quinta-feira, 13 de maio de 2010

das coisas que são, efetivamente.

demorou mais do que eu esperava. até eu poder olhar em volta e me perceber como parte do cenário. como parte daquilo tudo. porque eu entrei e era um ambiente estranho, quase hostil. não havia nada. o projeto devia ser construído do zero. eu deveria construir do zero. e ninguém me ensinava nada, não havia tempo. e eu ficava sentada na cadeira, olhando para os dois monitores gigantes na minha frente, e pensava. quando é que eles vão descobrir que eu sou uma fraude e corrigir o terrível engano de me chamar pra assumir esse projeto? e de erro em erro, acerto. chegou o designer, e eu pude jogar na mesa dele todas as minhas dúvidas, todas as minhas ideias, os meus planos infalíveis. e eu percebi que, assim como eu, ele chegou perdido. e eu assumi o papel de dizer pra ele que tudo ia ficar bem. e que ele respirasse fundo, que amanhã seria um novo dia. e eu não tinha a menor ideia do que eu estava dizendo. se as coisas iam efetivamente ficar bem. mas ele precisava escutar isso, assim como eu tinha precisado, e não havia ninguém ali pra me dizer. e eu fiquei feliz de poder ser essa pessoa, pra ele. e aos poucos as discussões foram crescendo, e, gosh, como eu preciso delas. não funciono sozinha não. sou ser social. preciso de interação. preciso de alguém discordando, de alguém provocando, me fazendo pensar de um outro jeito que não seja o meu. aos poucos eu fui construindo os tijolinhos. e falta ainda um mundo, mas agora eu olho e já tem alguma coisinha, minha, ali. criada do zero, de onde não havia nada. e o trabalho é duro, mas não é tão pesado. sobra tempo pra ir saber se os meus queridos estão bem no msn, dá pra ir buscar referências no google reader. e ir fazendo as coisas do jeito que elas podem ser feitas. de erro em erro, acerto.

e aí hoje eu olhei em volta. eu estava sentada, pernas cruzadas, em cima da mesa do designer. a gente estava discutindo uns módulos, de uma biblioteca que eu me meti a fazer, pra orientar o trabalho dele e o meu. e eu me dei conta que eu sabia. eu sabia. eu passei de uma posição onde eu tinha certeza absoluta de que não fazia a mais remota ideia, de nada, pra uma outra, incrivelmente diferente. eu sei o que eu estou fazendo. e eu estiquei o olho e observei todas aquelas pessoas. cada um trabalhando do seu jeito. e eu descobri que aquele ali era o meu jeito de participar daquilo, sentada em cima da mesa, discutindo cada vírgula, cada pixel. chegando juntos às conclusões. e eu me dei conta que isso era genial. que eu era genial. e ele. e o que a gente está se propondo a fazer. de erro em erro, acerto. e assim a gente vai. um passo depois do outro. território desconhecido. de erro em erro, acerto.

5 comentários:

Leiliane Fontenele disse...

Srta. Gostei desse poste.. esse é o mesmo designer, do outro?
Ei. feliz por vc está se encontrando.

tracosdenanquim.wordpress.com

Senior disse...

Parabens, Ç.

agora eu entendo.

Unknown disse...

Fiquei tão feliz por você, aos poucos as coisas estão dando certo...

Parabéns geniazinha!!

tippi hedren disse...

o tipo de coisa que quando a gente descobre, não perde jamais. que bom, que bom.

Mme. Cedilha disse...

leiliane, não é o mesmo designer. eu teria vergonha de sentar na mesa do bonitinho. ;-)

natacha, obrigada. =)