esbarrei em martim no supermercado. era ele. eu, com duas amigas loucas, com planos de passar a tarde bebendo vinho e olhando o pôr-do-sol. a gente se esbarrou perto da prateleira de flores. trocamos olhares, daqueles de reconhecimento, mas não, não nos cumprimentamos. não é um oi, como você está. a gente sempre se encontra em um momento específico, de fragilidade, os dois prestes a entrar em salas separadas por uma parede grossa, cada um com seu personal freud. não é um momento fácil, aquele, da sala de espera. ninguém fala. um olhar ou outro perdido, mas na maioria das vezes, os dois olhando pra frente, lado a lado, para o vazio.
ali, no supermercado, perto da prateleira com flores, o olhar durou uns dois, três segundos. pude perceber como ele é realmente alto. a camiseta meio surrada vermelha mostrando uma tatuagem, no braço. o mesmo alargador, na mesma orelha. fiquei absolutamente incrível com a coincidência. ele deve morar no bairro. quando ele foi embora, entrando no carro, eu vi ele olhando pra trás. ele também deve ter achado curioso.
fiquei fazendo planos de puxar assunto na sala de espera. perguntar se era ele, mesmo, naquele dia de finados, no supermercado do bairro.
e, desde então, a gente se desencontra.
e, desde então, a gente se desencontra.
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