eu tenho um trabalho difícil que é tentar convencer a grande corporação de que já é 2012. e que não, não é o fim do mundo. eles estão em 1995. a impressão é clara. os processos demonstram. tudo é difícil. internet parece uma coisa do futuro, e ó, super vai funcionar. aham.
e eu, descabelada, rouca, exausta. NÃÃÃO. NÃÃÃO. já é o futuro, pessoal. internet já é realidade, já existe, e já dá certo. não é tão dificil. não precisa ser. é certamente mais fácil do que vocês assumem que seja e olha ali, pela janela. tá vendo aquele prédio? é a firma colorida. eles estão fazendo internet ali. e não. não é difícil.
dá trabalho, trabalho dá, sim. não tem como não dar. mas é por isso mesmo que chega salário no fim do mês. não vamos reclamar. a vida até que é boa.
e neguinho afunda na cadeira, e diz que eu não entendo os processos. que as reuniões do programa - que são obrigatórias - não têm assim tanta necessidade de acontecer. e é claro que têm. meodeos.
daí eu tenho vivido essa vida de bater nas pessoas. de atravessar reuniões, discordar, discordar, discordar. querer morrer um pouquinho, tomar fôlego, discordar. são altos e baixos. eu desisto da briga, tento me acostumar àquele ritmo, mais lento e pesado. canso, acelero, bato mais um pouquinho. questiono, exponho, discordo. ah. você precisa entender. aqui as coisas são assim.
não. não são. e eu não fui chamada pra me afundar na cadeira e e me acomodar aos processos. eu gosto de pensar que eu fui parar ali porque há um trabalho a ser feito, um trabalho muito mais dificil do que botar o projeto pra funcionar, que é o de conscientizar as pessoas da importância das reuniões que, sendo obrigatórias, precisam sim, acontecer. e apontar pra janela, e dizer que dá, sim, pra fazer. que só dá trabalho. mas que é possível.
sinto saudades do daniel querido rindo com uma cara satisfeita quando eu falo de algum problema e me dizendo "me dê cinco minutos"pra dali a pouco me apresentar a solução. e achar legal eu achar ele gênio.
eu só tenho preguiça de gente que tem preguiça.
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