terça-feira, 31 de agosto de 2010

o menino de olhos azuis, parte 3

ele me disse que queria me ver, eu disse que queria meu brinco. 
ele perguntou onde eu estava. eu disse, no trabalho. 
e ele me perguntou se podia dar uma passadinha por lá. deixei. 
ele falou. eu levo 22 minutos até aí. e ele levou. 

exatamente 22 minutos depois, eu entrava no carro dele.

continuamos naquela. duplo twist carpado, ele não vai conseguir o que quer. já se foram 4 dates. dessa vez, ele chegou diferente. tirou a barba, deixou o rosto bonito aparecer. eu nunca entendi o motivo daquela barba, fazendo ele parecer 10 anos mais velho. além da nova cara, ele lançou uma nova personalidade.


e é aí que a nossa heroína precisa ficar esperta.

ele não estava chato, não estava raso, não foi arrogante, nem convencido. não falou de carros ou de câmeras, fez perguntas, estabeleceu conversa. se mostrou interessado nos meus assuntos, foi carinhoso, foi fofo.

***warning***

e eu me vi achando ele legal. pela primeira vez. agora sim, houston, we might have a problem. enquanto eu achar ele cretino, raso, bobinho, beleza. podemos nos divertir. nos divertimos. cair na conversa dele, outros quinhentos.

***talvez eu tenha caído na conversa***

diante de tal situação, temos duas opções. todas as duas levam ao mesmo fim.



o fim.

opção 1. eu, aflita com esse cara legal que surgiu sabe-se lá de onde (e que no fundo no fundo, continua cretino, pronto pra me abandonar no dia seguinte), corro para as montanhas. isso sim é perigo.



opção 2. lanço a summer e me divirto, e cedo logo às investidas, o que também não poderia ser considerado esforço, anyway, pra deixar ele livre para correr para as montanhas para todo o sempre.

antes que eu me machuque. né?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

marte em libra, says susan.


tudo começou quando susan miller disse que marte estaria em libra. e que, de alguma forma, isso me tornaria irresistível. hohoho. aconteceu. to aqui, com problemas incríveis pra resolver.

o lance foi mais ou menos assim. íamos sair. eu, o japonês querido, o co-worker new bff e a roomie dele. festa incrível no centro da cidade, blues. o problema do co-worker new bff é que ele é muito parecido comigo. junta isso com vodka. cá entre nós. festa em que a gente já chega bêbado, não tem como não ser divertida.

corta para a próxima cena. eu, absolutamente louca, dançando como se não houvesse amanhã. em volta de mim, dois meninos. um hipster, um normal. classifiquemos assim.

eu não saberia o que fazer, mesmo estando sóbria. escolhas são difíceis pra mim, sempre foram. então, o que se via, era eu dançando, ora com um, ora com o outro. me entediava, mudava de pessoa. como se tudo fosse muito normal. uma hora, eu resolvi investir no menino normal. por algum motivo, ele, devagar, não reagiu. desisti dele, virei as costas e beijei o hipster.

fim do menino normal na história. quase.

dia seguinte, o menino normal (?) me acha no facebook. me manda mensagem, dizendo que foi um idiota comigo (oi? eu que beijei outro na frente dele. hello?) e que queria me levar pra jantar, e me provar que era um cara legal. eu meio que dei corda, e a história andou um pouquinho. em paralelo, reflitam, conversas de msn, um e outro, janelinhas alternadas. hipster ganhando pontos de carisma, menino normal (?) me assustando de leve.

eu estava na cozinha de conversa com a japa colorida, contando dos dois pretendentes. ela me corrigiu. três, né? eu disse que não, e ela me lembrou da existência do menino de olhos azuis. minha vez de corrigir, dizendo que ele havia, novamente, fugido para as montanhas. ela discordou, dizendo que ao meu primeiro sinal, ele voltava pro páreo. resolvi testar. pedi meu brinco. não deu meia hora e ele estava na porta da firma colorida. sem meu brinco. mas eu nem me lembrei muito disso. ;-)

ok. estamos contando? três meninos bonitos. marte em libra, só pode ser. eu comecei a achar engraçado, e a me divertir com a ideia. fazer um reality show, algo do gênero. o menino normal começou a me ligar em horários malucos, colocar frases-recado no msn, e me mandar coraçõezinhos nas janelas de conversa. corri EU para as montanhas. vaga pra psicopata, não temos. passar bem.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

agosto


esqueçam a parte em que eu disse que agosto estava sendo um mês ruim.

