segunda-feira, 30 de maio de 2011

junho

9 dias. estamos contando as horas, os minutos, os segundos pra que chegue o momento em que eu vou tirar férias. e eu vou dirigir todos aqueles quilometros no carro novo, e só vou parar quando estiver em casa. não a casa daqui. a casa de lá. onde eu vou passar uma vida batendo papo com meu pai, tentando praticar amizade com a calopsita, brigar com meus irmãos, sentir saudades do meu menino, fechar os olhos e descansar. e consertar os pés feios, e sentir dor. dor física, de cura. e quando a dor passar, quando o médico liberar, eu vou passar esmalte vermelho nos pés. só porque é bonito, e eu vou fazer fotos fofas, e comer arroz doce, e sentir mais saudades do meu menino, e esperar pelo final de semana, quando for a vez dele dirigir todos aqueles quilômetros só pra me ver.

antes um pouco de consertar os pés, eu vou ver duas das minhas pessoas favoritas na vida se casarem uma com a outra. acho que não tem diz mais esperado esse ano. desde que o ano começou, eu tenho pra mim que o dia mais feliz, mais incrível, que mais vai fazer sentido em 2011 vai ser esse.


e, quando esse dia acabar, quando os pés consertarem, eu vou descansar. primeiro o cansaço físico desses mais de dois anos sem férias. depois o cansaço mental. já faz um tempo que tem sido difícil. que eu absorvo tudo, tal qual esponja, e roo as unhas, e choro sentida. e respiro fundo, porque eu continuo achando o meu trabalho a coisa mais incrivel do mundo. eu continuo. mas é difícil lidar com as pessoas, com o peso, com a distância, com as pequenas indelicadezas (e grandes grosserias). não sou talhada pra isso. vou amuando, encolhendo, minguando. estou minguada. contando as horas, respirando fundo, me escondendo em casa, cobertor e namorado, torcendo pra que a segunda feira não chegue nunca. torcendo pra isso passar, logo, pro tempo correr, e ser logo o dia 9 de junho, quando eu vou tirar férias, do trabalho, das pessoas, dessa que eu me torno quando o mundo pesa nas costas. e ganhar perspectiva, e olhar tudo de longe, e parar de me importar tanto.


depois disso tudo, quando já for julho, quando eu estiver curada, dos pés e da alma, eu volto.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

reset

A verdade é que eu ando um pouco cansada. Eu venho juntando todos os restos de desilusão dos últimos tempos, suspiro longa e profundamente, aprendo a não me importar e a vida segue.

Porque, no final das contas, nem existia nada mesmo. Existia essa Pollyanna que eu odeio mais que tudo, mas que eu sou, nāo tem jeito, aprendendo que nem sempre as coisas são como ela enxerga. E que o erro é dela, e de mais ninguém. Por enfiar na cara os malditos óculos com lente cor de rosa e achar que quem está por perto está realmente por perto.

Porque toda as vezes que ela tentou entender os motivos de as coisas terem virado o que efetivamente viraram, o que ela recebeu foram respostas desencontradas e sem sentido. E quando ela lamentou o rumo das coisas, o que ela recebeu foi que as coisas estavam melhores como estavam, assim, daquele jeito.

Talvez estejam mesmo.

Aprendendo a não me importar, voltou a preguiça imensa das pessoas, dos assuntos, a fuga dos encontros, um lance blasée triste que não vê sentido nas coisas. E que ainda faz perguntas, daquelas bem small talk, e fala do dia, e mostra empatia, e sorri de volta.

Mas é um sorriso vazio. Porque eu estou meio vazia.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

looping

os poucos que circulam entre os dois lados. os que viajaram pra longe. os que simplesmente estão por aí, e a gente nem sabe de mais nada. os que estão perto, mas cada vez mais distantes, num outro universo. dá saudades daquele tempo em que tudo era puro, e era bom. quando todo mundo achava todo mundo legal, e via qualidades ao invés de defeitos, e queria estar perto, fazer companhia.

não tem mais nada disso, agora. as pessoas são todas estragadas, as relações são todas estragadas. sobra carinho, ainda, mas ele vem com peso, com dor de coração. com mágoa e decepção.

e é tão triste que é quase bonito.

damages, dia 04 de março de 2010

***

e na terapia o assunto do momento é o meu desespero em criar laços. em ficar amiga, me aproximar, me tornar importante para as pessoas com as quais eu convivo. algumas das vezes, eu falho miseravelmente. não foi a primeira vez. possivelmente, não será a última. é isso que eu faço. eu crio laços.

laços, dia 16 de março de 2010

***

de quando você olhava a outra pessoa e sabia exatamente o que ia ali. de quando a amizade parecia forte, de quando o chão parecia firme.

