domingo, 30 de novembro de 2008

How to be good. Or kind. Or likeable.

E foi mais ou menos assim que o assunto começou. Leo apareceu no MSN reclamando que lá no trabalho dele rolava um papo de que ele botava medo nas pessoas. Ele, naturalmente, ficou paranóico. Eu ficaria. Eu já estive nessa situação e fiquei. Paranóica.

Então eu comecei a apelar para o óbvio. Seja fofo. Leo não é fofo, não mesmo. Nada, nada. Eu não sou fofa. Nada, nada.

O problema é que alguns de nós somos incompreendidos. É muito mais fácil uma pessoa não ir com a minha cara à primeira vista do que gostar de mim, assim, do nada. Pergunta pra Julinha. Pergunta lá pra outra garota. Pergunta pra Julinha.

Julinha é fofa. Julinha usa coisas cor de rosa, fala coisas no diminutivo. Julinha tem pena dos animaizinhos e usa produtos que não agridem o meio-ambiente. Eu sou super preocupada com o meio ambiente, mas uso maquiagem da natura. E dizem que natura testa os cremes em gatinhos. E eu continuo usando. Eu falo alto, e rápido, e a minha voz sai firme e sem doçura nenhuma. As gentes todas se assustam. Eu sou irônica, e sarcástica, e levemente ácida, e politicamente incorreta. Eu tenho mais de 1,70, o que já é por si só um fator ameaçador. Mas eu sou um doce, sabe? Sou querida, boa amiga, gente boa. Fui fazer terapia pra descobrir essas coisas. Antes, eu achava de mim o que acham as pessoas que mal me conhecem. Antes, eu achava que eu botava medo.

Então, lá no trabalho antigo, eu também não era, assim, uma miss simpatia. Mas eu tratava a todos com educação. Por favor, obrigada, bom dia, boa tarde e boa noite. Not enough. As pessoas continuavam não indo com a minha cara, tirando os que conviviam mais, as equipes com as quais eu trabalhava diretamente. Daí eu lancei um modo de comportamento que eu denominei Sugar High. E que consiste basicamente em sorrir até doerem as bochechas, perguntar da família, elogiar o outfit ou o novo corte de cabelo. Porque é disso que o povo gosta, de atenção.

Mas nem sempre, né? Porque cansa. Nos outros dias eu era só educada mesmo.

Não sei dizer se surtiu efeito, propriamente, porque eu acabei meio sem paciência com aquelas pessoas lá, e pulei fora antes de testar a eficácia do meu método. Deletei no mesmo dia uma boa parte deles do meu MSN, e quem permaneceu, permaneceu porque EU gosto, e passou da categoria co-worker para a categoria amigo. Quase a metade. Uma boa média.

Leo, que não é fofo, assim como eu, tem que se esforçar. Sorria, elogie, seja feliz. Seja a pessoa mais legal do mundo, shiny happy people, laughing e holding hands. O povo costuma comprar.

Muito tchubaruba por nada

Sobre Mallu Magalhães e Marcelo Camello. Acho chato, muito chato. Acho o Marcello chato, assim como tudo o que Los Hermanos fizeram, até hoje. Sorry, my opinion. Acho algumas musiquinhas da Mallu fofinhas, até botei no ipod, aquela Tchubaruba por exemplo. Aquela outra, J1, que tocava no comercial da Vivo. Mas acho a Mallu beeeem chata. Não porque ela é cantora, mas por causa daquela verborragia toda aos 16 anos. Eu devia ser bem assim. Eu devia ser chata.

Com relação ao namoro, nada a dizer. Acho válido. Não julgo. Vai que é amor, mesmo, sabe-se lá. Que sejam felizes, whatever.

Se ela conseguir fazer com que ele tire aquela barba de mindingo, já considero uma história de sucesso.

sábado, 29 de novembro de 2008

Então eu estava vendo o novo episódio de Heroes

E Heroes, sabe como é. Contém spoilers, e tal.
Quando, há alguns vários episódios atrás, Heroes fez uma visitinha ao futuro, eu tirei cá as minhas conclusões. Não é pra isso que servem esses episódios? Não é basicamente em flashbacks e, mais recentemente, em flashforwards que Lost, por exemplo, se sustenta? Pois bem. Heroes não haveria de ser diferente. Então, quando eu leio isso, não posso deixar de discordar. Como assim evitar viagens no tempo, senhor criador? Pois eu digo que aquele episódio centrado no futuro, ainda na primeira temporada, foi uma das coisas mais legais que eu vi. Ir deduzindo quais personagens estariam mortos através dos poderes novos do Sylar foi genial.

Ok. Me perdi no raciocínio. Mal do DDA. Voltando. Eu ia dizendo que tirei cá as minhas conclusões com o episódio do futuro dessa temporada atual de Heroes, quando o Peter vai ao futuro buscar o poder do Sylar. E Sylar agora é Gabriel, um bom pai de família, cuidadoso e com um filho fofinho. (Hormônios mode on, ai, ai.) Então, no episódio tinha Sylar papai, filho e não tinha mãe. Entrei numa discussão com Julinha, que insistia em dizer que não dava pra saber quem seria a mãe da criança. E pra mim era sim, bem óbvio. Elle, a garota em curto-circuito. Agora, após o episódio dessa semana, que a historinha de amor entre Sylar e Elle começa a se delinear, Julinha concorda. E diz que eu estava certa. Mas era tão óbvio. Ele, um garoto perdido, (mal) criado por uma mãe adotiva que dizia que ele não era bom o bastante, que não era especial. Ela, filha de um maluco que dizia que ela não era especial. E que não era boa o bastante. Façam a soma, 2 + 2, muito simples.

