segunda-feira, 30 de março de 2009

Quinta-feira.

Amiga triste no MSN, sem saber o que fazer com o final de semana. Eu digo. Pega um avião e vem pra Sumpolo. Ela vem. Sábado chove o dia todo, colocando por terra todos os meus planos felizes de levá-la na Benedito Calixto. Shopping, néam? O que paulistano faz de fim de semana, principalmente com chuva? Shopping. Aí a gente vai pro cinema ver Ele não está tão a fim de você.

Filme de mulherzinha, perfeito. Quase morro algumas vezes, comédia romântica faz efeito sobre a minha pessoa. Isso acontece. Daí, faltando uns 10 minutos pro final do filme, bem naquela hora específica que as historinhas começam a se delinear, alarme de incêndio. É. Alarme de incêndio. As pessoas se mexem nas cadeiras, meio sem saber se devem correr por suas vidas ou ver o Ben Affleck e a Jennifer Aniston fazendo as pazes. Eu rio, né? Porque me lembro imediatamente daquele episódio de Friends que Chandler compra aquelas cadeiras novas e reclináveis, e ele e o Joey não conseguem se levantar, nunca mais. E ficam lá vendo Beavis e Butthead, e rindo descontroladamente, e aí toca um alarme de incêndio, e o Chandler coloca a mão no chão pra ver se está quente e diz que eles ainda têm alguns minutos. Eu queria ver o final do filme. O grande propósito de uma comédia romântica é quando os casais fazem as pazes e têm seus finais felizes.

E as pessoas do cinema sem saber o que fazer. Eu decidi que ficaria ali, e que sairia quando aparecessem bombeiros, gritando fogo e apontando para as saídas de emergência. Bem no meio desse pensamento, o alarme toca de novo. Eu caio na gargalhada, e desconcentro total do filme. Choro de rir, actually. Porque as pessoas se desesperam, algumas, e descem as escadas, meio que querendo ficar perto das portas. Mas elas descem devagar, pra pegar o momento do beijo. E eu rindo. Sentada na minha cadeira. Eu morro queimada, mas vejo o fim do filme. Simples assim. Quando o filme acaba, eu grito FOGO. Pra neguinho correr, afinal não era esse o tal propósito do alarme de incêndio? Não era nada. Quando eu saí, tudo estava na mais perfeita ordem. Nada de fogo.

Domingo, mercadão. Pra comer o bendito pão com mortadela que tanto falam. Mercadão fechado. O mercadão não fecha nunca, mas fecha exatamente no dia que eu pego o meu domingo e resolvo ir lá fazer uma visitinha. Liberdade, né? Muitos japoneses, um macarrãozinho sem graça numa espécie de fast food. Valeu pelos chicletes de blueberry, doces toda vida, com embalagem japonesa bonitinha. E aí, quando você acha que nada mais vai te acontecer, gripe. Porque meu final de semana ainda precisava ser fechado com chave de ouro. Amiga devolvida no aeroporto, 250 espirros depois e eu estou em casa. Semi-morta. E surda.

sábado, 28 de março de 2009

Eu costumava implicar com o sotaque paulista.

Isso foi antes de eu saber a diferença entre paulista e paulistano. Paulista é quem nasce no estado de São Paulo, paulistano é quem nasce na cidade. Tipo carioca e fluminense. Então, na verdade, eu implicava com o sotaque paulista, que eu achava que era o da cidade de São Paulo. Essa coisa “os mano”, “as mina”, “véio”, "trampo". Daí eu descobri que isso é uma coisa muito localizada em uma certa área da cidade. Gíria de motoboy, eu ficava pensando. Não. O paulistano que eu tenho conhecido fala bonitinho, com um “r” levemente preso e uma entonação levemente anasalada. E eu me pego adorando o sotaque.

Eu sou suspeita. Criei um amor a essa cidade que mal cabe dentro de mim. E eu não conheço nada pra gostar tanto assim. Eu tenho consciência que esse amor é meu, e vem muito de tudo o que eu projetava, e que a cidade não me decepcionou. Eu gosto do barulho, do movimento, dos temporais no meio da tarde. Da minha janela no trabalho eu vejo o fim de tarde com a ponte estaiada ao fundo, e o céu meio cor de rosa. São Paulo tem céu cor de rosa, aquele céu que eu declarei meu.

