sábado, 31 de dezembro de 2011

tira teima de 2011. :)

Um ano atrás, eu fiz esse meme. Hora de ver o que efetivamente funcionou, e o que eu quero que valha pra 2012.

1. Onde você estava quando 2010 começou?
Em casa, na cidade siderúrgica, com a família.
Comecei 2011 numa festa, na Lagoa, cercada de amigos queridos, absolutamente bêbada, andando de cisne pedalinho com leo, de roda gigante com eric e fazendo promessas de maridos e filhos pra daqui a dez anos com napaula querida.
2. O que você fez em 2010 que você nunca tinha feito antes?
Perdi a vergonha de ir trabalhar de saia curta. 
Comecei a usar maquiagem colorida.
Beijei um menino ruivo. (badge conquistada, hoho)
One night stand. (porque já era hora)
2011 foi ano de coisas muito inéditas. Virei namorada. <3 
Fui promovida, fiz uma cirurgia nos pés. Troquei de firma.
3. Você manteve suas resoluções de fim de ano e fará novas para 2010?
Não mantive a principal, que era passar o ano sem brigar com ninguém. Repito, então, a resolução para 2011.
A nova resolução de fim de ano vai ser fazer menos drama, me rasgar menos, ser mais blasée.
2011: Consegui não brigar feio com ninguém. Fiz drama, mas acho que menos que o normal.
Pra 2012, eu quero o mundo. Casa nova, com meu menino. Meus amigos a poucos quarteirões, como tem sido. Conseguir deixar o trabalho no trabalho. Esse vai ser o maior desafio. 
4. Você foi a algum show em 2010?
Placebo, pela terceira vez. E só. Shame on me.
2011: Katy Perry fofa, de surpresa e de graça, com meu menino. Broken Social Scene, Interpol, Beady Eye. The Strokes, o que eu mais queria, um check pra vida. Planeta Terra, seu lindo. <3
5. Você procurará um novo emprego em 2010?
Eu amo o meu trabalho. Mas, se precisar, se eu achar que é hora, sem dúvida nenhuma.
2011: Precisou, achei que era hora, procurei, achei, troquei. Tá um perrengue só, mas eu continuo apostando.
Pra 2012, se for hora de andar, eu ando. Não sendo, ei continuo. :)
6. Você bebeu muito em 2010?
Porres históricos. A maioria causada por vodka. E um tiquinho de tequila.
2011: Dois porres importantes. Um deles logo no início do ano, quando o namorado ainda era o menino que eu estava conhecendo e me resgatou pendurada na janela do 4o andar, gritando pra ele subir. O segundo na casa do namorado querido da roomie fofa, em que eu fui flagrada declarando amor eterno amor verdadeiro, a todos os queridos que surgiam na porta. Depois deitei no colo do meu menino e dormi o sono dos justos. ˆˆ
7. Você viajou nas férias? Para onde?
Viagem agora de fim de ano, pra visitar queridos do Rio, trazendo os queridos de São Paulo. Colisão de universos, trabalhamos.
Viajei pro Rio, casei Anne Louise. Viajei pra Niterói pra casar outra amiga de infância. Viajei pra cidade siderúrgica, onde fiz um extreme makeover nos pés, o que permitiu o esmalte escuro que eu estou usando nesse exato momento.
8. Qual foi sua maior conquista em 2010?
Autoestima estampada no espelho. :)
2011: Amor correspondido. Olhos verdes me olhando logo de manhazinha. Mãos dadas na rua. Telefonemas de boa noite. Casa com roomate fofa cheia de amigos, com comida quente e sobremesas gostosas. Gadgets espalhados. Duas promoções, uma troca de emprego, salário mais que dobrado em um ano. Veneceous na mesma cidade, no mesmo bairro, rua de trás. :)
9. Se você pudesse voltar no tempo, para qualquer momento de 2010, e mudar alguma coisa, o que seria?
Eu mudaria a briga com o ex melhor amigo. Apesar de saber que por causa dela eu sou uma pessoa infinitamente melhor.
2011: Mudaria NADA. Nada mesmo. Ok, talvez eu deixasse pra depois algumas sobremesas que me arredondaram os quadris. =/
10. Você ficou doente ou ferido?
Fiquei afônica umas quatro vezes. Ferida eu fiquei, de morte, com a briga com o ex-melhor amigo. Já estou melhorando.
2011: Tirando uma gripe terrível na volta das férias, nada de mais. E uma alergia que veio e foi embora misteriosamente.
11. Qual foi a melhor coisa que você comprou?
Outro iphone, depois do primeiro ter sido roubado. O Ipad, agora no finzinho do ano. Minha jaqueta bege da Zara.
2011: Um macbook air. Um iphone 4s. Um aquecedor incrível. Um carro novo. Jaqueta preta na Zara. Tênis de oncinha. Oxford dourado. Sou consumista.
12. Quais são as pessoas cujo comportamento mereceu aplausos?
Alguns amigos. Eu, pra algumas coisas.
2011: Alguns amigos. Eu, pra um monte de coisas. :)
13. E quais são as pessoas cujo comportamento você reprovou?
Alguns ex-amigos. Eu, pra algumas coisas.
2011: Nem tomei conhecimento.
14. Onde você investiu a maior parte do seu dinheiro?
Contas, vestidos, gadgets e festas.
2011: Gadgets, contas, jantares e vestidos, nessa ordem.
15. O que te deixou muito, muito, muito feliz?
Minha festa de aniversário, juntando algumas das pessoas que eu mais amo no mundo.  Minha casa sempre cheia de gente querida. 
Alguns resultados no trabalho.
A notícia de que Veneceous vem vindo morar em SP, agora no inicinho do ano. E que os nossos cafés da manhã de domingo, hoje via skype, poderão ser ao vivo.
2011: Meu menino. Meus amigos por perto. Minha casa cheia de queridos.
