quinta-feira, 2 de abril de 2009

Então eu fico nesse impasse.

Porque eu sei que o contrato é temporário, e a minha vontade é conversar sobre isso com o gerente desde o primeiro dia. Ninguém me deu esperanças. Pessoas saem de licença pra ter seus bebês, depois largam as crianças com as avós, na creche, com babás que bem podem ser espancadoras sádicas, mas que também podem ser cuidadosas e responsáveis. É uma vaga de 4 meses. Ninguém me deu esperanças, tirando uma mocinha simpática secretária do rh, que se apressou em me dizer que teve uma garota com caso igual ao meu que foi aproveitada, e etc, e tal, mas que depende da área, da crise, do momento, e obviamente da minha competência. A minha competência eu garanto, mas todos os outros fatores são externos.

E obviamente eu não posso chegar no primeiro dia pedindo pra ficar pra sempre. Eu preciso mostrar trabalho, me inserir nos contextos, criar laços. Então eu tinha meio que estabelecido que, ao final de dois meses, eu iria conversar com o gerente, pra ter uma idéia mais clara sobre que diabos vai acontecer comigo. Acontece que eu não sou exatamente uma pessoa calma. Ansiedade é algo que me consome, sempre, sempre. E eu tive um primeiro mês muito bom. Criei laços silenciosos com os japinhas, com as paredes coloridas, com a moça do carrinho de doces, com as piadas sem graça do diretor. Com as covinhas do gerente. Criei laços silenciosos com as meninas coloridas que, a muito custo, começam a interagir comigo. Criei laços com a agenda lotada de reuniões e com os sessenta e dois degraus que eu subo diariamente entre os andares.

E eu fico tentando manter a calma, e não colocar os pés pelas mãos. Respiro fundo um milhão de vezes. Fico pensando na ampulheta, na areia escorrendo, o tempo esvaindo.

E eu não quero me apegar às pessoas, porque no momento atual, eu ainda não sou indispensável. Não que alguém seja, efetivamente, anyway. Estarei dizendo adeus a elas em pouco mais de 3 meses, isso é o que eu tenho de fato nas minhas mãos. Eu sou péssima com despedidas. Me desfaço em questão de segundos. E as pessoas são tão legais. E é um grupo ao qual eu pertenço, sabe? Feels like home. Eu poderia ser amiga dessas pessoas, e discutir seriados, e competir pelos downloads mais rápidos. Mas qual seria o sentido em me aproximar, se eu tiver de me afastar depois? Eu entendo que amizades são circunstanciais. E eu não quero imaginar esse mundo existindo se eu não fizer parte dele. Eu não quero que esse mundo exista sem mim.

Então, é isso. A empresa tem brilhos, muitos. Tantos brilhos que me aperta o coração a cada vez que eu me pego gostando muito de alguma coisa. É preciso ser racional, e nessa tarefa eu venho falhando miseravelmente.

Um comentário:

Senior disse...

menos. calma. repira. vai.