Então, ainda na maratona das reuniões com o banco cliente, a gente acaba ficando calejada, sabe? Primeiro por causa do prédio. Inteiro de granito, com uns detalhes em dourado, pé direito altissimo. Cafona até dizer chega. Um dos mais tchãns da Faria Lima. Pessoas extremamente arrumadas passando pra lá e pra cá. Falta absoluta de cadeiras. Um monte de seguranças. Um monte de recepcionistas usando mais maquiagem do que qualquer um de vocês pode imaginar.
O horror, o horror.
Daí a gente já está na terceira semana de reuniões, e o cansaço começa a bater. Se no início eu achava divertido, encarava quase que como uma ida ao zoológico, pra visitar animais exóticos em seu habitat natural, agora eu não acho é mais nada. Eu percebo o ambiente começando a me dar nos nervos. Minha dupla no projeto começou a se arrumar mais sempre que a gente tem reuniões por lá. A esconder as inúmeras tatuagens em blusas comportadas e casaquinhos. Eu comecei a usar mais saias e vestidos. tudo bem que eu brinco com meia calça de bolinhas e sapatilhas coloridas, mas verdade seja dita. Eu estou me adequando àquele lugar. Mais uns dias e eu vou colocar scarpin sem nem perceber. Somebody, please, stop me.
Falta essa semana, talvez mais um restinho semana que vem. E a gente vai poder voltar pra oficina, e sentar na cadeira de manhã sabendo que não vai precisar sair às pressas porque algum executivão tem tempo pra falar com a gente hoje. Eu sinto saudades do meu all star, do meu jeans desbotado e das blusas mais coloridas.
***
Daí, hoje aconteceu a coisa mais engraçada. A gente ia entrevistar o Mr. President, aquele que ocupa a cadeira mais incrível, que trabalha em Madison Avenue, NY Dá um certo medinho. Daí, fiz o que eu sempre faço. Taquei nome e sobrenome no Google. Porque o Google é o meu pastor, e nada me faltará. Coisa básica. A conversa seria amanhã, às 8h. Mais cedo do que eu acho viável, mas beleza, o cara é presidente. Achei ele no Twitter, morri de amor. Acho genial. Eu fico buscando vida naqueles vasos.
Fui hoje pra oficina, pro que seria um dia tranquilo. A gênia que trabalha comigo no projeto, relaxada com a ideia de não precisar enfrentar o corporativo, teve uma daquelas crises em que a gente busca confort clothes. Apareceu com uma camiseta de malha com um baita arco iris estampado na frente, cachecol vermelho, calça skinny e um tênis gigante, azulão, desses de cano alto. Daí, estamos lá, bonitinhas, na oficina, sendo gênias, e toca o telefone. Mr president arranjou tempo e quis passar a conversa pra hoje, ao invés de amanhã.
PÂNICO.
Fomos as duas. Eu até estava minimamente apresentável, veja bem, meia calça, vestido, nada muito formal mas o necessário pra enganar. Ela estava absolutamente colorful, explodindo em sabores de frutas. O andar da conversa era um que a gente não tinha ido ainda. O andar da presidência, né? Até as secretárias eram mais bonitas, e pareciam mais inteligentes, menos humanas. Salas imponentes, corredores compridos, eu e a gênia colorida andando pelo lugar. Foi absolutamente incrível o choque que ela causava nas pessoas. A conversa foi genial, o mr president era dessas pessoas com quem eu poderia conversar durante horas, me deu uma verdadeira aula sobre cultura corporativa. Na saída, já mais relaxadas, esperando o elevador, nos demos conta. Todos os yuppies estavam rindo da gente. Dela, provavelmente. Pareciam crianças no zoológico, me senti num aquário de observação. Morri de rir, ela também.
Pobrezinhos. Nem percebem que são eles os animais dentro do aquário. Em observação constante.
O horror, o horror.
Daí a gente já está na terceira semana de reuniões, e o cansaço começa a bater. Se no início eu achava divertido, encarava quase que como uma ida ao zoológico, pra visitar animais exóticos em seu habitat natural, agora eu não acho é mais nada. Eu percebo o ambiente começando a me dar nos nervos. Minha dupla no projeto começou a se arrumar mais sempre que a gente tem reuniões por lá. A esconder as inúmeras tatuagens em blusas comportadas e casaquinhos. Eu comecei a usar mais saias e vestidos. tudo bem que eu brinco com meia calça de bolinhas e sapatilhas coloridas, mas verdade seja dita. Eu estou me adequando àquele lugar. Mais uns dias e eu vou colocar scarpin sem nem perceber. Somebody, please, stop me.
Falta essa semana, talvez mais um restinho semana que vem. E a gente vai poder voltar pra oficina, e sentar na cadeira de manhã sabendo que não vai precisar sair às pressas porque algum executivão tem tempo pra falar com a gente hoje. Eu sinto saudades do meu all star, do meu jeans desbotado e das blusas mais coloridas.
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Daí, hoje aconteceu a coisa mais engraçada. A gente ia entrevistar o Mr. President, aquele que ocupa a cadeira mais incrível, que trabalha em Madison Avenue, NY Dá um certo medinho. Daí, fiz o que eu sempre faço. Taquei nome e sobrenome no Google. Porque o Google é o meu pastor, e nada me faltará. Coisa básica. A conversa seria amanhã, às 8h. Mais cedo do que eu acho viável, mas beleza, o cara é presidente. Achei ele no Twitter, morri de amor. Acho genial. Eu fico buscando vida naqueles vasos.
Fui hoje pra oficina, pro que seria um dia tranquilo. A gênia que trabalha comigo no projeto, relaxada com a ideia de não precisar enfrentar o corporativo, teve uma daquelas crises em que a gente busca confort clothes. Apareceu com uma camiseta de malha com um baita arco iris estampado na frente, cachecol vermelho, calça skinny e um tênis gigante, azulão, desses de cano alto. Daí, estamos lá, bonitinhas, na oficina, sendo gênias, e toca o telefone. Mr president arranjou tempo e quis passar a conversa pra hoje, ao invés de amanhã.
PÂNICO.
Fomos as duas. Eu até estava minimamente apresentável, veja bem, meia calça, vestido, nada muito formal mas o necessário pra enganar. Ela estava absolutamente colorful, explodindo em sabores de frutas. O andar da conversa era um que a gente não tinha ido ainda. O andar da presidência, né? Até as secretárias eram mais bonitas, e pareciam mais inteligentes, menos humanas. Salas imponentes, corredores compridos, eu e a gênia colorida andando pelo lugar. Foi absolutamente incrível o choque que ela causava nas pessoas. A conversa foi genial, o mr president era dessas pessoas com quem eu poderia conversar durante horas, me deu uma verdadeira aula sobre cultura corporativa. Na saída, já mais relaxadas, esperando o elevador, nos demos conta. Todos os yuppies estavam rindo da gente. Dela, provavelmente. Pareciam crianças no zoológico, me senti num aquário de observação. Morri de rir, ela também.
Pobrezinhos. Nem percebem que são eles os animais dentro do aquário. Em observação constante.
Um comentário:
Passei o ano INTEIRO de 2008 indo trabalhar de All Star todas as sextas-feiras, acho que sem exceção. E num certo mês me deu a louca e resolvi ir de camisa de gola olímpica todos os dias. Até pólo parecia formal demais. Agora me equilibrei mais, hoje fui com uma bela camisa social.
Ah, sim: trabalho no cliente, não no fornecedor. Mas trabalho com cultura. Isso a meu ver me dá passe livre o suficiente pra eu me vestir na minha língua-mãe. :)
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