vai ser sofrida, caso venha. Mas aí também há a chance de surgir a vaga definitiva, e eu não quero desperdiçar 4 meses não me apegando a pessoas que continuarão por perto. As pessoas que eu quero conhecer melhor. E aí a gente cai no outro problema. As pessoas. Eu fico super feliz em perceber, aos poucos, que existe eye contact. Isso é um avanço real. Já sabem que eu existo, ali, atrás do monitor, ao lado do gerente de covinhas. Lembram de mim pros almoços. Isso é realmente algo, mas em condições normais de temperatura e pressão, eu já estaria, inclusive, convencendo pessoas a irem em um ou outro restaurante. Hoje, eu sorrio e os acompanho.

Não é que seja uma bolha que eu não consigo entrar, de um grupo formado e resistente a intrusos. São bolhas individuais. Todo dia é uma batalha. Eu acabo ficando cheia de dedos, e sendo muito menos legal do que eu sou, por medo de assustar os bichinhos. Me vejo escolhendo palavras, guardando idéias geniais, sorrindo artificialmente. Não vi nenhum deles tendo um acesso de risos, ou sendo absolutamente espontâneo. Nunca, nenhuma vez. Nenhuminha. E eu continuo fazendo as minhas análises. Estou cercada de gente blasé por todos os lados. Nada é MUITO legal, nada é MUITO irritante. Eu não sou pessoa blasé. Eu sou pessoa cheia de nuances, de gargalhadas e piadas de humor negro. Todas guardadas numa caixinha.

E o pior é que eu quero me entrosar. Já saí com eles pra happy hours, festinhas e almoços mais informais. Em alguns momentos, eu até tenho a impressão de que um portal pra uma outra dimensão foi aberto. Mas ele rapidamente se fecha, antes que eu entenda direito o que está acontecendo. E aí me vem essa idéia dos posts sobre cada um deles. Porque eu consigo desenhá-los. E eu consigo me ver desenhada, ao lado. Mas não consigo imaginar um desenho único, todos no mesmo papel, lado a lado.

Eu quero escrever sobre essas pessoas. Mas ainda preciso perder o medinho.

domingo, 12 de abril de 2009

delírios de consumo de madame ç

Num mundo ideal, eu, moça prevenida que sou, guardaria dinheiros. É uma questão até óbvia. O contrato da firma tem fim. E é óbvio que eu vou tentar continuar lá, e que nem estou mesmo pretendendo ficar desempregada daqui a 3 meses, ainda que não seja trabalhando no environment coloridinho. Mas é preciso guardar dinheiros, abastecer a poupança caso as vacas magras se anunciem no horizonte. Fiz planos de continuar uma vida regrada nesse período de incertezas. Fiz planos.

Daí acordei num bad hair day. Acordei tensa, e cheguei a conclusão de que já havia passado da hora de cortar os cabelos. Mas ainda não criei em São Paulo a minha rede de serviços, não tenho amiga que indique cabeleireiro camarada e baratinho. E São Paulo, sabe como é. Cabelo é cultura, e é caro. O que eu fiz? Marquei com o cara mais legal ever, o gênio das tesouras, um maluco que, há dois anos, por muitos dinheiros, me deixou com um repicado mó legal. Sabe como é. Cabelo é investimento.

Munida do meu novo corte chanel invertido levemente repicado by Oscar Freire, rumei para o trabalho. E o surto de compras começou. Casaco matelassado preto. Laís, amiga antiga da faculdade, depois inimiga, agora pessoa neutra, coisa que nem vem ao caso, chama esses casacos de rompe viento. Com ênfase do R, e V com som de B. Sotaque espanhol. Casaco fofo comprado, pra quando o inverno chegar, caí de amores por um outro, xadrez, desses de mangas mais curtas, pra usar com segunda pele por baixo. Arrematei. Quando a vida parecia mais fácil, caí de amores por pashminas. Duas. Uma preta, uma gelo. Porque “orna” com as outras coisinhas que eu tenho. E aí lembrei que chegou o tênis de oncinha na lojinha da esquina da minha casa, e eu super tenho que ir lá essa semana garantir o meu. Tenis de oncinha é sonho antigo, esse blog bem sabe.