E então a Elle fica fazendo maldades e dando choque em pessoas, e jogando flashzinhos azuis em seres inocentes, pra impressionar o pai. E o pobre do Gabriel vira o Sylar, e sai cortando tampinhas de cabeça pra roubar os poderes alheios, quase que como um retardado repetindo “I wanna be special”. E as temporadas vão, e vem, e um belo dia surge a Angela Petrelli pra dizer pra ele que ele era especial. E, oh, Sylar fica bom, e a chama de mamãe, e cumpre ordens, e quer se tornar um ser humano melhor. Nisso, Elle também perde o controle dos seus raiozinhos azuis e entra em curto circuito. Adorei quando ela é detida com um balde de água, hehe. Anyway. Elle fica boa, Sylar fica bom, aprende que não precisa matar pra pegar poderes e eles fazem todo um balé enquanto ele aprende a usar o brinquedinho novo, os raios azuis. So lovely.

Então, eu não posso tolerar um so-called criador de série me pedindo desculpas pelas “trapalhadas”. E não me diga que criar viagens no tempo é que é o problema. O problema é achar roteiristas minimamente organizados, que entendam bem sobre continuum espaço-tempo, pra continuar a história. E eu não estou dizendo que EU entenda dessas coisas, mas seria legal alguém entender e explicar, assim, bem desenhadinho. Porque eu super me interesso.

Eu quero saber que fim a Elle levou, já que EU sei que no futuro ela não estava na casa do papai Sylar com o filhinho whatever. Eu quero saber mais sobre essa história do sangue da Claire ter poder (hehe) e curar as pessoas. Eu quero saber como foi que o Sylar foi enjeitado pelos Petrelli, e adotado pela bruxa má que destruiu a auto-estima dele. Eu quero saber mais sobre o poder do Matt, e sobre o Linderman. Cara, como assim o Linderman não é regular em Heroes? Ele era o Alex, de Laranja Mecânica, for christ’s sake. Não dá pra não querer saber mais, e muitas das vezes, basta um episodiozinho no futuro pra dar as respostas, ou induzir as conclusões.

Cadê a chata da Molly? Hiro ficou mais pateta ainda, e eu achando que isso não seria possível. A boca do Peter fica a cada dia mais torta. O Sylar perdeu de vez as frases engraçadinhas? A única legal do episódio dessa semana foi o “I hate heroes”, e foi tão rápida. Cadê o Micah? Eu nunca superei a morte da Eden, lá no inicinho da primeira temporada. Eu NUNCA vi o Sylar usar o poder que roubou dela, e sabemos que ele não desperdiçaria poder. Cadê ele convencendo as pessoas de qualquer coisa no carisma? A própria Claire ficou chata, com aquele cabelo falso e os olhinhos apertados.

Nem mesmo apreensiva com o tal eclipse eu fiquei. Eu já vi o futuro, hello, sei que eles têm poderes no futuro. E eu não quero ver uma série chamada Heroes sobre pessoas que tinham poderes e perderam. Isso é trapalhada. Na minha humilde opinião.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

i have a crush.

Quando eu tinha uns 13 anos, adorava o Johnny Depp. Na época ele namorava a Wynona Rider, e fazia Anjos da Lei, que eu via na Globo, no horário que hoje pertence à Malhação. Johnny Depp era lindo. Ele continua lindo, okay. Eu continuo sendo a pessoa que mais acha que aquela tal de Vanessa Paradis tirou a sorte grande, mesmo com aqueles cabelos desgrenhados e os dentes separados. Diastema, o nome disso. Não sei se configura defeito, ter os dentes assim separadinhos na frente. Tem gente que fica legal. Anna Paquin tem. E é linda. Mas os tais dentes separados não funcionam na Vanessa Paradis. Minha opinião, cheia de recalque, anyway.

Depois do Johnny Depp surgiram milhares de outros atores bonitos. Mas nenhum deles me causou, assim, nenhum efeito. Até meados do ano passado, quando eu vi esse moleque:

Ed Westwick, senhores e senhoras.

Sim. Ele é o Chuck Bass de Gossip Girl, seriado que eu vejo, adoro e assumo sem um pingo de vergonha na cara. Adoro o ar blasé, as roupas excessivamente afetadas, a scarf quadriculada. Adoro o ar levemente atormentado do personagem, um garoto riquinho que sofre com o desprezo do pai. Alô? Clichê. Adoro o rosto dele com as feições perfeitas, a boca pequena e os olhos rasgados. A pele clara com o cabelo escuro, tapando as leves entradas na testa. A orelha pequena e levemente pontiaguda. Um moleque. Uma criança, 21 anos. Mais novo que o meu irmão mais novo. E TÃO absurdamente bonito.


OMFG!

Ah. E ele é inglês, apesar de não ter sotaque em Gossip Girl. Mas o sotaque existe, deve existir, o que é um algo a mais. Como se ele precisasse de algo a mais.

