quarta-feira, 11 de agosto de 2010

a verdade é que eu ainda estou traumatizada. eu me vejo cheia de filtros pra escrever aqui, pra não expor meu trabalho, as pessoas. não tem nome, não tem nada. eu estava lendo alguns posts antigos, contando da vida na firma colorida. eles eram divertidos, engraçados até. agora, eu fico cheia de dedos. eu preciso achar o caminho de volta. o caminho de voltar a escrever sobre o dia a dia sem medo que isso vire arma contra mim.

e não é só o blog. é a vida, mesmo. eu ando na rua e qualquer sombra que me lembre um dos meus fantasmas me gela a espinha, me desmonta. isso acontece nos lugares que eu frequento, que eu ia com eles. que foram cenário de momentos de conversa, de riso. eu vou evitando os lugares, sitiando o bairro, marcando um xis imaginário no supermercado, na padaria, na farmácia. bobagem, eu sei. isso é são paulo. cidade grande com jeito de cidade pequena, cheia de encontros e de desencontros. hoje eu estava numa livraria tomando café e um querido antigo veio falar comigo. eu sempre gostei dessa coisa de esbarrar nas pessoas em são paulo. ultimamente, esbarrar nas pessoas tem sido o meu maior medo.

eu fico aqui pensando no quanto de mim vai sobrar ao final desse ano. porque, fato. 2010 me levou embora a vida como eu conhecia. me levou os queridos, me assustou, me botou medo, gritou comigo. dificilmente eu consigo pensar em um ano que tenha me machucado mais, até hoje. parece que eu fui atropelada. e, com alguma estranheza, eu me percebo lidando de forma diferente com as pessoas que restaram. como se eu não tivesse estrutura pra sofrer por mais ninguém nessa vida. como se eu pudesse construir uma bolha gigante em volta de mim, e qualquer coisa que alguém me dissesse ou fizesse não me afetasse mais. não é não gostar, ou não sentir falta. ou não ficar triste quando alguém me diz algo ruim. é respirar fundo e meio que deixar pra lá. porque não tem muito o que fazer, mesmo. pessoas magoam pessoas o tempo todo. qualquer convivência vira traumática em determinado ponto da vida. então, eu escolho baixar o tom, ficar pianinho, largar pra lá. não é importante. nada é, esses dias. pra ninguém.

3 comentários:

Mariana Coelho disse...

=]
Não sei se viu, mas você estreou aqui ó: http://putissimatrindade.blogspot.com/2010/05/little-things.html#comments

Mariana Coelho disse...

ps: eu também falo que eu tenho 13 anos. Por isso que me encantou tanto. Toda uma vibe Jenna em De Repente 30.

Anônimo disse...

É incrível como tudo isso aí se parece tanto com o meu 2010, esse ano que também me levou a vida como eu conhecia, a mesma vida que eu nunca mais queria perder de vista. *Suspira, resigna e segue em frente*