Minha promoção, meu trabalho na firma colorida sendo reconhecido. Meus projetos no ar, nos gadgets das pessoas. Minha troca de firma.
16. Qual música sempre vai te lembrar de 2010?
The Suburbs, do Arcade Fire.
2011: Parachute, do Sean Lennon.
17. Comparando este momento com o que você viveu exatamente um ano atrás, você está mais feliz ou mais triste?
Absurdamente mais feliz. Nem se compara. \o/
2011: Mais feliz ainda. Isso é possível, produção?
>> mais magra ou mais gorda? Igual. O que é um excelente sinal, hoho. \o/ Mais gorda. O que ainda significa magra. O que não deve ser de todo ruim. =P
>> mais rica ou mais pobre? Mais rica. \o/ Mais rica. \o/ \o/ \o/
18. O que você queria ter feito mais? 
Fui pouquíssimo ao cinema. Vi pouquíssimo os meus seriados. Dormi menos do que precisava.
2011: Igual 2010. =/
19. O que você gostaria de ter feito menos?
Bebi mais Coca-cola do que deveria ser permitido.
2011: Bebi mais Coca-Cola ainda. #somebodypleasestopme
20. Como você passou seu Natal?
Bem, em família.
2011: Em família, como deve ser.
Não existe a 21…
22. Você se apaixonou em 2010?
Não. Mas me encantei com alguns rapazinhos. :)
2011: Perdidamente, e o melhor. Correspondidamente. Se é que a palavra existe.
23. Qual foi a maior mudança para você em 2010? 
Amigos. Troquei a maioria, por necessidade. Troca válida, troca incrível.
2011:Virei namorada. Troquei festas por finais de semana a dois. Nem senti falta. :)
24. Quais foram os seus programas de TV favoritos? 
Seriados: Greys Anatomy, The Big Bang Theory, How I Met Your Mother.
2011: Greys Anatomy, How I Met Your Mother, X Factor, Top Chef, The Walking Dead.
25. Você odeia alguém agora que você não odiava há um ano?
Não. Mas teve gente que morreu, pra mim, esse ano. Morte sofrida e necessária.
2011: Não. E isso é um bom sinal.
26. Qual foi o melhor livro que você leu? 
Gente, que horror. Não li. Hello. Sou burra?
Em compensação, li todos os blogs do muito, muito, todos os dias. Vou listar depois.
2011: Não leio mais. Lidem com isso. Next.
Mentira, to na biografia do Steve Jobs. Aquele perturbado. :)
27. Qual foi a melhor descoberta musical?
Redescobri Arcade Fire. E Placebo. E Alanis, quem diria.
2011: Sean Lennon. Noisettes. Mika.
28. O que você queria e conseguiu? 
Várias coisas. Recuperar o tempo perdido na firma colorida, fazer amigos novos.
2011: Tudo o que eu quis, eu consegui.
29. O que você queria e não conseguiu? 
Eu queria não brigar. Eu briguei mais do que devia ser permitido.
2011: Gente, nada. Virei shiny happy people. HELP.
30. Qual foi o seu filme favorito em 2010? 
Deixe ela entrar, que só vi esse ano. A Onda, alemão, incrível. Achei Inception bom, mas não, não é o novo Matrix.
2011: A pele que habito. Almodóvar, querido. Dá cá um abraço. <3
31. O que você fez no seu aniversário (e quantos anos você tem)? 
Fiz 31. Juntei todo mundo no karaoke.
2011: Fiz 32. Amigos e namorado numa cantina italiana.
32. Que coisa teria tornado seu ano imensuravelmente melhor?
Ele foi um bom ano. Tenho reclamações não.
2011: O ano foi bom. Foi bem bom mesmo.
33. Como você descreveria seu conceito pessoal de moda e estilo em 2010?
Encurtei a franja e as saias.
Fiz experimentos com maquiagem colorida e delineador.
2011: A franja se manteve curta, o cabelo cresceu. As saias precisaram de meias na troca de firma. Grandes poderes, grandes responsabilidades. Venho aqui ensaiando um visual mais sério, e  falhando miseravelmente. As unhas ficaram curtas, quase sempre roídas. Mas coloridas sempre que possível. Vestidos tomaram conta do armário. Muito batom vermelho e delineador. Porque franja curta pede. ;)
34. O que manteve sua sanidade?
Terapia, uma vez por semana. Senão, nem sei.
2011: Terapia e meu menino.
35. Qual celebridade/figura pública que mais te fascinou?
Hum. Não sei.
2011: Não sei. Fiquei sofrida com a morte do Steve Jobs e temo sinceramente que demore a surgir alguém como ele.
36. Escolha o trecho de uma canção que melhor resume seu ano de 2010.
Sometimes, I can't believe it. I'm moving pass the feeling again.  - The Suburbs, do Arcade Fire.
2011: If life is just a stage, let's put on the best show, and let everyone know. - Sean Lennon, cantando lindo em Parachute.
37. Do que você sente falta?
Do ex melhor amigo, em momentos específicos.
De Julinha do lado, o tempo todo.
Das meninas do MBA juntas, em volta de mim. No Gula-gula. Comendo salada de carne desfiada.
2011: Da Julinha. Dos queridos da firma colorida, agora que eu não os vejo todo dia. 
38. Quem foi a melhor pessoa que você conheceu em 2010?
Japa colorida, que eu já conhecia. 
O coworker que ainda não tem apelido.
As meninas coloridas da firma, que saíram do lugar de coworkers e viraram pessoas favoritas no mundo todo.
2011: Meu menino. 
39. Conte uma lição de vida importante que você aprendeu em 2010.
Nem sempre as coisas têm conserto. E, sim, a gente sobrevive. 
2011: Pra quem sabe onde vai, qualquer lugar é caminho. E não existe salto sem vertigem.
40. Quais são os seus planos para 2011?
Ser mais blasée, quem sabe.
Falhei miseravelmente na arte de ser blasée em 2011. QUE BOM, viu?! Sou intensa, tem jeito não.
Planos pra 2012? Mais do mesmo, muito mais. :)

