quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sonhei que eu tinha encontrado a Michelle Williams,

na rua, e a Matilda estava correndo em volta. Eu e Michelle éramos amigas, e não nos víamos há algum tempo. Ao encontrá-la, me batia uma tristeza imensa, e eu queria consolar ela pela morte do Heath Ledger. Era como se eu tivesse feito parte do casting de Dawson's Creek. Eu não era a Katie Holmes, que fique claro. Aliás, no sonho, eu e michelle nem éramos próximas a ela.

Então eu abraçava a Michelle, e dizia que sentia falta dela, e que eu precisava dizer que gostava muito dela, porque - obviamente a morte do heath ledger influenciava a cena - amigos deixam essas coisas pra depois, e não dizem que se importam uns com os outros, porque parece óbvio. Mas aí algo acontece, a pessoa morre de repente, e você ficou sem a chance de dizer. No sonho, eu realmente estava bem sofrida, abraçando Michelle e lamentando essa vida de merda, e a distância, e etc.


Achei que tinha sonhado isso porque vi umas fotos da Matilda dançando ontem, não sei. Fiquei com o sonho na cabeça.

Acabou de me bater uma coisa. Depois dessa conversa com o gerente de covinhas, eu me dei conta de que sempre que algo, pra mim, depende de sorte, é fail. Eu conto comigo, com o meu esforço, com alguns poucos amigos. Com sorte, não.

E aí eu me lembrei do episódio final de Dawson's Creek, um episódio triste pra caralho. Quando a Jen Lindley, personagem da Michelle morre. Numa das últimas cenas, antes dela morrer, numa conversa sofrida com o Jack, ele pergunta se há algo que possa ser feito para salvá-la. E ela lança, ironicamente, algumas palavras que até hoje, anos depois, eu me lembro:


Nothing. I have been doing everything. And at first, the odds were good. But... you know me and odds.


Me identifico com a personagem moribunda de Dawson's Creek. Fuck my life.

bad news

Então, após uma conversa sincera e doída com o gerente de covinhas, a realidade bateu. Dificilmente eu vou conseguir ficar na firma colorida quando o contrato acabar. A regra é clara, data de início, data de fim. Ele disse que está tentando descobrir se algo pode ser feito, mas não me deu esperanças. Eu não acho que ele vá fazer algo, efetivamente. Porque dá trabalho sabe? E eu não estou acostumada a ter ninguém fazendo algo que exija algum esforço extra por mim.

Existe esse mundo maravilhoso, onde tudo dá certo, onde nos 15 minutos finais do filme, o enredo muda e as coisas entram em seus devidos lugares quase que por milagre. Well. Esse não é o caso. É muito mais normal e esperado, na minha vida, que algo assim aconteça, e eu me dê mal. Na verdade, pra seguir o padrão de sempre, eu nem teria conseguido ser selecionada. Por isso eu considerei que podia ser um sinal de dias melhores. Aparentemente, não.

Ok. Eu sabia que ia ser assim. Eu sabia, mas eu sempre me fiei na chance de algo acontecer e ser realmente incrível. Eu fico puta só quando lembro que quando eu vi a vaga, lá em fevereiro, e me inscrevi, ela não tinha nada avisando que era temporária. Eu não sei se eu teria me candidatado a uma vaga temporária se eu soubesse isso de antemão. Mas aí a rh me ligou, e antes de marcar a entrevista, ela disse que eram 4 meses. Ali, ao telefone, ao topar a entrevista, eu tomei a decisão que vai me custar o coração em junho.

Então, damage control. Começo, agora, a me desapegar. Vou me desapegar das paredes, do diretor engraçado, das covinhas todas, do carrinho de doces. Vou ficar blasé como a menina de cabelos vermelhos, levantar a sobrancelha e fingir que não me importo. Se eu conseguir fingir o suficiente, quem sabe até eu acredito, e deixo realmente de me importar? Vou refazer meus contatos, pra ter um plano B quando julho chegar. Quando julho chegar, se meu plano B falhar, eu corro para a cidade siderúrgica e vou pedir colo, e brincar com a calopsita, e ver minha avó, e colocar médicos e dentista em dia, e renovar a carteira de motorista. Depois, quando recuperar as forças, eu volto pra sp e penso no que faço.