agosto me deu um duplo, hum, triplo twist carpado e se tornou um mês deveras divertido.

tô aqui, aproveitando. como diz a velma, não tô morta nem nada. ;-)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

sala de espera da terapia.


eu pensava na vida, nos últimos dias, no mundo de meninos bonitos que andaram cruzando o meu caminho. mudou o mundo? não. acho que mudei eu. já consigo olhar nos olhos, já consigo dizer o que quero. fazer joguinhos, trançar as palavras de um jeito diferente. é todo um aprendizado. eu não sei bem como começou, se tem a ver com a franja, com essa nova consciência que eu tenho de mim, de me olhar no espelho e me ver bonita. é recente. pode ter a ver com os ultimos e-mails, sofridos, trocados com aquele que foi o melhor amigo. e que hoje é, bem, eu não sei. não consigo catalogar, o vazio ainda é muito grande. porque é assim que funciona, mesmo. leva tempo. tem gente que sabe apertar os seus botões, para o bem e para o mal. ele fez isso, comigo. me jogou na cara algumas verdades sofridas, algumas coisas que eventualmente eu teria de lidar. que eu me vejo, aqui, meses e meses depois, lidando. eu tenho tomado cuidado pra não mover a minha vida como uma eterna resposta àquele último e-mail. porque ali ele machucou mais do que poderia imaginar. mais do que eu imaginei que alguém, algum dia, pudesse fazer. e ele fez. e eu fiquei tentando entender, primeiro com raiva, depois com mágoa, depois com esse sentimento que eu não sei o que é, não consigo dar nome. 

tem gente que aperta os seus botões. alfineta a parte mais sensível, o que você tem de mais íntimo. ele apertou. pegou as palavras mais duras, os segredos mais escondidos, jogou ali, espalhou tudo. e eu fiquei tentando arrumar, guardar de novo. não havia como. sobrou aquele gosto amargo na boca, um resto de choro que vem escondido, sentido, vez por outra. ele dizia que eu não me arriscava. não tem nada que eu tenha feito mais ultimamente do que isso. me arriscar. não tem nada que eu tenha feito mais ultimamente do que isso. responder aquele maldito e-mail, dentro da minha cabeça, over and over again.

eu fico aqui pensando. eu mudei muito, muito, desde que tudo começou. desde aquele bloody february, que se estendeu por um bloody march de discussões intermináveis, de silêncios profundos e garganta ardendo de tanto prender o choro. que deu um tempo em abril, mas voltou com tudo em maio e junho. machucando o que já estava machucado por demais. fazendo chorar, e gritar de raiva, e desejar coisas muito, muito ruins. eu não desejo mais. nada de ruim, mesmo. as pontes estão todas queimadas. ontem eu o vi no supermercado. coisa de uns 20 passos de mim. recuei, desviei, desapareci por entre as gôndolas. eu ainda não sei o que fazer com essa sensação. de reconhecimento. ele existe. eu fico imaginando como seria se fôssemos pegos os dois, de surpresa, tipo um desses esbarrões que acontecem. se a gente se falaria. eu acho que não. não que não exista mais nada a dizer. existe um mundo. faltam forças, mesmo, no meu caso. sobra ressentimento, eu acho, do dele. amizade quando acaba é coisa triste por demais.

e eu me pego sentindo falta dele, às vezes. ainda.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

dois anos, hoje.


oi, são paulo.

vamos fazer de conta que acabei de chegar? que ainda não passei frio e nem tomei chuva, e nem me dei conta de que não estava suficientemente agasalhada. vamos fingir que nunca andei a teodoro, e nem a faria lima, que nunca olhei teus termômetros marcando 7 graus embaixo de um céu incrível de azul, e um sol quentinho. ainda me surpreendo com a gentileza das meninas caixas de supermercado, com o preço baixo da banana passa coberta de chocolate diet. tudo no início.