sobre a pessoa perdida

eu tava aqui pensando em the walking dead. quando as pessoas estão naquele mundo bizarro e simplesmente escolhem não fazer parte. se matam, se explodem, estouram os miolos. eles têm uma expressão bem boa pra isso. fulano opted out.

daí eu fui no CCBB com meu menino. não tava nem me importando com o que estivesse passando lá, porque eu queria mesmo é que ele conhecesse o prédio, a abóbada com a luz entrando lá em cima. não tem como ir ao CCBB e não lembrar da renata. porque foi com ela que eu vi as polaroides do andy wahrol, e os quadros gigantes do roy lichtenstein e do keith haring.

opt out é o termo que eu escolhi usar para justificar o sumiço dela. porque eu já lidei muitíssimo mal com pessoas que sumiram da minha vida, e eu assisti, de perto, renata sumir da vida de algumas pessoas. 

quando ela ficava meio distante eu chamava ela no gtalk e perguntava se era isso, se já tinha chegado a minha vez. ela ria, dizia que eu era louca e paranóica e a gente marcava um japonês pra colocar a conversa em dia.

quando passava lost, e eu voltava da firma colorida a pé, nossos telefonemas eram clássicos. pra comentar o último episódio, pra concordar que desmond era muito legal. a gente brincava que uma era a constante da outra. a pessoa que estava lá no passado, e permanecia no presente. tudo podia mudar, a gente ainda estava ali. quando nós duas ainda estudávamos na puc e não fazíamos a menor ideia do que aconteceria conosco. a gente brincava de imaginar que um dia iria dividir apartamento num predinho no leblon e pintar as paredes de laranja. isso antes de ela casar com um menino querido e se mudar pra são paulo, e me apresentar a amiga que foi a minha primeira roomate quando chegou a minha vez de dizer que são paulo seria minha. renata era a minha constante.

era com ela que eu discutia polanski, e almoçava menos só pra comer mais sobremesa, o supremo de banana do couve-flor. foi ela que testemunhou o ataque do esquilo na faculdade. foi ela que me disse que eu falava pra caralho, e que se eu estava quieta era porque algo de muito errado tinha acontecido. renata me conhecia bem.

ela foi comigo a todos os shows do placebo, franz ferdinand, silverchair. não tem como ouvir placebo e não associar à gente, sempre atrasadas, correndo de mãos dadas e gritando infra-red, junto com brian molko, já do palco.

renata sumiu ano passado. ainda mora a algumas quadras de casa, em são paulo, mas a gente nunca se encontra. os núcleos são outros. parou de me chamar no gtalk, foi desaparecendo, sumindo. mesmo online, ali, a dois cliques. eu chamei uma, duas vezes, tentei marcar jantar, almoço, convidei pro meu aniversário. 

renata sumiu. opted out. quando finalmente chegou a minha vez, renata sumiu silenciosamente. eu senti aquela dorzinha fina e sofrida que eu sempre sinto quando alguém querido se afasta, mas achei que essa seria a minha oportunidade de cura. de não me desmanchar, não perguntar o motivo. entender, aceitar. não houve motivo, nem sempre há. a vida engole a gente, leva por caminhos diferentes, e a verdade é que a gente precisa se esforçar muito pra não perder as pessoas nesse processo. nem sempre as pessoas se esforçam. nem sempre existe algum esforço a ser feito.

renata mora, agora, dentro da minha cabeça. mora no gtalk, e ver o nome dela verdinho faz com que eu saiba que ela ainda existe. e eu tenho, sim, vontade de clicar e dizer oi, e perguntar da vida, e do trabalho, e do menino dela, mas eu entendo. chegou a minha vez. e a forma que eu tenho de ser amiga, nesse momento, é respeitar o silêncio, a ausência. respeitar uma decisão que é dela.

renata mora, agora, dentro das músicas antigas do placebo, dentro do ccbb com suas exposições de pop art, dentro das estampas de cerejinhas. 

renata mora ali. e segue aqui. dentro da minha cabeça.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

no ipod em 2011

As mais ouvidas de 2011, segundo meu Last.fm. Sempre legal olhar as estatísticas. Eu sempre acho que ouvi mais coisas novas. E sempre me dou conta de que eu gosto mesmo é das boas e velhas músicas.

1. Grace Kelly - Mika
               I try to be like Grace Kelly, 
               But all her looks were too sad
               So i tried a little Freddie
               I got identity mad!

2. Is This It - The Strokes
3. Blame It On the Girls - Mika
4. Speachless - Lady Gaga
5. Haemoglobin - Placebo
6. Holocaust - Placebo
7. Hotel Song - Regina Spektor
               I have dreams of orca whales and owls
               but i woke up in fear

8. For Reasons Unknown - The Killers
               I caught my stride, I flew in flied
               I know if destiny's kind, i've got the rest on my mind
               
9. Touches You - Mika
10. Change Your Mind - The Killers
11. Peeping Tom - Placebo
12. My Sweet Prince - Placebo
13. Parachute - Sean Lennon
               If life is just a dream
               then which of us is dreaming
               And who will wake up screaming?

14. Bright Lights - Placebo
15. Alone, Together - The Strokes
16. Take It or Leave It - The Strokes
17. Last Nite - The Strokes
18. Automatic Stop - The Strokes
19. Blue Lips - Regina Spektor
               The pictures in his mind arose 
               And began to breathe
               And all the gods and all the words
               Began coliding on a backdrop of blue

20. Après Moi - Regina Spektor
               Be afraid of the lame 
               They'll inherit your legs
               Be afraid of the old
               They'll inherit your souls
               Be afraid of the cold
               They'll inherit your blood               
               Après moi le deluge
               After me comes the flood

21. Juicebox - The Strokes
22. Friendly Fire - Sean Lennon
23. Kings of Medicine - Placebo
24. Devil in Details - Placebo
25. The Modern Age - The Strokes
26. Come Undone - Duran Duran
27. Under Control - The Strokes
28. Believe me Natalie - The Killers
               Forget what they said in Soho
               Leave the oh-no's out
               And believe, Natalie
               Listen Natalie
               This is your last chance

