quinta-feira, 6 de maio de 2010

o apartamento 44

tava lendo esse blog, e ela contava que mora no apartamento 44. tem um roomie e, pelo que entendi, é tudo muito recente. o apartamento 44 marca o início de uma nova fase, mais independente, mais adulta, por que não. deixei um comentário dizendo que quando me mudei pra são paulo, eu também morei no 44. ela respondeu perguntando se o 44 tinha sido auspicioso.

parei um pouco antes de responder. porque a resposta imediata seria não, e a maior prova disso é que hoje eu não moro mais nele. ia responder por lá mesmo, mas achei melhor fazer aqui. com sorte, ela aparece, lê e entende. o porque de a resposta para a pergunta dela ser, ao mesmo tempo, não e sim.

o apartamento 44 representou a primeira vez que eu oficialmente saí de casa. foi o início de uma nova fase, mais independente, mais adulta. foi quando eu me coloquei com todas as minhas tralhas e os meus papéis em uma casa que não era, de alguma forma, ligada a dos meus pais. em outra cidade, em outro estado. dividida com uma desconhecida. é sempre uma surpresa dividir apartamento. e, sim, dá trabalho. o que não quer dizer que não seja uma experiência absolutamente incrível.

no apartamento 44 eu morei durante 433 dias. tomei meu primeiro porre, ainda que tardio. eu era moça ridiculamente comportada. aprendi a pagar conta, fiz festa, limpei bagunça, briguei com a vizinha. consegui o trabalho que eu mais queria e vi ele acabar, conforme o combinado. fiquei à toa, de bobeira, passei dias trancada, em frente à tv. tive medo de que as coisas não fossem ficar bem, e que toda a bagunça que eu fiz com a vida estável que eu tinha pudesse ter sido em vão. fiz amigos novos, reencontrei os velhos. gargalhei, conversei, chorei. emagreci. fui muito, muito feliz. e depois, triste. porque é isso que acontece, todo dia, com todo mundo. me apaixonei e tive meu coração partido. como acontece todo dia, com todo mundo. tive momentos de muito assunto e momentos de nada a dizer. até que o tempo do apartamento 44 acabou, a relação coma roomate que jamais virou amiga acabou, e eu perdi o chão. literalmente.

hoje, o apartamento é outro, o 13. outra roomate, também incrivelmente diferente de mim, mas mais aberta, mais receptiva. a relação é mais fácil. existe conversa, existe assunto, existe discussão interminável sobre vestidos e sobre o nosso gosto tão diferente para meninos. ela gosta de mauricinhos, eu de bagunçados. ela gosta dos fortes, eu dos magrelos. o apartamento 13 é maior e mais ensolarado. cabe direitinho o meu movimento pra fora, pros lados. o 44 era mais encolhidinho, e me cabia naquela fase. No apartamento 13 a bagunça é maior, o clima é mais solto, existe mais barulho.

eu gosto mais do apartamento 13. mas o 44 foi auspicioso, sim.

me levou até onde eu estou, hoje. que era basicamente onde eu devia estar.

4 comentários:

Leiliane Fontenele disse...

Menina como vc posta rápido. aff ...
Tenho vontade de morar longe da minha mãe, não que ela seja chata, ela é muito legal, mas queria viver outras experiencias... mas agora acho muito dificil acontecer. Irmãos casaram ficamos somente eu e ela. Então vou sair de casa só quando casar.
tracosdenanquim.wordpress.com

tippi hedren disse...

oi! fiquei superfeliz ao ler. tô com vontade de postar assim, em resposta a você.

Ana Martins disse...

Fico feliz pelo seu 13 caber você. Meu 21 nunca me coube, mas eu vivo nele mesmo assim..

E é bom poder fazer desabafos "anonimamente" no blog dos outros. :D

neutron disse...

fui muito, muito feliz. e depois, triste. porque é isso que acontece, todo dia, com todo mundo. me apaixonei e tive meu coração partido. como acontece todo dia, com todo mundo

Ah, Madame Ç. Você me obrigou a parar minha amiga - ao meu lado aqui no laboratório da faculdade - e fazê-la ler este post.

Espero, de coração e mesmo aqui de longe, que você sempre se encontre nos apartamentos em que morar. E na vida, como um todo :)