quinta-feira, 30 de julho de 2009

sobre a oficina - parte dois

O lugar é pequeno e sofre com ausência absoluta de covinhas. O que é bom pro meu rendimento, sabe como é. São poucas pessoas, e em poucos posts eu DESCREVO cada uma delas. Mas não hoje, não agora.

Eu demorei uns dias até me ambientar. Mudança demais. Eu consegui trocar de trabalho duas vezes numa semana, dei uma surtada básica, até achei que tinha levado um pé na bunda (imaginário), fiz um drama fenomenal. Chorei, reclamei, achei que a vida profissional estava desencaminhada de vez. Engoli o choro e liguei pra uma psicanalista bem indicada. Fui parar sabe onde? No divã. Isso. Um ano depois de ter parado a terapia pra vir pra São Paulo, achei que era hora de voltar. Dr Freud e eu nos encontraremos semanalmente, daqui por diante.

Como eu ia dizendo, era drama. Comecei a observar mais as pessoas em volta, e ver como é que ia ser esse troço de fazer amizade tudo de novo. Porque eu estava com preguiça. A firma colorida me acostumou mal, com mesas espaçosas em ângulo e paredes coloridas. Comecei na oficina estranhando o espaço. Me deram uma mesa num lugar ruim, um computador estranho, fiquei toda fresca tentando me situar. Na hora que eu estava conseguindo, ganhei mesa grande, notebook vermelho (achei dygno) e espaço pra espalhar coisinhas.

Ganhei mais. Uma estagiária. Dá licença, que eu nunca tive estagiário antes? Achei que ia adorar ganhar um, mas o que a gente faz com a pessoa? Eu não quero uma pessoa pra administrar. É uma menina novinha, primeiro estágio. Massinha em estado bruto, pronta a ser modelada. Fiquei pensando na responsabilidade desse momento na minha vida, em que eu posso decidir que tipo de pessoa eu quero ser. Porque, pro bem ou pro mal, a garota ficará marcada.

A primeira ideia era mandar ela apontar todos os lápis do escritório, depois tirar cópias, organizar os clipes. Quem sabe me buscar café na Starbucks da esquina. Toda uma vibe Miranda Priestly. Julinha sugeriu que eu a chamasse de Emily, e JURO que me pareceu boa ideia. Mas #fail, eu tenho coração bão, sabe? Ela me olha horrorizada com alguma planilha de excel, eu sorrio, e digo que vai ficar tudo bem. Dou coisas pra ela ler e espero que ela seja lenta, e me dê algumas horas de sossego. Estou distraída e sinto um vulto parado atrás de mim. É ela. Querendo instruções. Instruções. De mim. Sem mais. Que mundo é esse, eu pergunto.

No mais, começo a me enturmar com o galerë. Já consigo ser fofa e adorável. Todas as meninas da minha idade têm aliança no dedo. Sente a pressão? Modos que me identifico com as meninas mais novas. Que não têm mais de 22 anos, perfeito para a minha idade mental. Essas são coloridas, e gargalham alto. São 3. Uma tem galochas iguais às minhas. A outra é a que gargalha alto, e é bem geek. A outra é chinesa, e fala cantonês com a família no celular. E aí ela manda um "então tá, beijo, tchau". Acho bom. Já entrei em altas discussões sobre Sheldon Cooper com elas. O que sempre é muito válido.

Duas coisas que aconteceram essa semana e me fizeram achar que o lugar é legal, envolveram essas duas meninas coloridas e novinhas. Primeiro eu estava adicionando as pessoas no msn, seguindo uma planilha de contatos. Adicionei uma, adicionei a seguinte na lista, e a chinesinha ficava no fim. Ela seria adicionada, mas seguindo a ordem. Quando eu cliquei no add, distraída, ouvi um gritinho e uma gargalhada. Olhei pra trás. Era ela, aliviada, porque quando viu que a geek foi adicionada e ela não, ficou sentida. Gente, achei tão fofo. Adoro gente que tem os tipos de crise que eu teria. Hoje, já no meu lugar novo, ela me chama no msn. Eu fico de costas pra ela, néam. Daí aparece um "oi", no meu msn. Eu respondo, e depois olho pra trás. Era ela me testando, pra ver que tipo de reação eu teria. Se eu olharia primeiro, ou responderia primeiro, ou os dois.

Bobagem, eu sei. Mas é o tipo de bobagem que eu simplesmente adoro. (L)

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