ainda não sei encontrar minhas coisinhas nas prateleiras dos mercados da vizinhança, me impressiono com as feiras de rua, com a quantidade de japoneses espalhados por aí, como se fosse normal. é normal. aqui. as velhinhas com seus xales de tricot, dizendo bom dia com seus sotaques de quem veio de longe, há muito, muito tempo. ainda não faço ideia de como andar pela cidade, mas me sinto amparada com os mapas e a gentileza dos que se prestam a me explicar como chegar onde eu preciso.  pela internet banda larga, larguíssima, pelas pizzarias, pelas ladeiras da vila madalena. pelos cafés em copos grandes.

ainda fecho os olhos feliz, quase acreditando que todo mundo é amigo e nunca vai me machucar. e que eu nunca vou machucar ninguém de volta. ainda finjo que me irrito com as brincadeiras, com o deboche ao meu sotaque, com o pouco caso fingido daqueles que eu vou conhecendo. sim. pouco caso fingido. porque junto com as brincadeiras vem a curiosidade, vem eu me sentindo realmente especial por lançar um "mermão" no meio do expediente. e é isso que faz de mim o que eu sou.

ainda me perco nas ruas, e nunca vi você do alto, são paulo. ainda preciso andar pelo centro, fotografar a estação da luz, e a praça do por do sol. são dois anos, hoje. não passeei pelo ibirapuera, não fui ao masp, não cruzei a ipiranga com a avenida são joão. mas já andei pelas suas ruas com lágrimas nos olhos, já sentei na calçada sem saber o que fazer, já me apaixonei pelos seus meninos branquelos e de vocabulário estranho. já vi suas paredes desenhadas e coloridas, com poesia escapando ao concreto. suas árvores floridas, seu arco-íris imenso. a neblina, o relógio da paulista ao fundo, o vento uivando e dando calafrios. a garoa. já fui coberta pela sombra dos aviões passando, pertinho, trazendo quem chega. já dancei até de manhã, já tomei café na padoca, com vestido de festa, maquiagem borrada e coração partido.

são dois anos, hoje. desde que eu cheguei com um mapa rabiscado e george michael cantando faith. dois anos dos mais cheios da minha vida, dos mais sofridos, dos mais felizes. eu cheguei buscando isso, são paulo. e você me deu. ora devagarzinho, ora numa avalanche, à qual eu mal sabia como sobreviver, ou se sobreviveria, at all. e, estamos aqui. eu e a cidade. eu e os tropeços. aqueles que ficaram pelo caminho, aqueles que surgiram. os que vieram comigo, os que estão por surgir. dois anos. eu e o meu reflexo nos espelhos, levemente cansado, mas sobretudo feliz. dois anos.

se isso não for casa, nada mais é. 

e que venham os próximos. e todos os outros.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

17.

17 anos hoje. Desde que ele foi dormir e nunca mais acordou. Eu me lembro de me sentar ao lado dele na varanda de casa e ficar olhando o movimento da rua. Meu avô me ensinou a falar palavrão em árabe, a gostar de comer laranja lima, assim, partida ao meio, pra apertar e tomar o caldinho. Quando eu nasci, ele construiu um balanço no quintal de casa. Pra mim. Ele me ensinou a amarrar o cadarço do tênis, a ver as horas em relógio de ponteiro. Me ensinou a pegar arame, fazer um círculo na ponta, envolver cuidadosamente com barbante e voilá: nenhuma bolha de sabão seria maior ou mais perfeita que a minha.

