deixar as coisas pra trás não é tarefa fácil. você faz o que é preciso fazer. se concentra nas coisas ruins, pra que as boas não tenham tanto peso. pra que a falta das boas não machuque tanto. se concentra nas palavras duras, nas fragilidades jogadas de volta, como munição. coisas que haviam sido ditas em momentos de delicadeza, de amizade. e que voltam com raiva, com dedo em riste, pontiagudas.
aos poucos, você se sente melhor. se rodeia de outras pessoas, constroi novos laços. tem novos assuntos. as lembranças vêm de um jeito meio embaçado, como se aquilo tudo tivesse acontecido há muito, muito tempo, num outro lugar, uma outra vida. com uma outra pessoa, que não fosse você. a vida segue dessa maneira. o coração para de apertar aquele tanto. você se veste de serenidade, resignado. era pra ser assim. não tinha como ser de outro jeito.
e aí, um dia, do nada, a sensação te golpeia. pode ser dirigindo, num corredor do supermercado, o tênis colorido de um estranho passando na rua. as lembranças vêm vivas, e você quase sorri. se lembra dos momentos, de cada um deles. da estrada, das palavras doces, de quando você levou em casa pra conhecer os seus pais. porque você queria que eles se conhecessem. que os universos colidissem, que cada um soubesse da importância do outro. de quando o sofá da casa dele era seguro, e você podia ficar escondida lá, o dia todo. você se lembra de quando tudo era leve, e fácil. de quando você passou a tarde no hospital esperando um médico consertar o pé que parecia destruído. fazendo companhia. zelando. de quando ele te tirou de casa no dia em que você estava de coração partido e te distraiu o dia todo, andando pela rua. de quando você olhava a outra pessoa e sabia exatamente o que ia ali. de quando a amizade parecia forte, de quando o chão parecia firme.
não foi a primeira vez em que esses laços se romperam. que eu vi um querido se afastar, fazer de conta que eu não existo, que eu nunca existi. esquecer cada um dos momentos bons, se concentrar nos ruins. eu não aprendi da primeira vez, eu não aprendi da segunda. a deixar pra trás. eu acho que não vou aprender nunca. e que vai doer sempre.
porque eu me lembro.
aos poucos, você se sente melhor. se rodeia de outras pessoas, constroi novos laços. tem novos assuntos. as lembranças vêm de um jeito meio embaçado, como se aquilo tudo tivesse acontecido há muito, muito tempo, num outro lugar, uma outra vida. com uma outra pessoa, que não fosse você. a vida segue dessa maneira. o coração para de apertar aquele tanto. você se veste de serenidade, resignado. era pra ser assim. não tinha como ser de outro jeito.
e aí, um dia, do nada, a sensação te golpeia. pode ser dirigindo, num corredor do supermercado, o tênis colorido de um estranho passando na rua. as lembranças vêm vivas, e você quase sorri. se lembra dos momentos, de cada um deles. da estrada, das palavras doces, de quando você levou em casa pra conhecer os seus pais. porque você queria que eles se conhecessem. que os universos colidissem, que cada um soubesse da importância do outro. de quando o sofá da casa dele era seguro, e você podia ficar escondida lá, o dia todo. você se lembra de quando tudo era leve, e fácil. de quando você passou a tarde no hospital esperando um médico consertar o pé que parecia destruído. fazendo companhia. zelando. de quando ele te tirou de casa no dia em que você estava de coração partido e te distraiu o dia todo, andando pela rua. de quando você olhava a outra pessoa e sabia exatamente o que ia ali. de quando a amizade parecia forte, de quando o chão parecia firme.
não foi a primeira vez em que esses laços se romperam. que eu vi um querido se afastar, fazer de conta que eu não existo, que eu nunca existi. esquecer cada um dos momentos bons, se concentrar nos ruins. eu não aprendi da primeira vez, eu não aprendi da segunda. a deixar pra trás. eu acho que não vou aprender nunca. e que vai doer sempre.
porque eu me lembro.
2 comentários:
você sobrevive, querida. acredite nisso, você sobrevive e aprende que não dá para ser diferente. a gente vai sempre querer bem, baixar as defesas e se permitir. umas vezes a gente vai quebrar a cara, outras vezes não vai. mas sempre, sempre, vai sobreviver para ter novos amigos, novos amores. e, mesmo se a gente não deixar de gostar dos que se foram, a gente vai ser feliz.
Eu adoro cada um dos meus Ex. (são três). Gosta de cada um deles. Mas tem um que é minha melhor lembrança. Mas hoje ele vive a vida dele, tem a namorada dele e eu o meu... mas demorei anos, pra conseguir guardar ele em um lugar especial e que não doesse mais.
Todas as vezes que meus relacionamentos acabaram doeu. Esse doeu mais e por mais tempo.
Hoje eu tenho medo de quando e se esse meu relacionamento acabar.
Porque eu sei que vou sofrer, em proporções desconhecidas.
tracosdenanquim.wordpress.com
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