Dentre os meus milhares de defeitos, logo ali, atrás do "eu não paro de reclamar", está o que, talvez, em toda a minha vida, tenha me trazido mais problemas. Eu falo demais. Não é o tipo falar demais que não deixa ninguém falar, porque esse é o meu defeito número 3, é um outro tipo de falar demais. E também não é falar demais de fofoca, porque esse defeito - que todos temos, atirem a primeira pedra - fica neutralizado pela minha qualidade que é ter noção. Eu já me ferrei muito com fofoca, fiquei vacinada. O meu falar demais que me traz problema é me meter em conversa alheia. Tipo eu falo mais do que deveria pra gente que não tem nada a ver, e isso me colocou em uma enrascada - mais uma - na semana passada.
Entrei no elevador com duas pessoas do mba, e elas estavam comentando sobre academias no bairro, aquele papo que realmente não me interessa, vazio, vazio. Mas estávamos dentro de um elevador, e o meu defeito numero 1, que é inabilidade social, e que me constrangia, e que fazia daqueles poucos segundos um verdadeiro martírio, me fez tentar preencher o suposto silêncio com alguma brincadeirinha. E a menina dizia que estava muito preocupada porque disseram que academia no bairro tinha muita puta, e etc. E *erro numero 1* eu me meti. Concordei, falei que era assim mesmo, porque em uma fase da minha vida que eu nem lembro mais, eu ia pra uma academia supostamente legal e malhava com putas. Porque eu malhava meio dia, e meio dia - segundo minha análise - era horário que puta acordava e ia malhar a bunda na academia. Fato é que eu malhava com garotas supostamente bonitas, todas de cabelo solto (na academia!), e de rímel (na academia!), e de argolas (na academia!). E eu achava que elas deviam ser putas mesmo. E, *erro numero 2*, eu disse pra essa garota que toda academia do bairro só tem puta, generalizando mesmo, erro grave. Ela discordou, porque malha, não porque é puta, e se ofendeu mesmo. E ficou um climão no elevador. Mas eram só dois andares, descemos todos e fomos cada um em direção ao próprio carro. Me senti meio mal, mas achei que não era nada de mais, fui pra casa e dormi o sono dos justos.
E a outra garota do mba, presente no entrevero, a loura que também malha mas não é puta foi dizer para outras pessoas, que eu tinha batido boca no elevador, uma coisa meio barraco, vejam só. Meu nome na mesma frase que a palavra barraco, coisa inédita até então. E eu sei que mereci isso, porque me meti em conversa alheia de garotas louras frequentadoras de academia, com seus tríceps e bíceps, e argolas, e conversa de elevador. E minha turma do mba tem um monte de exemplares dessa espécie, os freqüentadores de academia. E tudo leva a crer que eu ofendi a classe.
E que fique bem claro que eu não reclamo da fofoca, em si. Fofoqueiros somos todos. Eu sou, a outra garota é, você também, muito provavelmente. Mas fazer fofoca perto de amigo de quem se fala é erro de principiante. Porque você é descoberto. Até pra ser fofoqueiro é preciso perícia nessa vida.
Entrei no elevador com duas pessoas do mba, e elas estavam comentando sobre academias no bairro, aquele papo que realmente não me interessa, vazio, vazio. Mas estávamos dentro de um elevador, e o meu defeito numero 1, que é inabilidade social, e que me constrangia, e que fazia daqueles poucos segundos um verdadeiro martírio, me fez tentar preencher o suposto silêncio com alguma brincadeirinha. E a menina dizia que estava muito preocupada porque disseram que academia no bairro tinha muita puta, e etc. E *erro numero 1* eu me meti. Concordei, falei que era assim mesmo, porque em uma fase da minha vida que eu nem lembro mais, eu ia pra uma academia supostamente legal e malhava com putas. Porque eu malhava meio dia, e meio dia - segundo minha análise - era horário que puta acordava e ia malhar a bunda na academia. Fato é que eu malhava com garotas supostamente bonitas, todas de cabelo solto (na academia!), e de rímel (na academia!), e de argolas (na academia!). E eu achava que elas deviam ser putas mesmo. E, *erro numero 2*, eu disse pra essa garota que toda academia do bairro só tem puta, generalizando mesmo, erro grave. Ela discordou, porque malha, não porque é puta, e se ofendeu mesmo. E ficou um climão no elevador. Mas eram só dois andares, descemos todos e fomos cada um em direção ao próprio carro. Me senti meio mal, mas achei que não era nada de mais, fui pra casa e dormi o sono dos justos.
E a outra garota do mba, presente no entrevero, a loura que também malha mas não é puta foi dizer para outras pessoas, que eu tinha batido boca no elevador, uma coisa meio barraco, vejam só. Meu nome na mesma frase que a palavra barraco, coisa inédita até então. E eu sei que mereci isso, porque me meti em conversa alheia de garotas louras frequentadoras de academia, com seus tríceps e bíceps, e argolas, e conversa de elevador. E minha turma do mba tem um monte de exemplares dessa espécie, os freqüentadores de academia. E tudo leva a crer que eu ofendi a classe.
E que fique bem claro que eu não reclamo da fofoca, em si. Fofoqueiros somos todos. Eu sou, a outra garota é, você também, muito provavelmente. Mas fazer fofoca perto de amigo de quem se fala é erro de principiante. Porque você é descoberto. Até pra ser fofoqueiro é preciso perícia nessa vida.
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