Mais um feedback. Eu sou ótima, e pró-ativa, e ganhei respeito nos projetos que trabalhei. O gerente sem covinhas, que passa horas na minha mesa, trabalhando no projeto, nunca deu esse tipo de atenção a ninguém. Isso é realmente algo, segundo o gerente de covinhas. Eu digo. Foda-se. Tudo o que eu fiz foi tentando conseguir a vaga. Aquela, que não existe. Aquela que eu não vou conseguir. Eu digo que, independente do mimimi e dos elogios e reconhecimentos, esse foi um grande fail.

PS. Tem o livro, né? O que eu acabei semana passada e o que eu comecei essa semana. 926 páginas. Vou continuar lendo. Porque é bom. Pois é.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Madame Ç e as cápsulas de inteligência

Vou te contar. Vida de pessoa com DDA não é moleza. Eu desconcentro, é assim que acontece. Julinha diz que eu tenho curto-cirtuito nos neurônios. Eu brinco que eu sou multitarefa, mas essa é uma desculpa só porque outros assuntos insistem em me distrair.

Daí ontem eu estava lendo o livro que chefe de covinhas mandou e me peguei, simultaneamente, planejando a mudança de casa que acontecerá em um mês. Acontece que, com essa história de curto-circuito nos neurônios, eu tomo Ritalina. Não porque é cool, não porque tá na moda, mas porque eu preciso. E eu tinha dado uma pausa, sabe como é, eu sou inteligente e coisa e tal, mas com a firma colorida solicitando a minha concentração, e me oferecendo seres com e sem covinha como um teste pra ver seu eu passo, não deu mesmo. Tive que voltar. Só que o meu médico é do Rio, e eu vinha comprando os remédios quando viajava pra lá.

E aí a ritalina acabou, e eu achei que ficaria bem por minha conta, e que podia testar um desses remédios fortificantes e naturais pra concentração. Fail. A verdade é que Ritalina é medicação séria, você passa por uma junta médica, que vai analisar desde se você inverte as letras escrevendo coisas simples do dia a dia até se você confunde palavras bobas como juiz e árbitro. Well. Eu confundo, eu troco letras, eu interrompo as pessoas, não que o que elas tenham a dizer não seja interessante, mas simplesmente porque o meu cérebro entra em looping e me distrai com meus próprios assuntos. São as vozes na minha cabeça. O que a ritalina faz é "consertar" as minha sinapses, os neurônios conversam direitinho, os assuntos esperam na fila a vez de serem colocados pra fora.

E a ritalina acabou, e o trabalho me deixando LOUCA. E o gerente sem covinhas me distraindo, e todos os outros meninos bonitos que passam pelos corredores, fora os assuntos do trabalho propriamente dito, que já me exige suficientemente. Fui na farmácia, munida de minha receitinha, dessas que são retidas, e dessas que atendentes te olham como se você fosse absolutamente desequilibrada - eu adoro essa parte - porque o medicamento é coisa seríssima. E, aqui em São paulo, minha receitinha fofa do rio, aquela que me prometia inteligência e foco em cápsulas, com o efeito colateral maravilhoso que é a falta de apetite (inteligente e magra, quem não quer ser?), serve de nada. Não me venderam a Ritalininha, Juro. Desesperei.

Agora eu vou ter que continuar tomando o bendido remédio natural de concentração que não serve de nada, até que as minhas queridas tarja preta cheguem pelo correio. Vou ter que criar técnicas profundas de concentração cada vez que uma distração aparecer, e olha que são muitas, tantas, que eu nem consigo enumerar.

E, digo mais. Estivesse eu sob medicamentos, como era a intenção primeira, como deveria ser, esse post teria saído muito mais organizado. Fail.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

so far, so damn good.

