sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O menino nórdico

Porque o buraco é sempre um pouco mais embaixo.

Há umas semanas teve uma festa da firma. festa que rola vez por outra, meio karaoke, com uma banda do pessoal da equipe antiga. E geralmente eles chamam todos que já saíram da firma, e isso sempre serve pra encontrar as pessoas perdidas. E eu perdi dois amigos para o mercado recentemente. Uns dias sem um deles e o meu coração doi. Ele era quem sempre pedia a minha coca-cola, com gelo e sem limão, antes mesmo de eu me sentar na mesa. O que eu vou dizer? Se alguém olha pra você, diz que você é foda e que te paga uma fortuna, você tem mais é que ir embora, mesmo. Foi o que ele fez. Eu respeito ele mais ainda por isso, mas meu coração despedaça a cada vez que eu entro no restaurante árabe sem ele.

E ele foi na festa, junto com a amiga, junto com aquele pessoal esperto dos outros andares, com quem a gente pouco esbarra, mas que, em alguns casos, até topava esbarrar muito mais. E eu tava lá. E tinha esse menino desenvolvedor, que trabalhou na firma até meados desse ano. Desde o ano passado eu achava ele meio incrível. Eu era tímida, ainda não estava nessa fase meio pomba gira em que me encontro agora. Ele é alto, meio louro, magro, mas do tipo que vai à academia. Preferia até que não fosse, vejam bem, mas ele vai. E ele toca guitarra, e eu sempre vou achar isso um charme. E ele tem o olho meio puxadinho, mas é louro, nórdico, sobrenome alemão. Acho bem digno.

No ano passado, enquanto eu seguia o coworker territorialista pelos corredores, eu esbarrava nesse menino. Nunca percebi ele me olhando, nada de mais, nada além daquela troca de olhares normal. Saí da firma colorida, fui pra oficina. A firma colorida cliente, de vez em quando a gente esbarrava nas pessoas, por lá, observando os testes com os usuários. E teve esse dia que ele foi. E eu não sabia. E quando eu soube que era a minha amiga querida na salinha de observação, entrei lá que nem uma flecha, fazendo festa. E era ele, lá, com ela. Fiquei sem graça, sorri, vida seguiu. Voltei pra firma, nos esbarramos algumas vezes, aquela coisa default. Quando chegou o email de despedida dele, eu pensei. Oh, crap. Mas nem era assim, algo importante.

Quinta feira, festa da firma, ele aparece. Trocamos olhares. Sóbria, eu fico sem graça. Cumprimentei, começamos a conversar. Ele me contou como estava, onde estava, falou que tinha saído da firma porque foi aprovado num concurso público whatever e era hora de buscar estabilidade na vida. Estabilidade. Tudo que eu não procuro na vida. Eu quero a aventura, thankyouverymuch. Falou que estava pensando em "casar, constituir família". Eu disse. Nossa. Tudo do que eu mais fujo.

Não deu meia hora, eu ainda sóbria, ele me pegou pelo braço. Pra me dizer que desde o ano passsado me achava incrivel, bla bla bla whiskas sachê. E eu. Nossa, menino. Mas que surpresa. E ele segurando o meu braço. E eu. Mas assim você me deixa sem graça.

Abre parêntesis.
Estivesse eu bêbada, como sói acontecer, enlaçava meus dois braços em volta daquele pescoço e o resto era história.
Fecha parêntesis.

Eu estava sóbria. Fiquei sem graça mesmo. E não rolava pegar ele ali, no meio da festa da firma. Pelo que eu me lembrava, de acordo com um leve stalking uns meses antes, o menine tinha até namorada.

Vida seguiu. Cheguei em casa, resolvi buscar. Facebook, e coisa e tal. E tava lá. In a relationship.

Pulei fora. Porque. Né?

2 comentários:

alessandra disse...

É.

stella disse...

você escreve "como sói acontecer" e eu fico boba. menina, uau. toda uma esperança na humanidade :)