Eu não cresci no Rio. Sou fluminense, pela definição da palavra. Nasci na Tijuca, o que me faz carioca da gema, mas saí de lá com poucos dias de vida pra ir para a cidade em que a minha família efetivamente morava. A cidade siderúrgica. Que é poluída e tem os céus cor de rosa com os tons mais incríveis no fim da tarde. Poluição faz isso. Eu não ligo. Ligo para os tons, e pra saber se a minha câmera vai conseguir captar tudo aquilo da janela do apartamento.

A cidade siderúrgica fica estrategicamente posicionada entre Rio, São Paulo e Minas Gerais. Foi “plantada” ali, pra facilitar os transportes de todo aquele aço até onde ele seja necessário. Foi povoada com trabalhadores vindos de diversas partes do país, mas de Minas Gerais em sua maioria. Então o sotaque é meio de Minas. Tem aquela coisa meio fofinha do mineiro, de falar engolindo letras no final das palavras. Andano. Partino. Falano. Só fui descobrir que falava assim na faculdade, quando uma amiga implicou. Ao me dar conta, decidi que me policiaria pra falar direito. E coloquei cada um dos dês que faltavam nos meus gerúndios.

Eu nunca puxei o s. O sotaque da cidade siderúrgica puxa pra Minas no gerúndio, tem o erre do rio de janeiro, bem rasgado. E uma ou outra coisinha de São Paulo. Tipo um híbrido, um sotaque específico. No Rio, passei 10 anos sendo tratada como forasteira, pela falta do s com som de x. O resto do sotaque, peguei. Aquela coisa de falar de um jeito meio cantado, cheio de manha. Isso é do carioca. Vim pra São Paulo, e todo mundo aqui diz que eu tenho muito sotaque. Mas eu não puxo o s, eu digo. Ninguém liga. É essa coisa cantada que chama atenção, por aqui.

terça-feira, 24 de março de 2009

Então chegou o crachá novo da firma

e eu fui lá brincar no twitter, contando que estava com cara de psicopata. Eis que. Surge um reply, do estagiário. Provando que só não é mais nerd que eu, porque ele já estava nos meus feeds há duas semanas. Mas agora ele me achou, e me segue, e recebe efetivamente tudo o que eu falo. Então vou ter que parar de zoar a aula de alongamento.

A aula de alongamento é mais uma das maravilhas da firrrma. Não tem pra mim a mesma importância do carrinho de doces, ainda que desse eu vá fugir enquanto houver forças. O carrinho de doces é assim. De duas em duas horas, menos talvez, ou ao toque do telefone de um esfomeado nas redondezas, chega a mocinha com um carrinho. Tem sanduíches, que aqui em sampa as pessoas chamam de lanche. Sanduíche = lanche. Pescou? Então tem lanches de presunto e queijo, e outras variações. Tem sucos e chás, e refrigerantes, e salada de frutas. E chocolates variados. Outro dia tinha bolo de cenoura, daqueles com cobertura de chocolate. E se vc estiver com fome mesmo, pode pedir alguma coisa com mais sustança, que eles trazem na sua mesa. E vc pode pagar com ticket, débito, etc e tal.

A mocinha é uma simpatia. Cheia de amigos, leva o carrinho em cada mesa, com um boa tarde, ou a saudação mais apropriada ao horário. O boa tarde é o código pra você olhar o carrinho, escolher as guloseimas e travar alguma conversa gentil e nonsense. A mocinha do carrinho sabe o nome de todo mundo, e todo mundo sabe o nome dela. O meu ela ainda não sabe. Mas é porque eu desvio do carrinho every single time. Porque no dia que eu comprar meu primeiro chocolate, ou minha primeira coca cola, tudo estará perdido.

