segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

um ano depois, feedback.

você é muito ansiosa, ela disse.

eu concordei. eu sou ansiosa. ela continuou mais ou menos assim. eu não tenho críticas ao seu trabalho. nada técnico a pontuar. você é responsável, e atenta, e interessada, e tem muito foco.

eu lembrei da evil manager falando "me parece que você não tem foco." lembrei também da genia colorida amiga, que sempre repetiu isso em tom de piada. ali, na salinha do nono andar, minha chefa me dizia que eu tinha muito foco. e esse era o meu feedback, um ano depois.

eu ri sozinha, cá comigo. foram semanas de horror. eu trabalhei mais do que devia ser permitido. todo mundo diz que janeiro é mais calmo. é nada. não conheço ninguém que não tenha sentido na pele o peso desse primeiro mês de 2011. eu senti. tenho as pontas dos dedos machucadas pelas unhas roídas. tenho olheiras de quem trabalhou 9 dias seguidos, incluindo domingo e feriado. há uns dez dias eu cheguei na firma colorida, sentei na mesa do coworker querido e tive uma crise de choro. fui levada para a cozinha, a salvo dos olhares, até me acalmar. eu estava decidida a pedir demissão. tinha atualizado o currículo, dado os primeiros sinais para os amigos de fora.

é hora de andar, eu repetia pra mim mesma. o tempo todo. em silêncio, roendo as unhas, cansada, me achando esquecida. invisível. me mandaram esperar. tudo tem o seu tempo. e eu ali. louca, querendo saber qual é o tempo das coisas. que tempo é esse, que não depende de mim? estou acostumada a buscar, a fazer, a me mover. me mandaram ficar parada. e eu quase morri esperando.

ali na salinha, eu ouvi mais ou menos assim, da chefa colorida. todas as minhas observações sobre você são comportamentais. você é ansiosa, e você não esconde. eu sou ansiosa, ela disse. aprenda a esconder. e eu entendi o que ela dizia. eu estava preocupada de receber alguma crítica técnica, pra falar a verdade. porque trabalho, vez por outra, me deixa insegura. qualquer crítica ao meu comportamento é conhecida. pessoa em análise, hello. uma vez por semana, divã. choro. consciência. qualquer crítica ao meu comportamento eu conheço, eu aceito. next. move on.

críticas técnicas, ela disse, não tenho. e é por isso que eu estou te promovendo. e eu fiquei meio aliviada, meio em choque, meio agradecida. porque eu estava mesmo pensando em sair. mesmo sabendo que talvez não fosse hora, ainda. mesmo sabendo que eu não acabei, ainda, as coisas que eu fui fazer ali na firma colorida. eu preciso de liberdade para me mover. não posso ficar parada. não posso receber esse tipo de orientação. eu busco, eu faço. o tempo das coisas é o MEU tempo. porque foi isso que eu resolvi, quando vim ver qual era a vida em São Paulo.

o mais legal foi receber, de presente, o projeto que é a menina dos olhos da direção. e que já vinha sendo tocado por mim, provisoriamente, até que eles montassem equipe. e eles decidiram me dar. e eu sou a equipe que vai fazer. junto com os outros que chegarem. isso sim, foi premiação. foi reconhecimento. e eu fiquei em estado de graça.

há muito, muito tempo, lá pelos idos de 2009, na época da firma colorida - primeira temporada, eu me lembro de olhar os geniozinhos todos e querer ser como eles, e ter os meus próprios super poderes.

eu sou como eles. :)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

só pra me convencer mais um pouquinho

não é bem rejeição. ninguém se aproveitou de ninguém. é que eu entro nesse looping de tentar achar, no meio de todos os caras, algum que seja legal. que seja inteligente, engraçado, gentil. que saiba o que fazer, que tome o controle. e a gente se vê fazendo concessões caso hipoteticamente, aquele cara que até parece ter essas coisas, seja mais novo, e moleque, e goste de piriguetes, e de festas duvidosas. finge que não vê. tudo aquilo que grita em cores fortes. a gente pesa a matriz swot tentando fazer com que as coisas legais pesem mais.

