Recapitulando.
Pessoa morava no Rio. Riiiio, com ênfase no i, pra dar a ginga do sotaque. Pessoa fica ninja, mermão, coé rapá, ninguém tira onda com a minha cara não. Pessoa aprende coisinhas básicas sobre como se defender da violência que assola a cidade maravilhosa.
Em se andando de ônibus: não sente na janela, pra não deixar nenhum meliante sentar do seu lado, te fechar e te levar os pertences.
Em se andando de carro. Regrinhas muitas. Primeira de todas. Insulfilm escuro, pra proteger mocinha indefesa andando suzinha por aí. Regrinha segunda, vidros fechados. Pra neguinho não assaltar, não colocar arma na cabeça, não puxar a bolsa.
Regrinha terceira. E, pretenção, foi nessa que madame ç aqui, malandrona, quase quase se ferrou.
Sinal vermelho. Em São Paulo, farol. Sinal, farol, semáforo, tudo a mesma coisa. O importante é que não pode ultrapassar.
Só que lá no Rio, cidade que é fofa toda vida, parar no sinal vermelho, depois de 10 da noite, é aumentar o risco de vida em uns 50%. Simples assim. Lá, convenciona-se. Tá vazio, não tem carro? Diminua a velocidade, pisque o farol duas vezes e ultrapasse. Na boa, gentileza, ninguém vai te culpar por isso.
Pois bem.
Volta do feriado, 3 da madrugada, o óbvio acontece. Me perco no Itaim. Quero pegar a Iguatemi, não acho, caio na 9 de julho. Orientação fail, sempre sempre. Sinal vermelho. 3 da manhã, repito. Eu, a menina de cabelos vermelhos lá da firma colorida e o namorado legal dela. Que que eu faço?
Ultrapasso.
Naturalmente.
Eis que surge patrulhinha da polícia. Liga sirene, me segue, emparelha com meu carro e diz assim. Ei, mocinha, encosta aí. E eu. Sem óculos. Cansada. Perdida.
Moço, veja bem. Tem essa lei que deixa ultrapassar sinal vermelho de madrugada. E o moço diz. Tem lei coisa nenhuma, me mostra essa lei aí. E eu. Será que não tem? Moço, veja a placa, eu sou do Rio. No Rio, se a gente para no sinal vermelho de madrugada, moço, a gente morre. Acontece. Não vinha carro, eu to perdida. Pra onde mesmo fica a Faria Lima?
E dá-lhe polícia checando documento, e eu morrendo de medo de ele me multar 1) pelo farol ultrapassado e 2) pela falta dos óculos. E eles encrencaram com o menino namorado da menina de cabelos vermelhos. Menino bonzinho, bonitinho, veja bem. Todo mundo sóbrio, todo mundo com sono, querendo chegar em casa pra dormir e acordar dali umas horinhas pra trabalhar. E checa nome do pai, e nome da mãe, e documento. E fala no rádio, passando informação.
E nada. Me entregaram tudo de volta, mandaram "circular". Pedi informações sobre como chegar à Faria Lima, até me disseram. Fiquei puta, mas quase agradeci de não terem encrencado com a falta dos óculos.
Chegando em casa, fui olhar a carteira de motorista, renovada em julho último. Não tinha NADA de correção visual. E aí que eu posso dirigir sem óculos até 2016. \o/
madame ç 1 x sistema 0
Odeio polícia. De um tanto que ninguém nem pode imaginar.
Pessoa morava no Rio. Riiiio, com ênfase no i, pra dar a ginga do sotaque. Pessoa fica ninja, mermão, coé rapá, ninguém tira onda com a minha cara não. Pessoa aprende coisinhas básicas sobre como se defender da violência que assola a cidade maravilhosa.
Em se andando de ônibus: não sente na janela, pra não deixar nenhum meliante sentar do seu lado, te fechar e te levar os pertences.
Em se andando de carro. Regrinhas muitas. Primeira de todas. Insulfilm escuro, pra proteger mocinha indefesa andando suzinha por aí. Regrinha segunda, vidros fechados. Pra neguinho não assaltar, não colocar arma na cabeça, não puxar a bolsa.
Regrinha terceira. E, pretenção, foi nessa que madame ç aqui, malandrona, quase quase se ferrou.
Sinal vermelho. Em São Paulo, farol. Sinal, farol, semáforo, tudo a mesma coisa. O importante é que não pode ultrapassar.
Só que lá no Rio, cidade que é fofa toda vida, parar no sinal vermelho, depois de 10 da noite, é aumentar o risco de vida em uns 50%. Simples assim. Lá, convenciona-se. Tá vazio, não tem carro? Diminua a velocidade, pisque o farol duas vezes e ultrapasse. Na boa, gentileza, ninguém vai te culpar por isso.
Pois bem.
Volta do feriado, 3 da madrugada, o óbvio acontece. Me perco no Itaim. Quero pegar a Iguatemi, não acho, caio na 9 de julho. Orientação fail, sempre sempre. Sinal vermelho. 3 da manhã, repito. Eu, a menina de cabelos vermelhos lá da firma colorida e o namorado legal dela. Que que eu faço?
Ultrapasso.
Naturalmente.
Eis que surge patrulhinha da polícia. Liga sirene, me segue, emparelha com meu carro e diz assim. Ei, mocinha, encosta aí. E eu. Sem óculos. Cansada. Perdida.
Moço, veja bem. Tem essa lei que deixa ultrapassar sinal vermelho de madrugada. E o moço diz. Tem lei coisa nenhuma, me mostra essa lei aí. E eu. Será que não tem? Moço, veja a placa, eu sou do Rio. No Rio, se a gente para no sinal vermelho de madrugada, moço, a gente morre. Acontece. Não vinha carro, eu to perdida. Pra onde mesmo fica a Faria Lima?
E dá-lhe polícia checando documento, e eu morrendo de medo de ele me multar 1) pelo farol ultrapassado e 2) pela falta dos óculos. E eles encrencaram com o menino namorado da menina de cabelos vermelhos. Menino bonzinho, bonitinho, veja bem. Todo mundo sóbrio, todo mundo com sono, querendo chegar em casa pra dormir e acordar dali umas horinhas pra trabalhar. E checa nome do pai, e nome da mãe, e documento. E fala no rádio, passando informação.
E nada. Me entregaram tudo de volta, mandaram "circular". Pedi informações sobre como chegar à Faria Lima, até me disseram. Fiquei puta, mas quase agradeci de não terem encrencado com a falta dos óculos.
Chegando em casa, fui olhar a carteira de motorista, renovada em julho último. Não tinha NADA de correção visual. E aí que eu posso dirigir sem óculos até 2016. \o/
madame ç 1 x sistema 0
Odeio polícia. De um tanto que ninguém nem pode imaginar.
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