let go, dia 10 de maio de 2010

***

tem essa parte de mim com uma preguiça gigante das pessoas. que começa a conhecer e pensa what's the point?

preguiça, dia 19 de maio de 2010

***

mas eu acho que é isso mesmo, a vida. um ajuste de expectativas. eu precisei ajustar as minhas, você precisou ajustar as suas. vida que segue.

mensagem, dia 27 de maio de 2010

***

tendo visto se abrir um buraco em volta de mim. tendo visto o amigo se tornar um estranho. a sensação de abandono, de incompreensão. de perder o chão, mesmo.

lidar com essa perda, com esse luto, é coisa que eu faço o tempo todo. todo dia eu acordo e eu tomo de novo essa decisão. de não voltar atrás. de me ajustar à nova realidade. de let go.

descompasso, dia 30 de maio de 2010

***

eu sei do que eu sou feita. eu sei o que eu vim fazer aqui. eu sei por que eu me ligo a cada pessoa que eu me ligo, a quem eu me apego. as razões são sempre minhas.

do que se é feito, dia 15 de junho de 2010

***

E é isso. Meu coração aberto, isso aqui. Fatiado, um banquete. Eu fico genuinamente feliz quando vejo um comentário de um desconhecido que chegou no blog por acaso dizendo que foi tocado por algo que eu escrevi. Porque eu acredito no que eu escrevo. E eu sei o tanto de verdade que existe em cada palavra que me escorre para os dedos. Mas eu não consigo evitar pensar que a minha vida virou um grande circo de horrores. Em que quem me conhece melhor, quem me conhece mais de perto, quem vem aqui porque eu trouxe, passa batido pelas coisas que eu escrevo, e se concentra no reality show. E busca novidades. Pra se atualizar sobre tudo, sobre as pessoas, a minha pequena novela. 

Vira um teatro. E a sacrificada sou eu.

teatro, dia 10 de julho de 2010

***

...deixei de fazer parte de um grupo, de me comportar como a massa, de seguir a corrente. tem sido bom. não esperar que se lembrem de mim, que me chamem. é tudo tão fresco, do lado de cá, onde as expectativas se desfizeram. eu faço as minhas coisas. do meu jeito. não me forço a falar com quem não tenho vontade, não me forço a sorrir pra quem não me arranca sorrisos.

sem título, dia 9 de agosto de 2010

***

impressionante como alguns dos meus posts voltam a valer depois de um tempo.

igualzinho, mesma sensação de fim de mundo, muda só o amigo.

:(

terça-feira, 24 de maio de 2011

então agora são 3h59 e eu estou aqui, fazendo uma playlist pra colocar no carro novo amanhã. peugeotzinho companheiro de todas as aventuras vai, agora, passear por outras ruas, fazer outros caminhos, nas mãos de outros motoristas.

foi ele que me trouxe pra são paulo. foi ele que me levou pro trabalho, pra ver os queridos, foi ele que me viu chorar voltando pra casa depois de algum coração partido. quando eu busquei ele na concessionária, idos de 2004, cinquenta e poucos mil quilometros já rodados com um alguém que não era eu, me lembro bem. botei um cd da alanis. supposed former infatuation junkie, e fui cantarolando, e perdi de propósito o retorno de casa só porque eu queria passear mais com ele na avenida das américas.

hoje quando eu levei ele no detran pra trocar a placa de rio de janeiro pra são paulo, deu um aperto no coração. meu carro é carioca. assim como eu sou. da mesma forma que eu parei de falar butão e comecei a falar bOtão, assim, com ênfase no o, e me adequar, me ajustar a essa cidade que eu já sinto como minha, é hora do peugeotzinho virar paulistano.

e de deixar de ser meu.

eu gosto de imaginar as histórias que ele viveu antes de mim. a tinta meio desbotada no isqueiro me fez pensar que a antiga dona era fumante. o botão do ar-condicionado, também desbotado. ex dona calorenta. das minhas marcas, ficam o arranhão grande no parachoques traseiro, do dia que eu fiz uma curva mal calculada aqui na garagem do prédio. fica a sombra de uma cabeça de hello kitty, adesivo que eu arranquei uns dois anos depois, mas que deixou ali sua marca. aquele era um carro de menina.

eu deixo com o peugeotzinho velho de guerra todas as minhas histórias, todas as idas e vindas, e amigos carregados, e causos contados. e eu gosto aqui de pensar com meus botões de que o próximo dono vai saber que ele foi bem cuidado, e que ele tem uma história, que é também minha.