O alongamento é capítulo à parte. Eu achava que era às segundas, quartas e sextas, mas hoje é terça e a médica (ou mocinha da ginástica?) veio. Galerë levanta, braços pro lado, estica, puxa. Eu seguro o riso. Porque pra mim, ginástica e trabalho juntos, não funciona, sei lá. Mas aí tinha o japonês lá na minha mesa, me ajudando com coisinhas de nerd, e ele resolveu fazer também. E eu era uma ilha, imóvel, cercada de pessoas se alongando por todos os lados. Aparentemente isso é cultural ali dentro. Muitas minhoquinhas fazendo ginastiquinha.

sexta-feira, 20 de março de 2009

A difícil tarefa de fazer amigos

Eu sempre ouvi dizer que as pessoas em São Paulo eram mais reservadas. Eu sempre me irritei horrores com a mania que os cariocas têm de virar best friends forever cinco minutos depois de se conhecerem. E eu sempre fui mais reservada do que a maioria das pessoas à minha volta. Eu tô falando de trabalho, né? Porque, já aviso, o assunto vai bombar por esse blog daqui pra frente, por pelo menos 4 meses. Então eu cheguei na firma nova e, em cerca de 72h, utilizando recursos como observação, mapeamento e stalking na internet, eu já havia determinado quais seres humanos ali poderiam ser meus amigos. Mas eu não contava com uma coisa. Eu não conheço esse bicho estranho que vive em São Paulo. E todas as minhas estratégias sempre foram baseadas no tipo de bicho estranho que vive no Rio. E sim. Eu sou reservada, mas para padrões cariocas. Eu falo com as pessoas. Eu demonstro interesse, faço perguntas, estou pronta a respondê-las. Eye contact. Prática de amizade exige esforço. Isso deveria estar num manual, porque neguinho parece que não entende o princípios básicos.

Daí eu, com minha lista formada de amigos em potencial, comecei a ser simpática. Gentil, sorridente, interessada. E ninguém faz perguntas, ninguém sorri de volta. Awkward silences, here i go. Daí pensei, néam. Neguinho não foi com a minha cara. Hipótese refutada, dado meu alto índice de adorabilidade. Voltei para a observação, pra fazer ajustes e descobrir como é que gente, em São Paulo, fica amiga no corporativo. Considerando que a equipe toda é muito autogerenciável (se é que a palavra existe), pessoas ficam voando solo, por ali. Eu sou uma delas, em breve, quando acabar o meu “treinamento” e eu começar efetivamente a fazer coisas sozinha. Os horários são loucos, e não raras vezes as pessoas comem sozinhas. Eu odeio comer sozinha. Tenho pena de mim, juro, me acho freak sozinha numa mesa de restaurante. Nem tentem me analisar. Eu já tratei isso na terapia e cheguei à conclusão que isso é fichinha perto dos meus outros problemas de cabeça. Mas eu costumo ser esperta e sempre acabo almoçando com as outras meninas da equipe. O que me levou à observação de outro fato muito interessante.

As pessoas não conversam entre si. Eu tinha ido almoçar com essa garota, e ela é super legal. E me contou várias coisas, que é casada, e que passa só a semana em SP, etc e tal. E eu dei atenção, eu queria saber mais. No dia seguinte, almoçamos as duas, mais outras duas meninas da equipe. Que ela já conhece há mais tempo, visto que eu cheguei agora. E ela contou as mesmas histórias para as outras garotas. E eu me dei conta que elas não conversam, não há prática efetiva de amizade, ali. Não há. E eu, como boa carioca (mais ou menos), pensei que tenho uma missão nesse mundo. Unir as pessoas. Reunir todo mundo em almoços felizes, onde as pessoas comem juntas e ficam amigas.

Não tem sido fácil, devo confessar. Eu me vejo gritando de frente pra muros. Tudo o que ouço são grunhidos, palavras curtas, dessas de três letras, quando muito. Fosse o Rio, eu já estava mais próxima, super pertencente ao grupo. Aqui, ajustes ainda se fazem necessários. Não é que as pessoas não gostem de mim, ou sejam resistentes. Ela funcionam dessa forma, só isso. E aí hoje tinha esse cara, novo numa outra equipe, almoçando com o grupo. E ele estava muito isolado. E em um mundo ideal, eu o incluiria. Mas eu ainda estou deslocada. Preciso concentrar meus esforços em mim.

