terça-feira, 25 de maio de 2010

Lost

também vou falar sobre isso. porque eu comecei a assitir em 2004, e segui bonitinho cada um dos episódios. e repeti pra mim mesma várias das frases dos personagens, nesses últimos seis anos. porque todo um ciclo da minha vida aconteceu enquanto eu assistia aos episódios. porque, mesmo com os altos e baixos, eu nunca me posicionei de um jeito a achar que os roteiristas me deviam alguma coisa. eu sempre aceitei o que vinha, e tentava entender, e passava horas discutindo teorias mirabolantes, e pensando em plot twits, e me chocava com os seasons finales. porque aquele live together, die alone, que o jack fala no segundo episódio da primeira temporada permeou toda a minha experiência com a série. o lance ali, mais do que qualquer outra coisa, era a relação que aquelas pessoas construíram. e dane-se se elas eram interrompidas por tramas da iniciativa dharma, ou por ursos polares, ou monstros de fumaça, ou viagens no tempo. elas continuavam sendo o mais importante. então, quando eu parei de procurar entender cada acontecimento como pista, eu pude apenas aproveitar a viagem. e agradecer a oportunidade.

e eu sei que todo mundo ficou puto. mas gente, quanta ilusão achar que tudo seria explicado. não dava. não tinha como. e eu gostei muito, demais mesmo, de como as coisas se desenrolaram. e não, eu não acho - como o resto do planeta - que apenas a última temporada não aconteceu. eu acho que morreram todos no desastre. e que nada houve. e isso não é importante. importante é a volta dada. e, cá entre nós, que volta bonita. a brincadeira de que o jack nunca esteve pronto pra let go. e que ele teve que passar por aquilo tudo pra aprender, pra entender, aquilo que todos os outros entenderam antes. que não adiantava ficar preso. buscando respostas. é um pouco o recado dos roteiristas para o público, eu acho. o let go. eu gosto de pensar que a série toda foi o jack. claro, foram os outros, o desmond, tão querido, com o seu see you in another life, brotha. o faraday, doce, tentando explicar em fórmulas o inexplicável. o charlie, morte mais sentida de todas. mas a série era o jack. a teimosia, a mania de explicar e consertar tudo. nem tudo se explica, jack. nem tudo se conserta. e ele, man of science, cria quase que imediatamente o embate com o locke, man of faith. os nomes dos episódios da primeira temporada explicam tanta coisa. eu tenho vontade de rever tudinho, agora, mas prestando especial atenção no começo, quando as dicas todas foram dadas. quando as relações foram construídas.


lost, pra mim, é uma grande história de redenção. uma história bonita, do longo caminho que o jack percorreu pra, de homem da ciência, se transformar em homem de fé. e abandonar os padrões. e encarar o desconhecido. e, quando o jack finalmente entende, e aceita, ele sorri. ele sorriu tão pouco nesses últimos seis anos. e ele sorriu tão bonito no episódio final. tão relaxado. tão resignado. e ele pôde abraçar todas aquelas pessoas, e todos os reencontros estavam ali, o final feliz que a gente sempre espera. e - sim - eu chorei. chorei pelo final digno que a série me apresentou, independente das dúvidas que não foram, e nunca serão sanadas. o que eu queria estava ali. o final feliz.

e era tudo o que eu precisava.

obrigada, damon lindelof. obrigada, carlton cuse. obrigada, jj abrams. foi um prazer.

2 comentários:

Fabricio Braga disse...

Sem dúvida, o mais belo texto que você já escreveu aqui nesse seu cantinho.

De longe, a melhor ponderação sobre o final da séria Lost que já li.

Um texto como esse só podia mesmo ter vindo de você. Parabéns!

[]s
Fabricio Braga

Mme. Cedilha disse...

fabrício, querido.

=***