quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

tempo de ajustes

então eu e o meu menino fomos morar juntos. quer dizer. ele veio, eu permaneci exatamente onde estava. o quarto vazio que havia sido ocupado pela roomate ganhou mesas. a minha e a dele. minhas roupas continuam espalhadas, e parecem ter se multiplicado agora que o espaço nos armários aumentou. não sei, sinceramente, como elas cabiam no espaço anterior. convenci o namorado que, melhor que a bagunça, seria ele topar que o terceiro quartinho, menor e desses reversíveis, virasse só meu. ele topou incrivelmente rápido, e agora eu ando afogada em referências no pinterest para um espaço absolutamente girlie, com minhas roupas organizadas em araras. um quarto de vestir. só meu. <3

os outros armários podem ser dele, e podem abrigar aquelas coisas todas que a gente acumula e que são equivocadamente chamadas de bagunça. caixas da apple que a gente não consegue jogar fora (são tão bonitas), toalhas, caixa de remédios. a gente tem se divertido trocando lâmpadas, porque segundo ele eu sempre usei lâmpadas erradas, e os olhos dele ardem. eu passo meu tempo tentando ler as revistas antes de organizá-las. as cadeiras chegaram, e foram caras o suficiente para esperarem a mesa mais um pouquinho. nesse meio tempo, me distraio com referências de lustres e paredes coloridas.

as pessoas me dizem que eu casei. acho a referência tão séria. um dia a gente casa. e eu vou vestir algum vestido com ares de melindrosa, só porque eu mereço. por enquanto, o clima é bom, de mais um passo, de mudança. ajuste dos planos de tv a cabo e internet, ajuste da quantidade de frutas que a gente consome, da frequencia das idas ao supermercado. dos horários de dormir. ajuste da vida em geral.

nunca nunca eu fui tão feliz. nem sabia que a vida podia ficar assim.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

adestramento

se tem uma coisa que eu posso dizer sobre a grande corporação, é que aqui é um grande ambiente de adestramento de pessoas. pra tudo tem regra, tem processo, tem demora, tem protocolo. no início você bufa, reclama, briga, diz que não é assim. depois você vai aprendendo a se movimentar por entre as dificuldades, e vai entendendo que tem coisa que a gente pode contornar ao invés de brigar.

tudo tem um rh olhando. fazendo cara de "isso não é adequado". não se deve dar passos sem consultar antes. porque VEJA BEM, a companhia é muito sólida. Eu quero chegar mais tarde. não gosto de acordar cedo. Eu me recuso a colocar scarpins de bico fino e falar c a l m a e p a u s a d a m e n t e  sobre qualquer assunto. eu interrompo, hello. eu taco tênis de oncinha e blusa de esqueleto. porque isso aqui, antes mesmo de ser um grande símbolo corporativo, é internet, mermão.

daí a gente entra num outro tópico. toda aquela demora que eu mencionei lá em cima não combina com a vida em geral. eu tive a sensação, ao entrar, que tinha feito uma grande viagem, rumo ao passado. estamos em 1995, folks. quando internet é aquele troço incrível, ue vai bombar no futuro.

breaking news, corporação. internet é agora. olhem pela janela, eu digo. aponto para o prédio da firma colorida, na paisagem, e digo. ali, naquele prédio, estão fazendo isso. é difícil não. só dá trabalho. 

o engraçado é que a gente vai notando as diferenças se ajustarem. a corporação começa a querer mais gente como eu. exatamente esse tipinho errado que não segue regras e reclama de tudo. e dá esporro em gerente de projetos. daí a grande corporação resolve ensinar bom comportamento. e enfia a gente em salas de treinamento, pra ensinar a gerenciar *pessoas*.

eu vou, né? ensinaê. aprendo o tom de voz adequado, aprendo o timing correto pra convencer as pessoas do meu ponto de vista, aprendo os termos dequados pra dizer pro gerente de projetos com cara de charlie brown que o que ele tá fazendo ainda não é good enough. precisamos alinhar, e talecoisa.

tamos indo bem, eu e a grande corporação.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

dog days are over

porque quando a vida se acerta, as coisas boas vêm assim, aos montes.

porque tem meu menino em casa, e agora a casa é dele também. e as minhas novas cadeiras rhycas chegaram, junto com o cabideiro colorido. e eu já escolhi a cor que vai cobrir a parede pink, porque agora a casa é de menino também. 

porque janeiro veio e foi embora, e o trabalho acalmou. e veio a menina ruiva ajudar no projeto, e tirou de mim todo o peso que eu não queria e não sabia carregar. e agora eu faço o que eu gosto de novo, e faço o que eu sei fazer. internet como eu acredito. e ainda tem um mundo de coisa pela frente, e o trabalho mal começou, mas eu pedi ajuda das minhas ninjas coloridas, aquelas dos tempos de oficina, que sabem fazer isso melhor do que ninguém. e agora eu tenho reuniões aos montes, mas com pessoas queridas, com quem eu já trabalhei e aprendi horrores.

e eu vou ter que montar uma mini equipe pra me ajudar nesse mundo de trabalho que vai começar. e eu to pensando em escalar para a tarefa algumas ex cowokers queridas, pra colorir os meus dias e me ajudar a construir esse castelinho todo. 

meu começo na grande corporação foi difícil. puxado. projeto legal, com todos os impedimentos do mundo. passei três dos últimos cinco meses chorando, achando que as coisas eram todas pesadas demais. daí engoli o choro, put myself together, e pensei. vou continuar. vou ficar e fazer funcionar. e, amigues, o único jeito que eu sei fazer meu trabalho funcionar é plantando um jardim em volta de mim. com gente boa, competente. com gente querida, gente que me faz feliz. sou libriana, preciso de harmonia em volta. pra tacar batom vermelho e seguir a vida. pra dirigir ouvindo música. pra cuidar da casa nova, e do trabalho, com o mesmo cuidado que eu sempre gostei de ter.

peguei toda a equipe e entreguei pra menina ruiva. cuida, são suas meninas agora, eu disse. não dou conta de controlar processos que eu não conheço. não gosto e não sei. agora, com a casa arrumada, e um organograma colocando gente cujo o trabalho eu entendo pra trabalhar comigo, estou animada. 

nesse meio tempo, rh me bombardeia pedindo indicações. a grande corporação começa a se movimentar, e quer gente boa para as vagas abertas. e acontece que eu conheço essas pessoas. arrogantezinha que sou, digo. eu sou uma dessas pessoas. indico um, indico outro. já tem amiga querida no andar de baixo. em breve teremos mais ninjas desses pelo andar, em projetos diferentes. fazendo funcionar.

quando eu saí da firma colorida, minha ideia com a grande corporação era bem essa. começar a fazer diferença. ter liberdade pra escolher, pra fazer as coisas de um jeito que eu acredito.

it's happening, amigues. dá medo. é uma grande bagunça. mas esse friozinho no estômago é melhor do que qualquer outra coisa que eu já tenha experimentado no trabalho.