Aí tem a equipe de japoneses, aqueles cujos nomes eu não conseguia decorar. Uma das hipóteses tem se reforçado. Pra ir encontrá-los nas reuniões diárias, eu preciso subir 4 andares. 62 degraus. Na prática são dois andares, mas os andares lá são duplos, anyway. O elevador não me serve, é louco. Então, eu pego a garrafinha de água, respiro fundo e subo as escadas. Eu chego no andar deles vermelha, ofegante, sem oxigenação necessária no cérebro. E convenhamos. São japoneses. Falta decorar o nome de dois. Mas deles eu fiquei amiga. Eles fazem perguntas, e demonstram interesse, e já batemos altos papos sobre The Big Bang Theory. Eu não posso não ser amiga de quem conhece Sheldon Cooper. Então, é isso. Acho que estou fazendo amigos japoneses. Na outra equipe. Na minha, a das meninas coloridas, um longo caminho se anuncia.


* O estranho é que pra ficar amigo as pessoas são cheias de dedos. Mas o que eu tenho visto de casal em ambiente corporativo, ninguém nem faz idéia.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Integração

Salinha de treinamento, apresentação da empresa, um mundo maravilhoso em que eu super acredito.

E eu pensando que não pode acabar, não pode acabar, não pode acabar. É cedo pra pedir pra ficar, há um caminho a ser percorrido.

O kit de boas vindas incluía uns mimos tipo mochila, squeeze, caneta, caderno, camiseta. Eu fico pensando se o kit pé na bunda incluirá lencinhos e óculos escuros.

domingo, 15 de março de 2009

A arte de decorar nomes

Eu posso administrar muita coisa. Eu consigo lidar com a espinha que se instalou no meu queixo na minha primeira semana de trabalho, ali, dizendo bom dia a quem resolve olhar pra mim. Eu consigo lidar com a roleta que vez por outra encana comigo, com o elevador louco que vai para andares estranhos e passa sempre lotado, me obrigando a subir lances e lances de escada. Eu consigo até mesmo manter a cara séria e compenetrada quando tudo o que eu penso é que o gerente é husband material, lindo toda vida. Mas eu não consigo decorar nomes na velocidade em que as pessoas se apresentam.


Sério. Eu já fui melhorzinha nessa arte. Ultimamente, é fail total. Fulano se apresenta, 5 minutos se passam, e eu estou. Quem? Quando? Onde? Um horror. Vou tentando atribuir tags às pessoas. Fuulano é o de cabelo assim, cicrano é o que tem piercing, etc e tal. E você até tem a ilusão de que está indo bem, que uma hora ou outra poderá chamar as pessoas pelos nomes corretos. Aí neguinho te coloca numa reunião com uma equipe de 8 pessoas. 6 delas, japoneses. Eu decorei três nomes, uma média excelente. Um garoto não japonês loiro de piercing, um garoto não japonês moreno e normal, e um oriental levemente diferenciado, com uma cara meio de chinês mas que super pode ser coreano, saca? Ou japonês, mesmo. Os outros, meodeos. Sem pistas.


Estava no banheiro, escovando os dentes. Uma garota entrou, parou na pia ao lado e foi super gentil. Se apresentou, disse o que fazia, perguntou quem eu era e me deu boas vindas. Fofa, né? Adoro gente gentil com forasteiros. Esse troço de se integrar exige esforço das duas partes. Quando ouvi o nome da menina, repeti, numa tentativa em vão de memorizar. 5 minutos depois. Quem? Onde? Quando? Nada mais me lembro.


E aí não dá, néam? Porque se a pessoa deseja se integrar, o mínimo esperado é que ela saiba os nomes das pessoas da equipe. Comofas? Eu lancei na internet. Sou boa fisionomista, isso havia de me servir de algum jeito. Taco geral no Google, Facebook, Orkut. Acho flickr, blogs, twitters. Vou descobrindo detalhes e decidindo de quem eu vou ou não vou gostar, de antemão. Eu não tenho paciência pra esse troço de ir conhecendo as pessoas. O negócio é pegar atalho mesmo, ver se fulano parece legal, se tem bom gosto pra música, se fulana é casada, quem é amigo de quem. Quem é colorido nas fotos, esse tipo de coisa. Não adiciono ninguém, porque ainda não é hora. E eu sigo uma etiqueta. Salvo nos favoritos, no delicious (com cadeado, naturalmente), nos bookmarks do Orkut. Pego RSS do twitter. Porque virar follower a essa altura do campeonato me parece precipitado. Achei a garota legal do banheiro, ela continuou legal depois que eu vi os perfis todos. Agora eu sei o nome. Pode parecer maluquice, meus amigos me olham com cara de /q sempre que eu sugiro tacar as pessoas na internet. Mas esse é o meu modus operandi, é assim que eu funciono.