Meu avô tinha medo de morrer, e chorava de saudades dos já haviam partido. Gostava de andar em pé, se equilibrando no espaço estreito do muro que separava a minha casa da dele. Minha mãe gritava, preocupada que ele caísse, e com o mau exemplo. Ele apenas sorria. E descia. Meu avô inventava músicas com vocabulário duvidoso e rimas improváveis. Hoje, 17 anos depois, sei uma por uma. Às vezes eu cantarolo dentro da minha cabeça, e me dou conta da falta de sentido das composições. É minha vez de sorrir. Meu avô não fazia a menor questão de fazer sentido. A gente fazia vaquinhas espetando palitos em batatas, riscava o chão com pedaços quebrados de tijolos. Ele adorava fazer graça com as outras crianças da rua. Pegava aquelas lagartas grandes e verdes, colocava no chão, chamava todo mundo pra assistir. Tomava distância, dava uma corridinha e pulava em cima, esmagando com o sapato. Era gosma de lagarta pra todo lado. Ele cortava rabo de lagartixa pra gente ver ele pular, sozinho no chão, desconectado do corpo, até parar. Ele me ensinou a fazer armadilha pra pegar passarinho. Nunca consegui pegar um pardal que fosse. Alias, os nomes dos passarinhos, boa parte deles, meu avô me ensinou. E eu dificilmente me engano. Quando chegava setembro e a cidade era invadida pelas cigarras, nós saíamos em busca das cascas abandonadas, e eu levava as carcaças pra casa. Meu avô tinha uma coisa com sementes. Me ensinou a pegar os caroços das mangas do quintal e secar no sol. Depois a gente saía pelo bairro, pela cidade, plantando mangueiras.
Hoje, 17 anos. Sempre que eu ando a pé na cidade siderúrgica e vejo um pé de manga plantado em local público, eu sei que foi ele. E eu sorrio. De novo e de novo. Hoje as mangueiras que meu avô plantou estão grandes, e têm raízes fortes, já dão frutos. Toda mangueira, ali, só existe por causa dele.
Meu avô teve uma morte tranqüila. Dormiu e não acordou. Eu me lembro de correr para o quarto dele quando a noticia chegou, naquela madrugada fria de agosto. Ele sorria. Meu avô morreu sorrindo.

domingo, 15 de agosto de 2010

das coisas que não têm jeito, mesmo


as minhas unhas estão roídas, e eu estou sem voz. e essa semana eu nem sei como andou, se andou, como foi. me senti carregada, atropelada, arrastada, pelas pessoas, pela vida, por agosto. porque eu vi amiga querida com olheiras profundas sem conseguir respirar, recebendo telefonema com a pior notícia do mundo.

e foi assim. quando suspeitamos o que estava por vir, entramos na sala de reuniões vazia e nos sentamos com ela, em silêncio. rede de proteção. os olhos se cruzavam e se desviavam, olhavam o chão, olhavam a janela, são paulo de noite, lá fora. silêncio dos que esperam um milagre, qualquer coisa, um fiozinho de esperança onde já não existe mais nada. o telefone tocou e, enquanto a notícia era dada, as mãos tremendo, só nos restava chorar. porque ela tinha brigado bastante, por muito tempo, e as forças findaram. e o coraçãozinho parou. e só restava aceitar a realidade. aceitar que nada, nunca mais, vai ser como era, porque antes ali havia uma menina de cinco anos, e agora não existe mais nada. e aqueles poucos centímetros que me afastavam da amiga eram maiores do que o que eu podia transpor. porque não há abraço que aquiete, não há palavra que console. silêncio, apenas.

criança não devia morrer nunca. porque é a coisa mais devastadora que pode acontecer com alguém. filho, sobrinho, irmão. não tem jeito. essa ferida não sara nunca.

agosto tem sido um mês muito, muito ruim.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


quanto tempo até que tudo se perca pra sempre?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

a verdade é que eu ainda estou traumatizada. eu me vejo cheia de filtros pra escrever aqui, pra não expor meu trabalho, as pessoas. não tem nome, não tem nada. eu estava lendo alguns posts antigos, contando da vida na firma colorida. eles eram divertidos, engraçados até. agora, eu fico cheia de dedos. eu preciso achar o caminho de volta. o caminho de voltar a escrever sobre o dia a dia sem medo que isso vire arma contra mim.

e não é só o blog. é a vida, mesmo. eu ando na rua e qualquer sombra que me lembre um dos meus fantasmas me gela a espinha, me desmonta. isso acontece nos lugares que eu frequento, que eu ia com eles. que foram cenário de momentos de conversa, de riso. eu vou evitando os lugares, sitiando o bairro, marcando um xis imaginário no supermercado, na padaria, na farmácia. bobagem, eu sei. isso é são paulo. cidade grande com jeito de cidade pequena, cheia de encontros e de desencontros. hoje eu estava numa livraria tomando café e um querido antigo veio falar comigo. eu sempre gostei dessa coisa de esbarrar nas pessoas em são paulo. ultimamente, esbarrar nas pessoas tem sido o meu maior medo.

