não tem como falar de trabalho, aqui, sem acabar falando demais. então eu me apego a metáforas.
existe um processo. que se propõe a ir no início das coisas, conversa com cada envolvido, alinha as demandas, estrutura as necessidades por ordem de urgência. cada detalhe vira um post it, dividido por temas, agrupados por temas ainda maiores. cada post it ali.
e você se vê numa sala de reuniões por HORAS, discutindo o óbvio que acaba não sendo óbvio porque se ninguém falar ele não vira post it. e quando eu digo horas, pessoas, acreditem.
:~
foi assim em dezembro, em dias intercalados. tem sido assim em janeiro, essa semana, terça, quarta, quinta, sexta. cada post it colado, cada vez que o problema fica mais claro (e maior), eu penso MERMÃO, como proceder?
porque eu sei que dá pra fazer. mas é tão gigante, tão gigante, tão absurdamente avassaladoramente gigante, e ao mesmo tempo tão detalhado, cada post it interligado, dependente de outros post its. eu respiro fundo, fundo.
voltei a atacar as unhas feitas, mas ainda sem esmalte. sofri vendo minha fraqueza. eu desespero, unhas desaparecem. cheguei em casa e pintei de vermelho. pra poupar. eu olho os post its, e a conversa que se aprofunda demais quando não precisa, e se você distrai 5 minutos você perde o raciocínio, desacompanha a barca. e quando finalmente acaba você tem sede, e fome, e vontade de deitar, e dormir, quem sabe morrer.
e eu penso assim. é tudo novo. eu me meti nesse liquidificador, e eu tenho tomado uns tombos violentos quando me distraio. mas eu sei fazer. eu sei. só é grande, e complicado, e maior e mais grandioso do que tudo o que eu já fiz e já vi fazerem antes. em lugares mais, hum, ninjas. vamos colocar assim.
eu sei fazer. precisa de tempo, e de nervos, e de tripas, o tempo todo. precisa de calma, e isso eu não tenho tido tanta. mas eu sei. é possível. e daqui algum tempo, sabe-se lá quanto, eu vou olhar pra trás e saber que eu fiz. que deu certo. que passou a fase ruim.
mas a fase ruim está aqui, agora, me encarando com sua parede infinita de post its. eu tento imaginar o futuro. eu penso que eu estou passando por isso, aqui, para que ninguém mais precise passar. pelo medo, pela confusão, pelo desespero.
eu fico querendo que no meio das reuniões alguém olhe pra mim, sorria com calma e diga que vai ficar tudo bem. que já viu isso antes, que é assim mesmo, que demora, é custoso, mas vale a pena.
tudo o que eu tenho, agora, é essa certeza teimosa de que dá pra fazer. e que eu sei fazer.
build, and they'll come. campo dos sonhos. to aqui. construindo. precisa acreditar. to aqui. tentando.