Oi. Eu sou a Madame Ç. Uma adolescente.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Daí eu fico lendo nos blogs das pessoas que moram fora do Brasil, tipo no Canadá, que hoje foi a primeira neve do ano. Tá todo mundo tão feliz, preparado pra entrar no clima de natal, com lareiras acesas e meias coloridas.
Aqui em São Paulo fez sol, alguém se interessa? Antes de ontem choveu, e ontem choveu. E sábado choveu também, chuva torrencial, daquelas que alagam tudo em questão de minutos. Adoro chuva, adoro mesmo.

A minha primeira neve do ano talvez chegue essa semana. Pode ser que também não venha, sabe-se lá o que passa na cabeça das pessoas. Tô aqui, na espera.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Fred e Estevão

Quando eu era bem pequena, fui estudar numa escolinha que ia tipo até o pré primário. Tinha maternal 1, 2, 3, jardim e pré. Meu avô me levava de carro e depois me buscava. Tinha um pé de amora junto ao muro, e sempre que eu saía da aula, meu avô tinha um punhado de frutas colhidas nas mãos, esperando por mim. Nesse colégio, eu fiz os meus primeiros melhores amigos: Fred e Estevão. Dois moleques, do tipo mais bagunceiro que existe. Não me lembro de me entrosar com as meninas, se você for me perguntar o nome de uma, uminha que seja, não sei. Lembro de Fred e de Estevão.

Por ser menina, eles provavelmente jogavam toda a culpa em mim. Eu me lembro que na escolinha tinha a hora do lanche, quando as crianças se sentavam em mesas pequenas e comiam com pratos e talheres pequenos. Eu nunca gostava da comida, e sempre queria fugir da mesa. Um dia olhei para o lado e vi os meninos, em pé, longe das mesas, brincando no meio de um círculo feito por cadeiras pequenas. Me levantei da mesa e fui brincar com eles. Lembro-me que rodamos, dançamos, giramos, demos chutes no ar. Eu imitava tudo o que eles faziam. Chutei uma cadeira e ela tombou, assim, para trás. Um estrondo horrível, a cadeira caindo. Nós rimos, os três, e continuamos. A professora veio até nós, segurou o meu braço com força e antes que eu pudesse me dar conta, estava na sala da Diretora. Dona Amália. Ela era gordinha e tinha os cabelos cacheados, bem anos 80. Bem, era anos 80, afinal. Essa foi a minha primeira de muitas visitas á sala da diretora, por me envolver em companhias suspeitas na escola.

Eu chorava de soluçar. Perdia o fôlego, dizia que não tinha feito nada, mas eu tinha. Eu estava apavorada, como se pudesse ser presa, levada a um paredão de fuzilamento. Como se fosse ficar trancada num cubículo escuro sem ver meus pais nunca mais. O que poderia acontecer comigo, além do esporro? Depois desse dia, até hoje, uns 25 anos depois, eu ainda comparo os meus choros com o daquele dia. Se não forem fortes ou cheios de soluços, é porque não foi nada de mais. Aquele dia o meu mundo parecia que acabava. E era só a sala da diretoria, por causa de uma mini cadeira amarela chutada.

Eu tinha muitos pesadelos quando era pequena. Pesadelos horríveis, sonhos cheios de aflição, daqueles que a gente acorda sofrida. TODOS os meus pesadelos incluíam Fred e Estevão. Eu sonhava que eles me obrigavam a dirigir, e eu não sabia quais botões (?) apertar. E não tinha controle algum sobre o carro andando pelo bairro, nem parar eu sabia. E Fred e Estevão estavam ao meu lado, me mandando continuar. Eu sonhei, certa vez, que estava num barco grande, com meus pais. E a esse barco grande era acorrentado um pequeno. E Fred e Estevão me convenciam a pular de um barco pro outro. E eu pulava, e ficava no barco menor. E um deles soltava as correntes, e os barcos iam se afastando um do outro. E eu ficava mesmo muito desesperada com a idéia de me perder pra sempre da minha mãe. Pesadelo de criança. Fred e Estevão riam, gargalhavam, os sádicos. Teve um outro pesadelo, que eles me jogavam numa casa cheia de múmias, que saíam de caixões e andavam com os dois braços erguidos para a frente, tipo sonâmbulos. Eu tinha uns 4 anos, o que faz o maior sentido.

Hoje, eu não tenho a menor idéia de por onde andam Fred e Estevão. Imagino que estejam por aí, e gosto de pensar que eles ainda são amigos, e que saem para beber juntos e falar sobre garotas. Nem mesmo uma foto com eles eu tenho. Meus dois melhores amigos do maternal.

sábado, 22 de novembro de 2008

Eu tenho a mania de separar as pessoas em grupos. Pessoas que gostam de café e pessoas que não gostam. Pessoas que comem carne e pessoas que não comem. Então, tem dois tipos de pessoas, pra tudo. Os dois tipos subdividem-se em outros, que subdividem-se em outros, mas tudo começa lá, nos dois tipos iniciantes.

Tem dois tipos, então. As que gostam de reality shows e as que desprezam. As que desprezam se subdividem em dois grupos outros. As que simplesmente não se interessam e as que se importam o tanto necessário pra querer que eles sejam instintos, junto com seus criadores, participantes e fiéis espectadores. Como eu. As que gostam de realities, por sua vez, também se dividem em grupos. Pessoas que assistem, porque vêem qualquer coisa na televisão. Pessoas que assistem com alguma regularidade e até elegem um preferido entre os participantes. Pessoas que surtam, e gastam seu almoço de trabalho discorrendo sobre votos e formação de panelinhas. Como eu.

