eu fico lembrando de todos os blogs que eu já li, em todos os pedacinhos de vidas de desconhecidos que eu absorvi, que eu me vi acompanhando e torcendo, que eu quase que podia esticar o braço e tocar. completos desconhecidos. o dia a dia de confusão, de bagunça, de tentativas frustradas de se equilibrar no meio do caos. porque blog pessoal acaba sendo um pouco isso. uma forma de lidar com o peso das coisas todas, o peso que mal se sustenta. e eu acordo todos os dias de manhã, e me visto, e passo blush nas bochechas, e ando pela rua passando por cachorros, velhinhos, crianças e mendigos, e eu entro na firma colorida com a cara mais inteira do mundo, e eu digo bom dia, e boa tarde, e todas aquelas coisas que a gente diz no elevador. e eu sorrio. e boa parte do tempo eu não sei o que eu estou fazendo. eu sei pra onde vai o meu trabalho, eu resolvo os problemas que surgem durante o dia, eu discuto ideias com uma equipe colorida. e sou agradável, e falo de lost, de séries, de terapia, de vida em geral. todo um esforço de pertencimento, quando às vezes tudo o que eu quero é entrar debaixo dos cobertores e ficar quietinha, um tempo que seja. sem ninguém perguntar o que eu tenho, o que vai comigo, se eu tenho algum problema. não, eu não tenho. nada que me aflija, nada que me machuque demais, só as dores todas que são da gente, e que moram ali, e acompanham pra todo canto que se vá. a sensação de não saber onde se está indo. se era esse caminho mesmo que eu queria. eu passo 90% do meu tempo com a certeza absoluta de que sim, era isso. é isso. e eu sorrio e me sinto bem, e penso que tudo está em seu devido lugar, assim como eu planejei, assim como eu imaginei. mas não. de repente alguma coisa aperta e eu não sei bem o que é, mas uma vontade estranha, de que o tempo corra mais rápido do que eu possa perceber, e que o mesmo tempo congele, não ande, não mude. e eu possa estar sozinha, em silêncio, meio anestesiada de todo o resto. e eu fico pensando que eu sou apenas mais uma, e que existem outras, outros, assim como eu, vagando por aí. se sentindo sozinhos, recolhendo pedaços, tentando se equilibrar no meio do caos. sorrindo, dizendo bom dia e boa tarde, parecendo inteiros, mas aos pedaços, espalhados. as mesmas dúvidas, o mesmo desconforto, as mesmas questões.
todo mundo perdido.
todo mundo perdido.
4 comentários:
Profunda reflexão. Isso se passa comigo também, pois às vezes a estrada tem duas vias e a gente tem que escolher uma - e se a que a gente escolheu não é boa? A inconstância (até combina com o seu nome) faz parte de todos os pensamento, todas as decisões. E talvez se as dúvidas não existissem, a vida não seria tão legal.
Beijinhos
(Adoro os seus posts reflexão).
Meu blog é www.buterflies.com.br/blog
sim, fia, é assim mesmo. e com todo mundo, eu acredito. bom, pelo menos todo mundo que se permite ser gente e não super-homem. eu já parei não sei quantas vezes e me perguntei se é isso que eu quero: casa, marido, gatos, quase 40 anos, desempregada. e muitass vezes não, não era o que eu queria para mim. e muitas vezes é, e muitas vezes é quase isso. só quando a gente é criança que os adultos têm todas as respostas. e, no meio do caos, a gente sorri e diz bom dia, tudo bem, também.
Muitas vezes temos que desempenhar o nosso papel, interpretar o personagem que criamos enquanto por dentro tudo está desmoronado e sem muito sentido. Não sei bem como, mas uma hora parece que por dentro tudo se acalma e volta a fazer sentido novamente, é cíclico e é a vida!!
Woody Allen's "Anything Works". A melhor auto-ajuda possível nessa hora.
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