Faltam ainda as meias calças, os vestidos, os quilos a menos, necessários depois de duas semanas de orgia alimentar. Tudo na to do list.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Esse não é um post feliz o.O

Aí tem esse cara que resolveu me torturar sadicamente, e vem logrando sucesso. Era ele que estava sobrecarregado quando eu cheguei, e eu meio que fiquei ajudando/substituindo ele nas suas funções. Agora a garota que estava de férias voltou e ele juntou a + b e resolveu criar ciúme do seu trabalho. Que eu vinha fazendo, e bem.

Primeiro ele me mandou voltar para a masmorra. Foi meio que brincando, e eu meio que ri de volta. Uma risadinha constrangida, já que eu não estava gostando nada nada de ser tratada daquela maneira, mas tinha gente em volta e eu sou uma pessoa educada e gentil.

masmorra.

Ainda, nesse dia, eu devolvi a alfinetada. Falei pra ele tomar cuidado, que eu era vingativa. E tinha trabalho dele nas minhas mãos. Ele devolveu, dizendo que não tinha medo. Entrou no elevador pra reunião que não quis me levar e, descendo as escadas, eu me dei conta de que uma pequena cena havia acontecido ali. Uma cena de alfinetadas entre mim e o viado. Em tom de brincadeira, mas bem a sério.

Fiquei puta, e esse dia ficou marcado para a posteridade como a primeira vez que eu chorei por causa de viado nessa minha vida. Tá, o meu choro pode ter sido drama, mas ele acabou se justificando com o que vinha a seguir.

O que vinha a seguir foi, basicamente, ele me excluindo de toda e qualquer reunião, inclusive das que eu, humildemente, pedi pra assistir. Ele me administrando, me dando trabalho de corno all the time. E eu lá. Filho da puta. Esse viado vai me atrapalhar. Daí hoje surgiu o assunto, eu disse pra ele que estava meio de bobeira, porque entendi que ele estava menos sobrecarregado. E ele me disse que ele ia continuar me passando os trabalhos de corno, porque a minha função na equipe é a mesma do estagiário.

juro.

Sério. Eu respirei fundo (mentira) e disse. Olha aqui sua bicha louca, estagiário é a puta que pariu. Mas você não concorda que se o meu trabalho é o mesmo do estagiário, seria mais vantajoso para a empresa contratar um estagiário, pagando bem menos? Ele olhou para o vazio e continuou descendo as escadas.

E me passou mais trabalho. Eu morri um pouquinho, magoei profundamente e a vida seguiu. Eis que chega um e-mail.

mais um job super legal pra você. hehehehehe.

Tem que perguntar né? Eu pergunto. É impressão minha ou essa sua risadinha no final do e-mail é uma risada maligna? Ele diz. É.

Dai-me paciência.

Então, eu, pessoa put together que sou, desespero. E penso que a firma é ruim, e que eles me enganaram com paredes e pessoas coloridas. Crio na minha cabeça pautas pra reuniões que eu pretendo agendar com o gerente, perguntando que porra é essa se é isso mesmo o que esperam de mim. E correndo o sério risco de ele dizer que era. Pra eu morrer logo de uma vez.

E o que eu faço? Marco uma horinha bááásica com a minha personal tarot lady. Pra ver o que as cartas têm a me dizer.

drama é meu nome.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

retrospectiva

Então, um mês depois, esses foram os meus highlights.

Emagreci 2kg. Uma junção de falta de horários para comer de forma saudável + fugas desesperadas do carrinho de doces. Acabo fazendo menos refeições do que devia, chegando em casa mais tarde e tão absurdamente cansada que tudo o que eu faço e tomar uma tigela de leite com cereal e cair na cama. Obviamente que ir e voltar a pé todos os dias também contribuiu para o processo, mas nem é assim um grande trajeto. 1.2 km na ida, 1.2 km na volta. Pra quem era sedentária declarada, isso é exercício, sim senhor. Ah. Tem os 62 degraus diários que eu subo entre os andares, pra fugir dos elevadores loucos. Isso também deve contar.

Olheiras que eu disfarço graciosamente com corretivo e rímel.

Sorriso que eu não disfarço, porque não quero e não preciso.

Um crush no gerente de covinhas. Já devidamente corrigido, por questões óbvias.