quarta-feira, 11 de março de 2009

party of five

Eu tenho esses amigos no Rio. Eu tenho muitos amigos no Rio, vivi lá dez anos, mas eu estou falando de quatro em especial. Nem são amigos de tanto tempo, os conheço desde 2006. Nem contabiliza 3 anos, ainda.

Eu me lembro de uma coisa em especial, de como a gente ficar amigo me pareceu algo assim, aleatório¹. Era segunda semana de curso, e ninguém se conhecia. Meses mais tarde eu me daria conta do quanto não valia a pena conhecer melhor boa parte daquelas pessoas, mas anyway. O professor explicava o projeto final, que seria entregue em um ano e meio, e que os grupos deveriam estar formados desde o início, para a execução das etapas. Ninguém se conhecia, tanto faz quem entrasse em qual grupo. Eu não tinha ficado amiga de ninguém, achei uma garota com um papel na mão e perguntei se podia fazer parte. Chegou outra garota, de olho azul. E outra, japonesa. E então um garoto se aproximou, e foi o último nome a completar a lista.

Ao longo daqueles quase dois anos eu vi gente se matando, gente trocando de grupo, gente falando pelas costas e batendo boca. Eu, mais essas quatro pessoas, nos reunimos na minha casa, nas casas delas, no shopping, em restaurantes. Ficamos amigos de um jeito tão incrível que nem dá pra explicar. O projeto foi terminado e ter sido, de fato, o de nota mais alta da turma, foi apenas um detalhe. A gente sempre funcionou bem junto.

Essas pessoas me ouviram falar que queria vir pra São Paulo incessantemente durante o MBA. Quando eu soube que tinha sido aprovada pra essa vaga, foi por eles que eu procurei no msn. E eu podia ouvir as gargalhadas de cada um, mesmo na janelinha sem som. Pedi que alguém me beliscasse, e Bernardo me fez um desenho. Um belisco virtual.


Eu amo São Paulo, amo a vida que levo aqui, e não tenho dúvidas de que me mudar foi a coisa mais acertada que eu podia ter feito. Mas tem coisas que São Paulo não tem, e nem nunca vai ter. O Rio ganha disparado.

¹ Aleatório vem de álea, que significa sorte. Isso eu vi no mba, também.

terça-feira, 10 de março de 2009

Três webmasters conversando atrás de mim,

um deles o cabeludo dono do cramulhãozinho. Algo relacionado a entrevistas para uma vaga em aberto, que os três malucos participaram. Era uma garota, a candidata. Eu acho estranho mulher webmaster. Talvez seja preconceito. Eu também achava estranho ver japonês pela rua. E eles existem aos montes, nessa cidade.

Daí, na entrevista, a garota foi bem, mas nem se destacou tanto, pelo que eu pude entender. Os três estavam agitadíssimos, e tenho certeza de que, se a contratação dependesse deles, a garota estaria lá. Fiquei pensando que ela devia ter foto no currículo, ou que eles têm a mesma mania que eu tenho de tacar todo mundo no orkut, google and stuff.

Mas não. Parece que, ao final da entrevista, eles tentaram socializar, descontrair, e lançaram uma pergunta despretensiosa, sobre qual seria o hobby da garota webmaster wannabe.

Sabe qual foi a resposta? Pornografia. Foi isso o que ela disse, numa entrevista, pra três homens engraçadinhos. Não preciso nem dizer que os malucos estão em surto. Eles acham que ela foi sincera.

Na boa. Eu tenho certeza que ela tentou ser engraçadinha. E eles simplesmente não entenderam. Porque bastou ouvir a palavra pornografia, saindo da boca da garota, na salinha, que o mundo se acabou, e eles não ouviram mais nada. Eu queria que a garota fosse contratada, só pra ver a cara de alguém que faz isso numa entrevista.

eu tenho até medo do tipo de busca que o google vai mandar pra cá depois desse post. O.o

segunda-feira, 9 de março de 2009

Então no trabalho novo é assim.

