domingo, 31 de outubro de 2010

castelinhos

eu tento me concentrar nas coisas boas. e, sim, eu preciso tirar desse ano uma lição. a lição final. eu fico em looping com dramas de amizade não é de hoje. é desde nova, desde criança. grandes perdas, grandes decepções. eu construo um mundo e vejo ele desabar. sempre foi assim. tem sido assim. 2010 concentrou esse tipo de acontecimento com carga extra de drama. acho que pra me ensinar. pra que 2011 comece mais leve. comece só com o que precise restar. o que não precisar, fica por aqui. junto com o ano mais dramático da minha vida, no que diz respeito a amizade.

tem essas duas pessoas oscilando aqui em mim. uma delas ainda constroi castelinhos, e universos, e mundos coloridos. e acha as pessoas incríveis, e se diverte, e abraça, e o coração é quente, e a vida é feliz. eu tive tudo isso esse ano. vi se aproximarem de mim as pessoas mais queridas. estive aberta a isso. a comunicação começa a não precisar de palavras. eu quero guardar todo mundo numa caixinha, dessas de guardados, de lembranças felizes, junto com fitas coloridas e papel de bala de frutas. a alegria é de verdade. o amor é do tipo mais puro. do tipo que dá vontade de chorar, só de pensar que está ali, que existe. e a gente se senta num banco de madeira tomando picolé, no meio da tarde, e gargalha alto. e eu me dou conta de que aquele ali, distraído, é um momento feliz. isso sou eu, repetindo o padrão, construindo castelos bonitos. enfeitando tudo colorido. 

muito escondido, tipo uma sombra, discreta, essa outra pessoa me olha com desdém, e me pergunta até quando? até quando o coração vai encher desse jeito, quanto tempo até que você os decepcione, ou seja decepcionada? e essa pessoa me lembra de todos os escombros, dos castelos que foram construídos. as ruinas ali, me lembrando que às vezes sobra nada, ou sobra muito pouco. e as pessoas que um dia foram guardadas em potinhos foram perdidas, o mundo colorido esmaeceu, aquarelou, escorreu junto com a água da chuva. essa pessoa ainda se contorce de noite, quando ninguém pode ver. e vez por outra ela chora. e amaldiçoa o mundo, as boas intenções, e acha que nada pode dar certo, nunca. e eu me pego, influenciada por ela, achando que nada presta, e nem ninguém. 

num espaço intermediário, todas as coisas que eu ainda não consigo catalogar. todas as relações machucadas. mas que o amor resiste. tem dessas também. os castelinhos que têm rachaduras. que precisam ser reformados, consertados, observados de perto e com cuidado. algumas paredes ruiram, outras persistem. eu não consigo destruir o que restou. fico olhando, meio sofrida, pensando no que ainda pode ser erguido, de volta, naqueles espaços vazios. eu comparo pessoas a construções, me chamem de louca. meus castelos foram surrados esse ano. uns ruiram rapidamente. desabaram como que feitos de areia pura. desmancharam no ar. outros bambearam, algumas paredes caíram. outras persistem, sabe se lá como, sabe-se lá por que.

eu entrei nesse looping, ontem, sem nem perceber. almoçando com dois queridos, desses castelinhos recém construídos, coloridos, firmes. e eu falava de como as pessoas são estragadas. fui corrigida. será que eu estou me tornando uma pessoa amarga, eu fico me perguntando. por que eu não consigo simplesmente me desvencilhar? porque precisa machucar tanto, toda vez? não é justo com quem chega, não é justo com quem persiste. e não é justo comigo, nunca, nunca.

então eu recomeço, do zero. a melhor forma de restaurar a fé é buscar onde ela é testada. e eu corri pra uma dessas pessoas. e passei horas e horas machucando e sendo machucada.  porque machuca, quando a gente se importa. eu me importo. os meus castelos são meus. eu construí, e sim, eu posso me recusar a ver ruir. tem que ser assim. se não for, pra que serve isso tudo? tem que ser assim.

no final, o que resta é isso. é o que a gente constroi. é o que machuca, mas justamente por machucar, é o que deve ser mantido. porque se não machucasse, não era castelinho, não era mundo colorido. e eu fiquei ali. parede por parede, tijolo por tijolo. botando as coisas no lugar. onde elas deviam estar. estou bem esgotada. faltam ajustes. falta a massa, a tinta nas paredes. as novas flores nos jardins. abrir as janelas pra deixar entrar sol, de novo. pra renovar.

eu fico ouvindo que amizade deve ser leve. amizade, pra mim, nunca é leve. nada que tome meu coração é leve. nunca foi. nunca vai ser. alguns vão dizer que é drama. eu chamo de cor. eu pinto as coisas em volta com cores fortes. minhas cores são berrantes. meu castelos são coloridos. eu preciso descobrir um jeito de pegar essa pessoa que se ressentiu, e trancar ela num lugar onde ela só observe as coisas que deram certo. pra que ela acredite, de novo. e deixe de achar que as coisas não têm conserto. pra que ela acredite que não é sempre assim. que não precisa ser sempre assim.

sábado, 30 de outubro de 2010

Mme. Cedilha faz um BO.