o carro novo é fofo. é lindo, é carro que eu sempre quis. é carro que eu me dei, e que vai me deixar pobre um tempinho. faz mal não. às vezes é bom isso, de parar de andar aos passinhos e assim, só pra variar, esticar as pernas e pular.

que venham as novas histórias, do carro que nasce paulistano. assim como eu já sou. o carro novo vai nascer ouvindo regina spektor.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

a.

eu me liguei na vida, ela disse.

e é meio isso que eu estou fazendo também. o resto é só o resto.
 

quarta-feira, 18 de maio de 2011

ecos

daí eu escrevi sobre o tdah e veio um mundo de gente nova aqui, ler. não é minha intenção fazer um tratado. esse é um blog pessoal. tá escrito ali do lado, à direita. e é óbvio que quando você se mete a escrever na internet, submete seu texto à avaliação de quem quiser, quem se achar no direito de.



enfim.



eu contei sobre a minha experiência, e o mundo de gente que apareceu por aqui tinha uma origem em comum. um debate seríssimo (que eu nem vou linkar, pra não dar ainda mais atenção), num share de google reader, onde especialistas de internet começaram discutindo se eu era ou não tdah, eu era ou não mal educada, passando por uma teoria (muito doida) de crianças índigo e cristal, e terminando com uma análise intensa sobre ondas cerebrais, medicação e quem merece ou não receber o título.



eu estaria mentindo se dissesse que acompanhei a discussão até o final. alguns textos se estendiam tanto (não fiquem magoados com a crítica, eu também escrevo textos compridos, beijos) que eu mal consegui acompanhar o raciocínio. nesse caso, nem foi o tdah o culpado. foi a preguiça, mesmo.




no início eu fiquei meio chocada. depois, comecei a me divertir. gente que aterrissou por acaso no meu texto e achou, ali, material riquíssimo para um debate sobre ondas cerebrais, falta de educação, dificuldade de estabelecer relacionamentos (pois é. oi?). termos extremamente, hum, elaborados, foram utilizados pra classificar meu post e, óbvio, levar à brilhante conclusão de que eu não merecia tamanho preciosismo.

e eu nem mereço mesmo.

oi, gente boa. obrigada pela atenção. obrigada por terem destinado ao meu blog, ao meu texto bobinho sobre a minha experiencia absolutamente pessoal com a ritalina, tantos minutos de sua preciosa atenção e análise. realmente, foi absolutamente acima do que eu poderia esperar, do que eu poderia merecer. uma tremenda duma honra.

voltemos todos à programação normal. onde eu debato seriados, corações partidos e a vida delicinha que eu levo em são paulo.

e fica aqui, humilde, a minha proposta. releiam o que escreveram. really? tudo isso saiu daqui, do meu post bobinho sobre interromper pessoas? vamos todos nos levar menos a sério. combinado?

;)

madame cedilha.

terça-feira, 17 de maio de 2011

ecos

daí eu escrevi sobre o tdah e veio um mundo de gente nova aqui, ler. não é minha intenção fazer um tratado. esse é um blog pessoal. tá escrito ali do lado, à direita. e é óbvio que quando você se mete a escrever na internet, submete seu texto à avaliação de quem quiser, quem se achar no direito de.



enfim.



eu contei sobre a minha experiência, e o mundo de gente que apareceu por aqui tinha uma origem em comum. um debate seríssimo (que eu nem vou linkar, pra não dar ainda mais atenção), num share de google reader, onde especialistas de internet começaram discutindo se eu era ou não tdah, eu era ou não mal educada, passando por uma teoria (muito doida) de crianças índigo e cristal, e terminando com uma análise intensa sobre ondas cerebrais, medicação e quem merece ou não receber o título.



eu estaria mentindo se dissesse que acompanhei a discussão até o final. alguns textos se estendiam tanto (não fiquem magoados com a crítica, eu também escrevo textos compridos, beijos) que eu mal consegui acompanhar o raciocínio. nesse caso, nem foi o tdah o culpado. foi a preguiça, mesmo.




no início eu fiquei meio chocada. depois, comecei a me divertir. gente que aterrissou por acaso no meu texto e achou, ali, material riquíssimo para um debate sobre ondas cerebrais, falta de educação, dificuldade de estabelecer relacionamentos (pois é. oi?). termos extremamente, hum, elaborados, foram utilizados pra classificar meu post e, óbvio, levar à brilhante conclusão de que eu não merecia tamanho preciosismo.

e eu nem mereço mesmo.

oi, gente boa. obrigada pela atenção. obrigada por terem destinado ao meu blog, ao meu texto bobinho sobre a minha experiencia absolutamente pessoal com a ritalina, tantos minutos de sua preciosa atenção e análise. realmente, foi absolutamente acima do que eu poderia esperar, do que eu poderia merecer. uma tremenda duma honra.

voltemos todos à programação normal. onde eu debato seriados, corações partidos e a vida delicinha que eu levo em são paulo.

e fica aqui, humilde, a minha proposta. releiam o que escreveram. really? tudo isso saiu daqui, do meu post bobinho sobre interromper pessoas? vamos todos nos levar menos a sério. combinado?

