quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Carta de condolências

Devo começar dizendo que, Suzana, eu não gosto de você. Também não te odeio, mas me cansa um pouco toda essa sua verborragia e alegria de viver. Não sou lá muito fã de shiny happy people. Achei chato quando você fez essa lipo, quando começou a querer parecer que tinha 20 anos. Mas isso não é da minha conta. Todos nós acompanhamos o seu drama. Amor é coisa que deixa as pessoas meio alteradas. Você se apaixonou por um imbecil. E daí? Quem nunca se apaixonou por alguém que não deveria sequer ter nascido? O maluco te traiu, Suzaninha, dois meses depois do casamento, com uma garota de programa, e você, magnânima, perdoou.

Ele levou o seu cachorro para a morte. E você chorou, e perdoou. Seu cachorro, numa última demonstração de amor, porque cães, esses sim, são fiéis, mordeu e arrancou o dedo do malandro. E você buscou o dedo no chão, botou no gelo, e mandou colar de volta. E pagou tudinho.

Ele te traiu com uma garota buuuuuurra. E foi na Sonia Abrão chorar e dizer que te amava. E apareceu com a aliança no dedo, surfando na praia. E voltou na Sônia, com a garota burra, dizendo que a amava e que iria se casar com ela. E povoar o mundo com pequenos imbecis. E eu, que mal havia me recuperado do horror associado a viver num mundo povoado por filhinhos do Dado Dollabela e da Luana Piovani, me vi novamente tremendo nas bases.

E foi nessa hora que eu me juntei à Ana Maria Braga, e me apiedei de você. Porque não há coisa mais horrível do que humilhação pública, e Marcelo estava lá dizendo que você era como uma mãe pra ele. Papelão, Suzaninha. Papelão.

E agora ele morreu. Ana Maria está feliz, eu estou feliz. Se você não estiver, eu entendo. É preciso elaborar o furacão que passou por sua vida nesse fim de ano. Pode chorar um tiquinho, mas escondida. Mostra não. O povo quer lágrimas, o povo quer sangue.

Eu, se fosse você, mandaria uma coroa de flores pra ele. Com os dizeres. “Vá para o Inferno. Beijosmeliga. Suzaninha.” Você se livrou de uma boa.

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