Então, eu precisei fazer uma incursão a uma delegacia de polícia. Começou com a confusão que a TVA aprontou para cancelar a assinatura que estava em nome da roomate antiga, que um dia eu achei fofa, e depois descobri que foi uma das pessoas mais erradas que já passaram pelo meu caminho. O técnico foi na minha casa instalar o equipamento novo e retirar o velho, mas só protocolou a instalação, e não a retirada. Logo, não deram baixa no sistema. Logo, continuaram mandando faturas de uma assinatura que nem estava valendo, mais. Logo, comecei a ser importunada pela roomate, como se eu estivesse mentindo. Hello. Aparelhos da TVA. Tenho o maior interesse do mundo em manter essa parafernália estocada em casa.

Não adiantou explicar no telefone para os atendentes que o senhor Clodoaldo, um velhinho muito simpático, havia me acordado num sábado de manhã pra fazer a troca toda. A história foi repetida eternamente, e vez por outra eu precisei repetir que eu, Mme. cedilha, ao contrário de uns e outros por aí, não costumo contar mentiras. Ficou combinado que eu teria que ir a uma delegacia de polícia, contar tudinho pra um policial, para que ele pudesse registrar o ocorrido e, finalmente, quatro fucking meses depois, a TVA entendesse que foi um erro de processo deles.

Eu. Sapatilhas coloridas. Franja curta. Tudo que não combina, hum, com este ambiente de crime, certo? Achei um distrito perto de casa e para lá rumei. Achei estranho estar vazio, e perguntei para um cara, atrás de um balcão, onde que eu poderia fazer um BO. Antes mesmo de ele me mandar sentar, ele perguntou. Pra que você quer fazer um Boletim de Ocorrência? Well. Eu não quero, veja bem. Mas me mandaram, e eu to aqui. Não sei como funciona esse troço. Ele me mandou sentar e me pediu pra descrever o que aconteceu. Enquanto eu contava, ele escrevia. Me deu um estalo. Minha primeira incursão a uma delegacia precisava ser registrada. Pedi o endereço certinho pra ele, e enquanto ele me pedia pra descrever o senhor Clodoaldo, técnico gente boa e nada treinado da TVA, eu dava um check in no Foursquare, tomando o cuidado de compartilhar a informação via twitter e facebook: "Episódio de hoje: Mme Cedilha faz um Boletim de Ocorrência."

Não demorou muito até meu telefone pipocar com amigos preocupados, pensando que teria sido um novo ataque do psicopata de estimação. Não. nem foi. Psicopata es muerto, não incomoda mais, eu passo cada vez menos tempo pensando nele, ou sentindo a grande briga de 2010. Repararam a ausência de posts? Pois é. Letting go, etc e tal, já não era sem tempo. A vida foi substituída com gente tão incrível que, quando sobra tempo pra mimimi, nem é com ele que eu gasto.

Onde eu estava mesmo? Ah, é, na delegacia. registrando BO e dando check in. Ele me perguntava. Como é o senhor Clodoaldo? Mermão. Sr. Clodoaldo me acordou num sábado de manhã, 7 de agosto. Eu não me lembro. Homem? Um senhor. Serve? Alto ou baixo, ele perguntava. Nem alto e nem baixo, eu respondia. Magro ou gordo, ele perguntava. Nem magro e nem gordo, eu respondia. Cabelo meio branco, talvez. Mas eu não sei mesmo, estou chutando. Pode ser que ele tenha tido um bigode. mas pode ter sido impressão. Seu polícia, veja bem, nada do que eu digo é com certeza. E ele escrevendo.

Daí ele imprimiu tudo o que eu dizia e me pediu pra ler e apontar se houvesse alguma informação que não procedesse. Comecei a ler. Tinha a parte do delito, a parte que eu descrevia senhor Clodoaldo na vida em geral. E a parte que o seu polícia me descrevia. "Alta, cabelo castanho, olho castanho, 1,70m, 60kg."

Entreguei o papel de volta e disse. Meu peso e minha altura estão errados. Sou mais alta e mais magra. E ele finalmente riu. parecia um desses policias chicanos de filmes americanos, e até era bonito. Perguntou pra mim altura e peso corretos e eu disse. 1,74m, 56 kg. Onde é que já se viu? Ele perguntou. Com salto ou sem salto? Sem salto, obviamente. Sempre preferi a linha Audrey Hepburn, com sapatilhas baixas.