mas elas não pesam. um cara que seja mais novo, que goste de música ruim, que seja moleque, que tire fotografias fazendo hangloose do lado de louras seminuas e siliconadas, não preenche os pré-requisitos mais básicos pra ser alguém com quem eu admitiria ter algo a mais. eu tenho vergonha, hello. toda uma imagem a zelar. respeito próprio. etc. e dane-se que ele escreva bem, e tenha um bom sorriso, e goste de cinema ou saiba exatamente como fazer pra te desconcertar. no fim das contas, é um moleque. vai servir pra essas meninas louras e iguais, com piercing no umbigo e sobrancelha quase inexistente, e unhas muito, muito compridas. vai ser perfeito pra elas. e super vai, mesmo. pra mim, não serve.


não serve, todos sabemos. eu olho no espelho, e eu simplesmente sei. não serve.


e a gente se esbarra. e eu fico tremendo. e eu faço a blasée mas, por dentro, eu quero morrer, só porque a gente se esbarrou. e eu já preciso que ele não exista, pra que a vida possa seguir sem sustos. ele é tão bonito. ele, o moleque com quem você sabe que não poderia e nem conseguiria ter nada de mais.

há um tempo atrás, eu olhava as pessoas, e eu imaginava que cada uma delas tivesse algo incrível, bastava só eu conhecer melhor. qualquer pessoa era a possibilidade do incrível, há um tempo.


hoje, qualquer pessoa é uma dor de cotovelo em potencial.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

o cubo mágico

o menino da nova zelândia ficou meu amigo. talvez pela proximidade das mesas, talvez por causa da participação em projetos conjuntos. o menino da nova zelândia ficou meu amigo e, quando ele um dia olhou pela janela e se deu conta de que são paulo não servia pra ele, e pediu demissão, e organizou a vida pra voltar lá pro outro lado do mundo, eu me vi triste.

triste porque ele é engraçado, e divertido, e tem um sotaque que me dá nos nervos. e porque ele canta total eclipse of the heart alto, no meio do expediente, arrancando gargalhadas, sem nem perceber. por causa do helicóptero que ele faz voar no andar, e que distrai todo mundo. e diverte. por causa do meu celular tocando no meio do restaurante, porque ele foi ao shopping e está tentando comprar maquiagem pra alguma garota com quem ele tenha ficado, e ele me liga pra saber se ela ia gostar mais de sombra ou de rímel.

a gente convive com as pessoas e sabe que tudo na vida acaba sendo circunstancial. eu não me aproximaria dele na vida em geral. foi preciso que colocassem as nossas mesas lado a lado pra que a gente se aproximasse. a gente continua absolutamente diferente. nada em comum, tirando o vício em seriados. ele foi colocado ali, e por causa das circunstâncias, eu pude conhecer um rafael divertido, atencioso, sério e moleque, ao mesmo tempo. e ele está indo morar do outro lado do mundo. porque, ao contrário de mim, ele nunca pertenceu a são paulo. ele quer surfar, e viver na beira da praia, e continuar tirando as fotos mais incríveis dos lugares mais incríveis. e eu vou ter onde ficar se por acaso eu resolver ir passear na austrália, mas eu nem tenho assim tanta vontade de conhecer essas bandas. eu gosto de cidade.

eu venho me despedindo dele, em silêncio. desde quando ele me puxou num canto e contou, antes que todo mundo soubesse. pra que eu me preparasse. e eu disse que ele devia mais era ir mesmo, buscar aquelas coisas que ele queria. mas que eu ia sentir saudades. e eu realmente vou. porque ele se convida para as festas e grita no karaoke com a gente. porque ele arrumou briga com um viado agressivo que tentou roubar o meu chapeu numa festa. mesmo eu não precisando de ajuda. porque, ainda outro dia, ele me confessou que começa a ter vontade de ser pai. e a gente combinou de um ir no casamento do outro. e a gente apostou quem casa primeiro.

