o menino da nova zelândia ficou meu amigo. talvez pela proximidade das mesas, talvez por causa da participação em projetos conjuntos. o menino da nova zelândia ficou meu amigo e, quando ele um dia olhou pela janela e se deu conta de que são paulo não servia pra ele, e pediu demissão, e organizou a vida pra voltar lá pro outro lado do mundo, eu me vi triste.
triste porque ele é engraçado, e divertido, e tem um sotaque que me dá nos nervos. e porque ele canta total eclipse of the heart alto, no meio do expediente, arrancando gargalhadas, sem nem perceber. por causa do helicóptero que ele faz voar no andar, e que distrai todo mundo. e diverte. por causa do meu celular tocando no meio do restaurante, porque ele foi ao shopping e está tentando comprar maquiagem pra alguma garota com quem ele tenha ficado, e ele me liga pra saber se ela ia gostar mais de sombra ou de rímel.
a gente convive com as pessoas e sabe que tudo na vida acaba sendo circunstancial. eu não me aproximaria dele na vida em geral. foi preciso que colocassem as nossas mesas lado a lado pra que a gente se aproximasse. a gente continua absolutamente diferente. nada em comum, tirando o vício em seriados. ele foi colocado ali, e por causa das circunstâncias, eu pude conhecer um rafael divertido, atencioso, sério e moleque, ao mesmo tempo. e ele está indo morar do outro lado do mundo. porque, ao contrário de mim, ele nunca pertenceu a são paulo. ele quer surfar, e viver na beira da praia, e continuar tirando as fotos mais incríveis dos lugares mais incríveis. e eu vou ter onde ficar se por acaso eu resolver ir passear na austrália, mas eu nem tenho assim tanta vontade de conhecer essas bandas. eu gosto de cidade.
eu venho me despedindo dele, em silêncio. desde quando ele me puxou num canto e contou, antes que todo mundo soubesse. pra que eu me preparasse. e eu disse que ele devia mais era ir mesmo, buscar aquelas coisas que ele queria. mas que eu ia sentir saudades. e eu realmente vou. porque ele se convida para as festas e grita no karaoke com a gente. porque ele arrumou briga com um viado agressivo que tentou roubar o meu chapeu numa festa. mesmo eu não precisando de ajuda. porque, ainda outro dia, ele me confessou que começa a ter vontade de ser pai. e a gente combinou de um ir no casamento do outro. e a gente apostou quem casa primeiro.
hoje ele me ensinou como montar um cubo mágico. é tudo uma questão de algoritmo, ele dizia. e ele girava as peças muito muito rápido, enquanto eu tentava acompanhar o raciocínio. ele levou poucos minutos, me ensinou que lado priorizar das cores, e como, dali, você vai, linha por linha, acertando cada coluna, até que cada cor fique em seu lugar. e eu não sei nada de algoritmo. eu fico tentando entender esses meninos gênios com os quais eu convivo. essa familiaridade com números. com algoritmos e códigos. eu não tenho raciocínio lógico. eu quero aprender essa lógica dele, de resolver o cubo mágico em poucos minutos. pra mostrar pra ele, quando a gente se encontrar de novo. se algum dia, a gente se esbarrar de novo.
nunca mais na vida eu vou olhar um cubo mágico sem lembrar dele. do meu amigo menino da nova zelândia.
triste porque ele é engraçado, e divertido, e tem um sotaque que me dá nos nervos. e porque ele canta total eclipse of the heart alto, no meio do expediente, arrancando gargalhadas, sem nem perceber. por causa do helicóptero que ele faz voar no andar, e que distrai todo mundo. e diverte. por causa do meu celular tocando no meio do restaurante, porque ele foi ao shopping e está tentando comprar maquiagem pra alguma garota com quem ele tenha ficado, e ele me liga pra saber se ela ia gostar mais de sombra ou de rímel.
a gente convive com as pessoas e sabe que tudo na vida acaba sendo circunstancial. eu não me aproximaria dele na vida em geral. foi preciso que colocassem as nossas mesas lado a lado pra que a gente se aproximasse. a gente continua absolutamente diferente. nada em comum, tirando o vício em seriados. ele foi colocado ali, e por causa das circunstâncias, eu pude conhecer um rafael divertido, atencioso, sério e moleque, ao mesmo tempo. e ele está indo morar do outro lado do mundo. porque, ao contrário de mim, ele nunca pertenceu a são paulo. ele quer surfar, e viver na beira da praia, e continuar tirando as fotos mais incríveis dos lugares mais incríveis. e eu vou ter onde ficar se por acaso eu resolver ir passear na austrália, mas eu nem tenho assim tanta vontade de conhecer essas bandas. eu gosto de cidade.
eu venho me despedindo dele, em silêncio. desde quando ele me puxou num canto e contou, antes que todo mundo soubesse. pra que eu me preparasse. e eu disse que ele devia mais era ir mesmo, buscar aquelas coisas que ele queria. mas que eu ia sentir saudades. e eu realmente vou. porque ele se convida para as festas e grita no karaoke com a gente. porque ele arrumou briga com um viado agressivo que tentou roubar o meu chapeu numa festa. mesmo eu não precisando de ajuda. porque, ainda outro dia, ele me confessou que começa a ter vontade de ser pai. e a gente combinou de um ir no casamento do outro. e a gente apostou quem casa primeiro.
hoje ele me ensinou como montar um cubo mágico. é tudo uma questão de algoritmo, ele dizia. e ele girava as peças muito muito rápido, enquanto eu tentava acompanhar o raciocínio. ele levou poucos minutos, me ensinou que lado priorizar das cores, e como, dali, você vai, linha por linha, acertando cada coluna, até que cada cor fique em seu lugar. e eu não sei nada de algoritmo. eu fico tentando entender esses meninos gênios com os quais eu convivo. essa familiaridade com números. com algoritmos e códigos. eu não tenho raciocínio lógico. eu quero aprender essa lógica dele, de resolver o cubo mágico em poucos minutos. pra mostrar pra ele, quando a gente se encontrar de novo. se algum dia, a gente se esbarrar de novo.
nunca mais na vida eu vou olhar um cubo mágico sem lembrar dele. do meu amigo menino da nova zelândia.
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