Daí eu me dei conta de que parecia sim, muito fácil, fazer um BO. E perguntei pra ele, como isso funcionava. se qualquer um podia fazer BO contra qualquer um. Ele disse que sim, e que dependendo do delito em questão, se instaurava um inquérito. Pensei na VIDA de BOs que eu podia ter feito esse ano. As ameaças por e-mail por parte do ex melhor amigo, o dia que ele me perseguiu na rua. O dia em que a roomate dos infernos violou a minha correspondência, a carta que a minha mãe tinha me mandado, bem no meio do caos da saída dela. Violação de correspondência é crime, disso eu sei muito bem. Tinha até testemunha, vejam só. O dia que ela ligou pra TVA em meu nome e registrou a minha assinatura, do jeito que ela achava que devia ser, e sem procuração para agir em meu nome. Crime, crime. Os recibos falsos de pagamento do condomínio, descobertos meses depois, e muito bem guardados. Tudo com provas e testemunhas. Tudo crime.

Perguntei pro seu polícia. Se hipoteticamente, alguém viola a minha correspondência, eu posso fazer um BO? Ele perguntou. Alguém abriu a sua correspondência? Enquanto eu acenava positivamente com a cabeça, com um sorrisinho maroto nos lábios, eu repeti, em voz alta. Hipoteticamente. Ele disse. Violação de correspondência é crime. Dá de um a dois anos de prisão, inclusive. Você quer registrar isso? Eu disse que não. Por enquanto não.

Nisso, toca o telefone. Co-worker querido, querendo carona. Eu faço A MAIOR propaganda do mundo para esse maravilhoso universo dos BOs. Pergunto se ele quer registrar alguma coisa, que a delegacia é ótema, o polícia é gentil, tá bem vazio, e tal. Ele diz que não, me chama de louca e desliga. Nisso, o policial se sente em seu dever de me informar. Mocinha, deixa eu te explicar uma coisa. fazer um BO tem suas implicações. E você deu sorte, que hoje, por acaso a delegacia está vazia, mas não é assim não. Eu sorrio, e digo que estou brincando. Ele imprime 4 vias e me manda assinar as 4. Nisso entra uma velhinha com sotaque espanhol, aos prantos, porque foi ameaçada pela vizinha. E eu me dou conta de que as pessoas, quando vão pra uma delegacia, devem estar abaladas, como aquela senhorinha estava.

Eu estava mangando da lei, segundo a Ana. hoho.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

:)

ele estava online. era tarde e eu estava cansada, nem não sei bem de onde veio, mas senti muitas saudades. não deu tempo de a gente virar amigos, e ele implicou comigo durante um bom tempo. o que eu posso dizer? de vez em quando, meu afeto é de graça. não se explica.

ano passado, quando eu fui designada para ser a sombra dele na firma colorida, a segui-lo pelos corredores, a ajudá-lo com o projeto, ele ficou territorial. de vez em quando ele se traía, e eu percebia que ele também gostava de mim. um tantinho que fosse. algumas vezes ele me deixou maluca. era cruel, me tratava como uma estagiária. me fez chorar escondido, no banheiro. de raiva. acho que era ciúme, o que ele tinha. do projeto, do espaço. não sei. quando eu saí, mantivemos algum contato. nos encontramos por vezes na oficina colorida, e eu ficava genuinamente feliz ao vê-lo. aprendi um monte com ele. a boa relação com as pessoas, a organização, a defesa ferrenha de um projeto que, naquele momento, ainda não tinha a confiança das pessoas certas. e eu ali. observando, participando. aprendendo.

foi em dezembro que ele saiu de lá. foi pra longe. em janeiro, eu voltei. eu não vejo uma pessoa que não se derreta o falar dele. as saudades estampadas no rosto, os sorrisos. eu sinto saudades. convivi pouquinho, e sinto saudades.

veio pra mim a responsabilidade de tocar o projeto que ele começou, quando as pessoas certas entenderam a importância daquilo. e eu fiz questão de seguir, assim, do jeito que ele fazia. a boa relação com o japonês querido, as brincadeiras no meio das reuniões. o projeto está tomando forma, depois de 10 meses da minha chegada. em breve, a gente vira a chave.

e ele estava online. e eu chamei. primeiro pra falar das saudades, depois pra saber como ele está, lá do outro lado do continente. depois pra contar das pessoas, das mudanças. gente saindo, gente entrando. gente casando, tendo filho, seguindo adiante. depois, pra falar pra ele do projeto. que tá andando. e que está todo mundo continuando o trabalho que ele começou. e que é pra logo, agora. não demora muito mais. e que, quando acontecer, eu quero que ele saiba, que ele veja. porque é dele, também.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

surpresa de aniversário


Foi na sexta. Dois dias depois. Eu já tinha mobilizado todo mundo pra ir na festa de soul, no centro da cidade. Saí do trabalho com o coworker querido, passamos no supermercado para abastecer a casa de vodka. Porque, né? Precisa.