29. Bones - The Killers
30. Read my Mind - The Killers


Top 30 artistas de 2011

1. Placebo
2. The Strokes
3. The Killers
4. Regina Spektor
5. Mika
6. Sean Lennon
7. Noisettes
8. Florence + The Machine
9. David Bowie
10. Lady Gaga
11. Scissor Sisters
12. Alanis Morissette
13. Robbie Williams
14. Amy Winehouse
15. Yeah Yeah Yeahs
16. The Temper Trap
17. Arcade Fire
18. Queen
19. Britney Spears
20. Jason Mraz
21. Red Hot Chili Peppers
22. Muse
23. CocoRosie
24. Glee Cast
25. The Cure
26. Duran Duran
27. Rufus Wainwright
28. Katy Perry
29. Faith No More
30. Oasis


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

amanhã é dia de ir pro rio. dessa vez teremos tempo, eu e o menino. quero mostrar a cidade pra ele. trouxemos conosco a veja são paulo, que se propõe apresentar o rio pra paulistanos. chove na cidade siderúrgica, bastante. chove no rio, segundo a previsão do tempo no iphone. penso no arpoador, fim de tarde com belisquetes no astor, enquanto o sol se põe atrás do morro dois irmãos. mas precisa ter sol, né? penso na salada de carne desfiada do gula-gula, centro antigo do rio. cais do porto. o bar luiz ainda existe? vontade de salada de batatas. 

323 dias

nos conhecemos num domingo à noite. andamos a paulista inteira em busca de um lugar pra tomar café. acabamos na starbucks da alameda campinas. tomei um chá gelado. ele tomou um frapuccino de alguma coisa. quando ele levantou pra buscar uma água, eu fotografei nossos copos. 



algumas idas ao cinema, aquela festa em que ele me resgatou bêbada, pendurada na janela, os almoços, os finais de semana sem fim, a escova de dentes lá, ao lado da minha, desde o inicinho. um mês depois, a primeira conversa. o período de trial estava expirando, e eu precisava decidir se renovava ou não.

renovei. ˆˆ

e foi assim que passamos a contar o primeiro dia, aquele dos copos da starbucks, como o dia de aniversário de namoro. porque foi ali que a gente não desgrudou nunca mais.

podemos passear por entre a cara de felicidade da minha mãe dizendo que eu "desencalhei", meus amigos aprendendo a entender o menino calado e tão diferente de mim como alguém que veio pra ficar. meu irmão cumprimentando ele meio desajeitado, com mãos que se desencontram e abraços que se transformam em tapinhas nas costas no meio do caminho. meu pai virando assinante da revista onde ele escreve, e fazendo questão de discutir livros e cinema. eu timidamente ouvindo jazz e ele aprendendo comigo que strokes é coisa muito incrível.

eu acho que a maior descoberta de todas eu fiz em 2011. que a vida pode ser simples, e se não for desse jeito, não interessa. música de fundo, caminhadas pelo bairro, pequenas descobertas. o café dele é forte e com pouco açúcar. o sabor favorito é o amargo. o medo de lugares altos. a gente vai aprendendo, devagarzinho. tem tempo. tem todo o tempo do mundo.


domingo, 25 de dezembro de 2011

1 de janeiro de 2011

eu fico aqui me lembrando de quando esse ano virou esse ano. 1 de janeiro de 2011.

estava numa festa, na lagoa, com amigos. deu meia noite, os fogos no céu. napaula chorava.

nos abraçamos e eu disse no ouvido dela.

pense que hoje é o fim de uma década. e que ao final dessa década que começa hoje, estaremos as duas casadas e com filhos. e tudo isso terá passado. e a gente vai lembrar desse dia, em que eu te disse isso.

a gente sorriu, e depois gargalhou. o dj cliché colocou fireworks, da katy perry. todo mundo em volta começou a dançar, eu e ela também.

o momento se perdeu. 

***

não exatamente.

pouco mais de um mês depois, eu conheci meu menino. o mesmo que está dentro de um ônibus a caminho da cidade siderúrgica, pra vir me encontrar e ir comigo conhecer o Rio. a lagoa. 

mais alguns meses e ela conheceu o menino dela. o mesmo que está com ela, em algum canto de são paulo. 

taí uma promessa de ano novo, de década nova, que se mantém. :)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

2011, vamos lá.

finalmente eu elaborei as minhas amizades. parei de mimimi, parei de esperar demais, passei a aceitar o que vinha, sabendo que, se vinha, devia ser verdadeiro. o que não veio eu aprendi a entender, e deixei os espaços se criarem. sem drama. 

mentira. drama teve, drama SEMPRE tem, sou eu afinal de contas. mas o importante - IMPORTANTE - é que eu finalmente aprendi. e as pessoas foram todas reposicionadas de um jeito bom, e continuam queridas, e próximas. de um jeito diferente, mas que funciona.

aprendi a andar de mãos dadas, a dormir e acordar junto, a fazer todas as refeições nos devidos horários. aprendi a cozinhar, porque meu menino tem fome. aprendi a aproveitar o meu tempo livre, e a fazer questão dele, cada minuto meu, pra passar com ele. entendi que as minhas escolhas não afetam só a mim, não mais. deixei de ser uma, virei dois. e isso consertou todo um passado de coisas mal resolvidas, deixou o presente absolutamente incrivel e botou o futuro em outra perspectiva. tá ali, pertinho. e é bom. bem bom mesmo.

resolvi sair da zona de conforto. deixar a firma colorida, voltar a apanhar, voltar a ter que aprender, a ser pressionada. a ter dúvidas, a não saber exatamente se vai dar certo. exatamente a mesma situação que eu me coloquei há pouco mais de três anos, quando eu cheguei em São Paulo e tudo o que eu tinha era fé em mim mesma. não vou mentir. sair da zona de conforto chega a ser desesperador. dá vontade de ficar encolhida e chorar baixinho. dá medo, muito mesmo. de ter errado, de não acertar, de arriscar o que a gente sabe que funciona. mas não tem um dia, um só, nos últimos 3 meses, que eu não tenha aprendido uma coisa nova, que eu tenha me arrependido. é a vertigem, aquela que faz parte do salto. aqui, comigo. dia e noite. and i wouldn`t have it any other way.

roí as unhas, engordei uns quilos, deixei o cabelo crescer. fui feliz de um jeito que nunca tinha sido. casei amigos queridos um com o outro. vi amigas darem um passo adiante, o maior de todos, e resolverem ter filhos. voltei a querer ter cachorro. vi minha avó enfraquecer, e comecei a entender que talvez esteja mesmo chegando a hora de nos despedirmos. e é a vida. 

troquei de carro, de computador, de status em redes sociais, de empresa, de trabalho. troquei a noite pelo dia. troquei finais de semana em festas por dias sem fim com meu menino. ouvi regina spektor e alanis. e noisettes. e sean lennon. adotei uma família que não é minha. mas vai ser. trouxe meus queridos pra ainda mais perto. troquei de casca, de pele. fiquei mais doce.  

