terça-feira, 29 de novembro de 2011

après moi le déluge

tem esses momentos na vida em que eu preciso ficar quietinha. acontece quando o trabalho atropela, quando alguém me trata mal, quando eu fico meio perdida, muito ocupada, achando que fiz alguma coisa errada. eu calo. meu trajeto se transforma em casa, trabalho, casa, e às vezes, no trajeto, nem música eu ligo no carro. quando ligo, volta ela, regina spektor, cantando doce e me fazendo querer acreditar que a vida pode se resumir ao instante enquanto a música não acaba.

eu fico pensando que em outras fases como essa, eu teria entrado em casa em uma sexta feira à noite, cortinas fechadas, pra sair na segunda de manhã. ficaria quietinha, olhos no computador, comidas facilmente mastigáveis, banhos longos. dormindo, acordando. com meu menino do lado, me forço a sair. restaurantes, viagens de final de semana. abraço compridos e suspiros profundos. poucas horas de sono, olheiras escondidas debaixo de uma grossa camada de corretivo. a vida segue.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

sobre recomeços

algumas das conversas melhores que eu tive esse ano, mesmo as mais difíceis, foram com a menina de aracaju. desde o inicinho do ano, quando nos desentendemos e nos afastamos, e eu fiquei sofrida (e tenho certeza de que ela, à sua maneira, também), até o pouquinho em pouquinho em que fomos nos reaproximando, depois que ela saiu da firma colorida. foi um período duro. de entender que ela estava aborrecida, de saber que ela tinha as razões dela, de saber que eu não tinha culpa, de saber também que a vida era complicada por demais pra tentar ficar explicando. 

e eu calei. e deixei ela desligar, quietinha, nó na garganta. e fiquei quieta mais um tanto, até ela aparecer no gtalk me chamando de flor e me perguntando como eu estava. e foi assim, aos poucos, que a vida se acertou. com conversas perdidas no meio da tarde, comigo contando pra ela antes, e pra mais ninguém, que eu estava saindo da firma, pra depois desistir, ficar, e resolver sair de vez. ela me disse que não precisava ter medo, que era tipo a casa do big brother, com alguém berrando "vem viver a vida aqui fora". e eu fui.

há alguns dias ela me chamou de novo. e disse. sabe, flor. tem gente que mesmo com todas as diferenças do mundo, a gente carrega pra vida. eu concordei. a gente se carregou, pra esse lugar onde o contato é mantido porque existe, no meio das diferenças todas, semelhança. respeito. carinho.

e essa é uma das boas coisas de 2011. a primeira que eu trato, oficialmente, como retrospectiva.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

eu me distraio roendo as unhas, assistindo realities, me afundando no abraço do namorado. é quase um desamparo. não é trabalho em excesso. é responsabilidade, mesmo. é saber que depende de mim, muito, muito, que os planos aconteçam. eu sei. eu fecho os olhos e ligo pontos, o tempo todo. eu tento não falar de trabalho, mas é só o que eu faço. eu ando encantada com as pessoas, e a equipe incrível que olha pra mim esperando respostas. eu tenho algumas. algumas.

a grande corporação é lugar de gente feliz. as pessoas são gentis, e simpáticas, e acho até que um pouco da minha dureza corporativa, de mandar Att. antes da assinatura de e-mail se quebrou. eu agora mando beijos, me despeço, boto carinhas felizes. eu sorrio e peço ajuda, eu olho para a menina de cabelos bonitos e peço que ela tenha paciência, que a vida vai se ajeitar. eu percebo o peso do mundo nas costas dela, todas as mudanças, a responsabilidade se acumulando. eu sei, eu sei. confia, eu peço. 

e faz um tempo já que, desesperada diante de tanta coisa a ser feita, tanta coisa a ser lembrada, eu lancei mão de post its coloridos e enchi minha mesa, a parede, o monitor. olhar para os problemas ajuda a solucioná-los. e antes que eu pudesse me dar conta, o que eu vi foi a mesa ao lado, o corredor ao lado, as mesas três corredores depois, as mesas no fundo do salão, todas, muitas, se encherem de post its. todo mundo escrevendo os problemas em papéis coloridos e se pondo a encará-los, um por um.

e é assim que se começa. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

e a gente segue a vida achando que o blog é secreto. mesmo sabendo que o namorado veio através dele, que os amigos lêem, que o amigo chefe conhece, que a amiga marida do amigo chefe indica pela vida. e que a professora de espanhol dela gostou de me ler.

oi, professora da amiga marida do amigo. :)

mas aí vem daniel, aquele que nunca precisou de apelido, e diz que também me lê. e eu envergonhei bem no meio do karaoke. porque dele eu não sabia. corei.

oi, daniel querido.

e aí que eu quero escrever sobre o trabalho, e já tenho até permissão, já que o amigo marido da amiga é também chefo e deixou. e eu quero falar do passeio insólito do último fim de semana, e de como a vida é complicada quando você também vira chefe. todo um aprendizado. quero falar de miranda priestly, que existe, amigues, e anda por esta grande corporação fazendo uma blusinha de 49,90 da zara parecer puro luxo. e não olha nos olhos, o que se a gente for pensar bem é até bom, porque periga virar estatua de sal.

eu volto. guenta aí.