Quando eu entro em casa, luzes apagadas. Todo mundo escondido, às gargalhadas.

Bolo de chocolate. (L)

Foi a primeira festa surpresa que eu realmente não percebi nada. As meninas coloridas, os designers queridos. Roomate fofa, super falando com eles e combinando tudo. Todo mundo, logo depois, sentado no chão, comendo bolo e tomando vodka.

Morri de amor. Eu tenho os amigos mais incríveis.

o menino de olhos azuis - parte 5?


Então. Percebo que cometi um erro básico. Eu estou lidando com ele esperando que ele siga um determinado padrão de comportamento. E eu não sei se ele percebeu isso, mas fato é que ele começou a fazer tudo ao contrário. Arrisco dizer que de propósito. Meu aniversário foi um belo exemplo disso.


Vou contar.

Recapitulando. Ele tinha aparecido perguntando do aniversário e eu super fiz charminho, dizendo que claaaaro, eu super ia convidar. well. não convidei. Estava numa reunião quando ele me mandou uma mensagem, perguntando se o aniversário era naquele dia mesmo, e onde seria. Eu respondi e, novamente fazendo graça, perguntei se ele iria aparecer.

Que fique claro. Eu não queria que ele fosse no meu aniversário. Eu queria, sim, que ele aparecesse no final da festa, e aí, quem sabe, eu sairia com ele.  Escondido. Eu estava tranquila, certa de que ele não apareceria no meio da festa, pra não se expor. Ele nunca se expõe. Ninguém sabe. Ninguém vê. Certo?

Errado.

Eu estava no meio de Mr. Brightside, já meio bêbada, quando o vi atravessando o salão. Demorei a reconhecer. Miopia misturada com vodka, agravada pelo fato de que eu nunca o vejo à distância, assim, andando, se movendo. Meu ângulo costuma ser muito mais próximo. Close up. Ele atravessou o lugar e se sentou com meus amigos. E eu perdi o tom, perdi o rumo. Fiquei mesmo sem saber o que fazer.

Acabou a música, eu fui cumprimentar. Beijo no rosto, civilizado. Ele agarrou a minha cintura e tentou me beijar. Eu desviei, ele me mordeu a bochecha e debochou da minha cara de choque, dizendo que eu estava muito comportada.

Eu perguntei. Você está louco? São os meus amigos. O que você esperava?


Ele riu. E debochou novamente. E enquanto eu, de pé ao lado dele, conversava com uns amigos, ele agarrava a minha perna, e me dava beliscões. Juro. Resolvi mandar um sms, dali mesmo. Mandei ir lá pra fora, e me encontrar. Hohoho. Ele foi. Eu estava indo, logo atrás. Eis que uma voz me chama. Era a minha vez de cantar Total Eclipse of the Heart. Voltei. Cantei. Enquanto eu cantava, ele me mandava sms. Onde você está? Eu respondi. No palco.

Finalmente lá fora, falamos pouco. Eu estava constrangida. Ele perguntou se eu não queria que os meus amigos nos vissem juntos. Eu disse que não.

parêntesis. e eu não quero mesmo. eu tenho vergonha de ser vista com ele. ele não é legal, repito. além disso, tirando o fato de que sim, ele tem o seu charme e um rosto bonito, ele não é o tipo de cara que me atrai. não é alto, o cabelo começa a implorar por um corte, a barba maior do que devia ser permitido. um visual todo largado. uma arrogância disfarçada, eu sou bom demais pra todos vocês. não curto. fecha parentesis.

Acabamos concordando que do jeito que as coisas estavam era mais simples. Até porque não há nada a ser dito. Não há nada a posicionar. Não nos encontramos socialmente. Não somos amigos.

E eu comecei a me dar conta de que o cretino tinha feito de propósito, MESMO. Que ele foi lá pra me expor, enquanto ele permaneceria totalmente protegido. E ainda serviu pra fazer graça, pagando de gatinho para os meus amigos, que conhecem e interagem socialmente com ele.

