quinta-feira, 7 de junho de 2007

Madame Ç foi abatida por uma gripe monstra. Ela vinha se gabando há meses, debochando dos combalidos, dizendo que não tinha nada de gripe "pra mais de dois anos", vejam só. Via os narizes que escorriam e falava que tem que comer direito e todas as outras coisas que ela não faz. E o irmão de Madame Ç trouxe o vírus maligno para dentro do calor do lar doce lar e ela se viu, anos depois do último embate, frente a tão horroroso e maligno vírus. Não fez nada, pra que fazer alguma coisa, dizem por aí que gripe com remédio cura em sete dias e sem remédio cura em uma semana. Confiou no sistema imunológico, em seu pequeno exército que não tardaria a rumar para, sei lá, os gânglios / QG principais, que se organizariam e resolveriam o "incômodo". Isso foi num domingo. Segunda passou, terça veio, quarta foi e quinta ela piorou. Providencialmente era dia do mba que não acaba nunca. Não vou, hehe, estou doente, boa desculpa, iaê. Foi pra casa, viu seriados, fez downloads, comeu frango agridoce e coca-cola de um suspeito China in Box. O irmão melhorou, viajou. Madame Ç piorou, mas foi trabalhar bonitinha. Chegou no ambiente gelado e avisou que estava morrendo. Ninguém acreditou. Ela queria mesmo era ser mandada pra casa pela chefa. Mas ela não se apiedou, e Madame Ç fungou, tossiu, espirrou, reclamou, chiou, tossiu mais um pouco. E foi pra casa no fim do dia. E matou aula de francês, e se entupiu - finalmente - com um naldecon noite. Arrastou-se pela casa com o edredon nas costas durante todo o sábado, tomou um daqueles banhos bem quentes de horas, achando que ajudava. Domingo parecia melhor, mas a outra segunda veio, e a garota estava - ainda - sem sinais de melhora. A cabeça latejante se juntou aos sintomas iniciais, a pele ficou mais quente que o normal. Toda a equipe havia sido contaminada na sexta feira última, aquela da piora. Todos tossiam e espirravam, e assoavam os narizes cheios de muco, e tossiam. Madame Ç ficou meio puta, porque os holofotes se dividiram e todos, agora, estavam sofrendo. Mas não pôde evitar um sorrisinho, daqueles de canto de boca, e dizer para a chefa que se ela tivesse tido a *decência* de me mandar pra casa naquela sexta feira fatídica, teria na segunda feira pessoas saudáveis na equipe. A culpa não era minha, vejam bem, era dela. Da chefa maligna, capitalista, que grita "foco" como chibatadas, mandando que as pessoas produzam. Que também estava gripada, hehe. E a garota tomou mais remédios, e dividiu suas vitaminas C efervescentes com seus co-workers. Na terça feira, o estagiário insolente sucumbiu. Todos os outros se mantiveram firmes em suas funções. E Madame chiava, e tossia, e espirrava, e maldizia o ar condicionado que até, em sinal de piedade, abrandou a geleira habitual. A quarta feira veio, e a garota resiste, combalida, meio morta meio viva, tentando obedecer a outra garota, que falou que é muita vergonha demais mesmo que ela deixe o blog assim, às moscas. Essa foi a gripe mais longa de todos os tempos. Está sendo.

Virá o feriado de corpus christi e eu só penso no meu corpus, dolorido, ferrado, sofrido.

Peço que elevem suas mentes e seus corações ao tal de Disus e façam uma prece por minha saúde. A física. A mental, não tem reza que conserte. Perguntem à outra Madame. Ela sabe.

(Se sobrar um restinho de tempo na prece, peçam por Paris, enjaulada, sofrida, sem Tinkerbell para praticar amizade e sem paparazzi. Paris precisa de nós.)

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