É com grande satisfação que, após três meses de muitos percalços, eu posso dizer que estou inserida. As pessoas lembram de mim pros almoços, e isso é realmente incrível. Eu não preciso levantar o pescoço pra ser lembrada. Existe toda uma questão com aceitação que, embora tenha sido dureza, eu enfrentei. Já sou uma pessoa. Uma pessoa com amiguinhos na firma colorida.

Já tenho piadas internas próprias, já entendo as piadas internas das pessoas. Já marco almoços pra discutir Lost e Greys Anatomy, e sapatos e vestidinhos. Achei um gerente sem covinhas e com olhos verdes pra ficar obcecada, e que desbancou o gerente de covinhas para uma situação de reles mortal. Toda uma questão, senhores, toda uma questão.

Agora eu escuto Alanis no ipod e já me comunico apenas com o olhar com as pessoas. Já fiz amiguinhos, alguns espalhados pela firma, todos unidos no objetivo de me manter por aqui quando julho chegar. Chefe viajando, eu fazendo longas reuniões, tentando me desconcentrar dos olhos verdes do gerente sem covinhas - covinhas são tão last week - e me concentrar nas features do produto em desenvolvimento. Até o momento, fail. Mas continuamos na luta, companheiros.

Dependendo de como as coisas avançarem, farei um post sobre o gerente sem covinhas. Como bem disse Veneceous querido, atóron perigon de corredor. (L)

domingo, 24 de maio de 2009

enquanto isso, no msn

Ç says:
perdi, playboy.
(L)

L.A. says:
medo.
serio?

Ç says:
sério. pior que é sério.
medo.
o.O

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sabe o livro técnico de 400 páginas em inglês que o gerente de covinhas me deu pra ler há três semanas? Vinha eu, feliz e contente, lendo tudo direitinho. Faltam 5 capítulos. Era coisa pro próximo fim de semana. Sábado, domingo, fim do livro. Eu vinha fazendo planos, de finais de semana futuros, vento batendo no rosto. Liberdade.

Gerente de covinhas me aparece com OUTRO. Sim. Outro livro. Esse tem 526 páginas, cheias de informações que não basta serem LIDAS. Precisam ser ABSORVIDAS. Então, não vai adiantar chegar no fim de um parágrafo sem ter apreendido o que estava escrito ali.

Isso tudo, ainda, sem a menor perspectiva de conseguir ficar de vez, na firma colorida, quando o contrato acabar.

E você pode dizer. Oh. Mas vc terá aprendido muito com a experiencia, e lendo os livros. Eu digo. Suck that up, Meryl. Serão 926 páginas ao final do processo. 926 páginas de finais de semana perdidos, de horas de sono a menos. É bom que isso me leve a algum lugar. Ou eu não me responsabilizo pelos lugares onde eu mandarei o gerente fofo de covinhas enfiar todo este vasto material acadêmico.

Os livros são bons, by the way. Bastante mesmo. O que mata é essa coisa de perder horas de lazer.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

o viado territorialista

Nosso personagem numero dois é alguém já conhecido do blog. O viado territorialista. Eu me sinto meio mal rotulando ele assim, eu poderia dizer o cara erritorialista que também é gay, ou qualquer outra coisa. Então, fique claro, eu não sou preconceituosa. É só porque eu não acho outra característica mais adequada ou politicamente correta que exemplifique tão bem a figura.

Eu gosto do viado. Juro. Ele não merece que eu goste dele. Ele é funcionário terceirizado, e percebe-se claramente que isso cala fundo em seu coraçãozinho. A primeira pergunta que ele me fez quando eu entrei é se eu era funcionária MESMO. Eu disse que sim, e ele soltou um grunhido. O dia que o meu crachá bonitinho da firma chegou, ele me tratou mal. Porque o dele é diferente, feio. Isso é paranoia minha. Mas bem pode ser verdade. Ele começou a achar que eu ia assumir uns trabalhos dele, porque havia rumores de que ele iria pra outro projeto. Isso bastou pra que ele me comparasse a uma escrava e dissesse claramente que a minha função era a mesma do estagiário.

