quinta-feira, 24 de junho de 2010

Felicity

Minha memória é engraçada. Com a firma colorida e seus horários coloridos, eu acordo todo dia as 9h30. Tomo café da manhã com calma, assistindo Felicity, em reprise na Sony. É bom porque lembra uma época em que a minha vida era simples. Eu nem era tão fã de Felicity. Sempre preferi Dawson's Creek. Mas eu via, toda terça, 21h. Nos idos de 2000, 2001.

O episódio que passou hoje me lembrou várias coisas. Início da segunda temporada, quando a Felicity viaja com o Ben, partindo os corações da Julie e do Noel. Eu sempre gostei do Noel. Mas Felicity gostava do Ben, e quando a gente gosta, fica burra. É assim que funciona. Na vida em geral, e também nos seriados.

Então ela acaba cortando o cabelo. Que todo mundo que gosta de séries sabe que foi um pouco o início do fim. Audiência caiu, embora a história tenha continuado boa, ainda, por umas duas outras temporadas. A Felicity partiu o coração do Noel, e o Ben partiu o coração da Julie. Quando ela achava que a vida ia acertar, Ben deu uma de Ben e partiu o coração dela. E ela ficou sozinha, sem namorado, sem cabelo, sem amigos, sem Noel e sem Julie.

E a Julie, muito puta, fez uma música falando mal dela. Direito da Julie, é o que eu digo. Direito da Felicity ficar puta, também, e elas se esbarram por acaso no metrô, e acontece alguma pane, e elas ficam presas nos subterrâneos de Nova York. E são obrigadas a discutir a relação. E os outros passageiros se intrometem, e rola meio que um tribunal pra saber quem está errada e quem está certa. A música da Julie foi escrota? Foi. Mas a melodia era bonita, e no fim, eram os sentimentos dela, ali. Há que se respeitar. A Felicity podia ficar puta? Obvio que podia, afinal eram os sentimentos dela, expostos numa música, com nome e sobrenome. Toda história tem dois lados. Todo lado tem razão. Por isso que essas coisas são tão difíceis, também na vida real.

Um dos passageiros do metrô fica puto com o mimimi da discussão da relação. E diz que problema era ele quem tinha, já que precisava de um empréstimo pra alimentar a família. Uma senhora corrige, dizendo que um coração partido não pode ser minimizado, e que todo problema é o maior do mundo, pra quem o tem. E que se havia de respeitar a briga das duas. Porque era sofrida, pra elas.

Eu me lembro de estar no primeiro período de faculdade quando esse episódio passou pela primeira vez. Começando o convívio com aquelas que se tornariam as minhas amigas. E eu me lembro de a gente comentar o episódio. Hoje, vendo de novo, eu me lembrei delas. Deu saudades. Me levou de volta praquela época em que eu não fazia ideia de onde iria parar. São Paulo nem fazia parte dos meus planos, ainda.

Eu sei que Felicity ainda vai me trazer bons momentos. De novo. Vai ter o episódio em que o ben se desculpa, finalzinho de temporada, e leva a Felicity pra assistir o filme que ele nunca apareceu para assistir, logo antes de eles terminarem. Ela vai perguntar pra ele o que é aquilo e ele vai responder. It's a time machine. Que é ele voltando no momento exato quando ele screw things up, e ter a chance de refazer, e consertar. Eu me lembro de ficar arrepiada assistindo essa cena. Ter a chance de consertar é coisa que quase nunca acontece na vida real.

4 comentários:

Caru disse...

eu adorava felicity também, mas toda vez que a julie aparecia na tela só conseguia pensar em uma coisa: power rangers.

Mme. Cedilha disse...

Eu tambéééém. hahaha

stella disse...

moça, nunca corti felicity, mas esse episódio do metrô me emocionou muitamente. meio que descreveu uma história que eu passei. a parte que ele diz que elas nunca foram melhores amigas pq nunca foram amigas me quebrou. elas se uniram para enfrentar a solidão e chamaram a isso de amizade. tabefe na minha cara. isso aconteceu comigo uma vez e eu lembro até hoje.

neutron disse...

Eu assistia de vez em quando,e me lembra um tempo meio longe. Sábado de manhã, SBT, essas coisas.

E a Julie, caramba! Parecia que a qualquer momento ela ia dizer é hora de morfar!