Não tem coisa que eu goste mais na televisão, sério. Não posso nem pensar na hipótese de confinamento de pessoas em condições especiais de temperatura e pressão que fico louca, quero ver, saber qual é. Adoro essa dinâmica. Já vi American Idol, Top Chef, Project Runway. Estou baixando a atual temporada de America’s Next Top Model. Porque, né? Tem que ver. Tudo. O pior é que eu sempre perco. Quase sempre. Eu tenho uma galeria de participantes queridos, e minha preferência muda de acordo com a natureza do reality. Em ANTM, eu sempre torço para a bitch da vez. A que for mais twisted, que desdenhar das outras garotas, desenvolver uma tendência a exagerar no vinho ou na auto-adoração. Nunca vou esquecer a Jade, que demolia a auto-estima das concorrentes e se dizia a grande modelo undiscovered. Ela tinha um cabelo meio ruim, o nariz meio largo e tinha, sei lá, 26 anos. Velha pra ser modelo. Mas tinha também uma confiança absurda, e se achava realmente superior. Eu achava divertido. Quando a casa inteira se virou contra ela, ela gritou: “This is fucking America’s Next Top Model. This is not America’s Next Top Best Friend!” Um dos melhores momentos ever.

Adoro Tyra Banks falando fierce, ou toda aquela rotina do “Two beautiful girls stand before me. The girl that i do not call must immedially return to the house, pack her belongings and go home”, adoro Chef Ramsay dizendo fucking a cada duas palavras e fazendo os concorrentes chorarem como criancinhas depois de um esporro. Adoro o “Move that Bus” gritado pelo Ty em Extreme Makeover Home Edition. A parte das lágrimas e das histórias tristes me cansa um pouco, confesso. Adoro What Not to Wear, adorei Casa dos Artistas, aquela que tinha o Supla chamando o Alexandre Frota de Frotinha. Adoro o Simon Cowell destruindo o resto de segurança de cantores wannabe. Tim Gunn dizendo “Make it work” a cada vez que vê um outfit bizarramente construído. Adorava a Kara Saun chamando carinhosamente o Jay, vencedor de Project Runway, de Jay Bird. Naquela edição eu torcia para o Austin Scarlett, porque ele era adorável, e usava brilho labial cor de rosa. E porque fazia roupas com as quais eu adoraria vestir a minha Barbie há quase 20 anos atrás. Gosh, estou ficando velha. Parei.

Não vejo a hora de começar o Big Brother. Sério.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Então na sexta tinha uma festa. E era aqui na rua.

Aqui em São Paulo, aparentemente, eu moro numa rua que tem muitas festas. Não foi a primeira desde que eu cheguei, e certamente não foi a última. E então todo mundo combinou de vir aqui pra casa. E veio. E são pessoas que já vieram aqui, amigos, desses novos que eu tenho feito, todos muito queridos, todos. E tinha cerveja, e música, depois não tinha mais música, e tinha conversa, e tour pelo apartamento, que é pequeno, e uma volta de 360º em torno do próprio eixo já resolve.

E chegaram pessoas que eu não conhecia, mas que iam pra baladinha, que é assim que se chama festinha em São Paulo. E, algum tempo depois, umas duas horas, sei lá, a gente resolveu, então partir, ali pro outro lado da rua, pra essa festa. E contando as cabeças na porta nos demos conta de que alguém tinha ficado pra trás, dentro de casa. E não deu outra. Resolvemos trancar o maluco, às gargalhadas, e fingir que tínhamos ido. Uma gritaria no corredor. Acontece que eu e a roomie temos uma vizinha. E a porta dela é MUITO perto da nossa. E nós esquecemos que a vizinha, assim, existia at all. E dá-lhe gritaria no corredor, e gargalhadas. Eu costumo ser super preocupada em não incomodar, vigio até o volume da TV. Nem me ocorreu que a gente tivesse vizinha, àquela altura do campeonato. Já chegando no elevador, a vizinha aparece na porta, muito puta mesmo, com toda razão. Pijamas, cabelo solto e desgrenhado. Era 1h da manhã. E eu nem tinha me dado conta, podia ser, sei lá, 22h, 23h. Na minha cabeça.

A vizinha deu um mega esporro, gritando mais alto do que todos nós, disse que aquilo era absurdo – porque era – e que era falta de respeito, e que ela acordava cedo. Nem me ocorreu, ali, de pedir desculpas na hora. Descemos para a festa, com a idéia de tentar recompensá-la pelo incômodo. Mas depois, né? Quando eu finalmente voltei da festa, algumas horas depois da roomie, vi a caixinha fofa no tapete da vizinha. Me abaixei, peguei o bilhete e li o pedido bêbado de desculpas, que era meu, também. Pensei comigo, que ótemo que ela tenha pensado nisso, já que a vodka não me deixaria ir ali, até o supermercado, pensar em agradar a vizinha. Mas roomie pensou. E tinha um resto de sobriedade pra colocar as coisas no lugar.

Dia seguinte, batidas na porta. Não temos campainha, até iríamos colocar uma, mas depois achamos mais legal não ter, e forçar batidas na porta. Era a vizinha. Cara doce, cabelos penteados, voz trêmula. Pedindo DESCULPAS. Por ter brigado com a gente. Eu disse que ela tinha toda a razão, e que a gente não tinha se dado conta do barulho, mesmo, etc. Mas era ela pedindo desculpas. Desculpas por ter se incomodado com o nosso barulho, praticamente. Chocolates operam milagres nessa vida.