Eu não acho que ele não goste de mim. Ele não me adora - o que eu acho um absudo. Eu acho que ele não sabe mesmo o que fazer comigo. Ele fica administrando o tempo, pra ver se os 4 meses passam logo e eu vou embora de uma vez. De vez em quando eu percebo nele algum traço de simpatia sincera e genuína, mas isso é bem raro mesmo. A ironia é que o namorado dele, que também trabalha na firma colorida, me adorou profundamente. É, eu sei dizer quando alguém gosta de mim. O boyfriend dele e eu viramos best friends forever. E isso deixa o viado, que é territorialista, mais desconcertado ainda. Eu gosto dele. Eu não preciso ter motivos pra ir com a cara de uma pessoa. Eventualmente, eu acabo ganhando motivos para não ir, como aconteceu com a menina de cabelos vermelhos. Mas do viado, eu realmente gosto.

O problema é que ele não é nada confiável. Eu não sinto um pingo de sinceridade vindo dele. Ele acha que eu sou boba e, por enquanto, eu tenho deixado que ele pense isso. Sou pessoa estratégica, meu bem. Mas eu acho que ele está espertíssimo para o que acontece comigo, porque ele realmente prefere que eu não esteja lá. É o que eu acho. Com ele, eu preciso ficar esperta all the time. Cansa um pouco ter de estar sempre alerta. Hoje, no twitter, uma amiga perguntou. Quantas pessoas à sua volta, no trabalho, você adoooora. Isso. Adoooora, cheio de o's. Eu olhei, olhei, e a minha resposta foi. Nenhuma. Eu sei que isso é uma fase. Tem gente ali com potencial pra eu adorar com milhões de o's em sequência. Mas é cedo, e eu ainda sou um corpo estranho, que muito bem pode ser expelido em poucas semanas. Mas eu queria já poder olhar em volta e encontrar algum abrigo, algum conforto, ver gente que goste realmente de mim. #mimimi

O viado é super puxa-saco da menina de cabelos vermelhos. Tudo ele conta pra ela, tudo ele corre pra ela. Ela é blasé com ele também, mas menos do que comigo. Um dia, ele veio me dizer que achava que ela era a melhor pessoa da equipe, tipo a profissional mais completa. Eu, com poucas semanas, já podia dizer que ela era boa, sim, com o super poder que ela tem. Ele nem percebe que é ótimo. Que possivelmente, ele tem essa característica que insistia em ver nela. Eu aprendi pra caramba seguindo ele pelos corredores. Coordenando os japoneses fofos. Eu queria que ele fosse com a minha cara, que ele ficasse desarmado. Mas não vejo isso acontecendo tão cedo.

terça-feira, 12 de maio de 2009

post raivinha

Eu estava lá, toda com medinho de começar efetivamente a falar das pessoas do trabalho, e ser descoberta por algum maluco tipo eu. Well. Dane-se.

Nossa personagem de hoje é uma garota de cabelos vermelhos. Ela é magra, alta, e talvez seja bonita. A verdade é que ela tem uma beleza exótica, e definitivamente chama atenção, mas não se consegue definir, exatamente, se ela é bonita ou feia. O cabelo é vermelho não natural, um vermelho intenso, e ela se veste numa paleta bem coloridinha, com peças engraçadinhas.

Eu super achei que poderíamos ser amigas. No meu primeiro dia, ela estava com uma camiseta de charlie brown e, conversando na cozinha, descobri que moramos no mesmo prédio. Sim. Verdade. Mundo pequeno, e talecoisa. Aos poucos, fui descobrindo que ela é a geniozinho da equipe. Sabe mais tecnicamente sobre o assunto do que nenhum outro, ali. Mais que o gerente de covinhas, até. Ela é extremamente técnica, e acaba virando uma referência. Esse é o super poder dela.

Ela também é a mais blasé de todos. Tem sempre uma cara desinteressada e, pensando agora, eu acho que nunca vi o olho dela brilhando muito por nada. Sabe aquela coisa de sobrancelha levantada, cara de nada me surpreende? Eu gosto de ver o rosto das pessoas se iluminando com algo. É quando eu consigo ler do que cada um é feito. Ela não. Parede. Não consigo.