Ele começou a insinuar que eu podia sair da festa com ele, eu cortei. Meu aniversário. Acorda. E então ele começou a fazer mimimi, dizendo que precisava acordar cedo, e que tinha não sei o que pra fazer não sei aonde, e não podia demorar. Eu perguntei. Por que você veio, afinal? Vá pra casa, vá dormir. Ele disse. Eu vou. E foi. Acompanhei até a calçada, nos despedimos e eu voltei bem a tempo de cantar Bon Jovi com meus queridos.

Chegando em casa, percebi que, como se não bastasse todo o resto, o espertinho tinha mexido na minha cãmera, e configurado para o modo manual. E não avisou ninguém. E todo mundo continuou fotografando como se ela estivesse no automático. E não sobrou UMA foto boa pra contar a história.

#fail

aniversário, ainda.


Passei a semana fazendo mimimi. COMOASSIÃM não teve surpresa no meu aniversário? Que espécie de amigues eu tenho? 

A menina coordenadora comete um erro e eu que pago o pato? E fico sem bolo? E me sinto desprestigiada?

It's my fucking birthday!

Os co-workers, sem graça, explicavam que o furo da coordenadora tinha estragado tudo. E que, poxa, mas o andar inteiro cantou parabéns pra você, etc e tal.

Pra começar, o parabéns coletivo foi um lapso, puxado pelo menino da nova zelândia quando a chefa loura resolveu passar na minha mesa para me dar um abraço. Não é divertido ter, sei lá, uma multidão, cantando parabéns pra você. Eu queria bolo.
 
De chocolate.

domingo, 24 de outubro de 2010

meu aniversário


esse ano, 31. medo. aquela coisa de idade. nada me preparou pra dizer isso em voz alta. 31 anos. a boa experiência do ano passado me levou um passo adiante. resolvi que chamaria todas as pessoas que eu realmente queria que fossem. nome por nome, cheguei na brilhante marca de 74.

fiquei chocada. quando foi, nessa vida, que eu virei pessoa que consegue listar 74 queridos para uma festa de aniversário? e eu não vou nem entrar no mérito dos queridos do rio, que não conseguiriam estar presentes, anyway. com essas ausências, eu me preparei pra lidar. liguei pro karaoke favorito e fui bem realista. reservei uma mesa para 30 pessoas, já achando meio exagerado, mesmo. quarta-feira, quais as chances de eu arrastar todo mundo pra um karaoke?

e eu arrastei. muito mais do que os 30 lugares que eu reservei. minhas pessoas. todos interagindo, os pequenos universos colidindo lindamente. vi gente da oficina colorida conhecer gente da firma colorida e cantar junto. vi namorado de roomate ficar amigo de daniel querido, mais gênia colorida, todo mundo cantando ramones. foi absolutamente incrível. 

o mais engraçado foi reparar que, no meio daquelas pessoas, os meus amigos, dava pra contar uma parte da minha vida. gente que me conhece há  uma vida, que briga e se entende. gente com quem eu falo diariamente, gente  com quem eu  passo a maior parte do meu dia, e ainda assim, parece pouco. <3

e eu cantava bon jovi aos berros com três queridas, olhos fechados, todo mundo acompanhando. sabe quando você pode congelar um momento e guardar? esse foi um deles.

o dia seguinte, meu msn pipocou. todos pedindo contatos de todos, se adicionando nas redes sociais, se seguindo no twitter. criando relações que não dependem de mim. porque eles se entenderam, sozinhos. e eu ali, observando, meio maravilhada, meio bobinha, pessoas dos lugares mais diferentes terem se adorado, assim, de graça. eu sou rodeada pelas pessoas mais incríveis do mundo. isso faz com que eu acredite que sim, talvez eu seja uma pessoa legal.

:) 
Instructions for living a life. Pay attention. Be astonished. Tell about it. ~Mary Oliver

semana de aniversário


Segunda-feira. Estava em casa, a japa querida me chamou no msn. vai ver seu email da firma, ela disse. E eu, que nunca checo e-mail de trabalho de casa, por questões ideológicas, me vi digitando username e senha.

Lá na caixa de entrada, havia um e-mail. Da menina coordenadora. Ela fez um e-mail para a equipe, e a ideia era fazer uma surpresa de aniversário pra mim. 

Só que ela me copiou na mensagem. #fail.

Virei uma boladeamor. fiquei fofa, querida, me pus a defendê-la para os amigues. Ela foi fofa, reconheçam. Ohn. boladeamor.

Fiz graça com a mensagem, respondi que só fazia questão de que o bolo fosse de chocolate e que a reunião de equipe, na quarta, dia do aniversário e da festa, acabasse na hora. Pra eu poder ir cantar Total Eclipse of The Heart no karaoke, de novo, junto com a japa querida.