Note to self. Próxima festa, fazer menos barulho. Ou então, convidar a vizinha, ou então comprar chocolates, e deixar na porta, antes mesmo de fazer barulho.

Algo de podre no reino da Dinamarca


smile like you mean it.

Então, eu trabalhei nos últimos dois anos numa empresa. Não vou entrar no mérito se era ou não uma empresa legal, no sentido do objetivo do negócio. Era uma empresa normal, num mercado que tinha tudo pra ser legal, e acabava não sendo. Talvez por culpa do mercado, talvez por culpa da empresa. Eu acho que por culpa da empresa. A gente fica vendo essas empresas de internet que são super legais de trabalhar. Google, Facebook, Yahoo. Os maiores executivos, não raras vezes os fundadores são caras super novos, geniozinhos, geeks. Eu adoro geeks. Super me identifico. E a empresa que eu trabalhava foi criada por caras novos, três deles. Um sério e mal-humorado, um geek magrelo e gente boa e um louco e engraçado, mas meio freak. Esse era o meu chefe direto. Trabalhar com eles era divertido, não tinha rotina nenhuma. Mas a empresa foi tomando uma forma estranha, e ficando muito ruim de se trabalhar. Porque eles queriam forçar uma unidade que não existia. E veio a festa de fim de ano. E na primeira delas eu fui, de pé quebrado. Joguei pingue-pongue com o sócio nerd a tarde toda, e o amigo-oculto nem foi assim tão traumático. E o ano transcorreu, e a empresa foi tomando umas atitudes escrotas com os funcionários. Tipo obrigar a compensar faltas futuras, criar rotinas de trabalho que incluíam uma hora a mais de expediente sem consultar as pessoas sobre compromissos pessoais pré-agendados, etc. Eu fiquei puta, né? Porque eu acho que tudo deve ser conversado, e combinado. Não gosto de me sentir vítima de decisões arbitrárias. E veio o segundo fim de ano, e eles criaram todo um alvoroço em torno da tal confraternização, once again. E eu vinha num processo de achar aquilo tudo uma grande hipocrisia, e disse que não ia. Ao meu grito se juntaram outros, e a festa até rolou, mas não foi quase ninguém. E o ano novo veio, e eu já não estava feliz, e pedi demissão. E vim pra Sumpolo, aquela história que meio que existe aqui nesse blog. Saí de lá em agosto, mas meus amigos queridos continuam, e eu falo com eles com freqüência. Então, né, eu sei o que anda rolando naquele universo ao qual eu já não pertenço mais.

Primeiro chegou um novo diretor, e botou os 3 ex-sócios, atuais diretores, como consultores. Parece legal, uma golfada de ar puro e fresco. Daí ele disse que queria que a empresa fosse feliz, o que deixou meus amigos felizes, e levemente esperançosos. Eu não, porque eu sou cínica. Quando eu pedi demissão, eu já estava saturada de um jeito que nem dava mais. Podiam pintar a empresa de ouro, subir a temperatura em 10 graus e ainda assim eu ia achar ruim. E ia morrer aos poucos. Podiam me dar a cadeira super foda do meu chefe, e com dor no coração, porque a cadeira era realmente incrível, eu ainda diria no, thanks. Esse diretor novo disse que já que ali era empresa de internet, ia colocar um wii pra galera se divertir. E eu achei legal a iniciativa, mas não adianta ter wii e não poder brincar porque a chefe olha de cara feia, né? Tudo que ia aparecendo de legal, eu ia percebendo que ia deixar a empresa um pouco mais igual ao que ela já era. Porque o problema, ali, é a cultura da empresa, e isso não muda fácil. Tem que trocar equipe, trocar quem ta lá há muito tempo, as múmias, trocar métodos.

E aí veio a festa de fim de ano desse ano. Eu já não estou lá há três meses, e faz onze meses da festa do ano passado, mas aparentemente a ausência em massa do ano passado calou fundo no coração das múmias de plantão. E a festa desse ano é obrigatória. O que não tem nada de “legal”, como a nova direção se propõe a ser, mas que faz algum sentido. E eu sou, acima de tudo e de todos, pro-choice. E acho que as pessoas deviam poder escolher ir, mas dessa eu escapei, né? E que se a empresa fosse assim tão legal, ela NUNCA precisaria obrigar os funcionários a irem na confraternização. Porque sol, churrasco, piscina e prática de amizade ao ar livre deveriam falar por si só. E, se não falam, amigos, é porque ainda há algo de podre no reino da Dinamarca. E agora eu recebo, encaminhado, o email da confraternização. Dizendo que vai ser uma festa explosiva (sic). E que TODOS DEVEM ir, e que devem levar roupas sobressalentes, pra participar das brincadeiras, que são obrigatórias, assim como a festa. Rumores dão conta de que os serviços de um futebol de sabão foram contratados. No meu planeta, isso se chama coação. E assédio moral. E constrangimento.

Duvido que o Google faça uma atrocidade dessas.

resolution (?)



Menos quando for numa entrevista de emprego, ?

* Achei aqui, que pegou daqui, que pegou daqui.