eu fico aqui pensando no quanto de mim vai sobrar ao final desse ano. porque, fato. 2010 me levou embora a vida como eu conhecia. me levou os queridos, me assustou, me botou medo, gritou comigo. dificilmente eu consigo pensar em um ano que tenha me machucado mais, até hoje. parece que eu fui atropelada. e, com alguma estranheza, eu me percebo lidando de forma diferente com as pessoas que restaram. como se eu não tivesse estrutura pra sofrer por mais ninguém nessa vida. como se eu pudesse construir uma bolha gigante em volta de mim, e qualquer coisa que alguém me dissesse ou fizesse não me afetasse mais. não é não gostar, ou não sentir falta. ou não ficar triste quando alguém me diz algo ruim. é respirar fundo e meio que deixar pra lá. porque não tem muito o que fazer, mesmo. pessoas magoam pessoas o tempo todo. qualquer convivência vira traumática em determinado ponto da vida. então, eu escolho baixar o tom, ficar pianinho, largar pra lá. não é importante. nada é, esses dias. pra ninguém.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

previously on...

o carioca continua insuportável, com a diferença que agora é piada pra todo mundo, em todo lugar. ele twitta reclamando de trabalho. twitter trancado, aí você pensa. esperto, ninja. não. ele aceita co-workers como seguidores, e reclama o dia todo. e os twits trancados dele passeiam por todas as janelinhas de msn que se pode imaginar.

o dbqtn foi ríspido comigo, após ouvir de relance eu contando pras amigues sobre o menino de olhos azuis. me deu uma desconcertada grande. mas foi bom pra posicionar. ele tem namorada. chega de graça, não é mesmo?

entrou um menino novo na equipe, e esse sim foi recebido com pompa e circunstância. gay, colorido, mora perto da minha casa, é irônico e sarcástico na medida certa. no nosso primeiro almoço tivemos uma grande discussão sobre a relevância do Jim Carrey na vida em geral. ele não gostava, eu defendo ferrenhamente. sabe como é. joel barish. façamos reverência. no final ele me deu chocolates e já consta dos convites pra ir beber café na cozinha. fico pensando se o fato de ele ter covinhas facilitou o processo. tô aqui, raciocinando isso. ele me lembra bastante o viado territorialista, co-worker do ano passado. só que diferente.

já fez parte do porre histórico da semana passada, já participou dos jantares tarde da noite, já andou de carro comigo pela cidade de madrugada, berrando  i'm easy like sunday morning, com lionel ritchie ao fundo. já trocou olhares WTF no elevador quando o cara bonitinho do sétimo andar entrou distraído, ipod nos ouvidos. estamos, os dois, tentando descobrir a natureza desse menino. bem pode ser gay, bem pode ser hétero. e ele nem viu as tatuagens, ainda. estavam ali, escondidas no suéter azul. eu sei. não é de hoje que eu observo.

a vida segue regada a vodka, coca-cola, glee, poucas horas de sono. tô reclamando não. :)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

é como se eu estivesse voando solo. pela primeira vez se foram as amarras, aquela corrente de pessoas que eu conheci quando cheguei aqui, em sp. aquela bolha que eu construí e que eu achei que me protegeria. e que até protegeu, por um tempo. não mais. ando desapegando de tudo, de um monte de coisas, das pessoas. hoje eu apaguei as fotos. eu, sempre tão apegada. sempre tão preocupada em registrar os momentos nalgum lugar que não fosse a memória. nada daquilo estava fazendo sentido, aqui.

agora, tudo o que eu tenho é meu, conquista minha. eu saio para os lugares que eu quero, com as pessoas que eu escolho. deixei de fazer parte de um grupo, de me comportar como a massa, de seguir a corrente. tem sido bom. não esperar que se lembrem de mim, que me chamem. é tudo tão fresco, do lado de cá, onde as expectativas se desfizeram. eu faço as minhas coisas. do meu jeito. não me forço a falar com quem não tenho vontade, não me forço a sorrir pra quem não me arranca sorrisos. não ligo, não faço questão. vou flutuando pra longe.

nada é tão importante que não possa ser deixado pra trás.

cliché

música conseguindo explicar direitinho como a gente se sente.  ^ ^


You always seemed so sure
That one day we'd fight in
In a suburban world
your part of town gets minor
So you're standin' on the opposite shore
But by the time the first bombs fell
We were already bored
We were already, already bored

Sometimes I can't believe it
I'm movin' past the feeling
Sometimes I can't believe it
I'm movin' past the feeling again

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Summer x Tom

Summer.