2011, seu lindo.

sábado, 10 de dezembro de 2011

saturno

a ausência minha, aqui, é excesso de presença no trabalho. não é ausência de assunto, é excesso de cansaço. o dia começa cedo, e eu ainda durmo tarde. os amigos ligam querendo marcar coisinhas, eu só suspiro fundo e pergunto se pode ser na semana seguinte. sinto saudades. mas o cansaço é tanto, a vida corre tão rápido que, quando eu dou por mim, outra semana já foi.

é saturno, diz susan miller. apareceu no meu signo em meados do ano passado, pesou nos ombros, e fica até ano que vem. parece bobagem, mas eu sei. eu sei. saturno é planeta que faz trabalhar duro. eu já venho nessa pegada desde a firma colorida. mas na grande corporação, MERMÃO, a coisa é ainda mais pesada. tem muito pra aprender, muito pra controlar. fora da zona de conforto.

exatamente o que eu queria, né? exatamente.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

après moi le déluge

tem esses momentos na vida em que eu preciso ficar quietinha. acontece quando o trabalho atropela, quando alguém me trata mal, quando eu fico meio perdida, muito ocupada, achando que fiz alguma coisa errada. eu calo. meu trajeto se transforma em casa, trabalho, casa, e às vezes, no trajeto, nem música eu ligo no carro. quando ligo, volta ela, regina spektor, cantando doce e me fazendo querer acreditar que a vida pode se resumir ao instante enquanto a música não acaba.

eu fico pensando que em outras fases como essa, eu teria entrado em casa em uma sexta feira à noite, cortinas fechadas, pra sair na segunda de manhã. ficaria quietinha, olhos no computador, comidas facilmente mastigáveis, banhos longos. dormindo, acordando. com meu menino do lado, me forço a sair. restaurantes, viagens de final de semana. abraço compridos e suspiros profundos. poucas horas de sono, olheiras escondidas debaixo de uma grossa camada de corretivo. a vida segue.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

sobre recomeços

algumas das conversas melhores que eu tive esse ano, mesmo as mais difíceis, foram com a menina de aracaju. desde o inicinho do ano, quando nos desentendemos e nos afastamos, e eu fiquei sofrida (e tenho certeza de que ela, à sua maneira, também), até o pouquinho em pouquinho em que fomos nos reaproximando, depois que ela saiu da firma colorida. foi um período duro. de entender que ela estava aborrecida, de saber que ela tinha as razões dela, de saber que eu não tinha culpa, de saber também que a vida era complicada por demais pra tentar ficar explicando. 

e eu calei. e deixei ela desligar, quietinha, nó na garganta. e fiquei quieta mais um tanto, até ela aparecer no gtalk me chamando de flor e me perguntando como eu estava. e foi assim, aos poucos, que a vida se acertou. com conversas perdidas no meio da tarde, comigo contando pra ela antes, e pra mais ninguém, que eu estava saindo da firma, pra depois desistir, ficar, e resolver sair de vez. ela me disse que não precisava ter medo, que era tipo a casa do big brother, com alguém berrando "vem viver a vida aqui fora". e eu fui.

há alguns dias ela me chamou de novo. e disse. sabe, flor. tem gente que mesmo com todas as diferenças do mundo, a gente carrega pra vida. eu concordei. a gente se carregou, pra esse lugar onde o contato é mantido porque existe, no meio das diferenças todas, semelhança. respeito. carinho.

e essa é uma das boas coisas de 2011. a primeira que eu trato, oficialmente, como retrospectiva.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

eu me distraio roendo as unhas, assistindo realities, me afundando no abraço do namorado. é quase um desamparo. não é trabalho em excesso. é responsabilidade, mesmo. é saber que depende de mim, muito, muito, que os planos aconteçam. eu sei. eu fecho os olhos e ligo pontos, o tempo todo. eu tento não falar de trabalho, mas é só o que eu faço. eu ando encantada com as pessoas, e a equipe incrível que olha pra mim esperando respostas. eu tenho algumas. algumas.

a grande corporação é lugar de gente feliz. as pessoas são gentis, e simpáticas, e acho até que um pouco da minha dureza corporativa, de mandar Att. antes da assinatura de e-mail se quebrou. eu agora mando beijos, me despeço, boto carinhas felizes. eu sorrio e peço ajuda, eu olho para a menina de cabelos bonitos e peço que ela tenha paciência, que a vida vai se ajeitar. eu percebo o peso do mundo nas costas dela, todas as mudanças, a responsabilidade se acumulando. eu sei, eu sei. confia, eu peço. 

e faz um tempo já que, desesperada diante de tanta coisa a ser feita, tanta coisa a ser lembrada, eu lancei mão de post its coloridos e enchi minha mesa, a parede, o monitor. olhar para os problemas ajuda a solucioná-los. e antes que eu pudesse me dar conta, o que eu vi foi a mesa ao lado, o corredor ao lado, as mesas três corredores depois, as mesas no fundo do salão, todas, muitas, se encherem de post its. todo mundo escrevendo os problemas em papéis coloridos e se pondo a encará-los, um por um.

e é assim que se começa. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

e a gente segue a vida achando que o blog é secreto. mesmo sabendo que o namorado veio através dele, que os amigos lêem, que o amigo chefe conhece, que a amiga marida do amigo chefe indica pela vida. e que a professora de espanhol dela gostou de me ler.

oi, professora da amiga marida do amigo. :)

mas aí vem daniel, aquele que nunca precisou de apelido, e diz que também me lê. e eu envergonhei bem no meio do karaoke. porque dele eu não sabia. corei.

