quinta-feira, 28 de julho de 2011

dizem que a gente demora pelo menos uma semana pra realmente voltar das férias. comigo demorou duas. aterrissei de volta com o chão num daqueles clássicos movimentos. ninguém sabe pra onde vai, cada um se segura como pode. já faz algum tempo que a firma colorida anda louca. começou com a promoção de uma das meninas, coworker antiga, lá dos idos de 2009, pra coordenadora da equipe. desde então, tudo desandou. eu meio que observei o chão ruir. primeiro tão afetada quanto os outros, depois num lugar mais seguro. veio a minha promoção, veio o isolamento, veio uma clareza maior na hora de avaliar as situações e pessoas. várias levas de coworkers se foram. eu ali. observando. 

saí de férias, consertei os pés, voltei no momento crítico de chão se movendo novamente. capa da invisibilidade. meus pés continuam firmes, bem firmes. é a cabeça que oscila. existe vida lá fora. e também pode ser colorida.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

back.

talvez tenha a ver com a volta ao trabalho. fiquei cinco semanas longe, cinco semanas ganhando perpectiva. voltei, mas é como se tivesse metade de mim que não veio junto. e que talvez nem venha.

eu tive menos saudade das pessoas do que eu imaginei que teria. comecei a pensar naquela máxima de que amizades são circunstanciais, e dependem do momento em que a gente está. se eu não tivesse no mesmo lugar, fazendo a mesmíssima coisa, será que eu me identificaria com eles? seríamos amigos?

me confundo bastante com as pessoas, sempre. me distraio porque gosto delas. pra mim, isso costumava bastar.

não basta mais.

a verdade é que eu acho que gosto mais desse novo lugar onde estou. o mesmo lugar que a. um dia, esteve, logo quando me disse que a gente precisava desligar, que a vida era mais do que essas paredes e esse pé direito alto.

e é mesmo.

eu venho pra cá, faço o que eu tenho que fazer, mas o que eu quero é ir pra casa, ficar com meu menino. eu quero o final de semana, as noites de quinta, cafuné nos cabelos. o resto é o resto.

comecei 2011 com a única intenção de ser mais blasée.

voilá. consegui.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

friendly fire

nunca tinha ouvido nada de sean lennon, até que li a história do segundo disco dele. gosto de falar disco, dá um ar antiguinho, cheio de charme. bem, vou resumir, ele tinha essa namorada, amor da vida dele, e tinha também o melhor amigo, daqueles de anos. fez um disco, parou, seguiu a vida. e o amigo e a namorada dele se envolveram, e ele perdeu os dois amores, de uma vez só. amigo é amor, já falei. acaba sendo. daí, no meio desse sofrimento todo que ele deve ter passado, ainda sem conseguir processar os acontecimentos, o amigo morreu, num acidente.

e agora? 

sean processou toda a história, toda a dor, toda a perda, toda a impotência diante de algo que não poderia ser resolvido jamais, jamais, fazendo música. sete anos depois do primeiro disco, ele lançou friendly fire, um disco lindo lindo, triste, sofrido, que fala de amor. de perda. de como a vida acontece e deixa a gente sem rumo. e de como isso é bonito, ainda assim.

friendly fire.

tem dor, tem raiva, tem tristeza, decepção, tem amor, dor de coração, abandono. tem alguma resignação. tem vida, sabe?

só fui escutar esse disco outro dia, e não consigo parar. sean confirma a minha teoria de que as grandes obras são sangradas, coração fatiado, espremido, exposto.

é bonito demais.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

just wait

é engraçado olhar essas paredes. troco de quarto, afofo os travesseiros. meu menino voltou pra são paulo hoje de manhã. volta na sexta. pra me ver. tem sido assim, desde que eu me escondi na cidade siderúrgica pra tratar os pés. passinhos curtos. toda uma vida pra chegar nos lugares. aproveito pra não colocar em dia a leitura que havia separado. fico lendo feeds, blogs de menininhas, de decoração. fico pensando no próximo apartamento, aquele que vai existir no ano que vem. novas paredes, novos contornos. nova vida. essas paredes aqui eu conheço, conheço bem. me esconderam quendo eu era uma garota insegura e feiosa, escondida atrás das tiradas engraçadinhas.

essa cedilha aqui é outra. mais velha, mais segura, ainda meio perdida, mas já com algumas certezas. sapatos novos no armário. queria tanto TANTO que meus pés não gritassem para entrar neles. baby steps. e-mails queridos de pessoas do trabalho, perguntando como eu estou, dizendo que o gerente chefe da chefa que é louca anda perguntando por mim nas reuniões. é bom isso, saber que faço falta. eu sinto falta da minha mesa em L, dos meus cartões, do chocolate quente. sinto falta da internet que não me deixa na mão, da roomate fazendo bolos, do fim de tarde em pinheiros, solzinho entrando pela janela, faria lima do alto. sinto falta das rampas da garagem. de poder ver meu menino assim, num estalar de dedos. sexta feira. cinco dias. as semanas têm sido uma contagem até a hora em que ele aparece, sorriso no rosto e aqueles braços. fico pensando na vida. quero voltar.

mais uns dias. falta pouco.