hoje ele me ensinou como montar um cubo mágico. é tudo uma questão de algoritmo, ele dizia. e ele girava as peças muito muito rápido, enquanto eu tentava acompanhar o raciocínio. ele levou poucos minutos, me ensinou que lado priorizar das cores, e como, dali, você vai, linha por linha, acertando cada coluna, até que cada cor fique em seu lugar. e eu não sei nada de algoritmo. eu fico tentando entender esses meninos gênios com os quais eu convivo. essa familiaridade com números. com algoritmos e códigos. eu não tenho raciocínio lógico. eu quero aprender essa lógica dele, de resolver o cubo mágico em poucos minutos. pra mostrar pra ele, quando a gente se encontrar de novo. se algum dia, a gente se esbarrar de novo.

nunca mais na vida eu vou olhar um cubo mágico sem lembrar dele. do meu amigo menino da nova zelândia.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

sobre o tempo das coisas.

hoje eu fiz um ano de firma colorida. um ano desde que eu recomecei, sem ter a menor ideia de como seria a vida. há uns dias atrás fez um ano que eu vi covinhas se apaixonar, bem debaixo do meu nariz, pela menina bonita com quem ele acabou se casando. vai fazer um ano, também daqui a pouco, dentro de um mês, que eu escrevi aquele post que fez desmoronar a vida como eu conhecia. que eu vi meu melhor amigo virar um estranho. que eu vi todos os outros, um por um, seguirem pelo caminho que ele havia desenhado, e se afastarem de mim. porque eu ousei escrever como eu me sentia.

há um ano eu olhava as meninas da firma e queria que elas fossem minhas amigas. que aquelas cápsulas se rompessem, elas sorrissem e me chamassem pra almoçar. hoje, basta um olhar, e a gente sabe o que vai, ali. loud and clear. há um ano eu torcia que aquela conversa que parecia começar a se desenrolar na outra ponta da mesa, entre o menino que eu amava e a menina que acabava de nos ser apresentada não fosse como aquelas fagulhas que a gente vê em filme, de amor à primeira vista. e era. há um ano eu me sentava no sofá do amigo e contava sobre o meu primeiro dia de trabalho, enquanto ele me servia um experimento de petit gateau, com uma camada grossa de geléia de gengibre por cima. estava gostoso.

eu escrevo isso com um nó na garganta, de verdade. porque um ano é tempo suficiente pra ver as coisas virarem poeira no ar, simplesmente se desfazerem. um ano é tempo suficiente para eu me desfaça.

e me construa de novo.

hoje eu procurei pelo covinhas no facebook. tem esse garoto lá no andar que se parece com ele. toda vez que a gente se esbarra, a mesma coisa. fiquei curiosa. digitei nome, sobrenome. nada. entrei com o perfil da minha irmã, já que, como o ex melhor amigo fez, ele bem podia ter me bloqueado. não havia nada. nenhum resquício. nem dele, nem dela, nem daquilo que um dia ele foi. é como se ele nunca tivesse existido. apenas uma lembrança embaçada de uma época distante.

um ano.

em alguns dias eu finalizo a primeira grande entrega do meu projeto, na firma colorida. isso bem pode ser o primeiro passo de outros que virão, mas bem pode não ser. é tempo de repensar a vida. de olhar as coisas do alto, e ver o que me serve, e o que não. decidir se é hora de andar, ou se ainda vale continuar parada, mais um tiquinho. não sei. eu começo a olhar as coisas com algum distanciamento. talvez seja hora de andar. de ver o que há, pra mim, em outros lugares.

não sei.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

flashbacks

e aí que agora não tem pessoa naquela firma colorida mais próxima de mim do que o menino mais bonito do mundo. não sei bem se foi a gente ter dado uns beijos na festa da firma, ou se essa aproximação viria naturalmente, por causa do projeto. fato é que a gente virou meio dupla, e trabalha junto, cada um em seu andar. e discute as coisas, e se mete em reunião. e começa a se comunicar, de leve, só olhando. eu acho bem bom, porque não bastasse ele ser bonito daquele tanto, ele é muito bom mesmo, do tipo que faz bem trocar ideia, discutir projeto, etc. e tem o olho verde, né? parei.

