segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

processando 2010 - parte um

há um ano, quando 2009 se despedia e 2010 se apresentava cheio de possibilidades, eu respirei fundo, fechei os olhos, e desejei uma coisa. uma coisa apenas, e se meu ano me desse isso, eu já estaria feliz.

eu desejei não me envolver em brigas. não me aborrecer com ninguém, não aborrecer ninguém. não me desgastar, não chorar, não perder o tom, o equilíbrio, as estribeiras. ser pessoa agradável, que só trouxesse coisas boas e lembranças felizes. 

eu juro que foi isso que eu desejei, com toda força que eu tive.

em 2010 eu me envolvi em mais brigas do que em qualquer outro ano da minha vida. algumas eu não queria, algumas eu provoquei, algumas eu contribuí lindamente com a parte que me cabia, os meus 50%. nenhuma delas me deixou sair ilesa. de algumas delas eu saí melhor, mais segura, mais resolvida. de outras, mais enfraquecida, mais estilhaçada. todas elas poderiam ter sido menores do que foram. e, por isso, eu assumo total responsabilidade.

eu e essa minha maldita mania de tomar qualquer coisa como fim do mundo. nem sempre é. nem sempre precisa ser. mas eu faço com que seja, every single fucking time. por causa do drama todo, do coração partido, da sensação de morte, mesmo. e eu tinha me prometido não brigar.

da briga com o ex melhor amigo, ficou a saudade, depois que eu filtrei todas as coisas ruins de todo o processo. ficou aquela coisa de achar que podia não ter sido tão ruim, tão irreversível. ficou a noção de que eu provoquei, e que eu machuquei, e que 50% ali são meus. e sou eu que preciso lidar com isso. com essa responsabilidade. os outros 50 são dele, e eu nem sei se ele já processou tudo isso. eu espero que sim. da briga com ele eu saí mais forte. saí com uma autoconfiança que não existia, e que me permitiu fazer coisas que eu nem imaginava antes. da briga com ele eu saí bonita. eu saí engraçada, e interessante, e cheia de vontade de fazer as coisas do meu jeito. porque já fazia tempo que, sem perceber, eu fazia as coisas do jeito dele. ainda estou colando cacos, vez por outra eu ainda desabo. mas não tem um dia que eu não perceba o quão melhor eu estou depois de ter passado por isso.

da briga com, hum, deixa eu ver. a roomate que eu achava fofa e nem era, era estranha e errada. ficou a distância, o eu não querer nem contato. não era só a criação diferente o problema. vai além. é questão de índole, mesmo. gente que mente, rouba e trapaceia. aquela coisa. que siga a vida, e que seja bem longe. coisa que eu aprendi esse ano. gente louca você não tenta entender. de gente louca, você corre.

da briga com a frá ficou a gargalhada. e a consciência - mais uma vez - de que ela configura a amiga café-com-leite. não tem nada que a gente não resolva.

da briga com anne louise, mais uma, ficou toda uma maluquice pra consertar. maluquice da minha cabeça, que fique claro. porque desde sempre a gente briga, e para sempre vai ser assim. e eu preciso aprender que isso não é o fim. por mais que pareça, toda vez. o carinho, que é o mais importante, continua ali. o resto se ajusta.

da briga com s. eu não sei. eu nem sei o motivo de ele ter brigado comigo. acho que nem ele sabe. espero que ele descubra. e me conte.

da briga com a evil manager, sobrou o maior time will tell da história. comigo extremamente feliz no trabalho, fazendo tudo o que eu sempre quis, rodeada de gente boa. com a roomate feliz no trabalho dela, fazendo tudo o que sempre quis, rodeada de gente boa. com as gênias coloridas saindo uma a uma da oficina, e seguindo adiante, fazendo coisas incríveis. com os martinis sendo mantidos, sempre que possível. com as notícias sempre frescas de que a evil manager continua no MESMO lugar, com o MESMO cabelo, os MESMOS problemas, a MESMA antipatia daqueles que a rodeiam, o MESMO discurso vencido de que ela está certa e todo o resto da humanidade errado. isso é time telling. todo dia, toda hora. :)

eu desejei com todas as minhas forças que 2010 fosse um ano sem brigas.

nesse aspecto, eu falhei miseravelmente.

2 comentários:

Fabricio Braga disse...

Grande amiga Cedilha,

Como sabiamente já dizia Rita Lee: "alegria alheia incomoda".

São poucas as pessoas que tem maturidade para gostar e respeitar, suportando a alegria e o sucesso do outro.

A vida é assim, cheia de pessoas que vão te perturbar quando você mais estiver feliz, realizada. Não nessariamente inimigos. Podem ser amigos, às vezes até família.

Aconteceu em 2010 com você, aconteceu comigo e com quem está lendo este texto agora. Vai acontecer em 2011, 2012... 2050..

É assim que é.

Abraço,
Fabricio

Naiara disse...

"eu e essa minha maldita mania de tomar qualquer coisa como fim do mundo"
Descobri teu blog ontem e desde então estou lendo todos os posts.E cheguei a conclusão de que somos muito parecidas, quase como se fosse a minha consciência aqui escrita...
Até as situações de perder o controle com amigos e ver algumas amizades destruidas é a mesma.
Estou escrevendo para vc não se assustar e achar que é alguém que te conhece e está aqui lendo tudo!
Um beijo!