Como se não bastasse ela ser desse jeito, eu fui percebendo, aos poucos, que ela não é legal comigo. Comigo, especificamente. Ela já me tirou em algumas conversas. Eu sou pessoa ótema pra tirar os outros, e colocar as pessoas em seu devido lugar, mas na minha atual situação corda-bamba, nem me atrevo. Não é hora, ainda. Então eu comentei que uma amiga minha tinha ido a uma rave qualquer. Ela disse. Ai, você tem amigos que vão em rave. Sabe o tom de crítica? Daí eu disse que precisava comprar meia-calça nova, porque o ultimo inverno marcou o fim das que eu tinha em casa. E ela. Ai, você usava meia-calça no Rio? De novo. Tudo ela faz assim. Faz questão de ser indelicada, de repetir tudo o que eu digo colocando o ponto de interrogação no final, e obviamente o tom de mimimi. Eu vinha sorrindo, e desviando. Mas comecei a pegar abuso, como se diz lá no sul.

Cheguei ao ponto de, saindo de casa outro dia, ver que ela estava dez passos à minha frente, também indo para o trabalho. Num universo normal, eu apressaria os passos, desligaria o ipod e iríamos juntas, conversando. Sabe o que eu fiz? Atrasei meus passos, deixei ela virar a esquina e aí peguei um caminho alternativo. Eu não sou antisocial. Mas a minha boa vontade com ela está acabando.

Daí que, infelizmente, pelo andar da carruagem, não seremos amigas. Uma pena, porque ela parecia legal. Já que essa possibilidade foi deixada de lado, me sobra uma outra, e confesso que começo a gostar da ideia. Vamos ver se eu consigo ficar na firma. Se eu conseguir, me unico objetivo será me tornar a geniozinho da equipe. Eu já fui antes, não há de ser difícil. É uma questão de território, mesmo. Vou fincar uma bandeirinha no território dela. Só de birra.

sábado, 9 de maio de 2009

Se tem uma lição

que eu vou poder dizer que aprendi com esse trabalho na firma colorida, independente do resultado que vier em julho, essa coisa é jamais aceitar outra vaga temporária. Não tem nada, mas nada mesmo, no mundo, que faça um troço dessa natureza funcionar pra mim. Eu sou pessoa que gosta de respostas, de saber exatamente o que vai acontecer. Eu funciono em universos controlados. Ou, pelo menos, universos que me dêem, ainda que de leve, a sensação de algum controle. E não poder controlar porra nenhuma acaba com as minhas forças, sério.

Eram duas as funcionárias grávidas. Logo, eram duas vagas temporárias abertas. Uma foi preenchida comigo, lá no inicinho de março, pra 4 meses completos. A outra ficou aberta durante meses, e eu secretamente esperava que ela não fosse preenchida nunca nunca. Pra eu poder me concentrar no meu drama de ficar, e não ter que me dividir em um segundo drama, que é o de competir com uma pessoa por uma vaga que eu nem sei se existe, ou se existirá. Foram dois meses inteiros sozinha. Eu checava diariamente o trabalhe conosco, e via com uma certa alegria a vaga lá, abandonada. Nem todo mundo topa uma vaga assim. Neguinho não abandona trabalho por uma vaga dessas. Eu estava com bastante coisa a meu favor.

E aí chega e-mail do gerente de covinhas. Anunciando a contratação da segunda pessoa, para os dois meses restantes da licença da outra funcionária. Tremi nas bases, um tiquinho. Porque na hora em que eu tento me inserir como um membro real da equipe, chega um segundo temporário pra mostrar que somos dois. EU e ele. Downgrade.

Eu sou competitiva, sabe? Não sou do tipo que passa por cima das pessoas, nem nada, mas sou bem esperta no corporativo. Dias antes do maluco chegar, eu já tinha salvado nos bookmarks todas as ocorrências com seu nome. Benchmarking, foi o que eu twittei. Músico, profissional. E eu pensando. Como assim? Ele tem essa outra carreira, mas ele é musico? É tipo um plano B? Eu não canto nada. Sabe por que? Porque eu estava me especializando, nesse tempo. Eu fico comparando formação profissional, experiências anteriores. O tom do e-mail de anúncio da contratação para a equipe. O e-mail que me anunciava era mais legal, hoho. Mas isso nem quer dizer nada.