o mais engraçado é que de vez em quando eu tenho esses flashes. da festa. hoje, no meio da reunião com os malucos dos códigos, aqueles bem nerds responsáveis pelo desenvolvimento, eu estava mexendo no meu brinco, e, sem querer, nossos olhares de cruzaram.

e o que eu vi foi o meu brinco, o mesmo que eu estava mexendo, e que estava na minha orelha, na boca dele. o brilhantinho, surgindo, assim, preso entre os dentes.

flashbacks. trabalhamos.

sábado, 8 de janeiro de 2011

as coisas começaram a ficar preocupantes quando eu percebi que chegou o email com a escala de plantão e eu fui lá checar se o jornalista ia trabalhar. tipo. que espécie de pessoa eu me torno, de checar coisas de uma pessoa que não é nem nada minha? ele não ligou mais depois de sair da minha casa. eu não quero saber sobre a viagem dele. dei hide no facebook, não quero ver, nem saber de nada. nem ver fotos. a festa que ele foi é um tipo de festa que eu jamais poria meus pés. se pessoa equilibrada eu fosse, eu já teria submetido esse menino na minha matriz swot e decidido que ele não serve mesmo. gosta de lugares estranhos, musica estranha, festas bizarras. dessas que só tem piriguete e moleque. sem preconceito. imagina. mas não combina comigo. ele é mais novo. o suficiente pra levantar a sirene e dizer RUN. e eu to aqui. por que ele não me ligou? filho da puta, igual a todos os outros. e ele foi pra pasta the others, pra eu não ver online, e me proteger da dor de coração que é ver ele ali, não falando comigo. e eu vou checar a porcaria da escala de plantão do final de semana, uma planilha que não me interessa EM NADA, pra ver se ele vai estar de sobreaviso. o menino jornalista. alto e legal. que gosta de filmes e me deixou absolutamente sem rumo. que andou de mãos dadas comigo até o cinema. que parece não se importar. que continua gostando de música ruim, e indo a lugares que eu não frequentaria. minha matriz swot, se eu fizer, desequilibra. tanto ponto que não serve. que burra que eu sou. que idiota. meodeos. alguém me mata, faz favor.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

carta aberta para a amiga

velma, querida.

quando eu coloquei a minha vida no carro, o que eu podia carregar, eu tive medo. parte porque alguns dos queridos já tinham vindo pra são paulo, e eu não entendia direito o que a cidade havia feito com eles, se era bom, ruim, ou como lidar com isso. parte porque eu deixava outros queridos pra trás, e eu temia, de leve, que a cidade fizesse comigo o que eu temia que ela tivesse feito com os outros. quando eu coloquei a minha vida no carro e botei george michael pra cantar faith enquanto a marginal tietê se desenhava ao longe, com o horizonte apinhado de prédios e um céu lindo, amarelado, de sol de fim de tarde que até hoje eu não vi igual, eu sabia exatamente o que eu estava perdendo. eu não sabia nada sobre o que eu iria ganhar. 

agora é veneceous. colocando a mesma vida num carro. e eu vou desenhar pra ele um mapinha, com todos os pontos de referência que eu conseguir. pra que ele chegue seguro na minha casa. pra que ele ocupe o sofá roxo que vai ser dele, durante o tempo que ele quiser. pra que ele descubra as coisas que eu descobri.

são paulo muda as pessoas. a maioria endurece. isso é o que todos dizem. isso é o que eu vi acontecer com alguns dos meus queridos. não é um endurecer ruim, sabe? é um endurecer no sentido de enfrentar as coisas, de ser adulto pela primeira vez. de verdade. 

são paulo me mudou. são paulo me tornou doce, uma doçura que eu nunca tive. me tornou mais agressiva no trabalho, mais confiante no que eu faço. mais rodeada de gente assim como eu. 

nós ainda não sabemos o que são paulo vai fazer com veneceous. mas eu vou te contar o que eu acho. eu acho que ele vai ser feliz, aqui. e que ele vai morrer de saudades daí. porque ele é da praia como eu nunca fui. da vida ao ar livre, da capoeira, da corrida. mas ele vai entender que pra tudo tem hora, e que se for o caso, quando for a hora, ele volta. assim como eu sei que eu não volto. porque eu sempre fui dos carros, das buzinas, do concreto.