Frutas e livros

Já faz um tempo, mas a minha mãe disse que eu não tenho o hábito de ler. Não mais. Logo eu, que fui criança habituée da biblioteca da escola, que li tudo o que passou pela minhas mãos durante anos a fio. Eu também tinha o hábito de comer frutas, mas de alguma forma, perdi. Deve ser porque eu cresci, porque eu aprendi a fazer compras e que era mais fácil ir logo ali mais adiante comprar comida processada e coisinhas ricas em açúcar. Pois eu lia muito, o tempo todo. Quando a conclusão materna me tomou por assalto, obviamente que eu ri, né? COMO EU NÃO LEIO? Eu leio sim, muito, o tempo todo. No computador, na internet, todos os blogs do mundo. Quando a revista época faz lá a sua listinha de blogs que merecem ser lidos, eu já conheço quase tudo. Já li, já analisei, tenho até opinião formada, veja só. Isso não é ler? Então eu vinha praguejando o seqüestro do meu querido exemplar de “About a Boy”. Porque queria reler. E chegou uma hora que cansei de pedir, de jogar indiretas, de tomar livros como prisioneiros e tentar, assim, uma troca de reféns. E eu fui ali na Fnac e comprei outro. E disse para a garota que ela podia ficar com o meu, assim, presente. Mas que lesse, que aquilo encostado na estante era pecado por demais.

E o meu novo exemplar descansa, agora, na minha estante. Não reli, ainda. Nesse meio tempo, conversa de bar (sim, agora eu mantenho conversas de bar), um amigo me disse que eu precisava ler outro livro. Tirou uma cópia, dessas compradas em sebos, da mochila, e me deu. De presente. Fiquei sensibilizada. Ele pediu que eu lesse, que o livro era maravilhoso, era uma espécie de guia para a vida dele, e que tinha certeza de que eu iria adorar. Peguei o livro, guardei eu, na bolsa quadriculada, e trouxe pra casa. Folheei, parece bom. Tipo de livro que eu leio numa tarde, fácil, fácil. Li o epílogo, a orelha, a contracapa. Umas folhas outras, que ainda não começam propriamente a história. Deixei na cabeceira e, oh, esqueci. Porque voltei pra internet, organizando feeds, lendo meus blogs queridos e amados. Tenho descoberto uns blogs tão bons. Mas tão bons, que eu nem te falo. Quer dizer, óbvio que falo, tudo linkado aqui do lado direito. Daí fico lendo, gosto, folheio, vou pros arquivos. E nada do livro. Nem do que eu ganhei de presente, e nem do que eu comprei de novo, pra mim mesma.

Então, fazendo as contas, são dois livros, um não relido e um não lido. Com relação às frutas, tenho observado a roomate, triatleta super disciplinada. Come maçãs all the time. Eu já fui de comer maçãs assim, aos montes. Agora as minhas ficam na geladeira, ela acaba com as dela, e come as minhas, pra que elas não estraguem. Fomos à feira e compramos frutas. Melancia, abacaxi. Coisas que eu gosto, sabe? Picamos estão prontas para o consumo, basta pegar e comer, lá na geladeira. E eu nem. Só lembro das coisas quando ela aparece, assim, na minha frente, comendo e dizendo que está super doce. E aí eu digo que daqui a pouco vou pegar um pouco. E esqueço. Então, talvez, eu não seja mais uma pessoa que come frutas e lê livros.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Crocs: o horror, o horror.

Não tem nada, em termos de vestimenta, por assim dizer, pra ser “boazinha”, que eu despreze mais, odeie mais, do que a tal da sandália crocs. Primeiro foi meu irmão, lá no Rio. Me aparece com a sandália dizendo que era tendência, que era a coisa mais leve do mundo, que o ser humano se sentia como que descalço. Comprou duas, uma pra ele e uma pro meu pai. E eu, horrorizada, assisti àquelas aberrações jogadas pelos cantos da casa. Experimentei, pra ver se era o último grito em conforto, mas não. Tropecei naquilo várias vezes, e quase torci o pé uma vez. Topada em sandália crocs esquecida pela casa machuca o mesmo tanto que topada em pedra. Believe me.

Depois, chegando em São Paulo, o horror. Meus amigos que já moravam aqui há algum tempo, todos de crocs. Todos medonhos, e cheios de sorrisinhos e justificativas. Mas é legal, é confortável. Todos concordam que elas não são bonitas. Mas, sweet baby Jesus, como assim gastar R$ 90,00 num negócio daqueles? Eu já achava que a sandália não prestava muito antes de ver o Dado Dolabella usando no Rio de Janeiro. Uma de cada cor. Lançando moda, esse Dado, tão engraçadinho... NOT. Eu acho que se a própria feiúra do sapato não fala por si só, Dado Dolabella usando DEVERIA significar alguma coisa. Um run, forrest, run. Não pode ser legal.


As pessoas se vestiam bem, quando estavam lá no Rio. Ainda mantêm o hábito de combinar calça com camisa, casaquinho com bolsa. Mas aí surge a sandália do demo e bota o visual a perder, imediatamente. Eu to falando, gente, Dado Dolabella. Isso deveria significar alguma coisa. Vocês vivem no mesmo planeta que eu?



Se o argumento Dado não serve, que tal George W. Bush? Bonitinho, engraçadinho, cheio de estilo. Com crocs. Sério. DUVIDO que Obama fizesse um papelão desses. Ou Hillary. Clinton mesmo, com toda aquela lambança que fez com a estagiária, jamais apareceu em público assim, usando tamanha atrocidade nos pés. E, convenhamos, hoje ele até é visto como um homem digno, apesar de tudo. Até o Jack Nicholson, que é o Jack Nicholson, parece um idiota com elas.




