quarta-feira, 28 de março de 2012

que ano é hoje?

eu tenho um trabalho difícil que é tentar convencer a grande corporação de que já é 2012. e que não, não é o fim do mundo. eles estão em 1995. a impressão é clara. os processos demonstram. tudo é difícil. internet parece uma coisa do futuro, e ó, super vai funcionar. aham.

e eu, descabelada, rouca, exausta. NÃÃÃO. NÃÃÃO. já é o futuro, pessoal. internet já é realidade, já existe, e já dá certo. não é tão dificil. não precisa ser. é certamente mais fácil do que vocês assumem que seja e olha ali, pela janela. tá vendo aquele prédio? é a firma colorida. eles estão fazendo internet ali. e não. não é difícil. 

dá trabalho, trabalho dá, sim. não tem como não dar. mas é por isso mesmo que chega salário no fim do mês. não vamos reclamar. a vida até que é boa.

e neguinho afunda na cadeira, e diz que eu não entendo os processos. que as reuniões do programa - que são obrigatórias - não têm assim tanta necessidade de acontecer. e é claro que têm. meodeos. 

daí eu tenho vivido essa vida de bater nas pessoas. de atravessar reuniões, discordar, discordar, discordar. querer morrer um pouquinho, tomar fôlego, discordar. são altos e baixos. eu desisto da briga, tento me acostumar àquele ritmo, mais lento e pesado. canso, acelero, bato mais um pouquinho. questiono, exponho, discordo. ah. você precisa entender. aqui as coisas são assim.

não. não são. e eu não fui chamada pra me afundar na cadeira e e me acomodar aos processos. eu gosto de pensar que eu fui parar ali porque há um trabalho a ser feito, um trabalho muito mais dificil do que botar o projeto pra funcionar, que é o de conscientizar as pessoas da importância das reuniões que, sendo obrigatórias, precisam sim, acontecer. e apontar pra janela, e dizer que dá, sim, pra fazer. que só dá trabalho. mas que é possível.

sinto saudades do daniel querido rindo com uma cara satisfeita quando eu falo de algum problema e me dizendo "me dê cinco minutos"pra dali a pouco me apresentar a solução. e achar legal eu achar ele gênio.

eu só tenho preguiça de gente que tem preguiça. 

segunda-feira, 19 de março de 2012

o msn como metáfora da vida em geral

vou notando aos pouquinhos algumas mudanças. sempre usei msn para o trabalho. minha taxonomia para os contatos sempre foi a mesma. um #nomedafirrrma, um #amigos e um #theothers.

mudava a empresa, mudava o nome do primeiro grupo, e redirecionava os contatos. quem tivesse virado amigo ia para a pasta de amigos, quem tivesse valor inexistente era deletado, quem tivesse algum tipo de serventia eventual (contato de trabalho, mercado), ia pra the others. a pasta the others servia, também, para guardar desafetos ou amigos em processo de delete na vida em geral. enquanto eu não era forte o suficiente para cortar de vez o laço, ficavam ali, guardados, numa espécie de limbo. 

saí da firma e vim pra grande corporação. anotem aí. 6 meses. nunca troquei o nome da firma colorida no msn, nunca criei a pasta com o nome da grande corporação, nunca carreguei as pessoas para as pastas amigos ou the others. meu msn ficou congelado, enquanto eu tentava firmar meus pés na escolha que tinha feito.

de fevereiro pra cá, mudanças. indiquei amigos para algumas vagas, e já esbarro em um ou outro querido pelos corredores. já existe aquele levantar de sobrancelhas em reconhecimento, aquele small talk de cozinha, aquele sentimento de estar à vontade, mais em casa. sou dona desse chão que eu piso. já existem novos queridos, já existem amigos antigos aqui e acolá. já existe o olhar que não precisa de palavras.

minha mudança finalmente está feita.

coincidência ou não, as pessoas começaram a pedir o contato do msn. talvez seja hora de apagar a firma colorida de lá, mover os contatos entre as pastas, e abrir esse espaço novo, que vai ocupar os meus dias daqui pra frente. que já ocupa os meus dias há seis meses, mas que levou tempo. o tempo necessário. 

vamos lá.

segunda-feira, 5 de março de 2012

bato recorde de pobreza pagando as cadeiras novas, os vestidos, o tênis de oncinha. não consigo fazer dieta mas consigo comer direito. não consigo ir pra esteira, mas agora comecei a subir escadas. perder o fôlego em dois lances, onde já se viu? consegui parar de roer as unhas, descasquei o teto do banheiro e agora precisamos chamar um pintor. "eu saio cinco minutos e quando volto você está demolindo a casa", disse o namorado quando voltou do supermercado. 


é ansiedade. 

quinta-feira, 1 de março de 2012

a vista aqui de cima

é bonita, não vou negar. os problemas são outros. são mais chatos. 

organizar processos, fazer com que eles funcionem, assumir a culpa se eles não funcionarem. 

definir que tipo de pessoa deve vir trabalhar comigo. pegar aqueles processos que eu criei ali em cima e dizer por quem eles são feitos.

imaginar essas pessoas. quem são, o que estudaram, que tipo de característica possuem. se se dão bem em ambientes silenciosos ou barulhentos, qual a capacidade ideal de concentração delas, o que elas devem fazer e qual deve ser a medida usada para definir se elas estão cumprindo com o prometido. definir o prometido que elas devem cumprir.

fazer conta, pesar consequencias. cobrar horários, *dar o exemplo*. 

(essa parte do exemplo e da cobrança eu odeio, odeio mesmo, mais que tudo. acredito numa sociedade livre, com todo mundo responsável, fazendo o que tem que fazer sem precisar de porteiro ou segurança atrás. mas anyway)

descobrir onde as pessoas estão, chamar elas pra conversar, pra conhecer. não ser simpática demais nas conversas, pra não gerar expectativas. falho miseravelmente. se eu gosto, eu sorrio com os olhos. smies, aqueles da tyra banks, na hora errada, com a audiência errada. se eu não gosto, sono profundo, vontade de morrer. que vida.

convencer a mocinha boazinha do rh que eu quero quem eu quero, e que não, eu não vou chamar aqui 200 pessoas *pra ter elemento de comparação* e poder dizer de forma neutra quem deve ser convidado a se juntar ao barco. nessa parte do processo, confesso. tenho muito carisma. sou um docinho, o rh me adora.

ser put together. acreditar na coisa toda. me portar como alguém que tem clara noção de onde está indo.

hahaha. como se fosse possível, né?

leap os faith, o nome disso. não há certezas, não há garantias. há fé.

quem diria. eu, que sempre fui pessoa racional, virei pessoa de fé.

john locke me entenderia.