;)

madame cedilha.
começo aqui uma campanha. singela. pra que as pessoas tenham limites. umas com as outras, sim, por que não? porque eu super acho ótimo que cada um fale o que pense, e esse blog aqui é um exemplo disso, e eu também sou assim na vida, todos os dias, em geral. mas existe uma diferença entre a pessoa falar o que pensa e a pessoa ser indelicada, assim, de graça, só pelo prazer de ser.



segunda-feira, 16 de maio de 2011

and again.

eu ainda levanto a cabeça sobressaltada, por cima das baias, e procuro por eles, sentados em seus lugares. antes esse movimento era pra completar com o olhar algum comentário feito no msn, ou se comunicar sobre algo acontecendo. 

houve um momento em que bastava um olhar. não sei direito quando ele acabou, mas eu senti de um jeito bem forte o afastamento. a falta de convites pra jantar, pra almoçar, praquelas coisinhas que a gente sempre fazia, juntos.

fiquei mal, tentei conversar, fiquei emburrada, me afastei, me aproximei de novo, fingi que nada estava acontecendo, tentei não parecer abalada, não me chatear, lidar com isso de forma adulta. tentei de tudo. o olhar sobressaltado buscando os queridos em seus lugares deu lugar a um sentimento ruim, de abandono. as cadeiras vazias, todos juntos na cozinha, ou indo comer algo no meio da tarde, ou saindo pra jantar. a diferença era que, agora, eu não estava mais ali.


nada houve. eu não fiz nada para merecer o afastamento. me debati com isso durante algum tempo, procurando razões, ressentida. olha eu passando por isso de novo. num segundo, tudo mudou. conversas em tom mais baixo, eu sempre de fora. dá-lhe terapia. dá-lhe lágrima escorrendo por detrás do monitor. coisa da minha cabeça, eu escutei. não há nada acontecendo.


mas havia.


e eu tenho cá milhares de teorias, todas explicando de um jeito pobre e raso aquilo que não tem explicação. 

vão continuar sendo apenas teorias.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

ecos

daí eu escrevi sobre o tdah e veio um mundo de gente nova aqui, ler. não é minha intenção fazer um tratado. esse é um blog pessoal. tá escrito ali do lado, à direita. e é óbvio que quando você se mete a escrever na internet, submete seu texto à avaliação de quem quiser, quem se achar no direito de. 

enfim.

eu contei sobre a minha experiência, e o mundo de gente que apareceu por aqui tinha uma origem em comum. um debate seríssimo (que eu nem vou linkar, pra não dar ainda mais atenção), num share de google reader, onde especialistas de internet começaram discutindo se eu era ou não tdah, eu era ou não mal educada, passando por uma teoria (muito doida) de crianças índigo e cristal, e terminando com uma análise intensa sobre ondas cerebrais, medicação e quem merece ou não receber o título.

eu estaria mentindo se dissesse que acompanhei a discussão até o final. alguns textos se estendiam tanto (não fiquem magoados com a crítica, eu também escrevo textos compridos, beijos) que eu mal consegui acompanhar o raciocínio. nesse caso, nem foi o tdah o culpado. foi a preguiça, mesmo.
 
no início eu fiquei meio chocada. depois, comecei a me divertir. gente que aterrissou por acaso no meu texto e achou, ali, material riquíssimo para um debate sobre ondas cerebrais, falta de educação, dificuldade de estabelecer relacionamentos (pois é. oi?). termos extremamente, hum, elaborados, foram utilizados pra classificar meu post e, óbvio, levar à brilhante conclusão de que eu não merecia tamanho preciosismo. 

e eu nem mereço mesmo.


oi, gente boa. obrigada pela atenção. obrigada por terem destinado ao meu blog, ao meu texto bobinho sobre a minha experiencia absolutamente pessoal com a ritalina, tantos minutos de sua preciosa atenção e análise. realmente, foi absolutamente acima do que eu poderia esperar, do que eu poderia merecer. uma tremenda duma honra.


voltemos todos à programação normal. onde eu debato seriados, corações partidos e a vida delicinha que eu levo em são paulo.


e fica aqui, humilde, a minha proposta. releiam o que escreveram. really? tudo isso saiu daqui, do meu post bobinho sobre interromper pessoas? vamos todos nos levar menos a sério. combinado?


;)


madame cedilha.