A festa começou ainda em casa, com queridos e vodka. Continuou na porta da danceteria, se estendeu pela pista. Eu dançava entre desconhecidos, feliz. Festa gay tem disso. Não tem perigo, todo mundo dança com todo mundo. E então um menino bonito segurou o meu braço. Típica abordagem carioca que sempre me irritou. Antes que eu, obviamente alcoolizada, pudesse entender, ele disse. Você é a cedilha? Uns flashes passaram pela minha cabeça, ainda não deu tempo de ser reconhecida em sp. E ele continuou. Eu sou o Jorge, a gente fez mba juntos.

Jorge. Menino incrível dos idos de 2006, 2007, quando muito pouca gente me interessava, visto os trogloditas cariocas que me rodeavam. Jorge era alto, tímido, uma coisa meio perdida na vida em geral. Eu era péssima em dar mole, skill ainda em desenvolvimento (melhoras significativas na área, já adianto). Jorge tinha namorada. Trocamos uns e-mails engraçadinhos, Jorge nunca correspondeu às minhas investidas. Hoje eu me pergunto what the hell eu estava fazendo, porque aquilo que eu chamava de dar mole não se assemelha em nada a nada que possa ser considerado dar mole. A vida seguiu, o mba acabou. E ali estava Jorge, camisa xadrez, segurando o meu braço, feliz com a coincidência.

Na hora bateu um estalo. Era a minha chance. Dancei com ele, tentei provocar. Nada. Bolas de feno. Jorge, absolutamente imune aos meus encantos. O mais incrível de estar bêbada é a nossa facilidade tomar decisões sensatas. Tipo. Vou provocar Jorge dançando com todos os caras. E foi o que eu fiz.

E aí havia esse menino. Oculos de aro grosso, cachos, barba. Começamos a dançar, e antes que eu me desse conta, Jorge não mais existia. Existia o menino de olhos castanhos, me girando na pista. Me segurando a cintura. Me puxando pra perto. E eu deixei. Antes que eu percebesse, era ele dormindo ao meu lado, profundamente. Eram as minhas roupas por todo o apartamento, era a cabeça rodando de leve.

Tão bonito. Fiquei com pena de acordar, mas havia marcado um almoço, com amiga antiga, e não podia atrasar. Pedi desculpas, ele disse que não se importava. Levei até a porta da casa dele, nos despedimos. Voltei pra minha casa ouvindo strokes.

A parte Summer de mim achou genial a aventura, o menino bonito, a falta de expectativas e de responsabilidades.

Tom.

Existe essa personalidade guardada, que surge com vodka e música alta. Quando Jorge me segurou o braço, eu me lembrei de toda uma vida querendo coisas que eu não podia ter. Ou achando que não podia. Toda uma lista de meninos bonitos que nunca me enxergaram. Olhei pro lado. O menino de  olhos castanhos e óculos ali. Eu não tinha grandes intenções, não mesmo. Achei que fosse gay, olha que bobinha. Menino que dança, alguma coisa me faz achar que não oferece perigo. E a gente dançou. E ele sorria, e me segurava a cintura, e as luzes me cegavam, e eu jogava a cabeça pra trás e gargalhava. Tudo rodando. Um sotaque carioca que eu demorei a perceber. Tentando provocar um menino carioca, eu me vi seduzida por outro.

Falamos sobre cinema, sobre Londres, sobre trabalho, descobrimos uma amiga em comum. Ele repetia meu nome com sotaque, descobrimos que temos o mesmo sofá, o meu roxo, o dele vermelho. O meu é mais bonito, ele disse, com uma leve arrogância de quem entende de arte e design. Os pés são de madeira. Compramos com o mesmo senhorzinho, na Teodoro Sampaio. Mário. Ele riu quando eu disse que o vendedor achou que eu fosse lésbica, porque estávamos eu e a roomate antiga deitadas, experimentando a parte que o sofá vira cama. Ele criticou a textura das paredes do corredor da minha casa, dizendo que era kitch. Eu concordei. Bebemos Coca-cola deitados no chão, olhando pro teto, a luz começando a entrar pela fresta da janela.

