quinta-feira, 10 de maio de 2007

Free Paris

Enquanto a garota de lá suspira com idéias de voltar a Paris, e a garota de cá surta com idéias vindas de Paris, traduzidas para um inglês macarrônico em uma conference Call, dos franceses meio loucos que agora mandam em tudo. Paris. Pra uma, sonho. Pra outra, pesadelo.

A Paris que merece atenção agora, no entanto, é outra. Loura, magra, bêbada, ex-amiga de Britney, ex-amiga de Nicole Ritchie, inimiga declarada de Lindsay Lohan e aquela uma que fazia a Marissa, do The OC. Paris andou fazendo bagunça, bebendo em excesso, dirigindo sem habilitação. Paris precisa de amigos. Suas amigas estão ocupadas demais vomitando, ou entre idas e vindas da reabilitação, entre cabeças raspadas e gritos de “eu sou o anticristo”. Paris está só.

Eu já ia com a cara de Paris há tempos. Nada melhor nesse mundo do que não ter o que fazer, e ter dinheiro. Ela mora em um hotel, eu assisti ao seu E! True Hollywood Story, com depoimentos da tia, da mãe e de amigas. Não precisa trabalhar, pode apenas dilapidar o patrimônio dos Hilton. Ela pode dilapidar o patrimônio durante toda a sua vida, full time, e ainda assim passará seus últimos anos em um daqueles centros especializados em idosos, tomando champanhe e aguardando sua hora. Paris conseguiu sair sem grandes arranhões do episódio do vídeo de sexo com o namorado oportunista. Guardou sua dor e seguiu em frente. O maligno deve lucrar com isso até hoje. Paris confiou em Nicole, sua amiga dos tempos de The Simple Life, aquele reality que eu nunca quis ver, e Nicole, provavelmente drogada em uma festinha em casa, achou que seria divertido exibir a amiga em um telão, novamente em vídeo. E a amizade se partiu. Paris e Nicole romperam, é possível que a loura bêbada até tenha vertido algumas lágrimas de decepção, mas logo logo, ao pipocarem na mídia especializada (?) as notícias de que a pobre filha de Lionel Ritchie padecia com a anorexia, Paris não se fez de rogada. Pegou seus muitos dinheiros e destinou-os à amiga em apuros, em forma de pizzas, grandes, gordurosas e suculentas, que chegavam à casa da enferma, diariamente, no mesmo horário. Paris é brilho, eu pensava. A garota concordava.

E quando Britney se viu só, recém-separada, gordinha, com dois filhos pra criar, Paris disse: I’ll be there for you, honey. E esteve lá, e levou-a de limusine nas baladas todas dos Estados Unidos, e deu bebida pra ela, e apresentou seus amigos maluquinhos, e disse que a vida continuava, e que ela precisava “move on”. E a Britney pegou o então namorado da loura com nome de cidade, um grego maluco que parece que também é podre de rico. Eu lembro da Britney que queria casar com o príncipe William, que cantava “i’m not a girl, not yet a woman”, mas essa que Paris, querida, recolheu da sarjeta, se muito, cantava que era escrava de alguém em um clipe meio cheio de lama. E Paris não se importou, e disse que tudo ia ficar bem. E Paris perdeu o namorado. E aí a Nicole pediu perdão pelas maledicências todas, Paris chorou e perdoou, criatura nobre que é.

E elas comemoraram, e beberam champanhe, vodka, whisky, latinhas de energético. E Paris pegou o carro e foi presa. E saiu em condicional, bebeu, pegou o carro e foi presa, e perdeu a habilitação. E pegou o carro de novo, e agora terá de ficar atrás das grades mais de um mês. Grounded, de castigo, whatever. E papai Hilton inventou de deserdá-la, como se as coisas já não estivessem feias o suficiente. Eu tenho pena de Paris, sim senhor. Muita pena de Paris.

Por isso eu queria uma camiseta “Free Paris”, pra usar agora, nesse exato momento. E eu queria fazer um abaixo-assinado pra que o pai dela tivesse compaixão, e continuasse soltando seus dinheiros na mão da pobre loura. E que a polícia lá dos estados unidos não prendesse a pobrezinha, e que ninguém mais fizesse vídeos de momentos íntimos para conseguir dinheiros depois, e que nenhuma amiga nunca mais colocasse as mesmas cenas no telão para divertir seus convidados. E que nenhuma amiga, e nem muito menos a Britney, voltasse a roubar seus namorados, que a Cameron Diaz parasse de dizer que está feliz que ela vá para a cadeia, e que todo mundo continuasse dando bebida pra ela. Porque Paris é café-com-leite, Paris é brilho.

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