não sei dar outro nome pra nova firma que não seja a grande corporação. porque eu acho que só isso pode dar alguma ideia do mundo que eu ando vivendo, hoje, há 3 meses. antes mesmo de assinar um contrato, me chamaram lá para uma integração. imaginei que era coisa de uma hora, uma hora e meia, no máximo. pulei o almoço e deixei pra fazer tudo depois de sair de lá. comprar o vestido do casamento do pai do namorado, abastecer o carro. comer alguma coisa. permaneci na grande corporação durante 4 horas entre aulas sobre o funcionamento da vida, regras de conduta e formulários a serem preenchidos e assinados, cada um a seu tempo, e na ordem correta.
tem porta giratória pra eu me embananar na entrada e na saída. tem mais andares e mais imponência do que a firma colorida. tem gente de todo tipo passando apressada, muito, mas muito mais gente mesmo. gente séria, colorida, moderninha, metida a grunge, metida a hipster, metida a coxinha. todos os tipos de gentes. tem elevadores gigantes que passam lentamente por entre os andares, parando em cada um deles, deixando gente entrar e sair. e eu ali, morrendo. porque leva uma vida pra chegar aos lugares, o elevador. tem burocracia, e um helpdesk que leva dias, DIAS pra atender seu chamado. eu, mal acostumada com o atendimento ultra super mega rápido da firma colorida, tenho feito muita meditação em cima desse assunto. bem na hora que você está disposto a brigar pela lentidão de atendimento, aparece um moço simpático, mas muito simpático mesmo, pra ajudar. e ele é tão querido que você fica sem graça de brigar. porque, gente. povo feliz, aquele. tem restaurante gigante meio estilo refeitório com comidas gostosas. dá pra fazer dieta e se manter, porque as saladas são incríveis. tem academia, pra eu parar de ser besta e de arranjar desculpas. tem café e lanchonete, e lavanderia, e sapataria, e serviço de lavagem de carro, e salão pra fazer as unhas. toda uma vida de facilidades que me oprimem e eu não sei nem por onde começar. tem o projeto legal com equipe fofa, e todos olhando pra mim como se eu devesse ditar o caminho. peralá, vamos com calma. tem mesas amarelas e eu acho isso muito feliz. tem amigos espalhados por cantinhos, gente querida mesmo, desses que já povoavam o meu final de semana, e que agora estão ali, e são coworkers. a vista é linda. as cozinhas têm máquinas de salgadinhos e chocolates, e uma moça uniformizada pronta a servir café sempre que pedimos. tem esse mundo de gente que a gente conhece de mercado, da tv, e que agora trabalha ali, a poucos andares.
ando sobrecarregada com tanta informação, com tanta novidade, com tanto trabalho e, ao mesmo tempo, tanto caminho a seguir.
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