Ficou nítido que ela tinha dado um furo me colocando na mensagem, e ninguém falou mais nisso. Eu fiquei esperando meu bolo. Na reunião de equipe, como geralmente acontece. Atrasei um pouco pra chegar na sala (pra dar tempo de eles se organizarem para a "surpresa"). Quando eu finalmente desci para a sala de reunião, NADA.

A surpresa foi não ter surpresa. Morri.

+_+

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

consultório de freud

eu começo a falar do menino de olhos azuis, e da ideia das coisas serem assim, sem compromisso, sem expectativas, com um tentando dar xeque-mate no outro. freud começa a questionar as minhas reais intenções, e diz que eu posso me machucar. hello. a gente sempre se machuca. a diferença é as regras do jogo estarem claras, desde o início. dessa vez, estão. eu não vou me envolver, eu sei bem o tipo de pessoa com a qual estou lidando. e, sim, eu quero continuar lidando com isso. é escolha. não é tipo outro tipo de história que o cara se mostra apaixonado, você cai como um patinho e assiste, despedaçada, ele dizer que não é bem assim, que não pretendia que as coisas se tornassem sérias. nesse caso, não há aviso. é meio armadilha, mesmo. com o menino de olhos azuis, não tem armadilha. eu saio com ele quando eu quero. ele sai comigo quando ele quer. ninguém fica esperando telefonema no dia seguinte. ninguém espera nada. é combinado assim.

freud franze a testa. eu olho, e pergunto se ele está me julgando. freud diz que não, mas que precisa me mostrar todos os prós e contras, me fazer enxergar todos os desdobramentos que a história pode ter. que eu não controlo nada. eu não controlo, in deed. eu sei que eu não controlo. mas eu estou me divertindo. não é vingança, não é só dar a volta num cara que costuma dar a volta em garotas como eu. é mais que isso. é experimentar ser de um outro jeito, ser uma pessoa que não faz drama, que não cria expectativas, que aproveita o momento. esse é o desafio, aqui. sejamos sinceros. eu já sabia onde isso ia terminar. eu já sabia que isso terminaria com ele conseguindo o que quer, o que quis desde o primeiro segundo. e, ok, eu também quero. quero ver qual é, o que tem de tão especial esse menino vazio. mas que sabe direitinho o que fazer quando não está preocupado com a própria imagem refletida no espelho.

e freud ali, testa franzida. eu encarei, sorri de leve e disse. por que você não me diz o que realmente pensa? é por isso que existe o divã, não é? não é pelo paciente. é por vocês. o divã protege vocês da nossa expressão inquisidora, e vocês podem, finalmente, falar o que realmente pensam.

dra freud sorriu. e disse. então, minha querida, na próxima semana você vai se deitar, de costas pra mim.

pânico. eu não quero me deitar de costas pra ela. eu gosto do olho no olho. de controlar aquele espaço, espalhar as almofadas de forma que eu esteja confortável. eu acho que ficar de costas me deixaria vulnerável. talvez tenha sido isso. eu começo a não estar vulnerável naquele divã, sentada, frente a frente com quem me analisa.

e, aparentemente, isso acaba de me ser tirado.

divã é simbólico demais. não sei se eu dou conta não.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ainda sobre o menino de olhos azuis


O mais divertido mesmo são as conversas que rolam em paralelo, entre Velma e eu.

Ela me conta as investidas dele, eu conto as investidas dele. A gente discute por horas, fala da vida, bola planos malignos pra humilhar o pobrezinho em praça pública. Ou pelo menos dar a ele um tiquinho do próprio veneno. Óbvio, depois de esfriar a conversa, percebo que iríamos, as duas, ser processadas se fizéssemos um terço do que planejamos. 

(A minha teoria é assim. Ele vai abrindo todas as janelinhas de instant messengers que ele acha. Lança a mesma frase isca pra todas as meninas. As que caírem, ele vai dando corda.)

Nesse meio tempo, eu e Velma, cheias de assunto. Ela me dizendo que ele procura ela, com papo furado, também tarde da noite, no gtalk. E que ela disse pra ele que estava vindo pra são paulo visitar a amiga cedilha dele. Sucedeu-se um silêncio profundo e ele desapareceu. Correu para as montanhas.

Ontem à noite ele veio me perguntar se vai ser convidado pro meu aniversário. Eu disse. Claaaaro. Você vai, né? Ele pergunta. A Velma vai? E eu. Não. Por que a pergunta? E ele. Você me disse que ela vinha. E eu. Eu? Por que eu te diria isso? Acho que você se confundiu. E ele. É. Devo ter me confundido. o_O

Ele nem sabe mais com quem está falando, se comigo ou com ela. Deve estar levemente com medo de esbarrar em nós duas juntas. Deve ficar intrigado com essa nossa amizade, se perguntando se a gente fala ou não sobre ter ficado com o mesmo cara.