Em criança a sandália não fica nem tão ruim. É pequenininha, a cá entre nós, criança fica fofa com sapatinhos engraçadinhos. Quem nunca teve galochas vermelhas quando era pequeno? Mas passou dos 13 anos, please, hora de parar. É sempre importante saber a hora de parar. Sabe quando a gente cresce e não consegue perdoar nossos pais pelo que eles escolhiam pra gente vestir? Crocs é o mal dessa geração que tem menos de 10 anos, nesse momento. Eu não vejo Suri Cruise, ou Apple e Moses, filhos de gente que sabe se vestir, Katie Holmes e Gwyneth Paltrow, por exemplo, aparecerem em público com nada que não sejam sapatinhos fofos e minimamente dignos.



Agora, vem cá. NAONDE que isso é bonito?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Call me a geek, freak, whatever.

Então, eu adoro seriados. Comecei vendo aquelas porcarias traduzidas na Globo, tipo "Barrados no Baile" e "Melrose Place". Me contentava com esses, até porque dava muito trabalho disputar a Directv com meu pai, esse sim, um maníaco por nonsense em TV. Como é que eu iria pedir pra ver o meu episódio de hoje se ele estava vendo uns japoneses estranhos discutirem culinária ou arquitetura? Não dava, e eu nem tentava. Daí me apaixonei por "Party of Five" e consegui, a muito custo, ficar com a tv nas quintas-feiras à noite. Eu era como uma Salinger, morava em San Francisco. Quando o Charlie, meu preferido, teve câncer, eu ficava muito mal, e quando ele foi finalmente curado, fiquei realmente feliz.

Daí ganhei uma DirectV só pra mim, presente de aniversário. O melhor presente de aniversário de todos os tempos, melhor até mesmo que o carro, porque a assinatura se renovava a cada mês, durante anos a fio. Comecei a ver tudo o que passava. Na época, era basicamente Felicity, ER, Party of Five, of course, Dawson's Creek, Friends. Popular, uma série meio que de humor negro relatando a vida de adolescentes em uma high school. Vilões e mocinhos. Virei fiel defensora do Pacey e do Noel. Estaria ali a minha preferência por losers se delineando?

Minha vida se organizava em torno da Sony e da Warner. Ai de quem me ligasse nas segundas ou quintas à noite. Era dia de Dawson’s Creek, ou ER. E eu precisava saber o desenrolar dos dramas. Quando tudo começou a ficar meio doentio, comecei a achar bom quando as séries iam sendo canceladas, porque ia me libertando delas, uma a uma. E assim abandonei Party of Five, Dawson's Creek, Felicity. Friends. Séries novas vieram, séries antigas partiram, e eu lá, em frente à TV, feliz da vida.

Tinha as séries que eu não seguia, mas via sempre que estivessem passando e eu estivesse do bobeira. Nessa categoria, no strings attached, estavam CSI, Will and Grace, That 70’s Show. Daí surgiu o advento dos downloads. Isso coincidiu com a minha entrada no mundo corporativo, e com a chegada do irmão do demo pra dividir o apartamento e a programação televisiva. Eu queria ver Greys Anatomy, ele tinha algum jogo de tênis ou do Brasileirão. Brigávamos, eu ia pro quarto e procurava os torrents. Aprendi tudo sozinha, me guiando pelas comunidades do Orkut. Os nerds desse mundo são adoráveis, aprendo tudo com eles.

E aí surgiu Lost. A primeira temporada eu vi na TV, a última coisa que eu me lembro de efetivamente seguir na TV. E passei a ver apenas algumas horas depois da exibição nos EUA, disputando com os nerds do trabalho quem baixava antes. Baixei Heroes, baixei Greys, baixei America’s Next Top Model. Temporadas inteiras, antigas, eram vistas. Tyra mail, as garotas gritavam. Agora tem tanta coisa legal acontecendo que eu precisei fazer uma agendinha, no Google, pra saber o que baixar em que dia. Tem Heroes, tem Greys Anatomy, Gossip Girl. Fringe, Brothers and Sisters. House. Séries que já foram canceladas mas que eu quero dar uma olhadinha de novo. Queer as Folk. I miss Brian Kinney. Eu sempre torço para o personagem escroto ou para o loser. Nunca o mocinho, nunca o correto. Tem série que eu ainda não vi, mas que sei que vou gostar. Tipo The Sopranos, tipo Six Feet Under, Dexter. Tem série que nem estreou no Brasil, mas que já tem milhares de coisinhas pra assistir no HD, tipo Fringe ou True Blood.

O que não tem é tempo, sabe, pra ver isso tudo e ainda manter uma vida minimamente normal.

