quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Há vida neste vaso (ou como menino bento salvou o meu dia)

E eu andava cansada, né? E a gente tinha duas reuniões, hoje. E, antes de fechar o notebook e guardar na bolsa, eu respirei fundo e pensei com toda a sinceridade que eu não queria mais voltar naquele lugar.

Eu fui. E foi absolutamente um choque o que se seguiu.

Surge um garoto, talvez minha idade, talvez mais novo. Bento, o nome. Pessoa chamada Bento me ganha quase que de cara, acho coisa linda, esse nome. Falando, extrovertido, cheio de opiniões variadas sobre tudo, sobre a organização, sobre a cultura, sobre as pessoas. Fez piada, teve ideias. Minha primeira anotação sobre ele foi: Bento é hiperativo. Me identifiquei, né?

Não era só o fato de a gente estar no mesmo andar da presidência, e de estar sendo uma situação tão absolutamente fora do que nos tem acontecido. Eu ficava procurando vida naqueles vasos, né? Então. Eu achei. E era tanta vida que eu engasguei. Ele falava, e eu ria, enquanto escrevia os grandes insights que o moleque tinha sobre a vida e o trabalho. Eu precisava me concentrar nas informações, porque eu continuava rindo, não conseguia parar.

Não era exatamente bonito. Era normal. Magro, cabelo meio bagunçado e farto, nariz afilado. Daquele tipo que você imagina como amigo. E Bento foi ganhando luz, e foi ganhando vida, e encheu a boca pra dizer que checava sim, seu e-mail, 3x por dia. Pelo Blackberry. E eu. Mas pode? E ele. Acesso liberado, se me deram eu uso. Problema deles, eu é que não vou avisar. E eu fazia marcações como (L), e =D, e \o/, ao lado das coisas que ele dizia.

E ele era articulado, e engraçado de um jeito que poucas vezes eu vi, na vida real mesmo. Foi uma experiência absolutamente incrível, achar entre aquelas paredes de granito horrorosas, alguém que era gentil, e sorridente, e criativo. Eu sinto falta de criatividade naquele lugar. Eu pedi que ele me desse algum exemplo de site que ele gostasse de acessar. Ele disparou uns 10. Falou que gosta do site da National Geographic. Achei curioso. Gosta de Ongs e tem um projeto sério de colocar uma em pleno funcionamento até outubro. Achei nobre e achei digno.

E eu fiquei pensando que Bento, o menino que foi trainee e que agora é economista whatever numa grande instituição financeira, não era muito diferente de mim. Mesmo sem ter redes sociais, ou sem ler blogs. E eu fiquei pensando que ele podia ser meu amigo. E que nós seríamos bons amigos. Pensei mais, confesso. Bento é o tipo de cara com quem eu casava em três tempos. E com quem eu teria assunto até ficar velhinha e caquética. E a gente riria até doer a barriga, até morrer. (L)(L)(L)

E aí vem a parte mais difícil. Eu quero achar Bento na internetz, e moleque não tem links. Estou absolutamente perdida. Gente sem link me desnorteia, vivo dizendo isso. Eu quero achar Bento na internetz, e quero que ele seja meu amigo. Amigo de verdade.

Por causa de Bento, eu ganhei meu dia, ganhei fôlego pra reunião seguinte. Fôlego, sabe? Menino bento salvou meu dia.

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