receba esse post como um abraço. de quem entende o que é ver o melhor amigo ir pra longe. e saber que é o melhor pra ele. e tentar descobrir esse novo jeito de conviver. de conversar. de saber. veneceous e eu tomamos café da manhã juntos por vários e vários domingos. via skype. com gargalhadas e oversharing. não há ninguém que tenha mais mensagens armazenadas no meu celular. porque toda hora é hora. porque basta dois cliques. basta chamar e o outro está ali, sempre esteve. eu tô te contando isso pra você saber que nada muda. que ele continua seu como sempre foi. porque não tem velma sem veneceous. e não tem veneceous sem velma. porque em boa parte desses sms que eu te contei, que ele me manda desde sempre, tem foto sua. que ele tirou e você nem viu. e mandou pra mim. pra que eu continuasse por perto, mesmo longe. perto dele, e perto de você.

agora, que a situação é levemente invertida, eu te digo que vou te mandar fotos. dessas que ele não vai ver eu tirar. dele experimentando a cidade. sorvendo cada detalhe, como foi comigo. e você, de longe, vai estar perto. e os cafés da manhã agora serão de vocês. e você vai ver que nada muda. porque a base é forte, o chão é firme. e esse tipo de coisa, distância nenhuma apaga. só fortalece. 

eu sei. porque foi o que aconteceu comigo. e com ele.

meu sofá é seu, assim como é dele. na hora que a saudade apertar, venha nos ver. e a gente vai te levar pro vegas, pra praça do por do sol, pra bater perna nas ladeiras da vila madalena.

foi veneceous que te trouxe pro meu mundo. foi por causa dele que a gente construiu essa amizade bonita. que nem nota que são 470km de distância. eu sou grata a ele, por isso.

eu vou cuidar bem do nosso garoto. te prometo.

um beijo.
ç.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

a grande novidade da vida é que a menina de cabelos vermelhos agora não tem mais cabelos vermelhos. pintou de castanho. e vou dizer. ficou bom. ficou incrivelmente melhor. ficou mais suave, menos agressivo. arrisco dizer que ela ficou bonita. o que, naturalmente, negarei até sob tortura, se for perguntada.

ontem tinha um jantar com a equipe antiga. porque o co-worker que mudou pro canadá estava de visita, e queria ver todo mundo. é engraçado eu olhar pra ele e ter tanto carinho. ele me torturava sadicamente no ano passado, ops, retrasado. com aquela coisa de ser territorialista, e etc. ele veio, e eu corri pra almoçar com ele, pra mostrar que o projeto que ele começou e eu toco está indo direitinho. porque está. e porque eu quero que ele veja, e que ele saiba. porque é dele também.

e então eu almocei com ele e jantei com ele e a equipe antiga. onde estava a menina de ex cabelos vermelhos. que nem está mais na firma colorida. agora os corredores são só meus, hoho. meu objetivo, no war da firma colorida, era destruir os exercitos vermelhos. não que eu tenha feito alguma coisa, mas os exércitos vermelhos foram ver a vida colorida de outros lugares, e eu achei bem bom. e eu gosto TANTO das pessoas que estavam ali. foi engraçado ver ela sendo empurrada para a ponta da mesa, e as pessoas se sentando perto de mim. os olhares de cumplicidade, todo mundo com o mesmo objetivo. ficar longe. quando as pessoas foram indo embora, as cadeiras foram sendo juntadas, o grupo menor, a gente se sentou mais perto. eu fui simpática e fofa. porque eu não consigo não ser. quando o motivo da briga se esvai, eu **quase** ganho carinho pela pessoa. eu não posso gostar dela, porque ela não gosta de mim, maltrata as pessoas, e quer me dar (muita) porrada. ela que disse. eu tô na minha. ela não faz diferença na minha vida. fazia quando tratava mal pessoas que eu gosto, fez quando impediu o gerente de covinhas de me contratar lá na equipe antiga. mas foi isso que me trouxe pra equipe nova, e eu gosto tanto daqui. ela não está por perto. não faz diferença na minha vida. e eu pude olhar pra ela e sorrir sem um pingo de mentira. ela ficou resistente, mas depois sorriu de volta. não acho que o sorriso, ali, seja de verdade. não me interessa. ela não faz diferença. espero que esteja bem.

