domingo, 9 de novembro de 2008

Madame Ç e o assédio sexual

Esse causo aconteceu há um mês. Tinha eu uma entrevista marcada numa grande empresa, estava eu – inclusive – bem indicada por uma gerente, que vem a ser minha tia. Área de mkt, empresa foda, já disse? Prédio alto na Faria Lima, último andar. Estava esperando ser entrevistada por um senhor, imagino. Nem era. Me apareceu um moleque, trinta e poucos anos, calça jeans. Tão moleque que a nossa conversa fluiu. Me dou bem com moleques, em geral, elimina-se o fator intimidação. Estamos em casa, todos. E o moleque – e era moleque mesmo, na perfeita definição da palavra. Parecia vidrado no que eu dizia, morria de rir, e eu nem estava sendo engraçada. Fez perguntas pessoais, disse que já me via na equipe dele, e que não sei quem ia me adorar, e que por ele a vaga era minha. E eu pensando: esse maluco ta me dando mole. Mas isso não acontece comigo, beleza, sigamos em frente. Ele deve ser só engraçadinho mesmo. E ele começa com perguntas pessoais, beleza, tática de Rh. Madame Ç Pollyana, aquela que acredita no ser humano, mode on, força total. Perguntou se eu tinha namorado no Rio, se tinha namorado em São Paulo, e por aí vai. Me deixou encabulada. Obviamente. Madame Ç não lida com pessoas que se jogam na direção dela. Ok. Move on. E o maluco, no meio da descrição da vaga, entre a parte em que ele dizia que o meu sotaque era delicioso (oi?), e a parte em que eu era mesmo absurdamente divertida e inteligente, e brilhante, e tals, me pergunta se eu toparia sair com ele, uma hora dessas. E, vem cá? Comofas? Escorreguei, eu, a especialista em dar fora em engraçadinhos. Fiz como fazem aquelas garotas que riem, jogam os cabelos e insinuam um "quem sabe?". Não fiz exatamente assim, pelamordedeos, mas falei alguma coisa que deve ter dado a ele a impressão de que sairíamos, sim. Whatever. Achei a entrevista boa, tolinha. Um dia depois, sábado, 21h, meu celular toca. Número desconhecido, e eu não tinha ainda o celular de ninguém. Atendo cheia de graça. E é o maluco. O maluco da entrevista. Me ligando pra perguntar como foi o meu sábado (sic), me convidando, descaradamente, para um café. Desconversei, escorreguei. Eu super sairia com ele, circunstâncias outras. Não nessa situação. E eu escorreguei e disse não. Sou moça de família, ora bolas.

Well, não precisamos fazer muito esforço pra adivinhar que ele nunca mais ligou, nem pra falar sobre a vaga. E eu contabilizei, aqui em São Paulo, o primeiro caso de assédio sexual da minha vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

michael douglas?