Eu passo 40% do meu tempo confiante. O resto do tempo eu estou tremendo nas bases, sofrendo por antecedência. Faltam 7 semanas, e isso passa voando. É preciso esperar o momento certo pra tentar a minha contratação. E esse momento não será antes de junho, quando estarei com aproximadamente um mês restando. Até lá, eu espero. Espero prestando atenção em cada suspiro, cada olhar. Cada cochicho, cada coisinha que acontece à minha volta, e que possa talvez se converter em pistas. Não há pistas. Não dá pra saber.

Nesse meio tempo eu trabalho pra caramba, administro a minha – ainda – inadequação à equipe, faço um ou outro amigo aqui ou acolá. Quando eu fico insegura, eu comento, assim, como quem não quer nada, que a minha vaga é temporária, para pessoas previamente selecionadas. Nem todo mundo sabe. Então eu comento, e espero que essas pessoas, que já gostam de mim, que já são consideradas aliadas (possivelmente), estejam espertas fazendo algum tipo de lobby pra eu ficar. Sugestão. Eu mando esse comando pro cérebro das pessoas, eu recruto o meu pequeno exército. Até agora, duas tentativas. Acho que de sucesso.

Eu já estou bem cansada, mesmo. Parece que as forças se esgotaram, um pouco. Cansa isso de ter de trabalhar pesado, apreender o máximo de informação possível, ler o livro de 400 páginas em inglês em casa. E ainda ter de passar todo o tempo prestando atenção em tudo, sempre alerta, pra tentar estar a par de qualquer coisa que possa me ajudar. Sem nenhuma garantia de nada. Posso dizer que estou esgotada. E que eu conto, de verdade, mesmo, que este momento que eu estou passando se converta em um final feliz. Não só porque eu mereço, e porque estou trabalhando duro pra isso. É porque eu vou morrer, mesmo, se não der certo.

domingo, 3 de maio de 2009

In Treatment



Quando, no ano passado, eu me meti a assistir in Treatment, eu estava em pleno processo de terapia. Processo meu. Minha psychologa dizia que eu estava em terapia, esse termo mesmo. Porque, segundo ela, eu analisava cada segundo, e estudava cada coisinha que me acontecia, tentando colocar perspectiva nas coisas.


Novo ano, nova temporada de in treatment, dessa vez eu sem terapia. Não sei se continuo analisando cada segundo como fazia ano passado, mas desconfio que sim. É que, na falta de um acompanhamento profissional, a gente se perde um pouco. Mas eu continuo, acho, tendo conversas comigo mesma dentro da minha cabeça. São as vozes. Eu e as vozes na minha cabeça. Best friends forever.


Eu tento entender a fórmula da HBO. São 5 episódios por semana, cada um independente do outro. 5 séries dentro de uma. Eu posso escolher ver só às segundas, e acompanhar apenas um paciente. Isso configura assistir uma série. Mas nem consigo. Tenho que ver todos, e com 5 episódios semanais, isso meio que fode com o meu HD. É difícil manter atualizado. E, quando você deixa os episódios acumularem, acaba caindo na pegadinha. Porque você sempre vai se identificar mais com um ou com outro personagem. E vai ter um ou outro personagem que você não vai se identificar de jeito maneira. Então, na temporada passada, eu gostava de ver as sessões da Sophie. Eu só esperava ansiosamente pelos episódios das quartas feiras. Acabei me afeiçoando ao Alex, mais pra frente. E via com alguma curiosidade os episódios do Jake e da Amy. Não muita. Via porque era uma etapa necessária pra chegar às terapias do querido Dr Paul, onde eventualmente ele analisaria alguma coisa passada durante a semana.

Eu me afeiçoei à Sophie. Acompanhei absolutamente envolvida as sessões. Sophie, garota perturbada. E eu lá. Me identificando.