Well. A gente fala. A lot.

Estou pensando cá comigo, que é hora de botar fim na questão. Eu posso tanto pular fora agora, como já venho fazendo, e simplesmente não dar mais papo. OU. Eu posso ceder aos encantos da criatura. Dizer que eu não estou curiosa seria mentira. O pulo do gato seria fazer com ele o que ele fez com Velma. Desparecer enquanto ele dorme.

Se eu fosse filhadaputa, assim como ele é, eu ainda podia esbarrar, assim, por acidente, na Nespresso dele. Tô pra ver fixação maior em homem, ultimamente. A bendita máquina caríssima de fazer café.

domingo, 17 de outubro de 2010

menino de olhos azuis, parte 4

Toda uma espécie de código se desenrolando. Eu dou check in no foursquare, e de alguma forma isso serve de sinal para o menino de olhos azuis. Se ele estiver por perto, ele me manda mensagem. Vez por outra, eu dou corda e ele vai me encontrar. Daí teve esse dia que ele começou a  insistir e eu disse que ele não fosse. Porque estava com meus amigos.  Deixamos para o dia seguinte. Passamos a noite trocando mensagens engraçadinhas. Meio que combinando.

Dia seguinte, ele sumiu. Hohoho, eu devia esperar, bla bla bla whiskas sachê. Fiquei puta. Ele me mandou uma mensagem que dizia apenas "work issues", e não deu mais notícias. 

Work issues my ass. Ele nem conseguiu me levar pra cama ainda, onde é que já se viu me dar perdido? Tem que ser mais educado, assim que eu penso. Enquanto isso, ele dava check in na fnac, check in num café, twitava alguma coisa sobre ter achado o blu ray de homem de ferro whatever. E eu. Filho da mãe. Nem é por causa de alguma outra garota, situação que eu estou preparada para lidar, dada a filhadaputisse da pessoa em questão. Não. Fnac. Home de ferro.

Ele sumiu. Eu sumi.

Semana passada ele ressurge. Gtalk, msn, mensagem no celular. Querendo sair. Perguntando quando é que ia me ver. Eu, atordodada com o prazo de um trabalho e ainda mordida com a descortesia, cortei:

RT @meninodeolhosazuis work issues.

Ele tentando me convencer a largar o trabalho e sair com ele, achei melhor provocar. Disse que agora quem não queria era eu. E que ele tinha perdido *a* chance, porque no dia que ele sumiu, eu estava sozinha em casa e mal intencionada.

BINGO.

Desde esse dia, ele não me deixa em paz.

domingo, 10 de outubro de 2010

dos textos adormecidos

(post escrito em 29 de dezembro de 2009, censurado, adormecido. que eu reli, agorinha, e não mudei nenhuma vírgula. porque é isso, mesmo. exatamente como eu escrevi. há quase um ano atrás.)

~ o irmão mais velho da amiga ~

Então, vamos lá. Eu tinha uns 16 anos quando me apaixonei irremediavelmente. Ele era irmão mais velho da minha melhor amiga. Louro, olhos azuis. Não era do tipo que arrasava corações, era até bem bobo, na verdade. Nunca soube o poder que tinha.

Tocava piano lindamente. Tocava violão lindamente. E eu lá. Embasbacada. Sem coragem de me declarar, escrevendo páginas e mais páginas em agendas, chorando até dormir, torcendo para ser vista. Ele nunca me viu. Ele levava e buscava nas festas, ligava nos aniversários, trocávamos um monte de histórias. Cada vestido que eu usava, era pra ele. E ele nunca me viu.

E, naqueles quase dois anos em que eu girei em torno dele, ele ficou com cada uma das minhas amigas. Namorou uma delas. Partiu meu coração todos os dias. Em pedaços pequeninos. Eu sofria calada, me achava feia, justificava a  sua falta de atenção no meu andar desengonçado, na minha falta de charme.

A primeira vez que eu beijei um menino, foi tentando fazer ciúmes nele. E ele não viu. E a vida seguiu. E, um dia, eu resolvi que ele devia saber. Tinha esse amigo oculto, e eu mexi uns palitinhos pra que ele fosse o meu. Comprei um cartão bonito, onde deixava mais do que claro o que eu sentia. Foi um espetáculo de coração partido em praça pública.

Ele nunca mais falou comigo depois daquele dia.

Meu coração se partiu, o que sobrou eu colei, sozinha, e congelei. Essa história de coração congelado é conhecida, por aqui. Por causa dele eu tomei cuidado com cada pessoa que mostrou interesse em mim, depois desse dia. Pra não quebrar, pra não machucar. Porque eu fui quebrada e machucada.

