sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

a vida pós terremoto

você sempre foi assim, agregadora? - me perguntou o menino jornalista, com olhos verdes e covinhas. 

primeiro eu respondi que não. eu sempre fui agregada, eu sempre me rodeei de amigos agregadores. eu sempre estive em casa de outros, jogada no sofá, gargalhando alto, jantando, contando histórias.

pensei melhor e corrigi. depois do último grande terremoto (chamemos assim as histórias tristes de quando o chão treme por debaixo dos pés e grandes fendas se abrem, engolindo pessoas e tudo que ali, um dia, existiu), pois então, depois do último grande terremoto, a casa ficou vazia, e eu nem sei direito como os amigos vieram. fato é que eles vieram, cada vez mais. no sofá roxo, na cozinha, jogados na minha cama discutindo amores e maquiagens, antes de sair para festas, depois de voltar das festas, tomando café da manhã. e os amigos de um universo ficaram amigos dos amigos de outros universos, e criaram universos só deles, que independiam de mim. e hoje o que eu vejo é uma grande rede de gente que se gosta, que se quer bem, que descobre afinidades, que discute pra caralho, que chora, que briga, mas que não questiona nem por um segundo o que liga um ao outro, ou todos eles a mim.

sim, eu sou agregadora. talvez eu nunca tivesse precisado ser, talvez eu tenha sido preguiçosa deixando o trabalho para os outros, ou a bagunça que fica quando as portas se fecham. talvez eu tenha deixado esse trabalho para os outros, até um tempo atrás. mas quando foi hora - e que bom que essa hora chegou - a casa cheia era a minha, o sofá cheio de queridos era o meu. é o meu.

e que continue assim.

3 comentários:

juliamorena disse...

Vc sempre foi a cola que nos uniu. Amo muito. <3

Ana Martins disse...

também faço votos pelo sofá continuar cheio. a cozinha cheia. a sala cheia.

Keu disse...

eu espero que esse momento chegue pra mim também =]