ela ficou bonita, com os cabelos castanhos. ficou mesmo.

sobre 2011

a ideia é ser mais blasée. eu ando um pouco cansada dos extremos. eu fervo ou gelo, minha mãe sempre diz. dra freud falou, outro dia, você é passional demais. você, no caso, era eu.

eu sou passional demais.

o pior é que ela está certa. eu faço drama pra qualquer coisa, eu levo tudo às últimas consequências, eu sempre acabo arrasada, pro bem ou pro mal. eu choro até dormir, eu fico magoada de morte, eu me sinto injustiçada se as coisas não acontecem do jeito que eu quero. eu falo demais. escrevo mais do que devo, sobre coisas que talvez eu não devesse. me sinto facilmente rejeitada, destinada ao abandono. por meninos bonitos, por amigos, tudo e todos. tenho crises de ansiedade, me acho feia, burra, errada. como se fosse sorte as pessoas ainda me rodearem. acabo mais passive agressive do que eu deveria, o exato passive agressive que eu odeio enxergar nas pessoas, mas que eu faço igualzinho. medo de aborrecer, medo de desagradar, de ser desaprovada. em 2010 eu guardei essas coisas todas e vivi essa outra vida, que foi boa, foi ótima. mas eu não aprendi a desapegar desses sentimentos. então eu flanei lindamente como se nada disso existisse. 

mas existe. está aqui.

eu sempre achei que eu fosse racional.

sempre achei que eu estava priorizando trabalho porque isso era o importante, e que depois todo o resto se resolveria. e eu evitei me encantar com meninos durante tanto tempo. foco no trabalho, eu pensava. ninguém é bom o suficiente, que valha o esforço, o desgaste. na verdade, tem um monte de gente que vale o esforço, que vale o desgaste. eu é que não sou pessoa talhada pra esse tipo de vida. por causa do drama. eu desmorono fácil. pareço feita de areia. basta encostar. basta não ligar. basta eu achar que fui abandonada, de novo e de novo. eu sou passional demais. eu não lido com abandono. não sou nada adulta pra isso. não sei sobreviver a isso, como todos os outros fazem, e seguir a vida, e não pensar. eu penso.

aos 31 anos, eu já devia saber lidar com essas questões. entender que nem sempre é pessoal, que nem sempre as pessoas me machucam de propósito. que nem sempre elas se importam, e nada disso é porque há algo que eu tenha feito de errado. é porque é assim que é a vida. e eu já devia saber que a vida é assim, a essa altura do campeonato.

acontece que eu não sei. e ser blasée é o exercício que eu me proponho, numa tentativa de me proteger do resto todo. do peso das coisas. do peso que as coisas não precisam ter. mas que eu ponho, toda vez. se eu conseguir ser blasée, então as coisas poderão ser mais leves. e eu não vou sair tão machucada, sempre. e eu não vou me rasgar no blog, e nem na vida. eu vou ter achado um ponto de equilíbrio, um meio-termo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

reflexão

Porque, se 2009 começou devagar, 2010 acelerou antes do que eu esperava, me atropelou e me arrastou, sem rumo, sem destino, por meses e meses. E quando parou, e a poeira baixou, eu ainda precisei de uns segundos pra me levantar. Pra espanar a poeira do vestido, enxugar as lágrimas e ver o que havia sobrado, e qual seria o caminho mais seguro a seguir. Mal sabia eu que aquela rota desenfreada já era o caminho, e que ali, no meio do nada, empoeirada e chorosa, eu já estava mais perto do que eu ousava imaginar. O mesmo caminho, bonito, que me trouxe aqui, hoje.

Pra 2011, eu não sei ainda. Espero ter algum controle.