4 episódios de Lost atrasados. O mesmo pra Damages e Heroes. Mas Heroes é aquela coisa, não abandonei ainda por pura teimosia. E pelo Sylar. Em contrapartida, consegui manter em dia The Big Bang Theory, Gossip Girl, Private Practice, Brothers and Sisters e United States of Tara. Um marco nessa minha vida.

Um crachá com foto de psicopata. Duas gavetas, dois monitores e uma janela para a adorável paisagem paulistana. Um environment bonitinho, e coloridinho.

4 co-workers coloridas e legais, com potencial pra virar amigas. Work in progress.

1 co-worker pra ficar esperta. Pode ser amigo, pode ser um problema. Tomara que seja a primeira opção, porque eu gosto dele.

14 fugas da ginastiquinha, e 14 tentativas de esconder que eu estou rindo das minhoquinhas que topam a brincadeira.

4 novos restaurantes descobertos, todos gostosos, baratos e legais.

Um momento de fúria com o banco onde eu precisei abrir minha conta.

Uma festeeenha com a equipe, mega divertida.

Muitas horas de ansiedade e sofrimento, pensando no que será de mim se meu contrato temporário não virar definitivo e eu tiver de dizer adeus em 3 meses, atualizando os prazos.

Muitas horas de extrema fé no universo, acreditando que tudo é mesmo maravilhoso e que eu super merecia estar onde estou. Finalmente.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

eu tenho um milhão de posts na minha cabeça. poderia escrevê-los agorinha.

só pra registrar.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Então eu fico nesse impasse.

Porque eu sei que o contrato é temporário, e a minha vontade é conversar sobre isso com o gerente desde o primeiro dia. Ninguém me deu esperanças. Pessoas saem de licença pra ter seus bebês, depois largam as crianças com as avós, na creche, com babás que bem podem ser espancadoras sádicas, mas que também podem ser cuidadosas e responsáveis. É uma vaga de 4 meses. Ninguém me deu esperanças, tirando uma mocinha simpática secretária do rh, que se apressou em me dizer que teve uma garota com caso igual ao meu que foi aproveitada, e etc, e tal, mas que depende da área, da crise, do momento, e obviamente da minha competência. A minha competência eu garanto, mas todos os outros fatores são externos.

E obviamente eu não posso chegar no primeiro dia pedindo pra ficar pra sempre. Eu preciso mostrar trabalho, me inserir nos contextos, criar laços. Então eu tinha meio que estabelecido que, ao final de dois meses, eu iria conversar com o gerente, pra ter uma idéia mais clara sobre que diabos vai acontecer comigo. Acontece que eu não sou exatamente uma pessoa calma. Ansiedade é algo que me consome, sempre, sempre. E eu tive um primeiro mês muito bom. Criei laços silenciosos com os japinhas, com as paredes coloridas, com a moça do carrinho de doces, com as piadas sem graça do diretor. Com as covinhas do gerente. Criei laços silenciosos com as meninas coloridas que, a muito custo, começam a interagir comigo. Criei laços com a agenda lotada de reuniões e com os sessenta e dois degraus que eu subo diariamente entre os andares.

E eu fico tentando manter a calma, e não colocar os pés pelas mãos. Respiro fundo um milhão de vezes. Fico pensando na ampulheta, na areia escorrendo, o tempo esvaindo.

E eu não quero me apegar às pessoas, porque no momento atual, eu ainda não sou indispensável. Não que alguém seja, efetivamente, anyway. Estarei dizendo adeus a elas em pouco mais de 3 meses, isso é o que eu tenho de fato nas minhas mãos. Eu sou péssima com despedidas. Me desfaço em questão de segundos. E as pessoas são tão legais. E é um grupo ao qual eu pertenço, sabe? Feels like home. Eu poderia ser amiga dessas pessoas, e discutir seriados, e competir pelos downloads mais rápidos. Mas qual seria o sentido em me aproximar, se eu tiver de me afastar depois? Eu entendo que amizades são circunstanciais. E eu não quero imaginar esse mundo existindo se eu não fizer parte dele. Eu não quero que esse mundo exista sem mim.

Então, é isso. A empresa tem brilhos, muitos. Tantos brilhos que me aperta o coração a cada vez que eu me pego gostando muito de alguma coisa. É preciso ser racional, e nessa tarefa eu venho falhando miseravelmente.