Eu chego às 9h. Moro pertinho e vou andando. Fiz bolhas atrás dos dois pés, porque o band aid ficava saindo. Fui lá e comprei um com cola reforçada. E ele segurou direitinho até o fim do dia. Daí, quando eu fui tirar o band aid, junto com a cola veio a minha pele. E agora eu tenho as laterais das bolhas machucadas, sem pele. Justo onde eu preciso colar os novos curativos, já que tá tudo muito feio, ainda.

Eu chego às 9h. Mas isso foi só no primeiro dia. Porque eu fiquei lá sentadinha numa poltrona confortável, jogando Halloween Fever no celular, e nada de ninguém da equipe chegar pra me dar as boas-vindas. E aí a galerë chegou 12h. E a pessoa pensa. Agora vão me ajudar a me instalar, e talecoisa. Mas não. É o tempo contadinho de sentar, ler os e-mails e combinar o almoço. Almoço feliz, num japonês. Adorei. As pessoas são coloridas e eu super me vejo, quem sabe, sendo amiga delas. Pertenço, sabe como é? Então.

E aí eu não tinha computador, e passei dois dias absolutamente offline numa empresa de internet. Deu até crise de abstinência. Aproveitei pra acompanhar reuniões e ler meu livro de usabilidade. E fazer altos estudos e análises sobre cada pessoa que ali trabalha.

Hoje, segunda, eu cheguei 9h40. Atrasada e com vergonha, terceiro dia de trabalho, onde é que já se viu? E a roleta não liberava a minha entrada, o que certamente contabilizava mais alguns minutos negativos. E quando eu finalmente subi, não havia viv'alma no lugar. Abri meu livro, e eis que resolvem ligar o computador. Alegria, alegria. Eu cheguei 9h40 e podia dizer que estava em pleno funcionamento às 10h40. Mas nada das pessoas da equipe chegarem. Porque elas chegam mais tarde. Chegando mais tarde, obviamente que elas saem mais tarde. Na quinta, eu saí 19h30. Na sexta, 20h30. Hoje, segunda, 21h30. Porque eu preciso acompanhar enquanto eles estão em pleno funcionamento. Nem que isso signifique que amanhã eu vá estar deixando a firrrrma às 22h30. Podia ser pior, podia ser em progressão geométrica, eu penso. Mas eu tô na primeira semana, e não tenho cara de chegar lá na hora que os nativos chegam. Então, amanhã, eu chegarei 9h30. Pra sair sabe-se lá quando.

Mas eu estou feliz, sabe? Tô reclamando não.

Tem um maluco que divide a paredinha da mesa comigo, e que canta all day long. To reclamando não. To sim. Queria entender essas pessoas que cantam como se não houvesse pessoas em volta. Pessoas com ouvidos. Tipo eu. É temporário. Serei levada pra perto das meninas coloridas. Talvez porque eu seja uma delas, hehe.

Tem outro maluco que divide a outra paredinha da mesa comigo. E ele pendurou um cramulhãozinho vermelho no teto, tipo um sinalizador de onde o indíviduo se senta. Eu gosto do cramulhãozinho mais do que dele. Porque ele fala aquelas gírias de motoboy, tipo trampando, as mina, os mano, véio. E ele tem um rabo de cavalo grandão, mas só na parte de cima da cabeça. Porque a parte de baixo é raspada, sabe? Very stylish. Mas aí ele fica sacodindo na cadeira, e eu tenho pra mim que é a síndrome das pernas inquietas. E, quando ele sacode, ele sacode a mesa, ele me sacode junto. Mas eu não tô reclamando não.

terça-feira, 3 de março de 2009

O milagre da foto 3x4

Não tem coisa nessa vida que eu odeie mais do que tirar foto 3x4. Você tem que ficar parado, sério, enquanto um desconhecido ajeita a sua cabeça mais para a esquerda. A foto sempre sai horrível. Eu tenho fotos com o cabelo esquisito, com a boca esquisita, com o olho caído, com olheiras. Eu sempre penso em Tyra Banks dizendo aquele câmera loves yooooouuuu. Quando alguém é fotogênico, e tals.

