segunda-feira, 26 de abril de 2010

Ao lado da minha mesa,

na baia seguinte, era um espaço vazio. Eu vinha torcendo muito muito pra que meu novo amigo designer, que senta num lugar muito longe, e com quem eu começo a me comunicar por telepatia, fosse transferido prali. Porque teríamos os dois uma paredinha, e por cima dela poderíamos nos comunicar lindamente, e bolar planos infalíveis, e trocar bilhetinhos tipo em sala de aula.

Mas não.


Chegou esse designer novo. Bonachão, grandalhão, metido a roqueiro. Não faz a figura de quem pode vir a ser meu amigo, tal qual o outro, colorido, lá longe exilado. Esse que chegou e sentou é grande, e meio desajeitado. Encheu a baia com brasão do São Paulo, porta canetas, caneca. Aquelas coisas que tornam a mesa da gente algo NOSSO. A minha não tem nada, ainda. Tirando os desenhos que o designer bonitinho que tem namorada me fez, e a Olivia Palito que eu roubei da oficina colorida, porque era minha por direito. Eu não fiquei exatamente feliz com o maluco que divide a baia comigo. Porque ele fica me olhando por cima da paredinha, e quando eu olho de volta, ele desvia o olhar de um jeito meio psicopata.


O problema é outro. Ele agora trouxe uns fones de ouvido. E não, eu não tenho problema com música, eu gosto de ver gente trabalhando com os ouvidos cobertos, cada um em sua cápsula. O problema é que ele insiste em levar a vibração da sua capsula para a mesa. E batuca com as duas mãos. E com os dois pés. E eu não sei se ele é músico, e ele muito bem pode ser. Que seja. Mas eu não sou obrigada a escutar batuque. A mesa treme, a água balança dentro da garrafinha. Eu tenho olhar feio, mas ele não se toca. Eu acho deveras desagradável ter que chamar a atenção de alguém porque algum comportamento está passando dos limites do aceitável. O maluco precisa saber que ele não trabaçha sozinho, que a minha mesa é pregada na dele, e que existe esse troço de ondas que se propagam all over the place. E que cada vez que ele batuca a minha mesa treme, e o som me incomoda. E eu estou aqui pensando num jeito infalivel de deixar claro que ele precisa parar, que isso não é aceitável. Mas eu não sei. Virei pessoa que tem problemas com limites, e problemas pra dizer não.


Então, eu olhei feio pra ele. E não funcionou. Dei um porradão na minha mesa, desses que vibraria na mesa dele, pra ele entender que incomoda. Não funcionou e eu ainda ganhei uma mancha roxa no braço. Olhei feio mais um pouquinho. Não funcionou.


Acho que o proximo passo é a abordagem. Que era tudo o que eu não queria precisar fazer. Porque isso devia vir no pacote. As pessoas deveriam saber se portar em comunidade.

4 comentários:

Thaís Zimmer Martins disse...

usa a tática dos bilhetinhos, talvez funcione (apesar de ser bobo, "sala de aula"). sei lá. essas coisas me irritam muito. eu já teria feito um cartaz ou falado de um jeito nada simpático.

enfim, boa sorte.

Ana Martins disse...

Ai, meu coworker que trabalha perto de mim faz isso. E nem ligo, porque ele é legal. Acho digno ele fazer air drums.

Por isso que agora nem ligo de pessoas batucando perto de mim. Isso depende muito da pessoa. Você não se simpatizou com o menino, aí qualquer coisa que ele fizer vai ser ultra chato.

neutron disse...

Ah. Pede para alguém dar um toque pro cara. É uma alternativa antes de ter de falar: "olha, você não tá no sofá de casa".

juliamorena disse...

Posso te emprestar meu gatinho de pelúcia q jogava na Carleenha qdo ela cantava, lembra? Aí vc faz ataque de gatinho nele ahahha! XD