terça-feira, 9 de agosto de 2011

not in kansas anymore.

dia 23 de agosto vai fazer três anos que eu vim buscar a minha vida aqui na cidade grande. buscar a minha vida porque sim, ela sempre esteve aqui. e eu passei muito tempo, primeiro sem saber exatamente onde ela estava, e depois sabendo e tentando chegar até ela. e eu cheguei. larguei tudo o que não me servia, me despedi dos queridos, e me mudei pra são paulo.

eu tomei essa decisão porque eu tinha uma ideia bem clara da pessoa que eu deveria ser. e eu precisava, e precisava rápido, fazer as duas se encontrarem. a que eu era e a que eu precisava ser. e eu inventei lá no fundo da minha cabeça que era a firma colorida o lugar, e eu fiz a maior armação do mundo pro meu curriculo chegar nas mãos do gerente de covinhas, e convenci ele de que era eu, e somente eu, a pessoa que ele precisava. trabalhei, saí, voltei. 

e na volta eu tirei um projeto do chão. meu projeto. o único lugar ali que me interessava ocupar era o meu, todo o tempo, ainda hoje. a firma colorida tem disso. é meio mãe. te envolve numa névoa, te abraça quentinho, te serve chocolate quente e salada de frutas. zona de conforto. o maior conforto do mundo. o tipo de conforto que a gente sabe que deve escapar, porque distrai, seduz, confunde. e você se vê sentado por meses, por vezes anos, fazendo a mesma coisa, dia após dia. 

eu me prometi não deixar essa névoa me distrair. eu devia isso à garota que chegou com a vida empacotada no carro, ouvindo george michael cantar faith, se preparando para uma vida grandiosa. essa névoa gostosa e quentinha me deixaria no mesmo lugar, fazendo a mesma coisa, sendo feliz, feliz pela vida.

mas vejam bem. no mesmo lugar.

a garota que largou tudo buscando uma vida grandiosa não merecia que a outra garota se distraísse. e quando tudo ficou confortável demais, a sirene tocou. tocou alto e doído, aquele barulho incômodo que a gente sabe que não quer ouvir. mas precisa. porque força o movimento, força a superação.

a sirene era uma outra firma. amarela. não um amarelado suave, mas amarelo forte, desses agressivos, desses que varrem o mercado buscando as pessoas. a sirene anunciou uma vida ainda mais grandiosa. fora da zona de conforto. grandes desafios, grandes méritos. e eu devia àquela garota cheia de planos essa resposta. porque era isso que ela buscava quando largou tudo apostando todas as fichas no que ela sabia.

a resposta era sim.

então, bem no aniversário de três anos do meu caso de amor eterno com essa cidade cinzenta, eu rompo o meu relacionamento sério e estável com a firma colorida. e vou ali buscar um pouco mais do que eu mereço. 

dá licença.

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