Quando eu escrevi sobre o carioca, eu achava que havia algo a ser feito. Eu pensava que - sim - eu podia ser a pessoa a trazer o menino pra realidade. Um tapa na orelha, um "se situe", um "mermão, se manca". Well. Se este momento existiu, foi como se um portal tivesse se aberto de repente,e fechado antes mesmo que eu me desse conta. Não há nada a ser feito.
Perdi o timing? Talvez. Acho que nem é o caso. A vida ensina. Precisa ensinar, às vezes. O que eu acho que acontece ali é uma arrogância sem precedentes aliada a uma completa falta de noção sobre como se é percebido. E não sejamos hipócritas. Arrogância é coisa do ser humano. Eu sou, às vezes, você é. Não é crime você se olhar no espelho e se achar incrivelmente foda. Nunca foi. É bom. É melhor do que se olhar no espelho e se achar um lixo. O problema é a medida. O problema é outro.
E eu não sei bem exatamente quando aconteceu. Fico aqui com meus botões, pensando se não foi na semana passada, quando ele tentou falar na reunião, e todo mundo já estava tão puto que 1. ele mal abriu a boca 2. ele foi solenemente interrompido, e a discussão seguiu sem que ele conseguisse, jamais, concluir seu raciocínio. Eu acho que não, porque na sexta feira, culpados, todos nós fizemos questão de convidá-lo para o almoço, e depois ele chegou com balinhas pra equipe, as mesmas balas malditas que ele fez um barulho fenomenal mastigando e interrompendo a minha conversa com DBQTN.
Então deve ter sido na terça. Jogo do Brasil, todo mundo na firma, festinha, telão. Não sei bem o que houve, mas ele foi zoado pelos meninos dos códigos, algo relacionado ao kaká. Que jogou mal, mas que ilustra um wallpaper no computador dele. Ou ilustraria, sinceramente, nunca olhei.
Fato é que o menino surtou. Como ninguém presta muita atenção, não se sabe quando começou, mesmo. O primeiro indício foi no dia seguinte ao do jogo. Quando, na reunião semanal da equipe, obrigatória, ele não apareceu. Cadê o carioca? Uma das co-workers se dispôs a ir ver o que estava acontecendo, chegou na mesa dele e, segundo relatos, o seguinte diálogo se deu:
Co-worker: Carioca, já estamos na sala de reunião. Falta você. Vamos?
Carioca: Não vou.
Co-worker: Por que?
Carioca: Não estou a fim.
Não. estou. a. fim.
Ponto. Reunião seguiu com ele, não cabe a ninguém pagear marmanjo. Pagear, adoro essa palavra. Minha vó feelings. Todo mundo é adulto e sabe das próprias atribuições. Well. A discussão foi ótima, e saímos da reunião com várias respostas. Quando chegou o e-mail com a ata, falando sobre a discussão, carioca responde.
Cheio de colocações, levemente puto por decisões terem sido tomadas na ausência dele, trazendo questões que ele acreditava serem de suma importância e que ninguém teria se preocupado. Ficamos meio chocadas. Naturalmente. Como assim, Bial? Ele não participa porque não quer e depois de tudo resolvido tem coisas a colocar? Estivesse a fim na hora certa, é o que eu digo.
E então, todo mundo já muito puto com ele, sobrou pro cara mais alto do mundo a tal conversa do situe-se. E a conversa foi catastrófica. Ele foi arrogante, repetia insistentemente a expressão "eu dishcordoam", com sotaque. Não chegaram a lugar nenhum. Ele praticamente disse que sabia mais que todo mundo e que a gente tinha a aprender com ele. Ele, moleque novinho, recém chegado, que em pouco mais de 3 meses conseguiu fazer com que, hum, 70% das pessoas do andar o odeiem.
Eu não sei o que fazer. Ninguém sabe. Todo mundo meio que lavou as mãos, e agora o lance é reclamação formal em cima de reclamação formal. Relationship skills, meu querido. Característica necessária, na vida em geral. E mais ainda ali.
Por enquanto, está engraçado de assistir. Ele mal humorado, não estabelecendo contato visual. Sem ter em quem se apoiar, porque fez o favor de aborrecer every single person, por motivos variados. Não sei quanto tempo ele dura. Não vou fazer nada. Se eu me meter a falar com o garoto, vai baixar a carioca que eu também sou e eu vou acabar dizendo uns palavrões.
Um comentário:
Tem gente que não sabe viver...
[]s
Fabricio Braga
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