Na porta do prédio dele, eu que ri, com as texturas estranhas das paredes. Disse que ele não podia zoar as minhas paredes, com paredes como aquelas. Ficamos os dois, dentro do carro, olhando pro alto, estudando as texturas azuis. Ele me beijou, desceu do carro e sumiu. E não me ligou mais.

A parte Tom de mim ficou achando que ele bem podia ser o grande amor da minha vida, e podia ter me ligado. E ficou com dorzinha de leve no coração.

The end.

domingo, 1 de agosto de 2010

the game is still on. maybe.

menino de olhos azuis diz:  quando você vai me ver?
mme. cedilha diz:  uma hora dessas, quem sabe
menino de olhos azuis diz:  haha. blase.
mme. cedilha diz:  eu não sou blase. isso foi conclusão sua.
menino de olhos azuis diz:  sim. não é o suficiente?
mme. cedilha diz:  nunca é.  vc me deu uma ressaca horrível aquele dia.  só pra constar.
menino de olhos azuis diz:  eu?  mas a noite nao foi boa aquele dia?
mme. cedilha diz:  foi ok.
menino de olhos azuis diz:  ok
mme. cedilha diz:  domingo eu quase morri de ressaca.
menino de olhos azuis diz:  olha q blase. olha como vc êh blase.  foi ok.  vc gostou ou nao?
mme. cedilha diz:  vc gostou?  eu fiquei com uma leve impressão de que vc se divertiu bastante aquele dia
menino de olhos azuis diz:  leve?  heheeh  foi bom 
mme. cedilha diz:  i have my moves.
menino de olhos azuis diz:  deu vontade de mais.  podemos?
mme. cedilha diz:  uma hora dessas, quem sabe.
menino de olhos azuis diz:  uma hora essa semana?
mme. cedilha diz:  vou ter que checar a minha agenda.  sabe como é.  daí vc manda um invite, se for o caso.
menino de olhos azuis diz:  otimo.  da uma olhada ai.  na quarta?
mme. cedilha diz:  muito longe. não funciono a longo prazo.  vc me pergunta na terça, sobre quarta

e eu achando que ele tinha corrido para as montanhas. foi como o daniel disse. ele não some antes de conseguir o que quer.

aham. cláudia. senta lá.

drops

(1) O menino de olhos azuis, depois de me levar o brinco e quase me levar o sutiã, tomou um duplo twist carpado, que me permitiu manter a dignidade. Resultado. Correu para as montanhas. Depois do porre de vinho que ele me deu, com ressaca monstra e sensação de quase morte, eu passei a semana tendo uns flashes sobre a nossa conversa do date de sábado. Lembrei dele meio preocupado porque eu não tinha elogiado sua camisa polo vintage whatever. Lembrei de mim, debochando do corte de cabelo dele, dizendo que ele tinha mullets. Lembrei de ele me dar um belisco de leve na barriga e, quando eu protestei, rir ironicamente, me bater de leve no braço com as costas das mão e dizer que apostava que eu era dessas que gostam de tomar uns tapas. E eu. hello?

(2) A guerra entre as duas chefas ganhou uma trégua quando uma delas alegou estresse profundo, ganhou uns dias de folga e foi pular carnaval fora de época em fortaleza. Cada um com seu cada qual, é o que eu digo. Ganhei tempo pra organizar planilhas, pra reclamar da vida, pra fazer almoços coloridos com os meus queridos, pra arrumar um new best friend forever, o menino novo da equipe. Mal entrou e me ganhou. Chocolates. Meu preço é esse. Ele mora perto de casa, é irônico e sarcástico na medida certa. Gay. Precisa dizer? O mundo é gay. Eu tenho alma gay. Próxima encarnação, escrevam aí. Quero vir homem, quero vir gay.

(3) Fui parar num karaoke, aniversário da menina que agora é coordenadora, velha conhecida. Estamos tateando esse novo terreno, em que ela manda em mim. Ou pelo menos gosta de pensar assim. Que manda. Aham. Cláudia, senta lá. Eu e a japa passamos a semana anunciando uma performance de total eclipse of the heart, e antes que eu me desse conta, a caipirinha surtiu efeito e estávamos, as duas, aos berros, lá na frente, bonnie tyler inspired. E, mermão, vou dizer. Performance dygna. Fomos aplaudidas ainda no meio, incrível o que essa música faz com as pessoas.

And that's all.