você é muito ansiosa, ela disse.
eu concordei. eu sou ansiosa. ela continuou mais ou menos assim. eu não tenho críticas ao seu trabalho. nada técnico a pontuar. você é responsável, e atenta, e interessada, e tem muito foco.
eu lembrei da evil manager falando "me parece que você não tem foco." lembrei também da genia colorida amiga, que sempre repetiu isso em tom de piada. ali, na salinha do nono andar, minha chefa me dizia que eu tinha muito foco. e esse era o meu feedback, um ano depois.
eu ri sozinha, cá comigo. foram semanas de horror. eu trabalhei mais do que devia ser permitido. todo mundo diz que janeiro é mais calmo. é nada. não conheço ninguém que não tenha sentido na pele o peso desse primeiro mês de 2011. eu senti. tenho as pontas dos dedos machucadas pelas unhas roídas. tenho olheiras de quem trabalhou 9 dias seguidos, incluindo domingo e feriado. há uns dez dias eu cheguei na firma colorida, sentei na mesa do coworker querido e tive uma crise de choro. fui levada para a cozinha, a salvo dos olhares, até me acalmar. eu estava decidida a pedir demissão. tinha atualizado o currículo, dado os primeiros sinais para os amigos de fora.
é hora de andar, eu repetia pra mim mesma. o tempo todo. em silêncio, roendo as unhas, cansada, me achando esquecida. invisível. me mandaram esperar. tudo tem o seu tempo. e eu ali. louca, querendo saber qual é o tempo das coisas. que tempo é esse, que não depende de mim? estou acostumada a buscar, a fazer, a me mover. me mandaram ficar parada. e eu quase morri esperando.
ali na salinha, eu ouvi mais ou menos assim, da chefa colorida. todas as minhas observações sobre você são comportamentais. você é ansiosa, e você não esconde. eu sou ansiosa, ela disse. aprenda a esconder. e eu entendi o que ela dizia. eu estava preocupada de receber alguma crítica técnica, pra falar a verdade. porque trabalho, vez por outra, me deixa insegura. qualquer crítica ao meu comportamento é conhecida. pessoa em análise, hello. uma vez por semana, divã. choro. consciência. qualquer crítica ao meu comportamento eu conheço, eu aceito. next. move on.
críticas técnicas, ela disse, não tenho. e é por isso que eu estou te promovendo. e eu fiquei meio aliviada, meio em choque, meio agradecida. porque eu estava mesmo pensando em sair. mesmo sabendo que talvez não fosse hora, ainda. mesmo sabendo que eu não acabei, ainda, as coisas que eu fui fazer ali na firma colorida. eu preciso de liberdade para me mover. não posso ficar parada. não posso receber esse tipo de orientação. eu busco, eu faço. o tempo das coisas é o MEU tempo. porque foi isso que eu resolvi, quando vim ver qual era a vida em São Paulo.
o mais legal foi receber, de presente, o projeto que é a menina dos olhos da direção. e que já vinha sendo tocado por mim, provisoriamente, até que eles montassem equipe. e eles decidiram me dar. e eu sou a equipe que vai fazer. junto com os outros que chegarem. isso sim, foi premiação. foi reconhecimento. e eu fiquei em estado de graça.
há muito, muito tempo, lá pelos idos de 2009, na época da firma colorida - primeira temporada, eu me lembro de olhar os geniozinhos todos e querer ser como eles, e ter os meus próprios super poderes.
eu sou como eles. :)
eu concordei. eu sou ansiosa. ela continuou mais ou menos assim. eu não tenho críticas ao seu trabalho. nada técnico a pontuar. você é responsável, e atenta, e interessada, e tem muito foco.
eu lembrei da evil manager falando "me parece que você não tem foco." lembrei também da genia colorida amiga, que sempre repetiu isso em tom de piada. ali, na salinha do nono andar, minha chefa me dizia que eu tinha muito foco. e esse era o meu feedback, um ano depois.
eu ri sozinha, cá comigo. foram semanas de horror. eu trabalhei mais do que devia ser permitido. todo mundo diz que janeiro é mais calmo. é nada. não conheço ninguém que não tenha sentido na pele o peso desse primeiro mês de 2011. eu senti. tenho as pontas dos dedos machucadas pelas unhas roídas. tenho olheiras de quem trabalhou 9 dias seguidos, incluindo domingo e feriado. há uns dez dias eu cheguei na firma colorida, sentei na mesa do coworker querido e tive uma crise de choro. fui levada para a cozinha, a salvo dos olhares, até me acalmar. eu estava decidida a pedir demissão. tinha atualizado o currículo, dado os primeiros sinais para os amigos de fora.
é hora de andar, eu repetia pra mim mesma. o tempo todo. em silêncio, roendo as unhas, cansada, me achando esquecida. invisível. me mandaram esperar. tudo tem o seu tempo. e eu ali. louca, querendo saber qual é o tempo das coisas. que tempo é esse, que não depende de mim? estou acostumada a buscar, a fazer, a me mover. me mandaram ficar parada. e eu quase morri esperando.
ali na salinha, eu ouvi mais ou menos assim, da chefa colorida. todas as minhas observações sobre você são comportamentais. você é ansiosa, e você não esconde. eu sou ansiosa, ela disse. aprenda a esconder. e eu entendi o que ela dizia. eu estava preocupada de receber alguma crítica técnica, pra falar a verdade. porque trabalho, vez por outra, me deixa insegura. qualquer crítica ao meu comportamento é conhecida. pessoa em análise, hello. uma vez por semana, divã. choro. consciência. qualquer crítica ao meu comportamento eu conheço, eu aceito. next. move on.
críticas técnicas, ela disse, não tenho. e é por isso que eu estou te promovendo. e eu fiquei meio aliviada, meio em choque, meio agradecida. porque eu estava mesmo pensando em sair. mesmo sabendo que talvez não fosse hora, ainda. mesmo sabendo que eu não acabei, ainda, as coisas que eu fui fazer ali na firma colorida. eu preciso de liberdade para me mover. não posso ficar parada. não posso receber esse tipo de orientação. eu busco, eu faço. o tempo das coisas é o MEU tempo. porque foi isso que eu resolvi, quando vim ver qual era a vida em São Paulo.
o mais legal foi receber, de presente, o projeto que é a menina dos olhos da direção. e que já vinha sendo tocado por mim, provisoriamente, até que eles montassem equipe. e eles decidiram me dar. e eu sou a equipe que vai fazer. junto com os outros que chegarem. isso sim, foi premiação. foi reconhecimento. e eu fiquei em estado de graça.
há muito, muito tempo, lá pelos idos de 2009, na época da firma colorida - primeira temporada, eu me lembro de olhar os geniozinhos todos e querer ser como eles, e ter os meus próprios super poderes.
eu sou como eles. :)