Mudei de cidade, mudei de amigos, de vida. Mas continuei quebrada. Tentei acreditar que ele não tinha mais efeito sobre mim, que eu estava curada. Uns cinco anos depois, encontrei com ele numa dessas lojas de conveniência em posto de gasolina. Meu irmão estava comigo, e eu era uma nova pessoa. Mais confiante, mais segura, mais consciente de que era, sim, uma mulher bonita. Nos encontramos e conversamos, aquelas conversas vazias de quem não sabe muito o que dizer. Quando saímos da loja e eu entrei no carro, meu irmão me disse: Balançou, hein? Aparentemente, era óbvio o vermelho nas minhas bochechas, as minhas mãos meio tremendo, a agitação. E eu me dei conta de que era a mesma pessoa, ainda.

Há quinze dias nos encontramos de novo. Depois de mais uns cinco anos, arrisco dizer. Eu estava linda, vestido de festa. Cheia de histórias da metrópole, feliz, segura. Viramos pessoas diferentes. Nunca daria certo, e coisa e tal. O tipo de coisa que eu, racional, digo e repito. Eu sei disso.

Mas vai explicar isso praquela garota de 16 anos, rimel borrado no rosto, desengonçada, rejeitada? Porque, novamente, era ela girando em torno dele. E rindo, e sendo gentil, e simpática, e fazendo charme. E ele não viu. Não importa o que eu fizesse aos 16 anos, não importa o que eu faça agora, aos 30. Ele é imune a mim. Não vê, não liga. E eu posso, sim, encher a boca com todas aquelas frases feitas de ele não me merece, e whatever, mas a verdade é que tem essa garota gritando dentro da minha cabeça, sem entender por que diabos ele nunca olhou pra ela.

Ela nunca foi desengonçada. As fotos estão lá, desde sempre. Ela era linda. Eu estava linda, há 15 dias, sendo rejeitada por ele.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

pequeno manual de distanciamento

como você vive sabendo que seu coração está partido, e que a pessoa existe? que ela anda por aí, come, dorme, trabalha, se diverte?

eu faço essa pergunta, vez por outra. fiz hoje, pra japa, na firma colorida. faço pra qualquer um que reclame o coração partido. faço pra mim, mas a minha resposta eu já sei.

a japa disse que isso é só uma parte. que ela guarda o coração partido num cantinho e vida que segue. fico me perguntando se as pessoas são assim, todas elas. eu não. eu não sei seguir a vida com a pessoa existindo.

quando alguém me aborrece, me magoa, quando eu não sei o que fazer com a dor que essa pessoa me causou, eu sempre tenho a mesma ideia. de que ela precisaria não existir para que eu pudesse continuar. porque a ideia de encontrar ela por aí, de saber que ela falou de mim, ou que pode aparecer online no msn, ou andar pela rua, esbarrar no supermercado, existir na vida em geral me pesa os ombros, me pesa a vida. e eu penso que a única forma seria apagar. cortar, fugir, sumir.

é fácil apagar alguém de existir em volta de você. você vira as costas e anda pra longe. se afasta dos amigos em comum, porque eventualmente você vai saber que eles almoçaram, ou jantaram, ou se esbarraram no shopping. isso machuca. então os silêncios são necessários. pra aquietar o barulho louco que faz dentro da cabeça. esconder as atualizações no facebook, bloquear acesso em casos mais extremos. pra que um morra para o outro, como deve ser. deletar os contatos do celular, porque o simples correr de dedos na agenda faz gelar a espinha se o nome aparecer, perdido, ali, perto de quem você procura. apagar do msn, dar unfollow no twitter. eu tenho essa pasta no msn, e ela chama the others. a unica regra pra ela é. mantenha fechada. ali eu guardo as pessoas que me fazem doer o coração. não há dois cliques que me salvem disso. nunca haverá.

e eu fico pensando que quando você conhece uma pessoa, ou amigo, ou alguém por quem você se apaixona, no início, tudo o que se faz é tentar trazer essa pessoa para a sua vida. para existir, ali, na paisagem, de um jeito que você possa esticar a vista e encontrar, com um sorriso nos lábios. essa fase é bonita. mas como a gente conserta isso quando as coisas desmoronam, quando os defeitos passam a sobrepor as qualidades, quando você olha no olho e não vê mais nada daquilo que já existiu? como a gente pode existir e esbarrar, e ver, e ler, e saber que a outra pessoa segue a vida, ali, ainda no seu campo de visão? na paisagem que é sua?

mundo ideal pra mim, esses dias, é ter a clareza de não trazer ninguém pra muito perto. pra que eu não precise jogar ela pra tão longe quando a vida mostrar que é assim que as coisas funcionam.