oi, daniel querido.

e aí que eu quero escrever sobre o trabalho, e já tenho até permissão, já que o amigo marido da amiga é também chefo e deixou. e eu quero falar do passeio insólito do último fim de semana, e de como a vida é complicada quando você também vira chefe. todo um aprendizado. quero falar de miranda priestly, que existe, amigues, e anda por esta grande corporação fazendo uma blusinha de 49,90 da zara parecer puro luxo. e não olha nos olhos, o que se a gente for pensar bem é até bom, porque periga virar estatua de sal.

eu volto. guenta aí.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

dá cá um abraço, steve.

a gente se habitua. a gente se acostuma a pegar sempre o mesmo caminho, e restaurar o sistema toda vez que dá problema, meio resignado, e seguir a vida por caminhos conhecidos e sem grandes sustos ou surpresas.

se acostuma com a tela azul, com a janelinha conhecida, os programas de sempre. aprende que ctrl alt del ajuda, e sai apertando as teclas de atalho. a ordenação de pastas, fotos, programas para download ou edição de imagens.

a gente sabe que a vida lá fora é bela, e que é tudo branquinho, e simples, e drag and drop. e tem o steve. fofo, de camisa de gola alta apresentando coisas incríveis, e aí ele morre e você se dá conta de que a perda é irreparável. e teme que a evolução estacione, porque era dele essa evolução toda. eu tenho iphone há mais de dois anos, tenho ipad há um ano. tenho um macbook air há uma semana. porque eu me rendi, e cansei daquele jeito meio jurássico de levar a vida, com programas dando crash e bateria de vida mais curta que a de um mosquito.

eu quero os aplicativos, a interface integrada, a leveza e a boniteza de um computador fino, rápido, silencioso. pra integrar a minha vida inteira, todos os dispositivos, guardar tudo na nuvem. eu não me incomodo mais com a ausência do cedilha. vou aprender a usar o command whatever, e me acostumar com a ausência das teclas home e end, tão queridas. já me acostumei com o teclado multitrack, que entende a minha quantidade de dedos pousada sobre ele e se comporta direitinho. o teclado que acende sozinho, dependendo da luz ambiente. as caixas de som embutidas e invisíveis. a bateria que dura uma vida, a memória flash que faz tudo ficar incrivelmente rápido.

2011 fica marcado como o ano em que eu abandonei os velhos hábitos. e que me permiti uma vida boa.

desculpe o atraso, steve. e obrigada por tudo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Aniversario esse ano vai ser assim. Pianinho. 


Porque eu to feliz de um jeito que nem precisa comemorar.


:)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

eu fico pensando que eu devia ir pra casa. deitar na cama, fechar os olhos e respirar fundo, fundo, e esperar que, ao abrir os olhos, a vida esteja certa, e eu saiba o que efetivamente estou fazendo. porque eu gosto, gosto muito, mas as coisas se acumulam sem que eu consiga decifrá-las. e eu fico imaginando planilhas - mais delas - que me ajudem a organizar o trabalho e as ideias. porque é muita coisa pra entender, e eu não sei ao certo até que ponto eu devo ser quem mais entenda delas.


um bom líder sabe delegar. eu sempre vi líderes que não sabiam, que olhavam trabalhos bons e ainda assim tomavam do funcionário a caneta e se punham a fazer, refazer. porque acreditavam, sabe-se lá como, que só eles fariam do jeito que eles queriam. não é verdade. existem jeitos e jeitos, e eu posso chegar numa solução e outra pessoa chegar noutra, e as duas soluções serem boas para tratar o mesmo problema. e eu ficava pensando que quando fosse a minha vez de mandar, eu saberia que não preciso saber tudo.

faz pouco tempo, ainda na firma colorida, eu vi o carioca, arrogante que só, se gabar que a coordenadora fofa sabia menos do que ele sobre determinado assunto. e ela, sabiamente, disse. se eu souber exatamente o que vc sabe, eu não preciso de você. concordei, concordo, mas cadê o desprendimento nesse momento da minha vida, de olhar tudo isso que eu não entendo e achar que IT IS OK não entender de tudo?

e eu fico achando que não basta conhecer o produto e entender exatamente o que precisa ser feito pra que fique legal, pra que o site funcione e cresça pra onde precisa crescer. eu tenho que conhecer os números, as conversões, as planilhas todas. me afogo em cobranças minhas. i should know better.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Notícias do front

Então a firma nova é assim. Não é firma. É grande corporação. Com todas as dores e delícias de uma grande estrutura. Tem que aturar o elevador gigante que comporta muita gente, parando de andar em andar. Tem que aturar um help desk que eu, carinhosamente, já apelidei de helpless desk. Porque abre chamado, cria burocracia, demora uma vida pra responder. Quando finalmente responde, briga comigo porque eu to navegando no chrome, e me manda usar o internet explorer como navegador padrão. OI? QUE ANO É ESSE? 

A firma colorida me acostumou mal, nesse sentido e em alguns outros. Mas se a gente for entrar numas de comparação, MERMÃO, as críticas param por aí. Meu estacionamento veio com 4 dias,  e o carro fofo e novo fica guardadinho, com mais espaço e menos chance que algum espertinho desavisado e filho da puta marque minha porta. Aliás, alô menina de cabelos vermelhos, agora pretos, que muda o cabelo mas não muda o espírito de porco. Olha eu aqui ainda indo de carro pro trabalho. Tão perto quanto antes, hohoho. Ainda quer me dar porrada? Quer?

Pronto, passou. Respira.

