quarta-feira, 14 de março de 2007

Não é que eu não goste de teatro. Ta bom, confesso, não gosto. Posso estar errada, possivelmente ESTOU errada, mas a verdade é que teatro me constrange. Tenho uma explicação pra isso. Sou de cidade pequena, da roça, como diz, mais uma vez, nossa velha amiga siri(gaita) ex bbb. Volta Redonda tem ainda menos habitantes do que Uberlândia, vejam só. Duzentos e cinqüenta, trezentos mil habitantes, se muito. Lá na roça não tem muitos teatros e eu passei boa parte da minha vida vendo as pessoas se descabelarem a cada vez que uma semi-celebridade aparecia por lá pra divulgar uma peça de gosto duvidoso. Vi Confissões de Adolescente, Capitães de Areia, toda e qualquer produção que se dignasse a divertir os pobres coitados dos volta-redondenses.

Numa excursão de colégio viemos ao Rio, à cidade grande, passear no municipal, fazer aquelas coisas médias que hoje eu coro só de lembrar. E tinha, em cartaz por aqui, na Casa de Cultura Laura Alvim, uma montagem baseada em Nelson Rodrigues, chamada Melodrama. Era uma peça looonga, em dois atos, com a Drica Moraes. Lembro que os atores usavam lápis vermelho nos olhos, e quando choravam em cena, as lágrimas pareciam de sangue com a tinta escorrendo. Foi um momento único. Realmente adorei. Mas fica a dúvida se foi por causa da peça, especificamente, ou do sangue que jorrava em cena. Adoro sangue jorrando. Adoro melodrama, sou melodramática. Fica a dúvida.

A questão maior de todas é que eu acho que teatro é muito estranho. Me constrange que os atores estejam gritando, esganiçados. Me sinto impelida a jogar umas moedas, sei lá. Tenho vergonha mesmo. Da mesma forma, odeio pseudo-intelectualóides que PRECISAM ver todas as peças em cartaz pra, detrás de seus óculos de aros grossos, julgarem a montagem, a interpretação, o figurino, a direção. Teatro não me interessa. Na mesma série, por motivos muito parecidos, odeio feiras e bienais de livros. Já escutei esses pseudo-intelectuais dizerem que quem gosta de livros não compra na Fnac. Eu compro na Fnac. Vários livros. Aproveito e levo cd’s, dvd’s, dou uma olhada em coisinhas de informática e ipods.

Minha teoria é que a maioria das pessoas que vai a feiras e bienais de livros, ou a peças de teatro, vai pra dizer que foi, e tentar se vender como intelectual. Tem exceções, é claro, muitas, várias. Se esse blog fosse muito visitado, eu provavelmente, em menos de 40 dias, seria malhada como judas. Absurdo, dizer isso. Mas é a mais pura verdade.

Isso não quer dizer que eu não tenha vontade de ver algumas montagens, tipo Ópera do Malandro, ou My Fair Lady, que acabou de estrear em algum lugar que eu não me lembro. Mas não morro por isso. Teatro me constrange. Period.

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