Prestem muita atenção na história que eu vou contar. É história triste, já adianto. Não que ela faça alguma diferença na vida de qualquer um que se disponha a ler este post, mas ela afeta a mim, sempre, pobrezinha, há, deixa ver, hum, 24 anos, com uma piora significativa há 21 anos.
Toda a paz que eu tive na minha vida acabou ainda antes dos 4 anos de idade, quando nasceu minha irmã. Eu não tinha pedido irmãos. Eu gostava de ser filha única. E ela veio, e eu fui convencida de que dividir os meus brinquedos com a minha irmãzinha era legal. Não era.
Tentei barganhar, pedi que fosse um menino, ao menos. Tarde demais, o bebê era menina. Ganhei uma boneca, daquelas de corpo de pano e cabeça, braços e pernas de plástico, sem cabelo, vestida de azul. Uma boneca menino, prêmio de consolação. Dei a ela o nome de Eduardo, e a vida seguiu. O tempo passou e eu ainda queria um irmão. E eu pedi por aquilo que, hoje, viria a se tornar a razão do meu desassossego.
Ele veio morar comigo há coisa de seis meses. Dividam o espaço, meus pais disseram. Ele usa o meu computador, rouba as minhas meias e enche de músicas o meu HD. Tudo bem, imaginava, não posso ser babaca e tomar dele o acesso ao único computador da casa, que por acaso é meu. E ele espalhou fotos, baixou programas. Diz que a música que eu ouço é um lixo, pede carona e usa meu shampoo de pitanga. Desaparece com a caixinha de fio dental, come o meu queijo cottage e faz a barba na pia. Tudo bem. Irmão, se não atrapalhar a vida da gente, é porque veio com defeito de fabricação.
Eu comprei uma escova de dentes novinha, lilás, pra substituir a minha. E ele me acorda assim: “Tata, joguei a minha escova velha fora e peguei aquela nova que estava na sua gaveta.” A minha escova, cuidadosamente escolhida, pronta para a substituição de praxe de cada 3 meses, o que seria exatamente aquela manhã. A manhã em que ele resolveu trocar a dele. Ele me chama de Tata, o larápio insensível.
Mas o pior é uma fixação absurda e inexplicável que o indivíduo tem com pilhas. Desde pequeno, ele rouba pilhas das gavetas, dos aparelhinhos espalhados pela casa, dos controles remotos. Um dia, meses atrás, depois de uma semana cansativa, num sábado de tarde, eu me sento no sofá e pego um dos muitos controles da casa, o que comanda a net. Achei o controle remoto leve, estranhei, e qual não foi a minha surpresa ao descobrir que ele estava com um imenso vazio onde deveriam estar as pilhas A3, que eu mesma reponho sempre. Nada. Ele estava viajando. Comprei mais pilhas, passei um senhor esporro, reclamei com pai, mãe, toda e qualquer autoridade que me veio à mente no desespero, ameacei tirar a mesada, o acesso ao computador, etc. E ele jurou que não faria de novo, mas é que por coincidência as pilhas do mp3 player dele eram daquele tamanho e o aparelhinho consumia mais energia que qualquer outra coisa. Eu fico me perguntando que espécie de lógica é essa que leva um homem feito com 21 anos nas costas achar que as pilhas de um controle remoto não estão em uso. Elas não estavam na gaveta, pelamordedeus, estavam no controle. O controle com pilhas serve para passar comandos à televisão. Que serve, por sua vez, para ser assistida, e tem especial utilidade em casa de Madame Ç.
Achei que ele tinha aprendido a lição, relaxei. Comprei pilhas novas, repus. Dois meses depois foi o controle do DVD Player que ficou leve. Ele, o irmão mau-elemento, novamente em viagem. Repetiu-se o ritual com o telefonema, os gritos, as ameaças, as reclamações com a mãe, depois com o pai, que garantiram um outro esporro daqueles. Comprei pilhas, repus. Ele nega até a morte a autoria desse delito específico. Mas moramos eu e ele, e eu sei que eu não fui. Whatever. Larápio.
E então, neste último fim de semana, novamente no sábado, pego eu o controle remoto da net, aquele vítima do primeiro roubo. Aperto os botões e nada acontece. Ué?! Leve ele não está. Viro o controle, abro a tampinha do compartimento de pilhas. Há pilhas. Pilhas velhas, descombinadas, inseridas – PASMEM – ao contrário. Tipo o positivo com o negativo. Tem um desenhinho em alto relevo explicando a posição, e ainda assim ele recolocou as pilhas ao contrário. Óbvio que elas não funcionavam. As pilhas que EU tinha comprado e reposto eram iguais, tipo da mesma marca e, importante, estavam na posição correta. Essas pilhas foram para o mp3 player do maluco, e ele me garantiu que elas também já acabaram. Liguei para o meu pai, uma última esperança pra que um outro esporro viesse e eu pudesse me sentir, de alguma forma, vingada. Meu pai, tadinho, aproveitou que o assunto veio à tona e disse que era pra eu avisar ao ladrãozinho que ele devolvesse as pilhas recarregáveis roubadas lá de casa no último fim de semana. E eu me sinto absolutamente desamparada, helpless, nas mãos de um maníaco ladrão de pilhas.
