"As pessoas ficam felizes e param de escrever. Fato. True story."
Quem disse isso não fui eu. Foi a Ana. Ela twitou, na verdade. Eu senti na pele a afirmação. Porque eu estou ausente dos meus textos, dos meus escritos. Eu não trato esse blog como um pequeno palanque em que eu escrevo para atender uma necessidade das pessoas. A necessidade é minha. E eu adoro muito quando eu vejo que alguma coisa que eu escrevi fez sentido pra alguém. Porque reforça o discurso. De que eu sou anônima, apenas uma pessoa aleatória, passando por situações aleatórias. Assim como a Ana, assim como você. Assim como cada pessoa fofa que me manda um e-mail, ou deixa um comentário dizendo que gostou do que eu escrevi, e que foi passear pelo histórico, e que se identificou com meus dramas. Eu sempre gostei de ler blogs autobiográficos. Chamemos de diarinhos. As pessoas adoram falar desse jeito. Soa levemente superior, crítico.
Sim, as coisas têm dado certo pra mim. Eu sou feliz no trabalho, eu faço o que eu gosto, num lugar que eu gosto, rodeada por pessoas legais, e inteligentes, e coloridas. Eu me lembro de quando não foi assim. Eu sorrio verdadeiramente quando eu me dou conta que fui eu, lá atrás, que larguei tudo o que eu tinha como certo e fui buscar o que me fizesse feliz. Se eu estou hoje onde eu estou, mérito meu. Não há porque não me orgulhar disso. E agora tem esse menino incrivelmente legal, e atencioso, e carinhoso. Eu me lembro de quando me doía perceber que alguns meninos não estavam genuinamente interessados em mim, no que eu pensava, no que eu queria. Quando eu era apenas um badge a ser conquistado, desses que você conta vantagem pros amigos e a vida segue. Tudo de legal que me acontece só é legal porque eu tenho memória de quando não havia coisas legais acontecendo. E eu escrevia sobre os dramas, e as crises de choro, e a sensação de fim de mundo.
Eu não estou escrevendo tanto, não porque eu esteja feliz e isso tenha cessado meus textos, mas porque junto com esse quebra-cabeças finalmente se encaixando, veio trabalho, muito trabalho. Veio responsabilidade, veio unha roída e ansiedade de que as coisas funcionem. Veio mais trabalho e me tirou das redes sociais, dos jantares dos amigos, dos cafés. Me tirou dos meus escritos.
Agora eu me dou conta. E voltar não costuma ser fácil. Algumas migalhas, dessas que a gente deixa no caminho, esperando a hora de voltar, foram pisoteadas, ou levadas embora, se perderam. Nem sempre há caminho de volta. Mas olha só, que legal. Sempre existem novos caminhos, aqueles que a gente até conhece, mas não dá tanta atenção. Talvez seja a hora de fixar os olhos nisso, no novo. No tempo gasto comigo. Com minhas horas de sono, com a decoração da minha casa, com meus amigos queridos, com o menino que agora é meu.