domingo, 9 de novembro de 2008

Madame Ç e o assédio sexual

Esse causo aconteceu há um mês. Tinha eu uma entrevista marcada numa grande empresa, estava eu – inclusive – bem indicada por uma gerente, que vem a ser minha tia. Área de mkt, empresa foda, já disse? Prédio alto na Faria Lima, último andar. Estava esperando ser entrevistada por um senhor, imagino. Nem era. Me apareceu um moleque, trinta e poucos anos, calça jeans. Tão moleque que a nossa conversa fluiu. Me dou bem com moleques, em geral, elimina-se o fator intimidação. Estamos em casa, todos. E o moleque – e era moleque mesmo, na perfeita definição da palavra. Parecia vidrado no que eu dizia, morria de rir, e eu nem estava sendo engraçada. Fez perguntas pessoais, disse que já me via na equipe dele, e que não sei quem ia me adorar, e que por ele a vaga era minha. E eu pensando: esse maluco ta me dando mole. Mas isso não acontece comigo, beleza, sigamos em frente. Ele deve ser só engraçadinho mesmo. E ele começa com perguntas pessoais, beleza, tática de Rh. Madame Ç Pollyana, aquela que acredita no ser humano, mode on, força total. Perguntou se eu tinha namorado no Rio, se tinha namorado em São Paulo, e por aí vai. Me deixou encabulada. Obviamente. Madame Ç não lida com pessoas que se jogam na direção dela. Ok. Move on. E o maluco, no meio da descrição da vaga, entre a parte em que ele dizia que o meu sotaque era delicioso (oi?), e a parte em que eu era mesmo absurdamente divertida e inteligente, e brilhante, e tals, me pergunta se eu toparia sair com ele, uma hora dessas. E, vem cá? Comofas? Escorreguei, eu, a especialista em dar fora em engraçadinhos. Fiz como fazem aquelas garotas que riem, jogam os cabelos e insinuam um "quem sabe?". Não fiz exatamente assim, pelamordedeos, mas falei alguma coisa que deve ter dado a ele a impressão de que sairíamos, sim. Whatever. Achei a entrevista boa, tolinha. Um dia depois, sábado, 21h, meu celular toca. Número desconhecido, e eu não tinha ainda o celular de ninguém. Atendo cheia de graça. E é o maluco. O maluco da entrevista. Me ligando pra perguntar como foi o meu sábado (sic), me convidando, descaradamente, para um café. Desconversei, escorreguei. Eu super sairia com ele, circunstâncias outras. Não nessa situação. E eu escorreguei e disse não. Sou moça de família, ora bolas.

Well, não precisamos fazer muito esforço pra adivinhar que ele nunca mais ligou, nem pra falar sobre a vaga. E eu contabilizei, aqui em São Paulo, o primeiro caso de assédio sexual da minha vida.

sábado, 8 de novembro de 2008

Eu fico tentando tomar alguma distância e olhar pra mim mesma. Não pra o mim mesma mim mesma, mas para essa pessoa que é vista pelos outros. Porque acho que é cedo pra que qualquer um aqui me conheça de verdade, é óbvio que não conhecem. Nem quem eu conheço há mais tempo me conhece de verdade. Tem quem me conheça bem, mas a gente se engana tanto, sempre. A gente sempre acha que a pessoa vai agir de um jeito e é aí que ela faz tudo ao contrário.

Mas nem é sobre isso a minha questão. A minha questão é destrinchar direitinho como é que as pessoas me lêem, aqui, em São Paulo, pra entender que espécie de figura elas criam nas próprias cabeças. Tem gente que já gosta muito de mim, gente de quem eu já gosto muito, mas todos nós nos conhecemos ontem. É tudo projeção, só pode ser. A gente busca um detalhe ou outro que promova uma identificação, e tira as próprias conclusões. Nenhuma das conclusões é realmente válida, mas serve pra guiar a gente no processo de conhecimento.

Então, eu sou legal. E ácida. Eu passei anos me chamando de ácida, e sendo chamada de ácida pela minha melhor amiga. E isso foi mudando, e de repente nem era algo legal, era quase um defeito, isso de ser ácida. Iria me fechar as portas, provocar confusões, afastar as pessoas de mim, etc. E eu fui pra terapia, onde cheguei à conclusão de que não, eu não era ácida. Eu era uma pessoa doce, que tinha uma capa protetora de sarcasmo. Será que isso seria verdade também? Eu posso ser doce, e ser ácida, e ser sarcástica, e ser engraçada, até mesmo legal. Mas é tudo rótulo, e nenhum deles me define, exatamente. Daí eu vou pro Orkut, e clico naquela opção que diz pro perfil ser mostrado como qualquer pessoa o vê. E eu não sou dessas pessoas que ficam botando cadeado, acho isso bem irritante, by the way. E tem lá citações de cinema, e nomes de bandas, e programas de televisão. Uma foto que mal mostra o meu rosto, e que me faz parecer bem mais cool do que eu me acho, de fato. Fotos normais, com pessoas normais. Testemunhais de pessoas me dizendo que eu tenho a personalidade forte, e que estou sempre a par de tudo o que acontece. Convenhamos, não é sempre assim. Mas eu fico mesmo irritada quando acho que me escondem coisas. Isso nem a terapia resolveu. E eu sei melhor do que ninguém que eu não tenho que saber de tudo. E eu sei também, e isso é conclusão minha, que é melhor pra mim não saber de tudo. Some things are better left unsaid.

Mas eu venho nesse esforço pra fazer parte desse grupo de pessoas, e eu até já acho que faço, mas nem pelo meu nome eles me chamam. Me deram um apelido, bonitinho, eu respondo quando chamada. Dizem que eu sou divertidíssima, mas será que sou mesmo? E eu vou olhar o Orkut dessas pessoas e tiro conclusões, obviamente. Não os conheço bem, e não vejo a hora de tirar as minhas próprias conclusões, essas que não são guiadas por informações que eles editam online. Não vejo a hora que eles me conheçam melhor, e tirem as suas próprias conclusões, não guiadas pelo que eu edito, online. Eu sou uma boa editora. Tomara que eles ainda gostem de mim, depois de todo esse processo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Em dia que Obama acorda presidente, eu acordo feliz.