Well, Tyra. Camera hates me. besosmellama

Mas aí o milagre se deu. Pra admissão lá na empresa legal, eu precisava de foto. Convenci minha mãe a me acompanhar, pra segurar a minha mão durante todo o infortúnio. Coloquei maquiagem, harmonizei as cores do meu rosto, botei até rímel. Pra ver se dava liga, o negócio.

E deu.

A foto ficou ótema. Juro. Fiquei chocada.

Eu saí bem na foto 3x4. Eu consegui ver que, ali, naquele quadradinho, era eu.

Eu no meu quadrado.

E eu tipo bonitinha. Foi A experiência.

Mandei fazer logo 18 cópias pra garantir as próximas duas décadas.

domingo, 1 de março de 2009

\o/ \o/ \o/

Então foi assim.

O meu telefone tocou, em plena quarta feira de cinzas. Ao desligar, eu tinha um emprego.

Mas calma. Nem tudo é perfeito. Existe uma vaga, muito legal, numa área muito legal, lá naquela mesma empresa que eu queria muito muito trabalhar. É uma vaga temporária, e é nessa parte que as coisas deixam de ser absolutamente perfeitas. Mas vamos lá. Pollyanna.

Tem uma pessoa que vai ter bebê. E eles querem alguém na equipe nesse meio tempo. Quase fico feliz que pessoas ainda resolvam ter filhos, mesmo em um mundo tão horrível como esse em que vivemos. Quase torço para que a criatura caia de amores por seu rebento e diga que não, obrigada, volto não. Minha verdadeira vocação é ser mãe.

Calma, respira.

Fui lá me mostrar absolutamente antenada e genial, e colorida, e cheia de brilhos. Pra no caso de, dando certo, ter 4 meses inteiros pra me mostrar ainda mais antenada, ainda mais genial, colorida e cheia de brilhos. E fazer com que eles cheguem à óbvia conclusão de que não podem viver sem mim. Porque eu já sei disso, há tempos. Faltava só convencê-los.

Dessa vez, a Rh foi bem mais simpática. Quase arriscava dizer que ela gostou de mim. Daí ela saiu, para que o gerente me entrevistasse. Entra um garoto na sala, pouco mais velho que eu, imagino. Bem mais interessante do que eu deveria achar, considerando o meu recente histórico de assédios em entrevistas. O engraçado é que ele era a cara do Michael Novotny de Queer as Folk. E eu sempre fui uma Brian Kinney kind of girl. Mas, devo dizer. Esse Michael é bem interessante mesmo. *

A vaga é ótima. Não é perfeita, porque num mundo ideal a vaga perfeita não começa com a ameaça de kick my ass em 4 meses. Mas é a empresa que EU queria trabalhar quando me mudei pra São Paulo, numa área muito legal. Com pessoas coloridas, e corredores coloridos, e eu estarei naturalmente colorida com tanta alegria de viver. Pode ser o começo de uma vida colorida e, devo dizer, eu super merecia uma notícia dessas pra declarar 2009 oficialmente iniciado.

Então.

\o/ \o/ \o/

3 vivas às pessoas que decidem ter filhos, e ceder suas boas vagas no mercado de trabalho pra uma pessoa, assim, tipo eu.

P.S. Neste meio tempo, estarei reunindo evidências que provem que lugar de mãe é em casa, junto com seus filhos. Quaisquer recortes de jornal que falem sobre babás espancadoras de bebês, sobre crianças que têm sua vida arruinada por abandono na primeira infância, sobre como o mercado de trabalho pode destruir uma família, etc. Para fins de pressão psicológica. Se nada mais funcionar, eu compro uma corrente e um cadeado, e me acorrento à minha work station. Quero só ver neguinho me tirar dali. Ah, quero. =]

* Eu queria entender exatamente como eu consegui passar quase 10 anos no rio de janeiro e contar nos dedos de uma mão os caras que eu achei realmente interessantes, e estar em São Paulo não faz nem 6 meses e achar tantos caras interessantes. Será psicológico?