quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Desbravando a metrópole, ou algo que o valha

Eu fico descobrindo as coisas e tudo é novidade. Tudo. Pareço criança, os olhos não páram. E tem sido uma experiência muito solitária. Que é como deve ser, eu penso. Eu me dou conta de que estou indo a lugares onde já estive antes, mas que eram apenas ruas perdidas no emaranhado. Eu pegava um táxi e chegava. Pegava outro e voltava. São Paulo assusta, ou pelo menos assustava a mim, antes de eu me mudar pra cá. Agora eu passo muito tempo debruçada em cima do google maps, tentando entender como funciona cada avenida, qual vai em que direção, qual corta tal em qual altura. O nome dos bairros. Qual bairro vem depois de qual bairro. O que tem em volta do meu bairro, do meu quarteirão, da minha casa. Parece que a cidade vai ganhando cores. à medida que eu vou conseguindo relacionar o que eu vejo na rua ao que eu vejo no mapa, em casa, no computador. Só me arrisquei com o carro uma vez, no fim de semana, depois que eu e roomie ficamos estudando rotas e trajetos, escrevendo pontos de referência e afins. Deu certo. Voltando pra casa, eu quase dei um gritinho, desses bem infantis. Dirigir na Faria Lima é simbólico demais pra mim. A outra vez em que eu me perdi tentando achar a Marginal não conta. Conta essa, que eu fui e voltei, que o meu carro com placa do Rio era como os de São Paulo, como se nós soubéssemos realmente pra onde estávamos indo. Eu gosto da idéia de dirigir na metrópole. Numa rua que está no banco imobiliário, vejam só. Parece que eu posso sair comprando hotéis e fazendo hipotecas. Casas verdes e vermelhas, dinheiros coloridos. Eu nunca gostei muito de banco imobiliário. Gostava de jogo da vida, e depois de War. Conquista de territórios. Faria Lima? Check. Exércitos a postos. =]

A Paulista foi um capítulo à parte. Andando pela Bela Cintra, onde desci do ônibus, chegando na esquina com a Paulista, vi a plaquinha com o nome da rua. Pensei comigo: Então essa é a Avenida Paulista. Pensei em alguma novela do Benedito Rui Barbosa, dessas de época com charretes e cavalos andando na Avenida Paulista. Minhas referências são todas estranhas.

A desculpa para a visita era encontrar amiga querida pra um almoço. E ali na Paulista tem a Livraria Cultura, né? Que eu já conhecia há tempos, da internet. Comprei minhas gramáticas do francês lá. No Rio, livraria era Fnac. Que nem é bem uma livraria. É uma central de coisas legais, livros inclusos. Livraria fast food. Eu, rata de Barra Shopping, nem ia pra outro lugar quando precisava achar livros. Talvez a Saraiva, mas a Fnac sempre foi top of mind. E de repente, depois do almoço, pensei, tenho a tarde livre, vou olhar a livraria. Queria comprar um moleskine, porque eu sou super fashion victim, e porque eu andava mesmo querendo um caderninho pra anotar as linhas de ônibus e pontos de referência. Tinha olhado os preços no Rio, um assalto. Quase 300 reais por um caderninho? Em São Paulo é mais barato, menos de 50 reais.

Livraria absurda, aquela. Rampas e escadas, um dinossauro feito de encaixes de madeira, vendedores super descolados, pra usar gíria paulistana. Parque de diversões. E eu ainda sem poder gastar o que uma experiência dessas pede. A área de DVDs era uma coisa. Mas eles também não tinham "Os Excêntricos Tennembaums" e nem "O Casamento de Muriel". Os filmes que eu mais quero achar no momento. Achei o moleskine. Fotografei a livraria com o celular pra mostrar pro meu pai onde eu estava. Não consegui mandar a foto. Eu sou tão malandra pra tanta coisa de internet e tecnologia e não consigo enviar uma simples foto pelo celular. Ou entender o funcionamento do gps recém comprado. Absurdo, nonsense.

Voltar pra casa foi a maior aventura até o presente momento. Orientada pelo sptrans, uma das maravilhas que descobri por aqui, fiquei esperando o bendito do ônibus que em cerca de 20 minutos me deixaria em casa. Só que ele simplesmente não passava. Deve ser tipo o 523, aquele que me fazia esperar horas pra ir pra faculdade no rio. Esse, que também é linha que serve a universitários, demorou HORRORES pra passar. Mais de uma hora? E aí, pasmem, quando passou, foi lá do outro lado da pista, com o motorista ignorando os meus apelos e os dos outros pobres coitados ao meu lado. mais uma hora, fácil, até passar o próximo. Quase morri, judiada pela metrópole. Decorei o trecho entre a hadock lobo e a augusta. Se eu fechar os olhos, lembro de detalhes. Mas cheguei viva em casa. Antes de subir , passei na garagem pra dar uma olhadinha em Tistu, meu carro fofo, guardado. E vira prioridade me entender com o gps, pra nunca mais ter que esperar tanto tempo.

3 comentários:

Senior disse...

AHH, eu quero ir pra SP!

po

"Os posts que aqui gorgeam, não gorgeam como lá" com G ou com J, ok, não to no soletrando

Até os posts ai tem mais brilhos, imagine a livraria da travessa, tem ai? Fico com essa que você foi, também.



saudades, concon

Mary W. disse...

espero que vc se divirta aí o tanto que eu me divirto. a-do-ro. :)

Mme. Cedilha disse...

=]