Então, continuando. A grande corporação tem gente de todo tipo. Na firma colorida o galerê ia basicão, e não raras vezes eu vi, muito contrariada, moleques usando bermudas e havaianas. Eu nunca me vesti montada, sempre fui mais basicona, mas a firma colorida me permitia pequenas brincadeiras como bota de oncinha e short curto com meia calça. A grande corporação também tem gente largada, basicona. Mas tem uma parcela importante de gente que é do mundo da moda, e que é meio formador de opinião. Gente famosinha, mesmo. como o meu projeto é relacionado à moda, e é uma coisa muito legal e incrível, eu me sinto direcionada pra esse mesmo lado. Me montar. Só que eu não me monto. Por falta de disposição, por falta de peças de roupa que comportem uma superprodução todo dia, por minha aversão a saltos. E aí tem a ex trainee fofa toda vida, que tá ali pra trabalhar junto e dar o tom da coisa toda. E ela sempre está montada. Serena Van Der Woodsen trabalha do meu lado. Enquanto eu me desequilibro desajeitada entre tentativas de ser Blair Waldorf, clássica e boneca, ou Vanessa Adams, uma coisa hipster/alternativa. Todas frustradas, já adianto.

E dá-lhe bolsa assinada, salto altíssimo tendência. Ela combina bem as peças, e é uma pessoa simples, no dia-a-dia. Mas, devo confessar. Estar ao lado de uma pessoa tão cuidada nesse sentido tem feito algumas desordens na minha autoestima. E eu me vi usando mais saltos do que costumo, sem coragem de lançar a bota de oncinha. Vamos deixar claro. Eu não me visto mal. Eu tenho um estilo bem definido, mas que se inclina pro alternativo. Blusa de caveiras e audrey zombie tão aí pra provar. E eu fico me sentindo alternativa DEMAIS perto dela. Isso quando eu não me acho uma mendiga mesmo.

A parte boa desse desconforto é que, junto com a vaga nova na grande corporação, veio um salário mais gordo, uma puta promoção. E eu me vejo com liberdade de tomar decisões, de ser ouvida, de participar mais de perto do direcionamento das coisas. Eu só preciso ir na Zara e vestir esse novo avatar. O que me leva a um NOVO problema. Desde que o menino incrível de olhos verdes e sorriso largo adentrou este mundinho, a vida foi bela, e regada a restaurantes, e doces, e comidinhas felizes. A brincadeira me trouxe 5kg, desde fevereiro. Como eu estava, desde a oficina colorida, consideravelmente abaixo do peso considerado "normal" pra minha altura, os 5kg não me transformaram numa figura gordinha. Engrossaram as pernas, deram contorno aos quadris. Meu menino diz que eu estou melhor assim do que quando nos conhecemos, mas só eu sei a dor que eu sinto ao ver meus ossinhos dos quadris mais, hum, digamos, recheados. E como boa pessoa que gosta de ser magra, eu já estou aqui maquinando planos para resolver o problema. Porque Zara, meu bem, é prêmio. E só daqui a pelo menos 3kg eu vou poder merecer roupas novas.

Tamos aí trabalhando horrores, com equipe pra gerenciar, aprendendo com os erros, tentando organizar coisas que vieram antes. Coletando números, decorando nomes, tendo que controlar planilhas. ACORDANDO CEDO. O que, desde sempre, sabemos que eu não gosto. 

Existe vida antes de 8h da manhã, eu me perguntava há alguns meses. A resposta tá aí. Existe. E é a minha nova vida.

Tô reclamando não. Tô feliz. :)
porque é meio confuso, mesmo, esse lugar que eu estou. e eu sabia que seria cheio de novidades, e complicado, e cheio de coisas que eu nunca fiz na vida. e eu consigo me ver tão absurdamente envolvida nesse mundo novo que eu gosto, que me faz trabalhar dez, doze horas por dia, e acordar cedo, e eu sempre odiei acordar cedo. 

e eu tô com medo, sabe? porque eu conheço bem esse buraco negro que me suga, e só eu sei a minha culpa por deixar, numa sexta feira à noite, o note no trabalho, pra desligar da to do list e viver essa vida boa que eu tenho com meu menino. e esse equilíbrio eu vou ter que aprender, porque todas as outras vezes que trabalho me sugou, na vida, era eu sozinha, pra ser sugada.

e agora não é. agora o trabalho me suga e eu tenho medo de não conseguir equilibrar, e deixar de lado o que é prioridade. e eu quero conseguir dar conta de tudo e quero conseguir passar os finais de semana com a cabeça despreocupada, pensando em que restaurante a gente vai almoçar, ou em episódios de how i met your mother, pra ver junto com ele.

todas as outras vezes que o buraco negro surgiu, ele me levou. e dessa vez é diferente, porque eu tenho um bom motivo pra não me deixar ser levada. e eu preciso aprender como fazer isso.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

não sei dar outro nome pra nova firma que não seja a grande corporação. porque eu acho que só isso pode dar alguma ideia do mundo que eu ando vivendo, hoje, há 3 meses. antes mesmo de assinar um contrato, me chamaram lá para uma integração. imaginei que era coisa de uma hora, uma hora e meia, no máximo. pulei o almoço e deixei pra fazer tudo depois de sair de lá. comprar o vestido do casamento do pai do namorado, abastecer o carro. comer alguma coisa. permaneci na grande corporação durante 4 horas entre aulas sobre o funcionamento da vida, regras de conduta e formulários a serem preenchidos e assinados, cada um a seu tempo, e na ordem correta.

tem porta giratória pra eu me embananar na entrada e na saída. tem mais andares e mais imponência do que a firma colorida. tem gente de todo tipo passando apressada, muito, mas muito mais gente mesmo. gente séria, colorida, moderninha, metida a grunge, metida a hipster, metida a coxinha. todos os tipos de gentes. tem elevadores gigantes que passam lentamente por entre os andares, parando em cada um deles, deixando gente entrar e sair. e eu ali, morrendo. porque leva uma vida pra chegar aos lugares, o elevador. tem burocracia, e um helpdesk que leva dias, DIAS pra atender seu chamado. eu, mal acostumada com o atendimento ultra super mega rápido da firma colorida, tenho feito muita meditação em cima desse assunto. bem na hora que você está disposto a brigar pela lentidão de atendimento, aparece um moço simpático, mas muito simpático mesmo, pra ajudar. e ele é tão querido que você fica sem graça de brigar. porque, gente. povo feliz, aquele. tem restaurante gigante meio estilo refeitório com comidas gostosas. dá pra fazer dieta e se manter, porque as saladas são incríveis. tem academia, pra eu parar de ser besta e de arranjar desculpas. tem café e lanchonete, e lavanderia, e sapataria, e serviço de lavagem de carro, e salão pra fazer as unhas. toda uma vida de facilidades que me oprimem e eu não sei nem por onde começar. tem o projeto legal com equipe fofa, e todos olhando pra mim como se eu devesse ditar o caminho. peralá, vamos com calma. tem mesas amarelas e eu acho isso muito feliz. tem amigos espalhados por cantinhos, gente querida mesmo, desses que já povoavam o meu final de semana, e que agora estão ali, e são coworkers. a vista é linda. as cozinhas têm máquinas de salgadinhos e chocolates, e uma moça uniformizada pronta a servir café sempre que pedimos. tem esse mundo de gente que a gente conhece de mercado, da tv, e que agora trabalha ali, a poucos andares.

