Eu costumava pensar que jamais me acostumaria ao frio. Sempre fui reconhecidamente friorenta. A Fê me ligou uma vez, de Londres, só pra me dizer que naquela hora e naquela temperatura, -5º, eu estaria morta e congelada. Era a associação imediata, sempre foi, a minha tag. Madame Ç = frio. Agora estou aqui, nariz vermelho, três blusas e um casacão de lã. Estou bem. No Rio, bastavam 22º marcando no ar condicionado do trabalho para que eu reclamasse, e tivesse as extremidades dos dedos - mãos e pés - roxos. Aqui não. Eu brinco dizendo que o meu problema no Rio era frio na alma. O corpo reclamava mudando de cor, mas o frio era interno, vinha de dentro. Esse frio daqui é diferente. Ele vem de fora e, apesar de ser muito mais intenso, muito mais real, não deixa nem registro nas pontas dos dedos. Esse frio vem só de fora, arrepia o braço, causa um ou outro calafrio, e só. A alma aqueceu. Finalmente.
Um comentário:
and goodbye purple toes. and fingers.
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