Daí, temporada nova. Não gosto do garoto gordinho, tem algo muito errado na cara dele. Acho que ele tem o nariz entupido, sei lá. Não me afeiçôo. Não gosto do pai do Frasier. Pode ser que eu mude de idéia, e coisa e tal. Até agora, nem o piripaque que o maluco teve na sala do Dr Paul (L) me fez sentir piedade. Não sei se gosto da outra loura, e sinto que as terapias dela me afetarão profundamente. Porque mexe com uma coisa que toda mulher acaba se identificando, que é o tal de envelhecer sozinha. Parece fórmula perfeita pra atrair a audiência feminina. Ou de repente eu estou viajando, sei lá.

E aí tem a April. Uma garota assim como eu há alguns anos, assim como você que está lendo. Que descobre que tem câncer. E aí. Pára tudo. Identificação detected. Começo a sofrer junto dela, e a torcer para que as sessões de terça cheguem rápido e demorem a acabar. Porque essa é a história que eu acompanho com o coração na mão.

Deve haver algo comigo. Algo errado, néam? Temporada um, eu escolho a garota perturbada. Temporada dois, eu escolho a garota que está morrendo.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Das coisas que me irritam no msn

Pra mim, o auge da inconveniência emeesseênica é a pessoa que te chama sem ter o que falar. Diz assim. Oi. Ou diz o seu nome. Você mal se conecta, mal abre a bendita janela de contatos e a porra da janelinha já aparece piscando com aquele oi. Um oi vazio, sem nada a dizer. Oi, você tá aí, eu tô aqui, TCHAU. Eu tenho esse amigo, né? Que vem a ser o mesmo que andou me deixando louca querendo desabafar sobre a vida e os problemas há um tempo atrás. E ele está sempre online. Eu sempre estou online, hello, eu trabalho logada no msn, ferramenta de trabalho. Eu coloco aquele busy, mas as pessoas podem falar comigo, meus amigos podem falar comigo independente do status. Só que precisa haver, de fato, algo a ser dito. Não só um oi. Ou o meu nome, escrito.

Daí tem gente que vc entra no MSN e sabe que vai te chamar. Isso me irrita de um tanto que eu nem consigo explicar. Daí tem esse outro amigo. Eu tô revendo essa questão da nomenclatura, porque ele é escroto de um jeito que realmente me agride. Tá correndo sério risco de sofrer downgrade, esse um. Mas continuando. Ele aparece no msn. Se é época de bbb, a frase será. E o bbb? Quando o bbb acaba, ele fala. E a gripe suína. Mermão, eu não estou querendo discutir gripe suína. Na boa. Todo mundo fica falando disso. Jornal nacional, home do uol, pessoas no msn, blogs, twitters. Fico querendo morrer. Daí ele criou essa nova técnica. Ele aparece no msn, me chama e coloca reticências. É, reticências. Três fucking pontinhos. E eu também tenho horror a quem não sabe usar reticências. Ele consegue juntar numa janelinha, em um segundo, duas coisas que eu abomino.

Essa mania desse cara com as reticências já vem de muito tempo. Primeiro eu ignorava, depois passei a responder com um ponto de interrogação, assim, what the fuck? E nisso ele descobre o twitter. E entra numas de twittar coisas obvias. Que é OUTRA coisa que me irrita. Não dei unfollow ainda porque sou frouxa, só pode ser. Ele é (era?) meu amigo. Twittar noticias sobre a gripe suína? Na boa? Pra saber sobre isso as pessoas vão aos sites, esse tipo de coisa. Existe veículo especializado em informação. E aí ele twitta que tá indo pra academia, e quantos quilômetros ele correu. E sobre gripe suína and stuff.

Uma vez eu twittei qualquer coisa aleatória. Sei lá. Acho que era de algum seriado, eu sempre twitto frases das séries que estou assistindo naquela hora. E aí, ele descobre um jeito totalmente novo de me irritar. Ele me manda um REPLY, via twitter. Com três pontinhos.

Sério. Eu não vou nem entrar no mérito das outras coisas que irritam nesse mundo. No momento, esse oi sem dizer nada e os três pontinhos do demo são o meu maior problema. Combinados, então, eu fico querendo matar um.