ando sobrecarregada com tanta informação, com tanta novidade, com tanto trabalho e, ao mesmo tempo, tanto caminho a seguir.
é tanta mudança, tanta coisa acontecendo. ando meio atropelada pela vida. 

a diferença é que esse atropelo é bom. tem gosto de escolha, de condução dos próprios passos num caminho não necessariamente fácil, mas pensado, cuidado. quase merecido.


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

sobre últimos dias

meu primeiro último dia de firma colorida foi numa quinta-feira. chovia. eu coloquei meu casaco de tweed e sapatilhas verdes, e tomei um taxi, porque era doído caminhar aquelas quadras. eu me lembro da data se aproximando, a saída chegando, e eu não queria nem me levantar da cama de manhã. o choro ficava engasgado na garganta. eu só pensava na vida que eu tinha escolhido escorrendo pelos dedos, e eu não podia fazer nada. não era a minha hora. eu estava interrompida.

meu segundo último dia de firma colorida foi numa terça-feira. um dia lindo, véspera de feriado. frio com sol, meu favorito. coloquei meu oxford dourado, pra pisar ali da última vez. almocei com queridos, mandei e-mail piegas agradecendo e dizendo o quanto eu tinha sido feliz. não chorei, não senti vontade. limpei as gavetas, distribuí umas coisinhas entre os que ficavam. almoçamos juntos. em silêncio, eu me pus a observar aquelas pessoas que fizeram parte da minha vida nos últimos quase dois anos. doeu um tiquinho. mas era uma dorzinha boa, de passo necessário. e eu fui de mesa em mesa me despedir, e abracei apertado os amigos que eu sei que vão comigo. ouvi  da coordenadora fofa que se a firma nova não me tratasse bem, eu podia voltar. portas abertas. amor em seu estado mais puro.

saindo do prédio, esbarrei no diretor que foi chefe da primeira vez, em 2009. naquela quinta-feira triste e chuvosa em que eu saia da firma contra a minha vontade, ele me abraçou e disse. "você vai, mas você volta." eu me agarrei àquilo que, de fato, aconteceu. voltei depois de seis meses, e ali permaneci mais quase dois anos. chegou minha hora de sair, de novo, e dessa vez a escolha era minha. quando eu estava saindo da firma pela última vez, todos os cacarecos dentro da sacola pink emprestada pela roomie fofa, esbarrei nele, bem na catraca. sorri e disse que ele tinha aparecido bem a tempo de me dar um abraço de despedida. ele sorriu, me abraçou e disse. "eu te disse isso da primeira vez, e te repito a segunda. você vai, mas você volta."


"dessa vez, acho que não." isso eu pensei, não disse. apenas sorri. é bom, é a coisa mais legal do mundo sair de um lugar, sabendo que você é querido, que tem portas abertas. é como se tudo aquilo que eu construí nesses 3 anos, todas as pessoas, todos os queridos, formassem uma rede de proteção, pra impulsionar um passo que é só meu.


tem mais de uma semana, isso. e eu ainda sorrio.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

da outra vez que eu decidi pedir demissão eu sofri. me tranquei no banheiro e chorei. me despedi mentalmente de cada cantinho, do chocolate quente, das pessoas, mesmo aquelas com quem eu troco dois ou três olhares, quando muito, por dia.

era tão óbvio que eu não estava pronta. ainda.

quanto tempo se passou desde o dia em que eu achei que tinha jogado dinheiro pela janela? dez dias. tempo exato pra eu entender que eu não devia ter medo, que era hora de respirar fundo e pular. eu não me arrependi de não ter aceitado ir para a firma número 1. eu queria um projeto feliz, assim como o meu. algo que me desafiasse, que me fizesse ter ideias novas.

dez dias depois eu tinha certeza, ainda da minha decisão de ficar. o meu salto não era aquele. era outro.

era esse.

e quando eu decidi pedir demissão, de novo, foi estranhamente fácil. eu olhei pro projeto com uma sensação de tarefa cumprida. desapego. olhei para as pessoas com uma pontada sofrida no coração. porque sim, eu fiz amigos aqui. e mesmo os que não viraram amigos são pessoas que eu gosto de ter na paisagem. e eu vou sentir saudades deles.

mas o pedido de demissão veio com um sorriso e uma boa conversa. eu expliquei o que acontecia comigo, essa impossibilidade de ficar parada, eu precisava do movimento. recebi de volta um sorriso meio aborrecido, desconcertado, um abraço verdadeiro e elogios ao meu trabalho. foi uma das coisas que mais me aqueceram nos últimos dias, essa conversa. de término, de despedida, mas de certeza de que deu certo. e que sim, é a minha hora de ir.

e eu vou. 

a outra firma é incrível. parece um clube. anne louise chamava de centro de entretenimento, porque era divertido. ela trabalhou lá há muito, muito tempo, quando eu era a garota que trabalhava no rio e ela a garota que trabalhava em são paulo. agora ela trabalha na firma mais incrível do mundo (mesmo), e eu, dentro de alguns dias, na firma centro de entretenimento.

o mais engraçado é que eu pedi demissão numa sala de reunião que tinha vista para o prédio da firma nova. e foi pra ele que eu olhei durante a conversa.

tô feliz, sabe? 2011 toma disparado a dianteira na briga por melhor ano que essa cedilha aleatória aqui já viu. muito amor. muito mesmo.