sexta-feira, 25 de junho de 2010

Domesticando o menino carioca

Aconteceu uma coisa engraçada. Eu precisei da ajuda do carioca. Uma parte do meu trabalho pelas próximas semanas envolve algo que o menino carioca é especialista. Esporte. Que é a área dele, algo que ele entende melhor que os outros, e algo que adora. O super poder dele, e tals.

Tem semanas que ele não olha na cara de ninguém. Não interage, resmunga, twitta umas coisas reclamando do trabalho, beeeem aquele comportamento que não ajuda ninguém, em lugar nenhum. Toda a equipe já tinha desistido, inclusive eu. Mas aí eu precisava de ajuda. E fiz o impensado.

Cheguei de mansinho, peguei ele de surpresa na mesa. Sorri e pedi que ele me ajudasse, me explicasse como funciona o louco mundo do futebol. Dos campeonatos, a lógica entre eles. Eu não gosto de esporte. Assisto copa do mundo, hello, fico até feliz quando o fluminense ganha, mais pelo meu pai e pelo meu irmão, mas eu não sei o nome de um mísero jogador.

Ele parou e me deu uma aula sobre campeonatos. Desenhou, rabiscou, fez uns esquemas, comparou as estruturas. As pessoas passavam olhando, intrigadas por eu estar falando com ele. E a nossa conversa fluiu. Depois de muito, muito tempo, realmente agradecida, eu me levantei da mesa dele e voltei pra minha. E me dei conta de, sim, o moleque é intratável, mas que, se ele sai, ele é uma grande perda pra firma colorida. Porque ele é bom, e entende o que faz, e tem ideias bem boas. Fiquei com pena da situação que se instalou.

Mais tarde, na cozinha, tomando um café com a menina de aracaju, ele entrou. Ultimamente, ele entra mudo e sai calado, nem estabelece contato visual. Criou-se um muro, que ele não consegue transpor. E que, na boa, ninguém faz questão que ele queira. Nós estávamos falando de restaurantes, e eu aproveitei para incluí-lo na conversa e ver como ele se saia. E ele entrou, e falou, e deu dicas de restaurantes, e quando eu me dei conta, eu, ele, e a menina de aracaju, que era com quem ele mais se desentendia, estávamos tendo uma conversa normal. E boa.

Talvez a abordagem, com ele, precise ser outra. Talvez seja possível quebrar a arrogância com sorrisos e gentileza. Ontem, aparentemente funcionou.

Depois eu brinquei com a japa querida que eu ia domesticar ele. Que eu ia ensinar uns truques, e que em breve ele estaria trazendo café e o jornal. Mas nem foi o caso. Eu só achei engraçado que, de tantas pessoas mais, hum, people person que eu, eu tenha sido a que conseguiu quebrar, de leve, o menino arrogante.

Talvez esse seja o meu super poder.

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