Toda a paz que eu tive na minha vida acabou ainda antes dos 4 anos de idade, quando nasceu minha irmã. Eu não tinha pedido irmãos. Eu gostava de ser filha única. E ela veio, e eu fui convencida de que dividir os meus brinquedos com a minha irmãzinha era legal. Não era.
Tentei barganhar, pedi que fosse um menino, ao menos. Tarde demais, o bebê era menina. Ganhei uma boneca, daquelas de corpo de pano e cabeça, braços e pernas de plástico, sem cabelo, vestida de azul. Uma boneca menino, prêmio de consolação. Dei a ela o nome de Eduardo, e a vida seguiu. O tempo passou e eu ainda queria um irmão. E eu pedi por aquilo que, hoje, viria a se tornar a razão do meu desassossego.
Ele veio morar comigo há coisa de seis meses. Dividam o espaço, meus pais disseram. Ele usa o meu computador, rouba as minhas meias e enche de músicas o meu HD. Tudo bem, imaginava, não posso ser babaca e tomar dele o acesso ao único computador da casa, que por acaso é meu. E ele espalhou fotos, baixou programas. Diz que a música que eu ouço é um lixo, pede carona e usa meu shampoo de pitanga. Desaparece com a caixinha de fio dental, come o meu queijo cottage e faz a barba na pia. Tudo bem. Irmão, se não atrapalhar a vida da gente, é porque veio com defeito de fabricação.
Eu comprei uma escova de dentes novinha, lilás, pra substituir a minha. E ele me acorda assim: “Tata, joguei a minha escova velha fora e peguei aquela nova que estava na sua gaveta.” A minha escova, cuidadosamente escolhida, pronta para a substituição de praxe de cada 3 meses, o que seria exatamente aquela manhã. A manhã em que ele resolveu trocar a dele. Ele me chama de Tata, o larápio insensível.
Mas o pior é uma fixação absurda e inexplicável que o indivíduo tem com pilhas. Desde pequeno, ele rouba pilhas das gavetas, dos aparelhinhos espalhados pela casa, dos controles remotos. Um dia, meses atrás, depois de uma semana cansativa, num sábado de tarde, eu me sento no sofá e pego um dos muitos controles da casa, o que comanda a net. Achei o controle remoto leve, estranhei, e qual não foi a minha surpresa ao descobrir que ele estava com um imenso vazio onde deveriam estar as pilhas A3, que eu mesma reponho sempre. Nada. Ele estava viajando. Comprei mais pilhas, passei um senhor esporro, reclamei com pai, mãe, toda e qualquer autoridade que me veio à mente no desespero, ameacei tirar a mesada, o acesso ao computador, etc. E ele jurou que não faria de novo, mas é que por coincidência as pilhas do mp3 player dele eram daquele tamanho e o aparelhinho consumia mais energia que qualquer outra coisa. Eu fico me perguntando que espécie de lógica é essa que leva um homem feito com 21 anos nas costas achar que as pilhas de um controle remoto não estão em uso. Elas não estavam na gaveta, pelamordedeus, estavam no controle. O controle com pilhas serve para passar comandos à televisão. Que serve, por sua vez, para ser assistida, e tem especial utilidade em casa de Madame Ç.
Achei que ele tinha aprendido a lição, relaxei. Comprei pilhas novas, repus. Dois meses depois foi o controle do DVD Player que ficou leve. Ele, o irmão mau-elemento, novamente em viagem. Repetiu-se o ritual com o telefonema, os gritos, as ameaças, as reclamações com a mãe, depois com o pai, que garantiram um outro esporro daqueles. Comprei pilhas, repus. Ele nega até a morte a autoria desse delito específico. Mas moramos eu e ele, e eu sei que eu não fui. Whatever. Larápio.
E então, neste último fim de semana, novamente no sábado, pego eu o controle remoto da net, aquele vítima do primeiro roubo. Aperto os botões e nada acontece. Ué?! Leve ele não está. Viro o controle, abro a tampinha do compartimento de pilhas. Há pilhas. Pilhas velhas, descombinadas, inseridas – PASMEM – ao contrário. Tipo o positivo com o negativo. Tem um desenhinho em alto relevo explicando a posição, e ainda assim ele recolocou as pilhas ao contrário. Óbvio que elas não funcionavam. As pilhas que EU tinha comprado e reposto eram iguais, tipo da mesma marca e, importante, estavam na posição correta. Essas pilhas foram para o mp3 player do maluco, e ele me garantiu que elas também já acabaram. Liguei para o meu pai, uma última esperança pra que um outro esporro viesse e eu pudesse me sentir, de alguma forma, vingada. Meu pai, tadinho, aproveitou que o assunto veio à tona e disse que era pra eu avisar ao ladrãozinho que ele devolvesse as pilhas recarregáveis roubadas lá de casa no último fim de semana. E eu me sinto absolutamente desamparada, helpless, nas mãos de um maníaco ladrão de pilhas.
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