domingo, 3 de maio de 2009

In Treatment



Quando, no ano passado, eu me meti a assistir in Treatment, eu estava em pleno processo de terapia. Processo meu. Minha psychologa dizia que eu estava em terapia, esse termo mesmo. Porque, segundo ela, eu analisava cada segundo, e estudava cada coisinha que me acontecia, tentando colocar perspectiva nas coisas.


Novo ano, nova temporada de in treatment, dessa vez eu sem terapia. Não sei se continuo analisando cada segundo como fazia ano passado, mas desconfio que sim. É que, na falta de um acompanhamento profissional, a gente se perde um pouco. Mas eu continuo, acho, tendo conversas comigo mesma dentro da minha cabeça. São as vozes. Eu e as vozes na minha cabeça. Best friends forever.


Eu tento entender a fórmula da HBO. São 5 episódios por semana, cada um independente do outro. 5 séries dentro de uma. Eu posso escolher ver só às segundas, e acompanhar apenas um paciente. Isso configura assistir uma série. Mas nem consigo. Tenho que ver todos, e com 5 episódios semanais, isso meio que fode com o meu HD. É difícil manter atualizado. E, quando você deixa os episódios acumularem, acaba caindo na pegadinha. Porque você sempre vai se identificar mais com um ou com outro personagem. E vai ter um ou outro personagem que você não vai se identificar de jeito maneira. Então, na temporada passada, eu gostava de ver as sessões da Sophie. Eu só esperava ansiosamente pelos episódios das quartas feiras. Acabei me afeiçoando ao Alex, mais pra frente. E via com alguma curiosidade os episódios do Jake e da Amy. Não muita. Via porque era uma etapa necessária pra chegar às terapias do querido Dr Paul, onde eventualmente ele analisaria alguma coisa passada durante a semana.

Eu me afeiçoei à Sophie. Acompanhei absolutamente envolvida as sessões. Sophie, garota perturbada. E eu lá. Me identificando.

Daí, temporada nova. Não gosto do garoto gordinho, tem algo muito errado na cara dele. Acho que ele tem o nariz entupido, sei lá. Não me afeiçôo. Não gosto do pai do Frasier. Pode ser que eu mude de idéia, e coisa e tal. Até agora, nem o piripaque que o maluco teve na sala do Dr Paul (L) me fez sentir piedade. Não sei se gosto da outra loura, e sinto que as terapias dela me afetarão profundamente. Porque mexe com uma coisa que toda mulher acaba se identificando, que é o tal de envelhecer sozinha. Parece fórmula perfeita pra atrair a audiência feminina. Ou de repente eu estou viajando, sei lá.

E aí tem a April. Uma garota assim como eu há alguns anos, assim como você que está lendo. Que descobre que tem câncer. E aí. Pára tudo. Identificação detected. Começo a sofrer junto dela, e a torcer para que as sessões de terça cheguem rápido e demorem a acabar. Porque essa é a história que eu acompanho com o coração na mão.

Deve haver algo comigo. Algo errado, néam? Temporada um, eu escolho a garota perturbada. Temporada dois, eu escolho a garota que está morrendo.

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